Forte S. Julião da Barra faz 450 anos

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Lancero

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Forte S. Julião da Barra faz 450 anos
« em: Outubro 15, 2006, 09:03:11 pm »
Quem ainda não pôde visitar, vale a pena...













LISBOA - LISBOA - PORTUGAL
Forte da Soa Juliao da Barra que este ano comemora os 450 anos da sua construcao, sabado 14 de outubro de 2006. (ACOMPANHA TEXTO) JOAO RELVAS/LUSA
LUSA / STF / JOAO RELVAS

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São Julião da Barra:Um pedaço de história cenário de séries televisivas (c/foto )

Por Cláudia Páscoa (texto) e João Relvas (fotos), da agência Lusa

       

       Lisboa, 14 Out (Lusa) - De residência oficial do ministro da Defesa a cenário de séries televisivas, a fortaleza de São Julião da Barra (Oeiras) conserva do objectivo inicial para que foi construída há 450 anos - a defesa de Lisboa - apenas a memória.

      E apesar das muitas personalidades que passaram por São Julião da Barra, lá se instalaram ou residiram, como o general Costa Gomes - enquanto presidiu à Junta de Salvação Nacional e depois como primeiro presidente da República pós 25 de Abril -, foi Paulo Portas, ministro da Defesa dos governos de Durão Barroso e de Santana Lopes, que fez dela a sua casa e a trouxe para a ribalta.

      Dwight D. Eisenhower, Bernard Montgomery, Xanana Gusmão, Ansumane Mané, Donald Rumsfeld e vários comandantes da NATO foram algumas das personalidades que passaram pela fortaleza.

      Sem esquecer o general Gomes Freire de Andrade, que esteve preso na base do farol do forte, conforme assinala uma lápide, e num terreiro frente ao forte foi enforcado a 18 de Outubro de 1817.

      De defesa da barra de Lisboa a prisão de Estado, como foi utilizada durante o regime filipino (1580/1640), no século XIX e no tempo de Salazar, (embora não restem vestígios de qualquer cárcere desta época), a residência oficial do ministro da Defesa, muitas foram as utilizações de São Julião da Barra.

      Mais recentemente, a cisterna do forte serviu também como cenário para séries televisivas como "A raia dos medos", "A Ferreirinha" e "O processo dos Távoras".

      Construída para defender a barra do Tejo, controlando a entrada em Lisboa, a fortaleza assinala hoje com uma conferência o seu 450º aniversário, que se comemora este ano, embora a data não seja consensual entre historiadores, havendo quem mencione 1553 como a data inicial de construção.

      Em declarações à agência Lusa, o historiador Joaquim Boiça, que além de estudar a fortaleza também lá residiu entre 1968/69 e 1978/1979 enquanto o seu pai aí foi faroleiro, disse não ter dúvidas quanto ao aniversário do forte.

      "A construção da fortaleza é lançada de certeza absoluta em 1556, por D. João III, um ano antes da morte deste. Em 1549, D. João III criou o cargo de Mestre das Obras de Fortificação do Reino, entregando-o ao arquitecto Miguel Arruda, autor do projecto inicial", refere, sustentando que após a morte de D. João III a construção foi "interrompida e retomada em 1559, já com a regência de D. Catarina".

      A necessidade de construir uma fortaleza no local onde existia uma ermida medieval em honra do padroeiro dos barqueiros - São Gião que, por evolução fonética, viria a dar São Julião - remonta porém a Fevereiro de 1546 quando "D. João III pede ao Senado da Câmara de Lisboa para ser erguida uma fortaleza no local", refere.

      Assinalar o aniversário do início da construção da fortaleza é o objectivo da conferência "Os 450 anos da fortificação de São Julião da Barra e os 400 anos do naufrágio da nau Nossa Senhora dos Mártires", a decorrer hoje na cisterna do forte, de que o historiador é um dos oradores.

      Apesar de considerar São Julião da Barra "a mais importante fortificação marítima portuguesa", Joaquim Boiça lamenta que actualmente não seja mais "do que uma construção híbrida, fruto das várias intervenções que sofreu ao longo dos tempos e o "resultado da delapidação introduzida pelo Estado Novo" quando este a tornou residência oficial do ministro da Defesa.

      Razão por que a fortaleza - cuja tutela é actualmente repartida pelo Ministério da Defesa, responsável pela residência oficial do ministro, e pela Direcção-Geral de Faróis da Marinha - devia ser aberta ao público, advoga.

      E apesar de parte do monumento poder ser visitado, mediante pedido prévio às duas entidades, utilizado para exposições, como o foi recentemente pela Fundação Calouste Gulbenkian, e até como cenário de séries televisivas, "devia estar aberto à fruição pública", acrescenta.

      "Com regras bem definidas e sem perder o cariz que tem, mas devia ser um espaço de fruição pública porque ilustra e representa a memória de quase cinco séculos da história de Portugal", conclui o historiador.

"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

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