Golpe na Guiné-Bissau - Intervençao da Marinha -

  • 178 Respostas
  • 41586 Visualizações
*

sergio21699

  • Especialista
  • ****
  • 970
  • Recebeu: 29 vez(es)
  • Enviou: 46 vez(es)
  • +21/-22
Re: Golpe na Guiné-Bissau - Intervençao da Marinha -
« Responder #15 em: Abril 15, 2012, 07:03:07 pm »
Força de Reação Imediata portuguesa partiu ao início da tarde

Lisboa, 15 abr (Lusa)- A Força de Reação Imediata (FRI) das Forças Armadas portuguesas, composta por uma fragata, uma corveta e um avião P-3 Orion, partiu hoje ao início da tarde para a Guiné-Bissau, adiantaram à agência Lusa fontes militares.

Fonte oficial do Ministério da Defesa afirmou à Lusa que os militares portugueses não têm qualquer operação definida para já e que esta decisão acontece na sequência do aumento do nível de prontidão da FRI.

"O objetivo desta decisão é ficarmos mais próximos da Guiné-Bissau caso venha a ser necessário proceder a uma missão de evacuação de cidadãos portugueses e de pessoas de outras nacionalidades", referiu esta fonte.

http://noticias.sapo.pt/nacional/artigo/forca-de-reacao-imediata-portuguesa-partiu-ao-inicio-da-tarde_14155513.html
-Meu General, estamos cercados...
-Óptimo! Isso quer dizer que podemos atacar em qualquer direcção!
 

*

Camuflage

  • Investigador
  • *****
  • 1518
  • Recebeu: 205 vez(es)
  • Enviou: 89 vez(es)
  • +261/-243
Re: Golpe na Guiné-Bissau - Intervençao da Marinha -
« Responder #16 em: Abril 15, 2012, 08:06:27 pm »
As forças já partiram, mas o chefe supremo das forças armadas nem abriu o bico sobre a sua ida...
 

*

Trafaria

  • Investigador
  • *****
  • 2117
  • Recebeu: 139 vez(es)
  • Enviou: 112 vez(es)
  • +54/-1
Re: Golpe Guiné-Bissau
« Responder #17 em: Abril 15, 2012, 08:46:43 pm »
Citação de: "Lightning"
Citação de: "Trafaria"
Pois é, pois é...
12.000 (ou mais) temos nós só de sargentos e oficiais se aos do quadro juntarmos os contratados. Eles é que são ricos e nós é que mandamos o dinheiro às malvas formando quadros sem necessidade. Isto é uma pouca vergonha, uma irracionalidade; então temos um exercito com um praça para cada graduado???
Foram reduzindo a base sem reduzir proporcionalemnte as admissoes na academia e na escola de sargentos? Olhem... É de doidos...

Isso de termos 12.000 graduados não afirmo, já vi aqui pelo forum uma tabela dos efectivos das FAs, é uma questão de confirmar os valores lá indicados.

Outro assunto ques não é assim "preto no branco", é o de estarmos a formar quadros sem necessidade, eu não conheço a realidade do Exército e da Marinha, mas a Marinha, por ser um ramo muito focado na tecnologia e meios materiais complexos, aceito que tenha a mesma realidade da Força Aérea que é, há coisas que não se pode (informação confidencial), não se consegue (há que já ter uma certa formação anterior para se ter acesso a certas funções), nem vale a pena ensinar a um praça(um praça ao fim de 2 ou 3 anos vai-se embora, no máximo fazem 6 anos, e pode não compensar o investimento feito), o problema aqui é os praças ainda não serem verdadeiramente profissionais de carreira, lembro-me do Cabeça de Martelo ter visto os Cabos Belgas com cabelo branco :D .
Sim, no que diz respeito às carreiras tecnicas isso é verdade e elas são uma componente relevante da Armanda e FA. Mas acontece que estávamos a falar concretamente do exército e esse, que eu saiba, é sobretudo composto por homens em armas e com armas ou não é exército.
Isto não é proprimanete offtopic pois esta conversa resultou da interrogação de alguem a cerca dos efectivos para esta missão em titulo.
::..Trafaria..::
 

*

Lightning

  • Moderador Global
  • *****
  • 11075
  • Recebeu: 2352 vez(es)
  • Enviou: 3258 vez(es)
  • +740/-1032
Re: Golpe na Guiné-Bissau - Intervençao da Marinha -
« Responder #18 em: Abril 15, 2012, 09:52:00 pm »
Citação de: "Camuflage"
As forças já partiram, mas o chefe supremo das forças armadas nem abriu o bico sobre a sua ida...

Se calhar ainda não sabe :lol: .
 

*

nelson38899

  • Investigador
  • *****
  • 5341
  • Recebeu: 725 vez(es)
  • Enviou: 725 vez(es)
  • +509/-2608
Re: Golpe na Guiné-Bissau - Intervençao da Marinha -
« Responder #19 em: Abril 15, 2012, 10:08:44 pm »
Citar
A Força de Reação Imediata das Forças Armadas portuguesas, composta por uma fragata, uma corveta e um avião P-3 Orion, partiu início da tarde deste domingo para Cabo Verde, com a missão de resgatar portugueses que se encontrem em perigo na Guiné-Bissau, soube o JN.

O Ministério da Defesa confirmou a informação.

O primeiro meio a sair foi o avião P-3 Orion, da Força Aérea, que descolou da Base Aérea de Beja. Será o primeiro meio militar a chegar ao teatro das operações. O P-3 Orion é uma aeronave de patrulhamento marítimo, mas cuja tecnologia lhe dá capacidade para agir como avião espião, com possibilidade de detetar e identificar qualquer ameaça de superfície.

Às 16 horas saiu também uma fragata da classe Vasco da Gama, a corveta "António Enes" e o reabastecedor "Berrio". Este navio, embora não seja de combate, tem capacidade para abastecer uma força naval e terrestre com combustível, água, alimentos e munições. Na prática, este navio permite aumentar a autonomia de uma força e mantê-la durante mais tempo.

Há ainda um avião de transporte tático C-130 H, na base do Montijo. Está preparado para transportar pelo menos 60 paraquedistas e operações especiais.

Fonte oficial do Ministério da Defesa afirmou à Lusa que "o objetivo desta decisão é ficarmos mais próximos da Guiné-Bissau caso venha a ser necessário proceder a uma missão de evacuação de cidadãos portugueses e de pessoas de outras nacionalidades", referiu esta fonte.

 
Citar
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Palops/Interior.aspx?content_id=2421401
"Que todo o mundo seja «Portugal», isto é, que no mundo toda a gente se comporte como têm comportado os portugueses na história"
Agostinho da Silva
 

*

Lightning

  • Moderador Global
  • *****
  • 11075
  • Recebeu: 2352 vez(es)
  • Enviou: 3258 vez(es)
  • +740/-1032
Re: Golpe Guiné-Bissau
« Responder #20 em: Abril 15, 2012, 10:10:44 pm »
Citação de: "Trafaria"
Sim, no que diz respeito às carreiras tecnicas isso é verdade e elas são uma componente relevante da Armanda e FA. Mas acontece que estávamos a falar concretamente do exército e esse, que eu saiba, é sobretudo composto por homens em armas e com armas ou não é exército.
Isto não é proprimanete offtopic pois esta conversa resultou da interrogação de alguem a cerca dos efectivos para esta missão em titulo.

Exacto, eu queria referir essa diferença, em relação ao Exército, tenho a minha opinião, mas toda a gente defende a sua quinta como sendo vital e questiona se a dos outros tem mesmo razão de existir :wink: , o maior efectivo deve ser o pessoal da Armada que serve nos navios que se estão a dirigir para a região, os Fuzileiros já se sabe que tem tido dificuldades para completar o seu efectivo, mas para 1 Companhia ainda deve ter pessoal que chegue :mrgreen:.
 

*

Camuflage

  • Investigador
  • *****
  • 1518
  • Recebeu: 205 vez(es)
  • Enviou: 89 vez(es)
  • +261/-243
Re: Golpe na Guiné-Bissau - Intervençao da Marinha -
« Responder #21 em: Abril 15, 2012, 11:07:06 pm »
E pelo que é constituída esta tão falada FRI?
 

*

Lightning

  • Moderador Global
  • *****
  • 11075
  • Recebeu: 2352 vez(es)
  • Enviou: 3258 vez(es)
  • +740/-1032
Re: Golpe na Guiné-Bissau - Intervençao da Marinha -
« Responder #22 em: Abril 15, 2012, 11:21:26 pm »
Citação de: "Camuflage"
E pelo que é constituída esta tão falada FRI?

É ir ao topo desta página e começar a ler.
 

*

afonsinho

  • 53
  • +0/-0
Re: Golpe na Guiné-Bissau - Intervençao da Marinha -
« Responder #23 em: Abril 15, 2012, 11:50:36 pm »
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Pa ... id=2421401

Citar
O primeiro meio a sair foi o avião P-3 Orion, da Força Aérea, que descolou da Base Aérea de Beja. Será o primeiro meio militar a chegar ao teatro das operações. O P-3 Orion é uma aeronave de patrulhamento marítimo, mas cuja tecnologia lhe dá capacidade para agir como avião espião, com possibilidade de detetar e identificar qualquer ameaça de superfície.
opa levem o pitvant e ainda aproveitam para lhe fazzer um teste real!!  e é mais barato  :wink:
 

*

Get_It

  • Investigador
  • *****
  • 2269
  • Recebeu: 526 vez(es)
  • Enviou: 466 vez(es)
  • +836/-827
Re: Golpe na Guiné-Bissau - Intervençao da Marinha -
« Responder #24 em: Abril 15, 2012, 11:55:36 pm »
Citação de: "afonsinho"
opa levem o pitvant e ainda aproveitam para lhe fazzer um teste real!!  e é mais barato  :wink:
Ainda caí e ficam os guineenses com tecnologia ultra-secreta.

Cumprimentos,
:snip: :snip: :Tanque:
 

*

PereiraMarques

  • Moderador Global
  • *****
  • 7926
  • Recebeu: 1260 vez(es)
  • Enviou: 344 vez(es)
  • +5169/-235
Re: Golpe na Guiné-Bissau - Intervençao da Marinha -
« Responder #25 em: Abril 16, 2012, 10:10:21 am »
Voltando ao off-topic e considerando as listas de antiguidade dos Oficiais (não incluí Oficiais Generais) e Sargentos do Quadro Permanente do Exército na situação de activo em 31 de Dezembro de 2011.

http://www.exercito.pt/sites/DARH/Publi ... EFEV12.pdf (pp. 66-191)

COR: 239
TCOR: 503
MAJ: 554
CAP: 529
TEN: 331
ALF: 95

SMOR: 197
SCH: 390
SAJ: 1327
1SAR: 1360
2SAR: 462
 

*

Trafaria

  • Investigador
  • *****
  • 2117
  • Recebeu: 139 vez(es)
  • Enviou: 112 vez(es)
  • +54/-1
Re: Golpe na Guiné-Bissau - Intervençao da Marinha -
« Responder #26 em: Abril 16, 2012, 02:16:17 pm »
Se a esses juntarmos a reserva e os contratados não andaremos longe dos numeros anteriormente referidos, se calhar até os ultrapassamos.
::..Trafaria..::
 

*

Malagueta

  • Analista
  • ***
  • 655
  • Recebeu: 171 vez(es)
  • Enviou: 225 vez(es)
  • +130/-101
Re: Golpe na Guiné-Bissau - Intervençao da Marinha -
« Responder #27 em: Abril 16, 2012, 04:43:37 pm »
Boas, peço desde já desculpa pelo off-topic,  mas no contexto da discussão actual acho que este artigo vem mesmo a calhar e caso seja de colocar o presente artigo noutro topico, desde já obrigado.


A Despesa com as Forças Armadas e a Linguagem dos Números
   
Terça, 03 Abril 2012 00:00




Há cerca de cinco anos, num período em que as Forças Armadas (FA) estavam na “ordem do dia” na comunicação social, entendemos ser nosso dever de cidadão e militar contribuir, construtiva e didaticamente, para um melhor esclarecimento e compreensão desta problemática da Defesa Nacional e das FA a qual, sendo complexa, não poderá nunca ser abordada, de uma forma linear e maniqueísta, tantas vezes com calor e emoção e quase sempre num registo muito marcado por estados binários simplistas, que põem em contraponto duas visões demasiado extremadas e redutoras. De um lado, os defensores da “segurança” e dos canhões, do outro os arautos do “desenvolvimento” e da manteiga, ou do sustento básico.

Durante cerca de quatro meses, no “Jornal de Defesa”[2], apresentámos semanalmente um ensaio alusivo ao tema “ De como opinar com credibilidade acerca das Forças Armadas”[3] com o objectivo manifesto de tentar elucidar:

(i) como, com método e acerto, se desce da teoria e da conceptualização das questões da Defesa Nacional e das FA a um patamar mais concreto e real de operacionalização e funcionamento;
(ii) como se passa da política e dos fins à estratégia e aos meios; da grande estratégia à estratégia genética, estrutural e operacional; do desenho e concepção dos meios à sua própria organização, sustentação e emprego;
(iii) como ganhar consciência dos problemas a enfrentar e a resolver, avaliando se, as questões que se colocariam seriam de finalidade e “missão”, ou, antes, de “organização”, ou “recursos”, ou até mesmo de “normativo”, ou enquadramento legal.
O tempo passou e constata-se que, ultimamente, esta temática das FA vem estando novamente, e com força, na ordem do dia e pelas mais variadas razões, pese embora se verifique uma maior ênfase e concentração nas questões da “carreira militar”, do “funcionamento” e “dos recursos” que são atribuídos e alocados às FA.

De facto, os Órgãos de Comunicação Social (OCS), ao seu estilo usual, titulam, em grandes parangonas, que “Mais de 80% dos gastos na Defesa são de funcionamento” e acrescentam que o “Senhor Ministro da Defesa Nacional (MDN) disse [...] na comissão parlamentar da Defesa que Portugal não pode continuar a gastar mais dinheiro, mas tem que gastar melhor. “A sustentabilidade não é uma questão nova e quero dizer que temos gasto 1,3%, 1,4% do PIB, em Defesa. Este ano vamos gastar 1,1 % do PIB. E não temos condições para gastar mais, mas temos que gastar melhor”, precisaria aquele membro do Governo.

Em complemento o articulista refere ainda que “o MDN defendeu que não se pode continuar a verificar a desproporção actual entre os gastos com o funcionamento nas FA. Força Aérea, Exército e Marinha gastam 82%, 86% e 80% em funcionamento. E apenas 18%, 13% e 20% em Manutenção e Operação. Números que o MDN revelou e disse não poderem continuar a verificar-se por comprometerem a eficácia das FA”.

Na realidade, rara será a ocasião em que, vindo a público o tema da “Despesa com a Defesa Nacional”, ele não desperte acentuada emotividade e isso sucede porque os “números” veiculados são frequentemente desacompanhados de informação que possibilite um entendimento correcto da sua razão de ser e uma explicação cabal do seu significado.

O resultado é a instalação de alguma confusão e até a ocorrência de uma certa dose de intoxicação da opinião pública, voluntária ou involuntariamente ministrada, ou a apresentação de argumentos para criticar a pessoa, ou a entidade originadora da notícia. Não será essa, porém, a nossa postura, porquanto, o propósito, será, uma vez mais, o de contribuir para o esclarecimento e melhor compreensão, neste caso, da “linguagem dos números (e dos custos)” e aquilo que eles representam e significam.

Dito isto, tenhamos por certo que, nesta “linguagem dos números”, todos os intervenientes falam quase sempre verdade, só que o fazem, do nosso ponto de vista, de uma forma algo errónea, pouco precisa e, até mesmo, em certos casos, desviante. Porquê? Porque não explicitam a estrutura de custos associada, o que, na realidade, distorce a informação veiculada e poderá mesmo confundir as pessoas, em especial, aquelas que estejam, porventura, menos familiarizadas com a temática e com o respectivo jargão técnico.

Desta forma, seria vantajoso olhar os números em perspectiva e observá-los numa base de tempo mais dilatada, de longas séries, o que nos permitiria fazer uma melhor ligação do passado com o presente e sustentar, então, com maior rigor e objectividade, a análise mais fina dos dados e, até, as próprias conclusões.

As FA e a Defesa. O peso percentual das despesas e a evolução verificada.

Para este efeito, e numa lógica meramente exemplificativa, pareceu-nos adequado utilizar como “indicadores” preferenciais a evolução do “Peso das despesas da Defesa nas despesas Públicas”, assim como o seu “Peso no PIB” e como fontes principais de consulta os “Anuários Estatísticos da Defesa Nacional” e a “Conta Geral do Estado” (de 2004). Note-se que nos reportamos a 2004 porque trabalhámos esses números, e daí para cá, dir-se-á que a situação não se inverteu, tendo antes, vindo a piorar.

Neste quadro, constata-se que a “Percentagem (%) das despesas da defesa no PIB” decresceu de 2,3 % para 1,2 %, no período de 1987 até 2002, situando-se na casa dos 1,3 % em 2003 e 2004 e mantendo-se próximo dessa ordem de grandeza desde então para cá.

Quanto ao outro indicador – “Peso da defesa nacional nas despesas públicas” – verifica-se que o seu valor desce, de forma igualmente sistemática, dos 6,9 %, em 1987, até aos 2,5 %, em 1998, ano em que atinge mesmo um mínimo, para depois voltar a subir até aos 4,6 %, em 2004, aproximando-se dos 4,4 %, médios, registados no período em análise, ou seja entre 1987 e 2004.

De notar, inclusivamente, o que se tem verificado no decurso da última década do século XX, no que respeita ao crescimento médio da “despesa com a defesa” o qual registou uma evolução bem pequena, apenas, de 3,5 p.p., ao contrário da que o próprio PIB verificou, de 5.6 % e, até mesmo da evolução apresentada pela própria despesa do Sector Público Administrativo (SPA), a qual se situou em valores da ordem das três vezes e meia superior (12,6 %) àqueles que haviam sido veiculados como despesa com a defesa nacional e com as FA.

Pese embora esta evidência, pareceu-nos conveniente ir mais longe e aprofundar a análise dos números, segundo uma outra perspectiva, a da “Natureza das despesas da defesa”, com o propósito de ganhar consciência de como é que ela se encontra distribuída e agregada.

Na prossecução deste desiderato importaria, no entanto, lembrar que, de acordo com o Anuário da Defesa Nacional e tendo em conta o Classificador das despesas públicas que vem sendo oficialmente utilizado, se distinguem três principais agrupamentos de despesa:

“Pessoal”, que se relaciona com o grupo “Despesas de pessoal”;
“Operação e Manutenção” (O&M), que tem a ver com os grupos “Aquisição de bens e serviços correntes”, “Transferências correntes” e “Outras despesas correntes”; e
“Despesas de capital”, que se identifica com o grupo com a mesma designação do referido classificador.
Um esclarecimento apenas para referirmos que há despesas de pessoal, como sejam, a alimentação e o fardamento do efectivo militar que, por lei, são incorporadas no agrupamento “Aquisição de bens e serviços” e que, por conseguinte, na desagregação que vem sendo considerada, se encontram incluídas no grupo “Operação e Manutenção”.

Acresce, igualmente, referir que os principais instrumentos de investimento na defesa nacional, sejam as Leis de Programação Militar (LPM) e/ou o Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC), pela sua natureza e especificidade, têm tratamento autónomo.

Esta autonomia é, todavia, uma autonomia relativa, pois a LPM vê anualmente as suas dotações objectivadas ou incluídas no Orçamento do Estado (OE), procedimento, sem o qual, aliás, a sua própria execução não pode ser levada por diante. O PIDDAC, é mesmo aprovado e incorporado no próprio processo de preparação e aprovação do OE, o qual é regulado, como é sabido, pela Lei de Execução Orçamental (LEO).

Esclarecidos estes aspectos, atente-se, então, nos números e nos valores médios globais verificados em percentagem (%) naqueles mesmos agrupamentos e no período, por exemplo, de 1998 a 2004: Pessoal – 68,2 %; Operação e Manutenção – 20,6 %; Despesas com capital – 1,7 %; LPM – 8,5 %; e PIDDAC – 1,0 %.

Quanto à “Distribuição por capítulos do próprio MDN” constata-se que, em média, aos OSC/MDN[4] foram atribuídos 4,7 %, enquanto o Estado-Maior-General das FA (EMGFA) e os Ramos receberam respectivamente 2,6% e 92,7% assim distribuídos: Marinha – 27,3%; Exército – 42,2%; e Força Aérea – 23,2%.

Mais, no decurso do mesmo período, o “Pessoal”, por exemplo, consumiu cerca de 69,97% dos recursos financeiros atribuídos à Marinha, 78,06% dos do Exército e 56,03% dos da Força Aérea.

O montante de financiamento da defesa, note-se, é, em geral, muito influenciado por esta mesma componente da despesa em Pessoal. Os valores de crescimento verificados numa e outra são mesmo muito semelhantes, sobretudo de 1999 a 2004, período em que a “defesa”, em geral, cresceu 7.2 % e o “pessoal” 6.3 %.

Significa isto um orçamento de funcionamento muito distorcido, face aos limites de referência tidos como mais recomendáveis, racional e economicamente, para alocar àqueles mesmos agrupamentos, ou seja “Pessoal” – 50%; “Operação e manutenção” - 25% e “Investimento/ Capital” – 25%.

Esta é a “linguagem dos números” que, frequentemente, vem sendo utilizada para evidenciar que as FA gastam uma elevada percentagem do seu orçamento em “Pessoal”, por comparação com as demais rúbricas.

Ora nesta lógica, se por hipótese, os outros dois agrupamentos (Operação e Manutenção e Capital/Investimento) fossem reduzidos financeiramente a zero, dir-se-ia que, nessas circunstâncias, as FA consumiriam 100% dos seus recursos financeiros com o Pessoal.

Contudo, tendo a percentagem de PIB distribuída às FA, de há uns anos a esta parte, estado fortemente condicionada a valores da ordem dos 1,2 % (1997-2004), ou de 1,4% (num período mais recuado de 15 anos) não será, certamente, fácil aos ramos, nestas condições, inverterem, por si sós, e apenas por recurso a medidas de gestão interna, a citada distorção orçamental.

Sobretudo, numa época em que a completa profissionalização das FA esteve em franco desenvolvimento e em que os custos, por homem – soldado ou marinheiro – voluntário, ou contratado, são superiores àqueles em que importava o militar em “Serviço Efectivo Normal” (SEN)[5], atentos, designadamente os seus superiores índices remuneratórios e o conjunto de incentivos ao serviço militar.

Sintetizando: neste contexto, a crueza dos números apresentada é reveladora não de uma distorção induzida pela gestão, quiçá, ineficiente dos próprios ramos, mas sim de um enquadramento fortemente condicionado em que as políticas públicas, que vêm sendo adoptadas, pese embora as boas intenções programaticamente enunciadas, na prática, têm-se traduzido num sistemático “desinvestimento” na Defesa Nacional e nas FA, o que, origina uma distorção completa do orçamento de funcionamento e dos respectivos agregados de despesa.

Nestas circunstâncias, estamos plenamente convencidos que não será fácil aos ramos comprimirem mais ainda as suas despesas de funcionamento, até porque grande parte delas, convenhamos, são fixas e, por isso, a margem de manobra é efectivamente diminuta. A situação de verdadeiro espartilho em que os ramos porventura se encontrem será facilmente compreendida por via de um exemplo demonstrativo. Vejamos, então!

Exemplo ilustrativo.

Tendo presente um determinado “tecto orçamental” que o MDN, no ano X, estabeleça para funcionamento no ano X+1, os ramos, num primeiro passo, distribuem os 100% desse montante pelos agregados de despesa com “Pessoal” (70%) e “Operação e Manutenção” (30%) para satisfazer as “necessidades para funcionamento no ano X+1”, com base naquelas que o próprio orçamento prevê executar nesse mesmo ano X.

Seguidamente, comparam valores e tiram conclusões.

Se, por hipótese, as diferenças (necessidades de financiamento/tecto orçamental para X+1) forem negativas, ou seja, se as verbas disponíveis para X+1 forem inferiores às do ano X, transacto, os ramos terão de avaliar das implicações que uma tal situação origina no seu funcionamento e no cumprimento das suas próprias responsabilidades operacionais e missão.

Sendo incompressíveis as despesas do agregado “Pessoal”, só lhes resta “jogar” com o agregado “Operação e Manutenção” e mesmo aqui, dir-se-ia, de forma marginal, porquanto só podem “utilizar”, e pouco, o segmento dedicado à “Operação” propriamente dita.

Com efeito, a “Manutenção”, absorve frequentemente custos fixos, como por exemplo acontece na Marinha, (ramo que melhor conheço), e em que a reparação e manutenção da esquadra, a alimentação, os combustíveis, o fardamento e o funcionamento dos comandos, órgãos e serviços consomem cerca de 78% do total da despesa consignada ao próprio agregado, no seu todo.

E, nestes termos, uma redução, por hipótese, em percentagem (%), do montante necessário à actividade operacional no ano X+1, seguramente que tem as suas consequências e riscos. No caso vertente, da Marinha, isso significa mesmo a redução efectiva da sua “Actividade Operacional”.

De facto, com menos meios em “teatro” e em operação, ou durante menos tempo, a taxa de patrulha e de fiscalização ficará afectada e com isso comprometido ficará, igualmente, o exercício efectivo da soberania e da autoridade do Estado no mar, a salvaguarda da vida humana no mar, o combate à poluição, a preservação do ambiente e dos recursos marinhos e ainda os compromissos internacionais que o país assumiu e o Estado se obrigou a honrar.

Mas não só. Com menos dinheiro disponível para “O&M” a actividade operacional fica também prejudicada, assim como coarctadas ficam, igualmente, outras actividades, tidas por essenciais para assegurar a prontidão da esquadra, das unidades de fuzileiros e de mergulhadores, designadamente, no que ao treino e exercícios possa respeitar.

Mais, um decréscimo de verba, neste mesmo agregado, restringirá o ritmo de “aquisição de sobressalentes” e de “conservação de bens”, com implicações óbvias na execução dos “planos de manutenção” dos meios, o que lhes afecta a prontidão e consequentemente, também, por esta via, a taxa de operacionalidade.

Paralelamente, criam-se mais dificuldades ao normal funcionamento dos comandos, órgãos e serviços, assim como se inviabiliza a recuperação das infra-estruturas degradadas, o recompletamento de stocks e a celebração de contratos de “outsourcing”.

Daí parecer-nos lícito reafirmar que a margem de manobra dos ramos, sobretudo dos que têm responsabilidades de dispositivo operacional permanente, é muito diminuta. O único “volante” ao seu alcance, é apenas o agregado “Operação e manutenção”, e ainda assim com limitações, tal como decorre do cenário ilustrativo acabado de apresentar.

Para concluir diríamos que continua por inventar aquela organização cujo funcionamento dispense a atribuição de recursos – humanos, materiais (imateriais), financeiros e outros. De facto, nenhuma das organizações até agora inventadas, tanto quanto se saiba, pode dispensar-se de meditar na dimensão dos recursos necessários. Primeiro, porque são geralmente escassos. Quem os disponibiliza é, também, normalmente responsável pela satisfação de outras necessidades a requererem, do mesmo modo, recursos. Depois, porque há um patamar mínimo de recursos, abaixo do qual a organização deixa de poder responder aos fins para que foi criada.

No que tange às FA a questão é pertinente: quais são os recursos financeiros tidos como necessários para cumprirem a sua missão?

Aí está uma pergunta simples, mas de resposta nada fácil. Convenhamos que o tema é inequivocamente complexo. As variáveis são inúmeras. Os dados de que se dispõe nem sempre são suficientes para estruturar devidamente uma resposta que se deseja cabal e objectiva.

No entanto, foi o Governo que, em 2002, assumiu uma resposta, e clara. Consciente de quem nem tudo estaria bem com as FA, deu mostras da sua vontade em alterar os referenciais estruturantes da sua própria política de financiamento, ao estabelecer em documento próprio - o Conceito Estratégico da Defesa Nacional (CEDN)[6] – e, pela primeira vez, em quinze anos (1987-2002), que a “programação financeira das FA é uma condição necessária para o cumprimento dos objectivos da política da defesa nacional, tal como o é a modernização dos respectivos equipamentos”.

Mais se precisava que, neste mesmo quadro estruturante, “o Estado deve ter como objectivo, à escala do nosso produto interno bruto, a aproximação gradual do nível de despesas e investimentos na defesa nacional ao nível médio praticado nos países europeus da NATO [2% do PIB]. E indo mais longe nesta manifestação de vontade “o Estado obriga(va-se) a melhorar as regras da gestão eficiente, transparente e profissional dos recursos públicos afectos à defesa nacional e seus sistemas [...]” e assumia que,“[...] a evolução dos orçamentos deve reflectir uma mais adequada distribuição entre agregados, melhorando, gradualmente, as funções de investimento e de operação e manutenção (sublinhado nosso)”.

Na realidade este aspecto dos orçamentos e da sua própria sustentação assumem tal relevância politica que foi o XVII Governo que, no seu próprio Programa, não deixou de frisar, enquanto prioridade em matéria de modernização das FA, exactamente a questão da “sustentação orçamental”, com vista a “atingir, gradualmente, um investimento na defesa de acordo com os compromissos internacionais do Estado, de modo a garantir a modernização das FA e a sua capacidade de desempenho no quadro da NATO e da União Europeia.”

Ora, esta afirmação foi, do nosso ponto de vista, talvez, uma das mais importantes manifestações de vontade que, nos últimos tempos, o Governo assumiu, em matéria de Defesa Nacional e das FA, sustentando a necessidade de um planeamento financeiro efectivo, em claro contraciclo com a ausência quase total desse tipo de planeamento que tem primado em Portugal.

Com efeito, não se conhece a existência de um “planeamento financeiro” apropriado, pelo menos, tanto quanto se saiba, com essa caracterização, onde, de uma forma articulada, seja possível relacionar as necessidades de investimento com as fontes de financiamento, interligando convenientemente o planeamento estratégico de defesa nacional com o planeamento de forças, os orçamentos de funcionamento dos ramos com os seus próprios orçamentos de investimento.

O que se sabe é que o financiamento da Defesa Nacional e das FA tem vindo a resultar, sobretudo, de decisões casuísticas e de critérios de oportunidade política, nunca assentes, como deveria ser, em racionais de continuidade e muito menos em linhas de evolução conhecidas e consistentemente sustentadas e assumidas.

As próprias decisões financeiras são, também elas, quase sempre marcadas pela conjuntura e pelo curto prazo, disso se ressentido, em primeira mão, e como é óbvio, os orçamentos de funcionamento e, sobretudo, desde 1997, os da defesa e das FA como se nos afigura ter ficado bem patente neste texto que, acima de tudo, se pretende seja elucidativo e clarificador da “linguagem dos números”, do seu significado e representação valorativa.

Oeiras, 26 de Março de 2012

João Pires Neves[1]



--------------------------------------------------------------------------------

[1] Vice-almirante na Reforma e membro da Academia de Marinha.

[2] www.jornaldefesa.com.pt/ e no período de 29/01 a 18/06/2007.

[3] Esta mesma reflexão, com algumas adaptações, e sob o título “As Forças Armadas e a Defesa Nacional – da Política e dos fins à Estratégia e aos meios – um contributo” foi objecto de posterior edição pelas Edições Culturais da Marinha, em Lisboa.  NOV 20007.

[4] OSC/MDN - Órgãos e Serviços Centrais do Ministério da Defesa Nacional

[5] Militar em SEN era aquele que se encontrava cumprindo o Serviço Militar Obrigatório (SMO), entretanto extinto.

[6] Resolução do Conselho de Ministros nº 6, de 20/12/2002, que aprova o Conceito Estratégico de Defesa Nacional (CEDN).                        (20177)
 

*

Lightning

  • Moderador Global
  • *****
  • 11075
  • Recebeu: 2352 vez(es)
  • Enviou: 3258 vez(es)
  • +740/-1032
Re: Golpe na Guiné-Bissau - Intervençao da Marinha -
« Responder #28 em: Abril 16, 2012, 06:40:23 pm »
Citação de: "Trafaria"
Se a esses juntarmos a reserva e os contratados não andaremos longe dos numeros anteriormente referidos, se calhar até os ultrapassamos.

Quais numeros? Os 20.000 ou os 12.000?

Se aos militares do quadro permanente juntares os militares da reserva e os militares contractados tens toda a gente, só te sobra os empregados civis.
 

*

Camuflage

  • Investigador
  • *****
  • 1518
  • Recebeu: 205 vez(es)
  • Enviou: 89 vez(es)
  • +261/-243
Re: Golpe na Guiné-Bissau - Intervençao da Marinha -
« Responder #29 em: Abril 16, 2012, 06:57:36 pm »
Citação de: "Lightning"
Citação de: "Camuflage"
E pelo que é constituída esta tão falada FRI?

É ir ao topo desta página e começar a ler.

Isso já tinha visto, mas uma coisa é o que os media veiculam outra é a realidade.