São daquelas afirmações perigosas que podem dar asneira. Substituir fragatas, só se forem contratorpedeiros. De resto, nada daquelas "lista" de três, substitui uma fragata.
Ainda me questiono como fica a capacidade AAW dessa suposta Marinha que ele idealiza. É que numa altura em que as ameaças aéreas se multiplicam, ignorar esta vertente (ou achar que se pode improvisar tal capacidade), vai dar barraca.
Só uma questão, e actualmente temos alguma capacidade real AAW? ou as Bartolomeu Dias permitem desenrrascar?
PS: O que quero dizer é que até a Marinha diz que a principal missão das Bartolomeu Dias é ASW, por isso voce está a levantar uma questão que neste momento não "existe problema".
A capacidade AAW dos navios que possuímos é insuficiente, mesmo enquanto navios ASW. O mínimo costuma ser 8 VLS Mk-41, capazes de carregar 32 ESSM (o mesmo que as nossas 2 BD somadas), sendo o mais normal ter 16 células capazes de receber 64 mísseis (mais que toda a MGP de hoje, num único navio). Existem navios que fazem ASW com pouca ou nenhuma defesa anti-aérea a bordo, mas esses ou são pequenas embarcações (nada do tamanho de uma fragata ou PNM) ou navios que são pensados para serem escoltados por navios AAW dedicados. Isto funciona em marinhas numerosas, que se podem dar ao luxo de ter maior especialização, o que não é o caso da nossa.
Para ter capacidade AAW decente, não é preciso ter uma fragata AAW pura. É inteiramente possível ter uma bela capacidade AAW no mar, com 4/5 fragatas com 16 VLS (idealmente 32, mas isso é sonhar alto) e com sensores modernos, se complementadas por embarcações não tripuladas de média dimensão (algo na classe das TRIFIC, ou até algo um pouco maior), com módulos VLS contentorizados (exemplo abaixo).
Entretanto fica a questão:
-Quando virmos submarinos a usar UAVs para reconhecimento e aquisição de alvos a longas distâncias (100km ou mais), que assim conseguem lançar os seus mísseis anti-navio a distâncias extremamente longas, como é que lidamos com isto sem uma capacidade AAW naval minimamente credível?
As ameaças vão continuar a evoluir, e é absolutamente criminoso achar que os métodos clássicos vão manter a mesma eficácia que tinham antes. O mais engraçado é termos na Marinha a ideia do disruptivo e diferenciador, mas achar-se que potenciais adversários não terão em mente conceitos similares (mas com muito mais investimento).