Portugal lança satélite para o espaço à boleia da SpaceX. Missão descola este fim de semana
Chama-se Aeros, tem 4,5 quilogramas, 30 centímetros de comprimento e 50 de envergadura e conseguirá uma volta à Terra a cada 90 minutos. Segundo satélite português tem como missão estudar os oceanos.
Depois de ter sido adiada devido ao mau tempo, a missão SpaceX Crew-8, da NASA, deverá descolar na noite de sábado para domingo e com ela vai levar o segundo satélite português que vai ajudar ao estudo dos oceanos. Há 30 anos que Portugal não lançava um satélite para o espaço.
O foguetão Falcon 9 da SpaceX, a empresa de exploração espacial liderada por Elon Musk, deverá descolar este fim de semana rumo à estação espacial internacional com uma equipa de quatro astronautas na missão Crew-8. A descolagem estava originalmente marcada para a madrugada desta sexta-feira, mas foi adiada devido ao mau tempo. Só deverá, por isso, sair da plataforma 39A do Centro Espacial Kennedy, da NASA, em Cabo Canaveral, na Flórida, na noite de sábado para domingo, pelas 23h16 hora local (pelas 4h16 em Portugal continental), se as condições meteorológicas o permitirem (segundo a NASA, as previsões são 40% favoráveis).
A bordo estarão quatro astronautas, três da NASA (Matthew Dominick, Michael Barratt e Jeannette Epps) e um cosmonauta russo (Alexander Grebenkin), que vão substituir os astronautas da Crew-7, que vão voltar à Terra. Os quatro deverão ficar no espaço durante seis meses e, segundo a SpaceX, vão realizar “mais de 200 experiências científicas e demonstrações tecnológicas, incluindo novas investigações para preparar a exploração humana além da órbita baixa da Terra e beneficiar a humanidade na Terra”.
É o Falcon 9 da SpaceX que transportará o Aeros, o segundo satélite português — ultrapassado no tempo apenas pelo PoSAT-1 que foi lançado em 1993. Em comunicado, o Governo explica que o Aeros entra na categoria dos nanossatélites. Foi desenvolvido em Portugal por várias entidades, como a Thales e a CEiiA (Centro de Engenharia e Desenvolvimento), assim como as universidades do Técnico, Algarve, Minho e Porto, em conjunto com o MIT, dos EUA. O investimento ascendeu aos 2,78 milhões de euros, com cofinanciamento europeu através do FEDER – Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.
Com apenas 4,5 quilogramas, o Aeros vai orbitar a 510 quilómetros de altitude e alcançar os sete quilómetros por segundo: ou seja, “o corpo de 30 cm de comprimento e 50 cm de envergadura conseguirá uma volta à Terra a cada 90 minutos“.
A missão do nanossatélite será estudar os oceanos. As imagens serão recebidas na ilha de Santa Maria, nos Açores, e tratadas em Matosinhos. Segundo o site a ele dedicado, será um “precursor de uma futura constelação de sensores oceânicos” e permitirá monitorizar, por exemplo, as “condições da superfície do oceano” ou apoiar as “operações de rede com veículos autónomos e tecnologia de marcação biológica (por exemplo, para mantas e tubarões)”.
O Aeros foi testado nas instalações do grupo ISQ, em Castelo Branco, no Laboratório de Ensaios Especiais, onde foi realizada uma campanha de testes ambientais. Ao Observador, a empresa confirma que será na missão da SpaceX do fim de semana que o nanossatélite será transportado.
https://observador.pt/2024/03/01/portugal-lanca-satelite-para-o-espaco-a-boleia-da-spacex-missao-descola-este-fim-de-semana/