Portugal deu 470 milhões em 2008 mas é dos países que menos ajudam países pobres
Portugal destinou no ano passado 470 milhões de euros para ajuda aos países em desenvolvimento, um crescimento de 21,1 por cento face a 2007, mas insuficiente para retirar o país dos últimos lugares da lista de doadores.
Em 2008, Portugal destinou 0,27 por cento do seu Rendimento Nacional Bruto (RNB) - riqueza criada que fica no país - à Ajuda Pública ao Desenvolvimento(APD), segundo os dados mais recentes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
No ano passado o Rendimento Nacional Bruto português ascendeu a 159.066,2 milhões de euros.
A percentagem, que em 2007 foi de 0,22 por cento, coloca o país como o quinto pior doador entre 22 Estados que integram o Comité de Ajuda ao Desenvolvimento (CAD) da OCDE, a seguir à Grécia, Itália, Japão e Estados Unidos (que ocupa o último lugar em termos de percentagem, mas é o país que mais dinheiro dá).
A lista dos países que maior percentagem do seu RNB destinaram à ajuda ao desenvolvimento é liderada pela Suécia (0,98 por cento), que com o Luxemburgo (0,92 por cento), Noruega (0,88), Dinamarca (0,82) e Holanda (0,80) ultrapassaram já a meta colectiva de 0,7 por cento estabelecida pelas Nações Unidas para 2015.
A percentagem da ajuda portuguesa continua longe das metas de 0,33 por cento definida pela União Europeia para cada estado em 2006 e de 0,51 por cento para 2010.
Portugal inclui-se também entre os três países que menos dinheiro destinou à ajuda pública ao desenvolvimento, juntamente com o Luxemburgo e a Nova Zelândia.
Em montantes, os principais doadores foram os Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França e Japão, enquanto o maior crescimento das verbas destinadas à APD se verificou nos Estados Unidos, Reino Unido, Espanha, Alemanha, Japão e Canadá.
A OCDE considera ainda «notáveis» os aumentos registado por Portugal, Austrália, Bélgica, Grécia e Nova Zelândia.
Segundo a OCDE, o aumento de 21,1 por cento em termos reais de Portugal deveu-se «ao aumento da ajuda bilateral, designadamente em África».
Dados do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD) revelam que a ajuda bilateral representou em média 61 por cento do total entre 2002 e 2007, com a cooperação técnica, principalmente nos sectores da educação e formação, a revelar-se a principal modalidade da APD, com uma média anual acima dos 50 por cento.
Projectos de investimento, reorganização e perdão de dívidas e o apoio ao orçamento dos países são outras modalidades.
Os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste são os maiores beneficiários da ajuda bilateral, enquanto a multilateral é destinada à União Europeia, Nações Unidas (em média 8,7 milhões de euros entre 2002 e 2007) e Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e Organização Mundial do Comércio (uma média de cerca de 10,7 milhões de euros, no mesmo período).
Em 2007, Cabo Verde (39 milhões de euros) encabeçava o Top 10 dos maiores receptores da APD portuguesa, que integrava ainda Timor-Leste (32 milhões de euros), Moçambique (16 milhões), Angola (15 milhões), Guiné-Bissau (11 milhões), Servia (10 milhões), São Tomé e Príncipe (9 milhões) Bósnia Herzegovina (6,8 milhões), Afeganistão (6,1 milhões) e Líbano (4,5 milhões).
A ajuda pública ao desenvolvimento (APD) da OCDE cresceu 10,2 por cento em 2008, comparativamente ao valor de 2007, atingindo os 90 mil milhões de euros.
O continente africano foi o destinatário da maior parte da ajuda, com 26 mil milhões de euros, sobretudo a África subsaariana, que recebeu 22,5 mil milhões de euros.
Lusa