É evidente que a inexistência de navio reabastecedor é um problema, mas isso é um dado adquirido e nem sequer deveria ter nada a ver com a questão do LPD...
O LPD não é culpado do abate do Bérrio, mas quando foi para resolver o seu abate "prematuro", a Marinha não demonstrou agilidade nenhuma para inverter a prioridade de construção dos dois navios, estando na LPM planeado construir o LPD antes do AOR. Quando assim é, vemos bem a obsessão que existe por este navio.
Já quando o Siroco foi opção, acharam por bem abdicar na altura da modernização de uma das fragatas. No meio de tanta dúvida gerada pela ideia do Siroco, nem veio este, nem se modernizaram as fragatas, tanto que com o atraso desta modernização, se concluiu que a janela de modernização se tinha fechado, sendo mais racional substituir por novos navios. Entretanto, 2023, e a ideia de "modernizar" as VdG voltou, por mais irracional que seja, já a ideia do LPD novo é que nunca muda.
E não esquecer, que o Navpol empastelou durante quase 20 anos, 300 milhões das sucessivas LPMs, que se calhar se tivessem sido divididos por programas mais pequenos, e/ou na manutenção da frota existente, teria sido total ou parcialmente usada esta verba. Já a presente LPM, contém 150 milhões alocados a este navio (valor impossível para um LPD novo feito no Ocidente), que na prática estão ali bloqueados quando teriam melhor uso (se somados ao valor do MLU das VdG) para ajudar a pagar a compra dos tais Crossover.
Nós não dimensão, e (nem necessidade) para nos sentarmos à mesa dos grandes. Nem deve ser esse o objetivo, por muito que quiséssemos por-nos em bicos de pés.
Certo. Então porque é que queremos LPD, TGV, TAP, e meia dúzias de aeroportos no continente, só para nos tentarmos equiparar aos grandes? Um bocado estranho não é?
Os nossos meios devem ter em conta também o fato de sermos um país da NATO, e desenvolver valências com que a NATO, ou uma futura estrutura europeia possam contar. Ou seja, meios que possam dar ao país algum tipo de relevância.
Pois, e para a NATO/UE, fazem mais falta fragatas e AOR, tal como faz falta stock de mísseis, faltam drones, e tanta outra coisa, do que LPDs. Isto é um facto. Já estudos comprovaram que a NATO tem falta de células VLS nos seus navios, para responder a ameaças modernas, sobretudo os países europeus.
Mesmo que Portugal, atinja um valor de 2.5% do PIB em despesas militares, nós não teriamos dinheiro para comprar e manter mais que duas fragatas modernas, e quatro ou cinco navios dedicados a luta ASW.
A não ser que optemos por vender os submarinos, e deixar de possuir essa capacidade, deslocando recursos para manter mais navios de superfície de primeira linha. Um navio que, com todos os sistemas, mísseis de vários tipos e sensores, custará no mínimo entre os 800 e os 1200 milhões de Euros. A sua manutenção anual, custaria de 80 a 120 milhões, considerando um fator que é comum nos navios civis, de 10% de custos de manutenção por ano de operação. (isto exclui revisões e manutenções prolongadas de meia-vida).
No mundo de hoje, só os custos anuais de manutenção de um navio moderno, superam os magros tostões que são previstos para "modernizar" uma Vasco da Gama.
Com um orçamento anual de 2.5% do PIB, conseguias operar 10 fragatas e ainda sobrava muito dinheiro.
https://themaritimepost.com/2021/07/video-how-much-the-us-navy-spends-annually-on-the-operation-of-its-warships/Com um mero aumento para os 1.5/1.6% do PIB anualmente (dos actuais 1.1%), estamos a falar de algo entre 500 e 700 milhões todos os anos (5000 e 7000 milhões a cada 10 anos). Isto, se tudo o resto se mantivesse tal e qual como está, dava para operar 4 Arleigh Burke.
Agora vão-me dizer que, um Arleigh Burke com o triplo da guarnição, o dobro do deslocamento e triplo dos VLS de uma fragata média europeia, apenas custa mais 20 milhões/ano a operar? Se assim fosse, toda a gente tinha Arleigh Burkes.
Resumindo, com o devido orçamento, a Marinha podia facilmente operar 3+2 fragatas, entre algo como as ASWF e os XO (2 e 3 ou vice-versa).
Uma marinha a sério, para um país da NATO com a nossa dimensão, não é uma marinha que precisa de navios de todos os tipos.
Exactamente. E um LPD cai precisamente nessa categoria, de navio que não se justifica, havendo alternativas mais baratas e com guarnição menor, ou alternativa sob a forma de fragatas com alguma capacidade logística/anfíbia.
Um navio do tipo LPD, pode ser um meio vantajoso em vários aspectos e não estou a ver onde é que ele é mais ou menos vistoso.
Bastaria ver que a própria Damen, possui projetos de LPD que não são muito diferentes dos LST.
E desvantajoso noutros, sendo um navio que depende da ocorrência de alguma catástrofe para ser útil, ou, do ponto de vista militar, depende de terceiros.
Sim, a Damen tem os Enforcer 7000, com pouco mais de 120 metros. Mas mesmo estes, têm uma guarnição de 90 elementos, que mesmo que arredondemos a guarnição de um LST dos "menos de 20", para 50, continua a ser quase o dobro. Para não falar do preço, que certamente não será de uns meros 150 milhões.
E a tripulação do navio, é importante notar, é tripulçaão, não é considerada a guarnição.
(estou a referir a tradicional diferença entre o pessoal que é responsável pela gestão e manobra do navio, e o pessoal destinado ao combate e operação das armas)
O número de duas dezenas pode até ser enganador.
O mesmo se aplica a um LPD. Mesmo que arredondemos para 50, a guarnição do LST continua a ser consideravelmente inferior à de um LPD, o que é importante numa Marinha com falta de pessoal.
Talvez, porque não é na realidade nenhuma fantasia. Quando falamos em navios logisticos, na sua necessidade e no facto de fazerem sentido, não estamos a falar no que se passa numas forças armadas que atingiram um ponto de não retorno, mas sim no que faria sentido, nomeadamente se Portugal atingisse o objetivo a que se comprometeu de dispender 2% do PIB em defesa.
Se Portugal atingisse os 2% do PIB anual, dava tanto para o LPD como para 5 fragatas novas. Estamos a falar de pelo menos 10 mil milhões a mais num prazo de 10 anos. E sempre que a economia crescesse, este valor aumentava. A falta de pessoal é que continuava a ser problema, e aí, em vez do LPD, metia-se 2 LST, que fazia o mesmo, e com uma taxa de disponibilidade muito superior.
Negar a vantagem de equipamentos como o LPD numa marinha, corresponde mais ou menos a dizer que os tanques já não fazem sentido e que são uma arma do passado.
Não. Tanques e LPD são coisas muito distintas. Um LPD equivale sim a camiões. Camiões são úteis, sobretudo para assegurar a sustentação logística da força. Mas podes ter todos os camiões do mundo, que se não houver força para ser sustentada, ou se a força que houver for tão limitada, que morre tudo antes dos camiões lá chegarem, ou se não houver capacidade de assegurar que os camiões cheguem onde são necessários de forma segura, ou se não houver pessoal para conduzir estes camiões, estes são completamente inúteis.
E quando se trata da marinha de um país que, tem compromissos internacionais ao nível da NATO, que tem e quer possuir uma das maiores ZEE do mundo, e que dentro dessa ZEE possui mais de uma dezena de ilhas habitadas, a logística assume um caráter de necessidade, não é um luxo ...
Compromissos internacionais, que parece que só são importantes quando se trata de ter um LPD. Já quando se fala de fragatas, os compromissos e a capacidade de defender a dita ZEE, são atirados pela janela.
Ainda no inverno passado, em Março, vimos o que aconteceu aquando da última crise sísmica em São Jorge.
Uma pequena localidade - se não me engano, a Fajã das Almas - foi evacuada, porque se houvesse uma erupção, e com chuva, as pessoas ficavam encurraladas, e Portugal não teria qualquer forma de resolver o problema.
Esse problema seria igualmente resolvido com os Crossover ou LST. Portanto é uma não questão.
E se continuarmos a dizer que um equipamentos de grande porte, capaz de apoiar populações é um luxo, então o que dizer dos submarinos, que custaram o preço de quatro ou cinco LPD ?
É um luxo havendo alternativas que se adequam mais à nossa realidade. Os submarinos tivemos sorte de terem sido adquiridos quando foram. Se a sua aquisição tivesse sido adiada até agora, era mais uma valência que se perdia, e com isso o único meio naval dissuasor que temos. Além de que, os dois submarinos somados, operam com metade do pessoal que um LPD. E o LPD está orçamentado há pelo menos 20 anos, sendo que em momento algum se colocou a questão "submarinos ou LPD".
A dimensão fisica do meio não deveria ser razão de preocupação. O objetivo deveria ser, considerar o que ele faz, para o que serve, e se o país e a população e, naturalmente, as forças armadas podem beneficiar dele.
O LPD pode não ser muito bem visto, porque neste mundo de capelinhas e pequenos interesses e pequenas guerrinhas, não interessa um meio que pode servir tanto a marinha como o exército como até a força aérea. Andar a servir de sistema de transporte para a infantaria, pode não ser muito digno ...
Talvez devêssemos pensar nisso ...
A dimensão física é importante, porque há muitos egos em causa. Basta ver as medalhas e condecorações de tantos que se vê por aí. Comandar um "flagship", para muitos é mais importante, do que ter uma boa Marinha.
E o LPD sempre foi bem aceite pelos 3 ramos.
Há uns anos atrás, os militares holandeses também decidiram acabar como todos os carros de combate de lagartas, e vende-los aos burros da tropa fandanga.
Agora andam a alugar tanques e a prometer fornecer à Ucrânia os tanques que não têm.
(o que não desculpa o nosso descuido e desmazelo, mas não retira qualquer mérito aos oficiais que aproveitaram para comprar os tanques)
Nem sempre os outros são melhores e têm melhores ideias só porque são branquinhos e têm cabelo louro e falam estrangeiro...
Os Leopard foram uma compra de oportunidade, e também foram consequência dos problemas dos M-60 (um que avariou num 10 de Junho ou lá o que foi). Infelizmente esta boa compra, sofreu consequências da falta de verba para os manter.
Agora quanto à superioridade de uns ou outros, sim podem dizer que eles tomaram uma má decisão quanto aos CCs (ou simplesmente eles não acharam ter profundidade territorial que justificasse CCs), mas se perguntarem a qualquer forma de vida no Universo e arredores, se preferiam umas FA como as nossas, ou com a dos holandeses, a resposta será completamente unânime.
1 má decisão e 500 boas continua a ser melhor que 1 boa decisão e 500 más.