Os Merlin CSAR não são iguais aos Merlin SAR o que implica um custo de aquisição diferente e obviamente também de manutenção. Basta olhares para a frente do Bicho, entre outros sistemas. Mesmo não instalados o facto de terem sido feitos a pensar nisso, obviamente trás diferenças. Caso da possibilidade de levarem blindagem, entre outros obviamente. Uma versão só para SAR tem sempre valores mais baixos, pois tem menos sistemas.
Eu sei as diferenças, mas não são suficientemente relevantes para tornar os custos de manutenção exponencialmente mais caros. A maior diferença física será a cauda dobrável (e pás também, assim de memória). Se um AH-1Z e UH-1Y partilham uns 80% dos componentes, então os Merlin 514/515/516 vão partilhar à vontade 95%.
Isso é uma parte do problema. Falta a outra, nomeadamente a falta de pessoal. Quanto as limitações do aparelho temos nações a usar helis bem maiores como o Chinoock. O problema é que até os escoltavam com Kiowa Warrior. Nós nem a borla como os gregos fomos buscar uns. Talvez porque falta pessoal, e mal ou menos os caracóis continuam activos.
E a falta de pessoal, apenas será mais grave com a vinda do ST, que vai obrigar a que seja formado pessoal de terra extra para permitir destacar lá fora (e garantir ao mesmo tempo a manutenção da restante frota cá), e ainda obriga a manter duas outras aeronaves de treino a hélice, exigindo cada uma delas pilotos e pessoal de terra próprios.
E de que adianta falar em Chinook e Kiowa Warrior, quando nós temos é Merlin e, espera-se, UH-60? O UH-60 armado até é melhor opção para escoltar que o Kiowa, e ainda demais missões que pode executar. No fim chegamos à conclusão que, qualquer helicóptero de transporte levemente armado, precisa sempre de outro de apoio.
Para mim a prioridade é treino. Aliás, varias vezes tenho dito que por mim a opção AMX T2 era melhor e até dava para ir dar uns tiros para qualquer lado, mas isso sou eu.
A partir do momento em que a própria FAB já procura outra aeronave de treino avançado, o AMX é para esquecer, que não terá continuidade. Seria, tal como o ST, apenas um remendo, quando há soluções mais lógicas. Mais uma vez, se a prioridade é treino, compra-se 16 a 20 PC-21, para o lugar dos AJ e TB-30, os TB-30 no lugar dos Chipmunk, e reduzíamos a despesa no número de frotas de treino, que passavam de 3 para 2.
Tão pouco usual que os Mexicanos optaram por armar os seus T6C. Já agora, os Ucranianos demonstram interesse nos ST desde 2020. Exemplos é o que não faltam. Até o AN2 já anda pela guerra da Ucrânia.
Mas, nós temos cartéis da droga em tudo o que é canto do país, ao ponto de necessitar de aeronaves para esse fim? Porque é que estamos a ser comparados com países cujas FA têm como uma das principais missões o combate ao narcotráfico? Os ucranianos demonstraram tanto interesse, que depois de lhes serem "oferecidos" os 12 ST em segunda-mão, não os quiseram. E se exemplos não faltam, dá aí um exemplo de um país de primeiro mundo que tem aeronaves a hélice armadas para combater em guerra convencional. Vê lá bem se não arranjas muitos mais exemplos de países que simplesmente usam helicópteros armados e/ou de ataque tanto para conflito convencional como não-convencional? A Suécia até prometeu comprar o ST aos brasileiros, se o Gripen ganhasse o concurso, e que modelo escolheram afinal?
Dá-lhe tempo que vais ver em muitas mais coisas. Tempo e mais duas unidades.
Em África por exemplo, ou na frente Leste? Duvido. Mas a acontecer, é porque se revelou que, afinal, em vez de se ter investido no ST, devia-se ter investido em helicópteros, para evitar a utilização dos Koala civis em missões mais exigentes do que conseguem cumprir.
Sem qualquer lógica racional é um Porta-Drones ou andar a acenar que tudo que se compra com asas ou hélices é para combater fogos. Se tens uma esquadra de formação activa e sem meios, das duas uma. Ou acabas com elas ou adquires meios. Se é A ou B, se um é melhor que outro é normal que se debata e que existam divergência de opiniões. O que não é normal é ter uma esquadra activa sem meios.
O Porta-Drones não tem nada a ver com os Caracóis, nem o orçamento vem do mesmo sítio (PRR vs LPM). A não ser que conseguisses financiamento do PRR para comprar aeronaves de treino, o que a conseguir, não seria o ST, made in BR a vir, mas sim um modelo europeu. Mas repara que a LPM não contemplava verba para adquirir aeronaves de treino, e na FAP não havia queixas, estava tudo bem. Surgiu a possibilidade de comprar o ST, e de repente surge verba e a FAP fica toda contente com a aquisição. Entretanto, outras opções já existiam, e se aparecesse cá a Pilatus a testar um dos seus aviões, o governo dizia logo que não íamos comprar porque "não está inscrito na LPM". Resumindo, a "esquadra sem aviões" nunca foi prioridade para ninguém, excepto quando surgiu a opção ST.
No fim, vamos ficar com uma aeronave de treino mais cara e inferior para a função, que o concorrente directo, com o falso pretexto das missões em África, que podiam e deviam estar a ser cumpridas (apenas) por helicópteros.
Com o koala assim como o ST são meios que vêm por uma razão, pelo menos para mim, treino. Algo que não existia e não existe no caso dos caracóis. Se vem o meio A e B com a capacidade C ou D, já é outro debate, com a sua lógica face ao que cada um pensa das F.A. e dos meios que deve ter. Agora para mim, o que é totalmente irracional é o que se passa com a marinha, em que existe carência de tudo e inventam-se navios para missões da treta, que nem tão pouco estão deficitárias.
O Koala veio para treino, com o pretexto de ser low cost (daí não se ter comprado um modelo bimotor militar), e que hoje obriga a que seja necessário adquirir mais um modelo de helicóptero militar intermédio entre o Merlin e o Koala. O mesmo acontece com o ST, vai-se comprar porque, hipoteticamente, virão uns 12 em segunda-mão baratos (que ninguém quis comprar diga-se), vai remendar a lacuna do AJ, mas por não ser adequado a todas as etapas de treino, terá que se manter 3 modelos a hélice (custos acrescidos) e no futuro terá obrigatoriamente de ser substituído/complementado por uma aeronave de treino avançado (mais despesa). Com o acréscimo de vir a ser usado para COIN, vai-se ter igualmente despesa em armas (que fará falta noutros lados), despesa em treinar pilotos para o uso das armas e ainda duplicar pessoal de terra de forma a que um destacamento em África não afecte a operacionalidade dos restantes cá. Enquanto isto, nas missões em África, além do ST, será necessário também lá ter helicópteros, para fazer todas as missões que o ST não faz, logo, mais despesa.
O PNM, é financiado, para ser um navio hidrográfico/cientifico, que, à partida, substituirá os 4 hidrográficos ao serviço (já deve permitir poupar a médio/longo prazo, em custos de manutenção e no pessoal necessário). Certo que dentro da Marinha se inventou muito sobre o navio, pra tornar o navio (financiado) algo mais do que apenas um hidrográfico, e a ver vamos se não dá origem a derrapes financeiros, esses sim já fora do "financiamento". Não é claro que, ao não construir o PNM, os 100 milhões ou lá o que é, iriam para outro tipo de navio para a Marinha (provavelmente não). Mas se fosse, esses 100 milhões davam para 1/3 de um LPD, 1/2 AOR, 1/7 de uma fragata ou 1 NPO e meio. Ou seja, não mudava praticamente nada na Marinha, e continuávamos a ter 4 hidrográficos por substituir mais tarde ou mais cedo.
Este mito que o PNM foi roubar dinheiro de outros programas, tem de acabar, porque não é real. O que é real, é que a compra dos ST (que não tem qualquer verba prevista), essa sim vai roubar verba a algum buraco da LPM, não se sabe bem onde, nem quanto, mas virá de algum lado. Agora sim, podemos comparar com a Marinha, que aquando do abate do Bérrio, não se comprou nenhum AOR porque "a verba não está prevista até 2027". Para uns casos a LPM é inalterável, para outros não é.