Agora isto é que já não faz o mínimo sentido. Porque estaria a capacidade de defesa aérea do território nacional entregue à Marinha ? [só para começar...]
O Espaço Aéreo em que a Força Aérea se debaterá em caso de conflito que envolva directamente Portugal, será sempre condicionado pela nossa realidade geográfica. Logo, o Oceano Atlântico, será sempre um teatro de operações. Pelo menos assim deveria ser, no meu entendimento do que é uma defesa eficaz.
É tão importante a coordenação entre uma fragata e um avião, como o é entre uma unidade do exército e os aviões de apoio de fogo.
Evidentemente que eu considero que devemos ter aviões equipados com capacidade para efectuar ataques navais. Ora este é mais um argumento em favor da transferência dos F-16 para a Marinha.
Aliás, estariam apenas a voltar à base:
Em 1949, antes de se criar a Força Aérea, os ramos aéreos do exército e da marinha tinham alguma dimensão:
A Aviação do Exército tinha quase 300 aviões, entre os quais destaco:
Caça-Bombardeiro Hurricane Mk II: 103 unidades
Caça Spitfire-Mk V: 76 unidades
Junkers JU-52: 10 unidades
Douglas C-54: 2 unidades
Douglas C-47: 5 unidades
Boeing B-17: 1 unidade
A Aviação Naval, tinha muito menos aviões – Entre 50 e 60 - mas eram os mais sofisticados, e dos quais se destacam:
Hidroaviões para vigilância Grumman G21 e G44: 12 unidades
Aviões torpedeiros Bristol Beaufighter: 15 unidades
Os Beaufighter começaram a ser substituídos na marinha por 24 aviões Helldiver, que permitiam atacar navios inimigos nas águas dos Açores e da Madeira.
A marinha tinha os seus Helldiver num estado de prontidão de tal forma elevado, que os próprios americanos chegaram a considerar estudar o sistema de manutenção da marinha para o adaptarem às necessidades americanas.
A marinha era o ramo das F.A. com mais capacidade para operar aeronaves. Embora tivesse muito menos aviões, batia o exército aos pontos.
No entanto, a realidade é que a totalidade de aeronaves, se aproximava das 400, ora quatrocentos aviões, era de facto muita fruta. E para um país como Portugal, começava a fazer sentido ter uma Força Aérea, a qual acabou sendo criada por decreto em 1952, tendo o seu principal defensor sido o general Humberto Delgado (que todos conhecemos por outras razões).
Quando vejo que o numero de aeronaves operados, descendeu vertiginosamente. Que o numero de unidades combatentes passa praticamente por 30 aeronaves, às quais se juntarão umas vinte aeronaves de transporte, e no futuro uns 20 ou 30 helicópteros, fico com a impressão de que estamos mais para 1940 que para 2010, e que por isso as razões que estiveram na origem da criação da Força Aérea, cada vez são menos.
Quando se fala na volta de corpos aéreos do exército, quando a marinha pode operar não só os Lynx, mas também EH-101 que poderão ser utilizados a partir de um eventual NavPol, o que começo a ver é que cada vez a Força Aérea, que foi criada para juntar tudo o que tínhamos, e que já era bastante, acabará por ficar absolutamente reduzida.
Faria muito mais sentido passar os F-16 para a marinha, que voltariam a ser (como no passado) o ramo a operar as unidades mais sofisticadas, e os aviões de ataque, helicópteros e aviões de transporte para o exército.
A criação de multiplas “capelinhas” é um deleite para os grupos corporativos nas Forças Armadas. Eles adoram a criação de novos corpos, que têm necessidade de mais oficiais para preencher os quadros.
Isto claro, independentemente de haver ou não aeronaves. Como aliás aconteceu já com o GALE. Ainda não tem um único helicóptero, mas já serviu para enterrar ainda mais a imagem das Forças Armadas, quando se soube que tinha pilotos treinados, mas que não tinha helicópteros.
Um dos nossos problemas, é a dificuldade que temos em aceitar mudanças radicais, por muito necessárias e óbvias que elas pareçam.
Não há em Portugal lugar para três corpos aéreos diferentes. Ou se dá as asas à Força Aérea, ou então devia acabar-se com o ramo “Força Aérea” e criar a Força Aérea do Exército e a Aviação Naval.
O mais fácil, embora complicado para as nossas cabeças (ou as cabeças dos oficiais do Exército e da Força Aérea) é coordenar operações. Se os senhores da F.A. e do Exército não são capazes, então se calhar devem demitir-se e arranjar quem seja capaz, em vez de andarem a criar GALES e GALINHOS, que só servem para desbaratar o dinheiro dos nossos impostos, mas que deixam o país indefeso.
Cumprimentos