Portugal comecerá a recuperar?

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André

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« Responder #390 em: Abril 02, 2009, 07:26:36 pm »
Mudar o nome de Portugal para Pantanal...

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cromwell

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« Responder #391 em: Abril 03, 2009, 06:21:58 pm »
Citação de: "TOMSK"
Portugal pode “falir” em 2014

"Economistas alertam para dificuldade de pagar dívidas em 2014
Portugal pode tornar-se num País de alto risco financeiro dentro de poucos anos. As decisões que estão actualmente a ser tomadas vão condicionar o futuro e limitar a margem de acção do Governo que estiver em funções em 2014. Com a ajuda de vários especialistas, a SIC fez as contas e concluiu que dentro de cinco anos o País pode estar perto da insolvência.
 
As decisões que o Governo está a tomar vão condicionar a vida dos portugueses durante muitos anos.

Em 2014, estará em funções um novo Executivo saído das eleições de 2013, isto se a próxima legislatura for até ao fim.

Esse novo Governo vai herdar um País a crescer muito pouco, não mais de 2%, e extremamente endividado.

A dívida externa é já de 161 mil milhões de euros, ou seja mais de 97% daquilo que se produz num ano – e, o número está a crescer.

Tendo em conta a evolução de 2000 a 2008, o Produto Interno Bruto (PIB) será de 203 mil milhões de euros, em 2014.

As receitas do Estado não deverão ultrapassar os 90 mil milhões.

Quanto às despesas serão bem maiores: 107 mil milhões.

Assim, a diferença entre o que se deverá receber e o que se poderá gastar representa quase 10% do PIB. Como Portugal está autorizado a um défice de 3%, os economistas, entre eles Medina Carreira, alertam: será preciso arranjar dinheiro para pagar os 7% que faltam.

Os gastos do Estado serão fortemente condicionados pelas contas da Saúde, da Educação, da Segurança Social e do Sistema de Pensões. A isto, há a somar as pesadíssimas facturas do investimento público.

O primeiro-ministro incentiva o investimento público. Só que, Sócrates evita dizer que as facturas (do tal investimento) vão ser pagas durante muitos anos.

Entre, portagens sem custos para os utilizadores (Scuts), concessões de auto-estradas, novos hospitais, TGV e submarinos, os portugueses terão de pagar 35 mil milhões de euros nos próximos 30 anos. O que dá uma média de 3.500 euros por português.

O ano de 2014 será de alto risco. Os encargos com as chamadas parcerias publico-privadas vão disparar. Nesse ano vão chegar aos 1.750 milhões de euros.

Com este cenário quem estiver em 2014 no comando do País terá muito pouca margem de manobra. Tudo vai depender das opções que sejam tomadas pelo Governo anterior, isto é, pelo Executivo que sair das eleições deste ano.

É por isso importante discutir as opções agora e não nas eleições de 2013. Nessa altura poderá já ser tarde demais "

http://sic.aeiou.pt/online/video/inform ... vencia.htm

O que poderemos fazer perante esta situação?


Fácil.
Diminui-se a dependência face a Castela, aumentar os salários mínimos para 520 euros e rezar para que o narcisita do Socrates não ganhe as próximas eleições.
"A Patria não caiu, a Pátria não cairá!"- Cromwell, membro do ForumDefesa
 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #392 em: Abril 04, 2009, 11:23:50 am »
Cromwell o que é que Castela tem a haver com as nossas más decisões? Ou mesmo Espanha (já que é esse o país que estás a referir).

O salário minimo em Portugal é baixo, mas o que é que isso tem a haver com a divida externa?

Se vais falar sobre um assunto, então fala sobre esse assunto e não sobre coisas que nada tem a haver! :roll:

É sempre a mesma cantiga...
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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comanche

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« Responder #393 em: Abril 12, 2009, 06:33:13 pm »
Portugal está no 'top 20' dos países mais endividados do mundo
A crise financeira tem estado a colocar pressão sobre os orçamentos de todos os países. Saiba quais são as nações mais endividadas do planeta.


Citar
O título de país mais endividado do mundo em 2008 pertence ao Zimbabué, uma nação africana empobrecida pelo isolamento internacional e cuja dívida ascendeu em 2008 aos 241% do seu Produto Interno Bruto (PIB). Já em segundo lugar surge o Japão, sendo que a segunda maior economia do mundo deve 170% do seu PIB devido às despesas decorrentes dos vários pacotes de estímulo económico lançados desde os anos 90 para tentar reanimar a economia do país.

Entre os dez países mais endividados destaque também para a Itália na sexta posição, uma vez que deve 103% do seu Produto Interno Bruto, enquanto a Grécia aparece no oitavo lugar, com uma dívida que ascende aos 90,10% do PIB, segundo um 'ranking' da CIA com estimativas para 2008.

Portugal surge na 19ª posição, sendo que o Governo estima que o país devia em 2008 o equivalente a 65,9% da riqueza total produzida durante um ano, embora a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) aponte para um valor superior, de 70,2%.

Ainda assim, a dívida portuguesa está ao nível da alemã e em melhor situação do que a francesa.

Este ano, os planos de estímulo económico, combinados com os apoios às empresas e ao sector financeiro anunciados pelos vários governos, criaram fortes pressões sobre os orçamentos nacionais, ao aumentarem de modo considerável as despesas e, por conseguinte, a dívida que os países contraem para se financiar.

Os analistas têm alertado em particular para os riscos existentes em alguns países da zona euro, nomeadamente a Espanha, Grécia, Irlanda e Portugal, que viram todos a avaliação da sua dívida ser revista em baixa pela agência de notação internacional Standard & Poor’s.

Recentemente, altos responsáveis alemães revelaram mesmo que a União Europeia se encontra a planear um plano de auxílio económico à Grécia e à Irlanda para evitar que estas nações entrem em bancarrota, ameaçando a estabilidade do euro. Para evitar este desfecho, o Governo irlandês anunciou esta semana um orçamento de emergência, com aumento dos impostos e contenção das despesas, combatendo o que classificou de "grave situação orçamental".

A situação portuguesa


Portugal, contudo, não está numa situação tão dramática como as dos outros países mais endividados. Embora a OCDE estime que a dívida pública nacional venha a atingir os 85,9% do PIB em 2010, os especialistas consideram que as contas nacionais “ainda estão longe dos níveis” das irlandesas, gregas ou mesmo das italianas.

Para Paula Carvalho, do Departamento de Estudos Económicos e Financeiros do BPI, “a dívida portuguesa ainda não se aproxima dos 100% do PIB”, valor em que o endividamento de uma nação começa a ser realmente preocupante, tendo o país “alguns fundamentos económicos positivos”.

O problema das finanças portuguesas, frisa esta perita, é de que o país está “a ser arrastado pelo exterior”, não existindo o risco de Portugal entrar em incumprimento. Uma prova disso é o facto do ‘spread’ da dívida pública portuguesa ter vindo a cair, sendo que esta semana o país conseguiu mesmo emitir dívida ao preço mais baixo dos últimos quatro anos.

“O risco das outras nações baseia-se mais na exposição cambial. Portugal tem um risco mais pequeno, por ter dívida emitida em euros", ao mesmo tempo que "os portugueses são conservadores” no seu endividamento, nota Paula Carvalho.

Diferenças face aos outros países

Apesar de ser um dos países com que Portugal se tem comparado, a Grécia apresenta uma diferença crucial que se prende com “a falta de clareza” que as contas deste país sempre apresentaram. “Não se percebiam bem as coisas. Com a crise, as verdades vêm ao de cima”, nota a mesma especialista.

Relativamente à Irlanda, país apontado várias vezes como um modelo a seguir por Portugal, e frequentemente referido em anos passados como o "Tigre Celta" devido ao dinamismo da sua economia, as diferenças são ainda maiores. O modelo de desenvolvimento irlandês, valendo-se do facto da língua inglesa estar profundamente difundida no país "baseia-se em altos níveis de investimento directo estrangeiro, combinados com baixos impostos e elevado endividamento", explica Paula Carvalho. É um modelo que, embora tenha sido tentado em Portugal, nunca se enraizou na sociedade nacional.

Já a Itália tem um perfil de risco mais semelhante ao português, apesar de ter uma dívida superior aos 100% do PIB, mas beneficia do facto do país ter “mais vantagens” do que Portugal, em particular devido à sua dimensão, população, cultura financeira e de estar fisicamente próximo das grandes potências europeias.

Os peritos sublinham também que um ponto importante a ter em conta ao analisar o nível de endividamento de um país é o de verificar não só quanto é que este país deve, mas também quanto é que outras nações lhe devem a ele. Por isso é que o Japão, que tem de longe a maior dívida entre dos países desenvolvidos, não se encontra na mesma situação do Zimbabwe – os juros que o Japão recebe pela dívida dos outros países (em particular dos EUA) contrabalançam os pagamentos que tem que fazer pela sua própria dívida.


http://economico.sapo.pt/noticias/portu ... _7842.html
 

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Chicken_Bone

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« Responder #394 em: Abril 19, 2009, 01:30:54 am »
Vamos la ver como sai a imagem, já que é a segunda vez que vou colocar um img aqui.
Esta está no site do Reiventar Portugal: www.reinventarportugal.com

"Ask DNA"
 

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oultimoespiao

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« Responder #395 em: Abril 19, 2009, 06:16:00 am »
Os portugueses sao peritos a resolver os problemas dos outros paises...
 

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Vicente de Lisboa

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« Responder #396 em: Abril 20, 2009, 03:03:54 pm »
Citação de: "oultimoespiao"
Os portugueses sao peritos a resolver os problemas dos outros paises...

O'rly?

 

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Chicken_Bone

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« Responder #397 em: Abril 22, 2009, 09:48:15 pm »
Só estou a colocar a notícia, por causa da moçoila bem agradável à vista.



Isabel dos Santos entra hoje na gestão do BPI mas estará ausente da AG
O Banco BPI entra hoje numa nova fase do equilíbrio de forças entre accionistas, com a entrada de um representante de Isabel dos Santos para o conselho de administração da instituição.

Citar
O Banco BPI entra hoje numa nova fase do equilíbrio de forças entre accionistas, com a entrada de um representante de Isabel dos Santos para o conselho de administração da instituição.

A empresária angolana não estará presente na assembleia-geral (AG), mas a eleição de Mário Silva, presidente da Santoro, "holding" da filha do presidente de Angola, será uma das principais decisões da reunião, assim como o aligeiramento da limitação ao direito de voto.

Além da nomeação do homem-forte de Isabel dos Santos em Portugal, os accionistas vão ainda eleger um novo representante dos catalães do La Caixa para o conselho. Um aumento de poder que reflecte o reforço do investimento que a instituição de Barcelona tem vindo a fazer no BPI, onde tem hoje uma participação de 30,5%. Mas que terá como contra-ponto a eleição de um representante do grupo angolano, cuja influência no banco português resulta não apenas de ter uma posição accionista de 9,7%, mas também do facto de ser parceiro da operação que o BPI tem em Angola, mercado essencial para o banco liderado por Fernando Ulrich.

No total, a equipa de administração passa a ter 25 membros, contra os anteriores 23 elementos. Além do representante de Isabel dos Santos e dos quatro gestores ligados ao La Caixa, têm assento no conselho do BPI três gestores do grupo brasileiro Itaú (que tem 19,3% do banco), dois do grupo segurador alemão Allianz (8,9%), um da Arsopi (3%), um da HVF (2,9%) e outro da Auto-Sueco (1,6%).


http://www.jornaldenegocios.pt/index.ph ... &id=364346
"Ask DNA"
 

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Jorge Pereira

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« Responder #398 em: Abril 23, 2009, 12:37:35 am »
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Manual de sobrevivência até 2011

Em 2009, o mundo vai viver a sua pior crise desde 1929 e Portugal vai passar pelo pior momento económico desde 1975, com uma recessão esperada de -3,5%. Existem factores que são piores do que há 34 anos (os principais mercados de destino das nossas exportações, nomeadamente a Europa, que absorve mais de 70% dos nossos produtos, estão todos em profunda recessão e a procura externa dirigida à economia portuguesa vai cair 13% este ano; a quebra do investimento interno vai chegar aos 14%; todos os agentes económicos estão profundamente endividados) e há outros melhores (estamos debaixo do guarda-chuva europeu; os preços internos e externos estão em queda, assim como os juros; há uma clara vontade política a nível global para inverter a situação).

Tudo o que se possa fazer a nível global para recuperar a economia mundial é positivo. Mas isso não nos dispensa de fazermos bem o trabalho de casa. E os dois problemas fundamentais com que nos debatemos são o desemprego, que não podemos deixar disparar, e a procura interna, que temos de reactivar. Para atingir esses dois objectivos há medidas que devem ser tomadas.

Apoiar por todas as formas as PME

Em Portugal existem 320 mil empresas, das quais metade (160 mil) facturam até €150 mil e têm até três trabalhadores - e 70% facturam até €500 mil. O fecho da Qimonda, que emprega 1800 pessoas, tem um enorme impacto mediático. Mas é nas micro e pequenas empresas que a catástrofe pode conduzir ao disparo do desemprego - porque se apenas um terço das micro falirem, o desemprego aumenta em mais 150 mil pessoas, que se juntarão às 470 mil que já se encontram nessa situação.

É por isso fundamental manter estas micro-empresas a funcionar. Elas debatem-se com dois problemas: falta de procura e encargos que têm de pagar. Para aliviar os encargos das PME podem utilizar-se várias vias. Por exemplo, suspender o IRC que essas empresas teriam de pagar este ano e no próximo, desde que o tenham pago nos últimos cinco anos; ou o Estado entrar no capital dessas 150 mil micro-empresas, onde está o grosso dos postos de trabalho, com a garantia de sair num prazo de três a cinco anos, vendendo ao dono ou no mercado; ou a Segurança Social adiar durante um ou dois anos a cobrança dos pagamentos que lhe são devidos, recorrendo por isso a 5% do Fundo da Segurança Social, dotado com 8 mil milhões de euros, e pagando as empresas o devido no final do prazo acrescido de um juro de 3%; facilitar a redução dos horários de trabalho dos dias semanais de trabalho, com diminuição salarial, como alternativa aos despedimentos; e, para as PME que exportam, encontrar rapidamente novos mercados e mercados emergentes, que não a Europa e os Estados Unidos. Mercados como o Irão, Líbia, Síria e Jordânia podem ser excelentes alternativas, a par de outros mais consensuais, como Angola. Para isso, contudo, é necessário também melhorar em muito o funcionamento dos seguros de crédito à exportação, sem os quais a nova aposta pode redundar num desastre.

Promover a criação de empresas

É fundamental não colocar todos os ovos na salvação das empresas existentes. O processo económico conduz naturalmente ao nascimento e à morte de muitas empresas. No primeiro trimestre do ano, 1207 empresas iniciaram uma acção de insolvência, mais 80% que no mesmo período do ano passado. Não nos devemos impressionar. Este processo será certamente muito acelerado durante esta crise e daí as preocupações do Governo em utilizar muitas medidas e bastante dinheiro para que o encerramento de empresas seja minimizado. Convém, contudo, manter e desenvolver os incentivos destinados a criar empresas que renovem o tecido produtivo, um processo onde as empresas de capital de risco são decisivas. É preciso ajudar a criar novas empresas, não só para substituir as que morrerão durante esta crise, mas para manter o espírito de empreendedorismo indispensável à existência de uma economia moderna e dinâmica.

Escrutinar investimentos públicos

É fundamental que o Governo concentre os investimentos públicos em projectos disseminados por todo o território, onde se verifique uma grande participação de empresas nacionais e que permitam reduzir as importações. É uma forma não só de evitar o aumento do desemprego como de, quando sairmos da crise, o país não estar ainda mais endividado. Exemplos: recuperação do parque escolar e de edifícios públicos, construção de projectos hidroeléctricos, aumento da eficiência energética. Todos os grandes projectos (nova ponte sobre o Tejo, alguns dos troços do TGV) devem ser profundamente repensados, em particular a construção de mais 600 quilómetros de novos troços de auto-estradas.
Subsidiar instituições de solidariedade

O Estado deve resistir à tentação de ser ele o principal fautor da coesão social do país. Com um custo muito menor e uma eficácia muito maior, esse papel pode e deve ser desempenhado por Organizações Não Governamentais (ONG) e instituições paralelas (Igrejas, Misericórdias, Caritas, Banco Alimentar Contra a Fome, etc), que seriam subsidiadas através da Segurança Social.



O Nicolau Santos resumiu na perfeição aquilo que eu considero fundamental para Portugal. Ao contrário dele, penso que essas prioridades deverão manter-se muito para além de 2011.

Na minha opinião, os pilares da governação económica de Portugal na próxima década deverão centrar-se obsessivamente nesta equação:

Apoiar por todas as formas as PME.
Promover a criação de empresas.
Promover a Inovação e Desenvolvimento (com um sistema de patentes suportado pelo próprio estado).
Diversificação de mercados (prioridade para a diplomacia económica).
Selecção criteriosa do investimento público.
Reforma urgente do sistema Judicial.

Estou a fazer um trabalho comparativo entre aquilo que foi feito em Taiwan e as suas possibilidades de sucesso em Portugal. Espero dar notícias sobre o mesmo em breve.
Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






Cumprimentos
 

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« Responder #399 em: Abril 23, 2009, 10:16:09 am »
23 Abril 2009 - 00h30

FMI: Previsões indicam agravamento da situação até 2010

Desemprego pode chegar aos 11%

O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a taxa de desemprego em Portugal atinja os 9,6 por cento este ano e os 11 por cento em 2010. As perspectivas mundiais ontem divulgadas por esta organização são as mais pessimistas para a economia nacional.

Até aqui as piores previsões para a perda de postos de trabalho em Portugal tinham vindo da Comissão Europeia e colocavam a taxa de desemprego nos 8,8 por cento este ano e em pouco mais de 9 por cento no próximo ano.

A par do crescimento do desemprego haverá, de acordo com o FMI, uma contracção económica de 4,1 por cento este ano em Portugal e a recessão arrastar-se-á pelo próximo ano, embora com alguma recuperação. Em 2010 o crescimento do PIB será negativo em 0,5 por cento.

Já na semana passada, o Banco de Portugal tinha revisto em baixa as perspectivas de crescimento económico, apontando para uma contracção de 3,5% para este ano.

'PREPARAR PARA TEMPOS DIFÍCEIS'

O primeiro-ministro manifestou-se ontem apreensivo com as previsões do FMI para Portugal e frisou que estas espelham a 'necessidade de o país se preparar para tempos muito difíceis em 2009'. 'Com certeza que estou preocupado com estes números, mas o problema é que não podemos ficar pela preocupação e temos de agir, e é isso que estamos a fazer', adiantou José Sócrates no final do debate quinzenal no Parlamento. Também o governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, considerou que as previsões do FMI são preocupantes.

APONTAMENTOS

INFLAÇÃO

A inflação deverá fixar-se este ano nos 0,3%, segundo o FMI. O Banco de Portugal espera um recuo de 0,2%.

ZONA EURO

O FMI prevê que o PIB dos países do euro se contraia 4,2% em 2009 e 0,4% em 2010.

ESPANHA

O país vizinho também viverá um período difícil, com o PIB a recuar 3%.

PREVISÕES 2009 E 2010

Desemprego: 2009 /2010

Governo: 8,5% / 8,2%

Comissão Europeia: 8,8% / 9,1%

FMI: 9,6% / 11%

OCDE: 8,5% / 8,8%

PIB: 2009 / 2010

Banco de Portugal: -3,5% / 0,5%

Governo: -0,8% / 0,5%

Comissão Europeia: -1,6% / -0,2%

FMI: -4,1% / -0,5%

OCDE: -0,2% / 0,6%


correiodamanha.pt
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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André

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« Responder #400 em: Abril 24, 2009, 01:47:18 pm »
Portugal deu 470 milhões em 2008 mas é dos países que menos ajudam países pobres


Portugal destinou no ano passado 470 milhões de euros para ajuda aos países em desenvolvimento, um crescimento de 21,1 por cento face a 2007, mas insuficiente para retirar o país dos últimos lugares da lista de doadores.

Em 2008, Portugal destinou 0,27 por cento do seu Rendimento Nacional Bruto (RNB) - riqueza criada que fica no país - à Ajuda Pública ao Desenvolvimento(APD), segundo os dados mais recentes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

No ano passado o Rendimento Nacional Bruto português ascendeu a 159.066,2 milhões de euros.

A percentagem, que em 2007 foi de 0,22 por cento, coloca o país como o quinto pior doador entre 22 Estados que integram o Comité de Ajuda ao Desenvolvimento (CAD) da OCDE, a seguir à Grécia, Itália, Japão e Estados Unidos (que ocupa o último lugar em termos de percentagem, mas é o país que mais dinheiro dá).

A lista dos países que maior percentagem do seu RNB destinaram à ajuda ao desenvolvimento é liderada pela Suécia (0,98 por cento), que com o Luxemburgo (0,92 por cento), Noruega (0,88), Dinamarca (0,82) e Holanda (0,80) ultrapassaram já a meta colectiva de 0,7 por cento estabelecida pelas Nações Unidas para 2015.

A percentagem da ajuda portuguesa continua longe das metas de 0,33 por cento definida pela União Europeia para cada estado em 2006 e de 0,51 por cento para 2010.

Portugal inclui-se também entre os três países que menos dinheiro destinou à ajuda pública ao desenvolvimento, juntamente com o Luxemburgo e a Nova Zelândia.

Em montantes, os principais doadores foram os Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França e Japão, enquanto o maior crescimento das verbas destinadas à APD se verificou nos Estados Unidos, Reino Unido, Espanha, Alemanha, Japão e Canadá.

A OCDE considera ainda «notáveis» os aumentos registado por Portugal, Austrália, Bélgica, Grécia e Nova Zelândia.

Segundo a OCDE, o aumento de 21,1 por cento em termos reais de Portugal deveu-se «ao aumento da ajuda bilateral, designadamente em África».

Dados do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD) revelam que a ajuda bilateral representou em média 61 por cento do total entre 2002 e 2007, com a cooperação técnica, principalmente nos sectores da educação e formação, a revelar-se a principal modalidade da APD, com uma média anual acima dos 50 por cento.

Projectos de investimento, reorganização e perdão de dívidas e o apoio ao orçamento dos países são outras modalidades.

Os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste são os maiores beneficiários da ajuda bilateral, enquanto a multilateral é destinada à União Europeia, Nações Unidas (em média 8,7 milhões de euros entre 2002 e 2007) e Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e Organização Mundial do Comércio (uma média de cerca de 10,7 milhões de euros, no mesmo período).

Em 2007, Cabo Verde (39 milhões de euros) encabeçava o Top 10 dos maiores receptores da APD portuguesa, que integrava ainda Timor-Leste (32 milhões de euros), Moçambique (16 milhões), Angola (15 milhões), Guiné-Bissau (11 milhões), Servia (10 milhões), São Tomé e Príncipe (9 milhões) Bósnia Herzegovina (6,8 milhões), Afeganistão (6,1 milhões) e Líbano (4,5 milhões).

A ajuda pública ao desenvolvimento (APD) da OCDE cresceu 10,2 por cento em 2008, comparativamente ao valor de 2007, atingindo os 90 mil milhões de euros.

O continente africano foi o destinatário da maior parte da ajuda, com 26 mil milhões de euros, sobretudo a África subsaariana, que recebeu 22,5 mil milhões de euros.

Lusa

 

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Chicken_Bone

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« Responder #401 em: Abril 28, 2009, 08:16:32 pm »
O risco de ser patrão
De desempregado a patrão

Citar
A cada  dia, 2185 pessoas inscrevem-se nos centros de emprego. O desemprego cresceu 24% em Março e atinge níveis recordes. Criar o próprio emprego a partir  da antecipação  das parcelas  do subsídio desemprego  e de incentivos  do Estado a fundo perdido pode ser uma alternativa.  O Instituto  do Emprego  e Formação Profissional tem 77 milhões de euros para o Programa de Apoio à Criação do Emprego Local. Cinco portugueses optaram pela aventura  de criar o próprio negócio. São patrões e empregados. Assumiram dívidas e ainda não ganham salário. Lutam para manter a porta aberta, pagar as despesas e alcançar a sustentabilidade do negócio. Acreditam no futuro.

O teatro de operações do ex-militar João Correia mudou do Kosovo e do Afeganistão para uma oficina de recondicionamento de baterias em Portimão. Daniela Silva passou de solicitadora a empresária de chocolates gráficos em Vila Nova de Gaia. Mário Vítor deixou de guiar autocarros em Lisboa e dirige uma lavandaria em Camarate. Depois de se fecharem as portas do atelier de designer de interiores em que trabalhava, Inês Cesteiro inaugurou o próprio escritório em Setúbal. A falência da fábrica de móveis em que Paulo Jesus era vendedor tornou-se numa oportunidade para recuperar e ser socioproprietário do negócio em Águeda. Atingidos pelo desemprego eles arriscaram criar o próprio negócio. Transformaram-se em patrões, mas não só. Fazem a vez de empregados e administradores. Estão sem salário ou ganham menos do que nos empregos anteriores. Dependem do companheiro, da família ou de emprego suplementar para sobreviver. Manter a porta aberta, pagar os custos mensais e as dívidas e fidelizar os clientes são as metas destes empreendedores. Buscam o ponto de equilíbrio, a sustentabilidade do negócio, e acreditam no futuro.

Personalizar chocolates para hotéis, cabeleireiros e bancos foi a escolha de Daniela, 38 anos, a trabalhar por conta própria como solicitadora ou partir em busca de um novo posto de trabalho. Em Fevereiro de 2007, a empresa do ramo imobiliário em que estava há quatro anos negociou sua saída, alegando "dificuldades económicas". Em busca de uma actividade que conjugasse resultados financeiros e satisfação profissional, encontrou o mercado aberto em Portugal para os chocolates como ferramenta de marketing.

No centro do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) soube que poderia obter crédito a fundo perdido através do Programa de Estímulo à Oferta de Emprego - o financiamento máximo é de 150 mil euros. Para além de estar no desemprego involuntário, os candidatos ao crédito das Iniciativas Locais de Emprego devem apresentar uma proposta que inclui objectivos, estudo de mercado, recursos humanos e investimentos financeiros do negócio. "O mais difícil foram as licenças camarárias para instalação da empresa. Os próprios técnicos da câmara não sabiam orientar-me sobre os pré-requisitos para a instalação de uma indústria de alimentos. Sem essas autorizações não era possível apresentar o projecto ao Instituto do Emprego. Depois de sete meses apresentei a candidatura, informaram-me que a dotação orçamental da região estava esgotada. Fiquei furiosa, mas resolvi que iria abrir o negócio de qualquer jeito", relembra.

Em busca de capital para abrir a empresa antecipou 3000 euros da parcelas a receber do subsídio desemprego. Obteve crédito da banca na ordem dos 100 mil euros e encontrou parceiro na Plataforma Finicia do IAPMEI (Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação), que injectou outros 45 mil euros.

Obras de remodelação concluídas, em Fevereiro de 2008, a Carpe Chocolatum começou a produzir. "A previsão de facturação para 2008 era de 117 mil euros, chegámos a 36 mil euros. Em média faço 20 negócios por mês, o que resulta em cerca de 2500 euros mensais. Estamos a lutar para pagar os custos dos empregados, a licença de produção e o empréstimo bancário. Eu ainda não tenho salário, o que é frustrante, a família sobrevive com o emprego do meu marido ", relata Daniela.

"Aqui fora também é uma guerra, manter uma empresa é um desafio diário", afirma o ex-militar João Correia, 29 anos. Depois de sete anos no Exército, em missões na Ásia e na Europa como condutor e atirador, o seu contrato não foi renovado. O conhecimento e o interesse pela estrutura e funcionamento de carros e veículos nasceram nas missões militares. O desemprego estimulou-o à "aventura" de abrir o próprio negócio. Recolher, recuperar e vender baterias - de carros, painéis solares, empilhadoras - foi a aposta. No Centro de Emprego perguntaram-lhe o que havia de "inovador" no negócio. "As baterias recondicionadas podem custar menos 50% do que as novas, trata-se de um ramo sem exploração no Algarve e com responsabilidade ambiental por reciclar as baterias sem utilidade", respondeu.

O investimento na empresa foi de 82 mil euros. A título de estímulo à criação do próprio emprego, a fundo perdido, recebeu 20 mil euros. A antecipação das prestações do fundo desemprego somou 5000 mil euros. Apoios familiares e economias acrescentaram-lhe 15 mil euros. Faltavam-lhe 42 mil para os equipamentos de recondicionamento e a compra do franchising para o Algarve. A solução foi dar a casa como garantia de um empréstimo bancário. "A parcela do incentivo do programa de criação do próprio emprego é através de reembolso. É preciso ter o capital para investir. Os 20% do IVA não estão incluídos, são responsabilidade do empreendedor, e pesam no bolso de quem está a começar", aponta João.

A oficina abriu há nove meses e já recondicionou 304 baterias. A meta é vender cinco baterias por dia para atingir uma facturação de quatro mil euros mensais. A média de movimentação financeira tem sido de dois mil euros, o que garante o salário mínimo do único funcionário e as despesas de manutenção. "Não tenho remuneração, a minha esposa garante as despesas da casa. A crise económica chegou junto com a abertura do negócio e é preciso facilitar a cobrança para os clientes. Fiz uma pesquisa de mercado e ela mostrou que trata-se de um negócio de futuro", garante.

"Sei que estou a passar a pior fase de qualquer negócio, que são os dois primeiros anos. Não estou preocupado em recuperar o investimento e sim em manter a porta aberta, pois, se não resultar após quatro anos, além do falhanço e da frustração, fico com a dívida no banco e tenho de devolver os recursos ao Instituto do Emprego", explica Mário Vítor, 48 anos. O stress psicológico de 17 anos na condução de autocarros levaram à sua saída da Carris. A indemnização de 30 mil euros, a experiência da mulher, Marina - que trabalhara desde sempre com roupa - e a inexistência de uma lavandaria em Camarate indicaram--lhe que era a altura certa para abrir o próprio negócio.

Planeava atender hotéis e restaurantes, o negócio da "roupa branca", mas para tal seriam acrescidos 40 mil euros aos estimados 90 mil de investimentos de arranque. Optou pela lavandaria com lavagem a seco e engomadoria. Do programa de criação do próprio emprego recebeu 30 mil euros e recorreu ao empréstimo bancário para chegar ao capital necessário para se estrear como empresário. "Antes de abrir o negócio e receber os apoios já são precisos investimentos, como o plano de remodelação do local de instalação da empresa e o contabilista. O projecto envolve riscos elevados riscos financeiros, sem falar que não tenho formação em gestão, aprende-se na prática a administrar a empresa", aponta Mário.

Não contava que instalar a loja nas traseiras da rua principal teria influência no movimento da Versátil e Eficaz. Investe em publicidade com "moderação". Cada estaca para afixação de uma placa publicitária, as suas precisam de duas, custa 20 euros por mês. Aposta nos panfletos, mas a impressão "não é barata" e tem pouco tempo para os distribuir. Em dois anos, abriu a porta em Outubro de 2006, já cadastrou 1700 clientes, os fixos são 15 por semana.

Marina, sócia e esposa de Mário, reveza-se entre as máquinas de lavar e as passadeiras, recebe a ajuda da filha de 20 anos. São dezenas de camisas por dia, a lavandaria já requer um funcionário, mas a facturação não o permite. A renda da loja é de 500 euros, a prestação do empréstimo, 600, os custos de electricidade estão na faixa dos 350 euros, sem falar da água, cabides, plástico para embalar e dos produtos químicos. "Entram cerca de 2000 mil euros por mês e sai o mesmo em custos de manutenção. Trabalho com transporte de pessoas, em especial turistas, para pagar as despesas de casa. Idealizei esse negócio e tenho fé de que vamos crescer. A região de Camarate está a desenvolver-se, há projectos empresariais e de habitação, vamos captar este público", aposta Mário.

Uma discoteca, um hotel e uma loja de móveis estão entre os projectos em desenvolvimento do atelier de arquitectura de interiores e design Às Duas por Três. Inês Cesteiro, 32 anos, ficou desempregada quando a empresa do mesmo ramo em que trabalhava fechou. Sónia Rodrigues, 32 anos, tinha um emprego precário, há dez anos a recibos verdes. Mariana Neto, 27, concluíra o estágio e procurava o primeiro emprego. Amigas de longa data, com formação em designer e arquitectura, tornaram-se sócias para realizar o sonho do próprio negócio e investir numa carreira profissional autónoma. "É um negócio para a vida, acreditamos piamente nesse projecto", garante Inês.

A primeira reunião no Centro de Emprego, para conhecer as possibilidades de apoio financeiro, foi "desmotivadora". "Concordo que seja assim, para que as pessoas percebam que não é fácil criar uma empresa, investir num negócio. É muito fácil desistir da criação do próprio emprego, pois os obstáculos legais, económicos e de mercado são muitos", pontua Sónia. O investimento inicial foi de 27 mil euros. Computadores, softwares de programação e o mobiliário consumiram a maior parte dos recursos. Além da antecipação do subsídio de desemprego de Inês, valeram o apoio ao primeiro emprego de Marina, que auxilia com 18 prestações do salário mínimo, e as economias das sócias. Para reduzir os custos mensais candidataram-se a uma sala no ninho de empresas de Setúbal. "Estamos a pagar 20 euros por mês por uma sala de 35 metros quadrados, a renda mínima de uma sala era de 300 euros. A cada seis meses a renda duplica de valor, mas no final do contrato, depois de quatro anos, se as instalações estiverem em condições adequadas, o dinheiro é devolvido", explica Marina.

Inês e Sónia tinham ordenados na faixa de 1500 euros e, como estagiária, Marina recebia 750 euros. Com a abertura do próprio negócio passaram a um ordenado de 400 euros, que não está garantido. "As pessoas diziam que éramos loucas em apostar no próprio negócio em tempos de crise económica", relembra Sónia. "Faríamos tudo na mesma, sem o incentivo de criação do próprio emprego. Temos experiência no ramo, o que é determinante para os clientes que temos e os projectos que desenvolvemos", afirma Inês. "Mudámos o nosso padrão de vida, nada de jantares, viagens, compras. O importante é que os recursos que entram estão a manter o negócio vivo", assinala Marina.

Começou por vender bicicletas, aos 21 anos. Chegava às cidades e perguntava aos polícias e carteiros onde ficavam as lojas de revenda para apresentar o produto. "Na primeira visita não se faz negócio, por vezes são necessários muitos contactos até à primeira venda", esclarece Paulo Jesus, 39 anos. Hoje vende armários, cadeiras e cacifos para Angola, Cabo Verde e Moçambique. Em 2008, a Ralut, indústria do mobiliário metálico, movimentou dois milhões de euros, 75% do valor representaram custos e 25% foram destinados a investimentos de remodelação, manutenção e aquisição de um novo pólo de produção.

Em 2005, Paulo era vendedor da Talur, fábrica de móveis de escritório, em Águeda. Ganhava entre 4000 e 5000 euros por mês. A carteira de clientes e a qualidade do produto não foram suficientes, e uma má gestão administrativa levou à falência da empresa. As máquinas foram tomadas pelo Estado como pagamento das dívidas e os 20 empregados entraram no desemprego (os processos judiciais dos trabalhadores estão a decorrer).

Paulo foi consultar os seus clientes: "Se for mantida a qualidade do produto e os preços, mantêm-se fiéis à empresa?" Ouviu "sim" e propôs a dois ex-funcionários da área de produção dar continuidade ao negócio dos móveis.

Comprar as máquinas de produção ao Estado, reinstalar a empresa, contratar funcionários e investir em matérias-primas representavam um investimento de 500 mil euros. Candidataram-se à criação do próprio emprego e receberam 150 mil de incentivos através do Instituto do Emprego. As economias particulares e "pequenos" empréstimos da banca trouxeram o capital que faltava. "Participei das reuniões do Centro de Emprego, mas não entendia o que se passava, era tudo muito técnico, burocrático, tive de contratar alguém para fazer o projecto. Para quem não tem capital é impossível investir na criação do próprio emprego", avalia Paulo.

Além do padrão de qualidade e dos preços, Paulo credita a sustentabilidade alcançada pela empresa ao marketing, a atenção dedicada ao cliente, a definição do mercado (lojas especializadas em móveis de escritório) e a aposta no mercado internacional. Os 27 empregados ganham em média 500 euros, os três sócios têm um ordenado de 1200 euros. "Em tempos de crise temos de conter as despesas e atender o maior número possível de clientes. Demora-se mais para receber e temos de negociar os pagamentos com os fornecedores", ensina.

De Talur para Ralut, Paulo inverteu não apenas o nome da empresa de móveis de escritório, mas passou da falência financeira à sustentabilidade e ao reinvestimento. Nos últimos anos como funcionário acompanhou a administração da empresa e obteve conhecimentos imprescindíveis para gerir o negócio. Contudo, não prescindiu de contratar pessoal especializado para a gestão. "Conhecer" a área em que se aposta é o determinante para o sucesso de um negócio, na óptica de Paulo Jesus. "Sou ambicioso, lutador e persistente, mas nunca teria investido num negócio que não conhecesse bem. Era mais fácil aceitar uma das propostas de emprego para vendedor nos concorrentes do que entrar num ramo novo."


http://dn.sapo.pt/bolsa/interior.aspx?c ... id=1211824
"Ask DNA"
 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #402 em: Abril 29, 2009, 12:49:28 pm »
A saída da cepa torta

por ANTÓNIO PEREZ METELO

Passados 35 anos, o 25 de Abril é uma daquelas datas de excepção que nos transportam ao passado e a um dia inesquecível. Não vale a pena despejar uma tonelada de indicadores económicos e sociais para ilustrar a distância entre a vida de hoje neste canto da Europa e a que existia então. Limito-me a sugerir aos leitores do DN de amanhã que meçam a dimensão quase surreal do País de antes de Abril no artigo "Lembro-me de que...", da autoria de Ferreira Fernandes, inserido no caderno especial dedicado à Revolução dos Cravos.

Hoje, com uma economia 3,2 vezes maior da que existia em fins de 1973 (o que, ao longo de 35 anos, dá a respeitável taxa de crescimento real média de 3,4% ao ano), os problemas são totalmente outros. Há oito anos que andamos a marcar passo, com um crescimento real medíocre de 0,8% ao ano, o que nos vai afastando do nível de vida real dos parceiros na Zona Euro. E, a somar a isso, existe o sentimento generalizado de que não conseguimos sair desta cepa torta. O sentimento de um vaivém sem descanso e sem sustentabilidade: depois dos ganhos, que a Revolução de Abril impôs, veio o severo ajustamento até 1987; depois dos anos dourados do fim da década de 90, novo aperto do cinto, até hoje.

Em vésperas de três fortes embates eleitorais, com toda a experiência acumulada das diversas orientações políticas na governação e da actividade das oposições ao longo das três décadas passadas, o tema difícil que exige respostas claras é o da compatibilização de uma estratégia de crescimento mais vigoroso com a melhoria gradual, mas sustentada, de quem trabalha ou atingiu já a reforma. Há quem venha defendendo com insistência que uma coisa anula a outra: para reforçar as empresas e os rendimentos (lucros) dos detentores do capital é forçoso aumentar a pobreza relativa dos excluídos dos meios de produção. Mas há também uma outra teoria e uma outra prática - a da social-democracia nórdica - que aponta para uma via intermédia de partilha de rendimentos capital e trabalho, com ganhos reais para ambos. A condição é justamente um forte crescimento real, com ganhos continuados de produtividade e competitividade baseados numa força de trabalho cada vez mais qualificada e produtiva. E envolvida na vida e nos resultados das empresas onde trabalham.

 :arrow: http://dn.sapo.pt/inicio/opiniao/interi ... z%20Metelo
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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comanche

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« Responder #403 em: Maio 04, 2009, 10:36:41 pm »
Portugal é a 10ª economia avançada que mais empregos perde na crise

Até 2010, o mercado de trabalho nacional vai encolher 3,1% face ao número de postos de trabalho que existiam em 2008. Nesta medida, Portugal será a décima economia avançada mais afectada pela crise, ficando melhor que Espanha ou Irlanda, mas semelhante ao Reino Unido e pior que o Japão ou os EUA.


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Até 2010, o mercado de trabalho nacional vai encolher 3,1% face ao número de postos de trabalho que existiam em 2008. Nesta medida, Portugal será a décima economia avançada mais afectada pela crise, ficando melhor que Espanha ou Irlanda, mas semelhante ao Reino Unido e pior que o Japão ou os EUA.

Tratam-se de 160 mil empregos perdidos em dois anos o que significa que, em 2010, existirão 5,04 milhões de postos de trabalho, o número mais baixo desde 2000.

Estas são as últimas previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) para os desenvolvimentos esperados no mercado de trabalho nas 33 economias que considera avançadas. Segundo a instituição, entre 2008 e 2010, a crise vai ditar uma perda de 2,3% no total de empregos no "mundo avançado". Isto representa um corte de 10,9 milhões postos de trabalho, para os 464,8 milhões, o menor número desde 2005.

Em termos de taxas de destruição de emprego, o pódio é composto pelo trio Irlanda (-10,6%), Islândia (-7,9%) e Suíça (-6%). A Espanha está em quinto lugar, com uma perda de 4,5% dos postos de trabalho que existiam no ano passado. Com perdas entre os 3% e 4% estão, além de Portugal, Bélgica, Suécia, Taiwan, Itália e Reino Unido.


http://www.jornaldenegocios.pt/index.ph ... &id=365918
 

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PedroM

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« Responder #404 em: Maio 11, 2009, 12:45:24 pm »
O Oportunismo político e o autismo económico no seu melhor:

António Borges salva o universo (e, em princípio, também Portugal)

Já quando toda a gente deitava as mãos à cabeça por causa das consequências das contínuas (re)vendas, até se perder o rasto, dos créditos de altíssimo risco (os créditos NINJA, ou seja, No Income No Job or Assets), o imperturbável António Borges não vergava: o subprime é “uma das melhores inovações dos últimos anos”.

É o mesmo António Borges que, indiferente ao caos financeiro mundial, continua a defender a privatização total da segurança social [SIC, aos 2:45]:
SIC — Acha que as propostas feitas em 2005 de se privatizar toda a segurança social portuguesa ainda são válidas?
Borges — Claro que são.

Há dois aspectos em que o vice-presidente da Dr.ª Manuela é muito coerente, nem que para isso tenha que meter os pés pelas mãos: afastar o Estado dos mercados financeiros e alijar as responsabilidades dos gestores pela crise financeira internacional.

Veja-se a seguinte passagem de um artigo de Borges no Expresso [11 de Outubro de 2008, suplemento de Economia, pp. 22-23], em que faz a defesa da opacidade dos produtos financeiros:
“É absolutamente verdade que muitos produtos financeiros são tão complexos que só os grandes especialistas os compreendem. Mesmo os reguladores estão com frequência muito atrás da inovação no sector financeiro e não percebem o que se passa. O problema é que, sem inovação e sem sofisticação crescente dos produtos, o sector não pode responder às necessidades de uma economia cada vez mais complexa e incerta. O regresso a produtos simples e compreensíveis implicaria um retrocesso gigantesco na capacidade de gestão do risco”.

Entretanto, António Borges faz declarações ao Diário Económico [suplemento MBA Guide BOOK, 31 de Março de 2009] sobre a responsabilidade dos gestores. Veja-se que, quando antes sustentara que os reguladores não conseguiam acompanhar a “inovação no sector financeiro e não percebem o que se passa”, volta tudo do avesso, por um truque de mágica, para desresponsabilizar os gestores pelas tropelias do capital financeiro.

Veja-se: “Os gestores têm uma responsabilidade marginal. (…) A versão politicamente correcta é dizer que foram os gestores dos bancos e a sua ganância a causar este problema. Isso é completamente falso”. E como Borges justifica a sua pirueta? Contradizendo o que havia escrito no Expresso: “Se o regulador, que tem uma visão completa do sistema não percebeu o problema, porque é que os gestores dos bancos que têm uma visão parcial que é a da sua instituição tinham obrigação de perceber?”

Nada disto teria qualquer importância para a Humanidade se António Borges, depois de ter recebido uma palmada nas costas de agradecimento da Goldman Sachs, tivesse ficado quieto em Alter do Chão. Acontece que o vice-presidente da Dr.ª Manuela decidiu explicar esta semana o que entende que se aprendeu com a crise financeira.
Não se tratando aparentemente de um curso de auto-ajuda, parece que António Borges deu em vender o elixir da longa vida. A vida, essa, custa a (quase) todos.

http://corporacoes.blogspot.com/
http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/3f0 ... 3f92e.html