Deveriamos olhar com mais atenção para a inexistência de ligações efetivas entre os vários golpes de estado em vários países africanos quase ao mesmo tempo.
Os russos são oportunistas, não há dúvida e as suas organizações mercenárias, que possuem o apoio direto do estado russo, aproveitam-se, mas estas coisas têm razões muito mais profundas para ocorrer.
No Niger, o presidente eleito é um árabe, que chegou ao poder dando a ideia de que tinha (como aparentemente tinha) o apoio da Arábia Saudita.
O problema, é que quando chegou ao poder, com o apoio da étnia Hausa, a dominante (entre 55% da população) começou a nomear pessoas, esquecendo a étnia dominante. Ora os militares, quase todos da étnia Hausa começaram a protestar, porque foi com o apoio dos Hausa que o árabe tinha chegado ao poder.
A partir daí, o filho do candidato derrotado, que era da etnia dominante entrou em ação e o resto já se conhece ...
No Gabão, há efetivamente, tal como na Guiné Equatorial, uma ditadura consentida, em que os países ocidentais olham para o lado.
Desde que o ditador não mate muita gente, fecha-se os olhos, como se tinha feito na Líbia até a oposição ao Kadafi se ter tornado tão clara, que começaram as ordens para massacrar populações inteiras.
De resto, não há qualquer dúvida sobre onde é que estes golpes na África sub-sahariana vão acabar todos.
Os russos não têm nada para dar a África, a não ser chumbo. Os chineses oferecem estradas e pontes, contra empréstimos, mas não dão trabalho a ninguém, porque as empresas são transportadas em peso para a África, fazem as obras e depois vão-se embora, não deixando nada.
Os ocidentais são os únicos que ainda tentam criar empregos e criar alguma riqueza.
Não o fazem por serem bonzinhos, mas sim porque tentam criar formas de evitar que a população africana emigra cada vez mais para norte.
Tanto os russos como os chineses sabem, que quanto maior for a miséria e a fome em África, maior será a pressão migratória sobre a Europa.
Toda a gente sabe disto, e é por isso que é absolutamente cínico achar que os russos ou os chineses vão alguma vez querer ver uma África desenvolvida.
Não querem, e nunca vão querer !