Os comentários há uns dias atrás sobre o ataque ucraniano que destruiu o navio russo Novocherkassk, levaram a alguma confusão tendo ficado a impressão de que os ucranianos apenas atacaram um navio parado para desviar atenções dos seus problemas internos, e que os navios não serviam para nada, porque tinham sido alvo de sanções …
Foi pelo menos essa a ideia com que fiquei, mas admito que tenha sido resultado da continua desinformação russa.
O tema foi tratado pelos analistas do The Telegraph, dos quais aqui tenho feito referências algumas vezes e isso chamou-me novamente à atenção...
Gostaria de referir que a ideia de que os navios russos da era soviética estavam parados, afetados pelas sanções, não faz nenhum sentido, porque quanto mais antigos os equipamentos russos são, menos problemas com sanções eles têm. Um T-55 não é afetado pelas sanções. Um T-90 modernizado, pode ser.
LST do tipo RopuchaOs grandes navios de desembarque do tipo LST, como os Ropucha, foram quase todos enviados para o mar negro, com o objetivo de desembarcar forças na região de Odessa, ou onde fosse vantajoso um desembarque naval.
Durante a primeira grande perda de um navio russo, o navio de desembarque Saratov da classe Aligator, vemos duas LST do tipo Ropucha a fugir. Um desses navios é o Novocherkassk, que não foi colocado fora de serviço e continuou operacional, transportando equipamento para apoiar as forças russas na Crimeia ocupada e na região de Kherson a sul do Dniepr.
Os navio do tipo Ropucha parecem ser neste momento os mais importantes navios russos no mar negro e os que correm mais riscos.
Ataque contra FeodosiaNo ataque que destruiu completamente o Novocherkassk, em Feodosia, morreram (segundo disseram os russos) 74 marinheiros, tendo ficado feridos 27 (inicialmente os russos falavam em um marinheiro desaparecido).
Mais de 100 baixas, é um valor muito alto, que não poderia ser resultado de um ataque de um míssil. Tudo isto leva a concluir que o navio em causa transportava grande quantidade de munições, ou explosivos, que terão detonado, provocando tão grande quantidade de vítimas, com três quartos de mortos.
Os ucranianos afirmam que a explosão é consistente com a destruição de grande numero de drones iranianos, mas evidentemente temos que entender estas afirmações pelo que são.
O que se confirma, é que os ucranianos estavam a dizer a verdade sobre o nível de destruição do navio, já que os dados de satélite mostram que o navio foi definitivamente colocado fora de serviço.
Vingança de PutinMas se houvesse dúvida sobre a importância do navio e da sua carga, essas dúvidas foram colocadas de lado, quando ficou conhecido que Vladimir Putin ordenou que os militares da defesa anti-aérea da região de Feodosia (a 100km da ponte de Kerch) fossem
enviados para as unidades correcionais, conhecidas como «grupos de assalto» que é o nome que os russos dão aos batalhões de carne para canhão, que são utilizados para tentar gastar as munições ucranianas.
Adicionalmente o ditador, terá ordenado o envio de “
unidades de vingança” para a Crimeia ocupada, que vão procurar os “colaboradores” que deram informações precisas sobre a posição do navio e que teria permitido a sua destruição. Houve muita gente investigada e militares a entrar em casa de civis, confiscando telemóveis.