Entre outras, as minhas referências são Anthony Beevor, Raymond Carr, Javier Tusell e claro Sebastian Balfour. Mas eu não contei as vitimas dessa guerra, o que aliás é obvio (ver nota 3)
Procurando sem grandes preocupações, posso referir o valor relativo ao periodo da guerra civil 1936-1939 apontado por Javier Tusell em História da Espanha no Século XX, que atinge os 630.000. (de notar que o Apones afirma que Salas refere 430.500). Só aqui há uma diferença de 200.000 vítimas, e apontadas pela mesma pessoa, já que Tusell cita Salas…
Há muitos numeros e muitas realidades, que foram escondidas e ainda hoje são ignoradas. Os nazistas por exemplo, não contaram com as vitimas colaterais.
Só no lado repúblicano, morreram «oficialmente» de fome 2.500 pessoas. Ou seja: Duas mil e quinhentas pessoas que morreram de fome por falta de ingestão de alimentos.
Muitas outras morreram por outras doenças, provocadas pela fome, a qual era uma consequência directa da guerra. Nenhum destes foi alguma vez contabilizado.
Mas além das vitimas indirectas e directas da guerra, há ainda a referir outro periodo de terror que foi aquele que se seguiu ao fim da guerra propriamente dita, conhecido como “A matança” ou “ A matança feroz”, em que Franco mandou aproveitou para assassinar aqueles que se tinham rendido e aqueles que eram suspeitos de ter participado do lado republicano e até mesmo aqueles que eram suspeitos de ser apenas contrários ao franquismo..
Logo em 1939, quase 300.000 republicanos foram aprisionados. Desses, há vários indultos, mas perdeu-se o rasto à grande maioria. Muitos, pura e simplesmente desapareceram e ninguém os procurou mais.
O numero desta matança (aqui, se bem me lembro segundo Beevor) cifra-se entre 50.000 a 200.000 mortos. A propensão de Francisco Franco (demonstrada durante o conflito) para eliminar fisicamente todos os que se lhe opunham, facilmente permitirá concluir para qual dos extremos (50.000 ou 200.000) penderá o número efectivo de assassinados.
Este numero, somado aos números mais elevados apontadas pelas mais variadas fontes, facilmente atinge e supera mesmo 1.000.000.
Na verdade, em grande medida Franco teve sucesso na sua tentativa de limpar os crimes do seu exército durante a guerra civil e isso vê-se quando se começa a falar nos patamares mais altos dos cálculos de vitimas do franquismo.
O problema, é que nós não queremos acreditar que efectivamente aquele numero de pessoas morreu. É mais conveniente e ajuda a esquecer.
Sobre uma recente obra sobre as matanças dos nazistas, chamada «As fossas de Franco», há uma curiosa passagem que aqui coloco:
El porqué de su empeño y el resultado de su trabajo aparece recogido en el libro Las fosas de Franco (Temas de Hoy). El propio Silva dijo, durante la presentación del libro, que se dieron cuenta “de que el problema tenía una mayor dimensión e implicaba a personas de más pueblos, pero eran mayores y, o bien no tenían condiciones para iniciar un procedimiento, o tenían miedo”. Dice en Las fosas de Franco que “durante 25 años de democracia nunca se les había facilitado a las familias ningún tipo de información; no se había hecho un censo de muertos y desaparecidos donde las personas sin recursos ni habilidades sociales de los pequeños pueblos hubieran podido consultar en sus ayuntamientos”. Por eso decidieron ofrecerles la ayuda que la Administración pública nunca les había brindado. Su labor la define como una “terapia emocional, porque la sociedad española necesita identificar estas personas”, y como un servicio público. “La gente tiene prisa. Para morir tranquilos necesitan poder ir a un cementerio a llevarles flores a sus seres queridos” que aún permanecen en las cunetas.
A minha afirmação relativamente a 700.000 a 1.000.000 de mortos, não se destina a comprovar se os mortos foram 700.000, ou 999.999, ou até 1.000.001, é apenas um valor indicativo. A afirmação tem especialmente em consideração a realidade acima.
Mesmo depois do fim do franquismo, a maioria das pessoas teve medo de falar e de perguntar pelos que desapareceram.
As estatísticas mais ou menos oficiais, desdenharam das estimativas e acusam-nas de exageradas, mas se apenas em três fossas foram encontrados 94 cadáveres, o que acontecerá quando escavarem as fossas relativas a 2.500 pedidos e denuncias que estão por analisar?
Eu não sei se já entenderam, mas em Espanha iam buscar as pessoas à noite e nunca davam explicações a ninguém. Iam busca-las à noite e matavam-nas na berma da estrada e nunca mais ninguém sabia de nada e não adiantava aos familiares procurarem.
Eu não sei se já entenderam, mas a Espanha tem um gigantesco cemitério nas bermas das estradas. Um gigantesco cemitério que os nazistas ainda hoje querem que se ignore.
O MAIS COMPLICADO PROBLEMA DOS HISTORIADORES PARA ANALIZAR O PERIODO DO FRANQUISMO, ESTÁ NO FACTO DE FRANCO TER DESTRUIDO AS PROVAS DOS SEUS CRIMES.
Querem calar a História, querem mentir. Mentem sobre os assassinatos durante a guerra, como mentem sobre tudo o resto.
É disso que vivem: Mentiras. E em nenhum caso a ânsia de tapar os crimes do nazismo se nota tanto essa dependência que têm da mentira como no caso dos crimes da de Franco durante a guerra civil.
Felizmente não estamos em Espanha, e podemos mandar essa gente dar uma volta…
Nota 1:
Livro sobre o assunto
Las fosas de FrancoNota 2
O escritor franquista De La Cierva, em 1974, foi o primeiro a avançar com numeros sobre os mortos provocados pelos franquistas, afirmando que tinham morto 8.000 (OITO MIL).
Desde 1975, a cada tumba, a cada revelação, o numero real de mortos causadas pelos nazistas, só tem vindo a subir, a subir, a subir, sem parar de forma quase geométrica.
Nota 3
Não é preciso muito para encontrar referências que apontam a guerra civil como sendo responsável por desde 500.000 até um milhão de mortos ou mais.
Só o ódio demonstrado por alguns franquistas neste fórum, explica a tentativa de inventar paranoias do papatango ou de qualquer outro participante, para tentar criar problemas quando a verdade começa a ser discutida.http://www.eluniversal.com.mx/notas/362660.htmlhttp://www.csambientales.buap.mx/breviario/19.htmlhttp://sp.rian.ru/onlinenews/20060719/51545954.html