Governo britânico espiava os Beatles
Documentos secretos do governo britânico, agora desclassificados, mostram que diplomatas e polícias fizeram inúmeros relatórios secretos, durante oito anos, sobre os Beatles, anunciou o investigador Mari J. Cereghino.
Tudo começou quando da viagem aos Estados Unidos da América dos Fab Four, em Fevereiro de 1964, e de uma festa na embaixada britânica, no fim da qual os Beatles se queixaram da segurança.
Um artigo no Daily Express revelava então que uma fã tinha conseguido cortar uma madeixa de cabelo a Ringo Star. O Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico quis saber o que se passou concretamente e pediu um relatório à sua embaixada de Washington.
A partir dessa altura passou a existir uma vigilância quase constante de todos os passos da banda. Onde quer que se encontrassem, de Londres a Tóquio, os relatórios de diplomatas ou da polícia descreviam todos os passos dos elementos do grupo.
Mais tarde, os principais alvos das autoridades passaram a ser John Lennon e Yoko Ono. A 18 de Outubro de 1968, são ambos presos no seu apartamento por posse de estupefacientes (cannabis).
Dois anos mais tarde, um outro relatório informava sobre uma exposição de litografias, concebidas por Lennon, que retratavam o casal em várias posições sexuais. Oito das 14 litografias são apreendidas pela polícia e a exposição encerrada. O relatório descreve todos os actos sexuais representados.
Contudo, as autoridades britânicas também se interessavam pelas finanças dos membros do grupo, mantendo uma contabilidade actualizada de quanto, de quem e de quê cada um deles recebia dinheiro.
Curiosamente, faz também parte do espólio agora revelado o documento que marca o fim da banda. Trata-se do processo, que chegou ao Supremo Tribunal, instruído por Paul McCartney contra os seus três ex-companheiros, depois da dissolução do grupo em finais de 1970.
John Lennon resolveu viver nos Estados Unidos mas aí passou a ser vigiado de perto pelo FBI porque esta entidade, então dirigida por J. Edgar Hoover, desconfiava seriamente dos conhecimentos sociais de Lennon.
Angela Davis, do Partido Comunista Americano, e alguns dos membros dos Black Panther for Self Defense, grupo negro radical, faziam parte dessa lista.
Lusa