Relações Portugal-Venezuela

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PereiraMarques

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Re: Relações Portugal-Venezuela
« Responder #90 em: Março 20, 2013, 02:07:48 pm »
Na América Latina gostam mais de "machões" desbocados. O "Homem Armani" é demasiado g*y para aquelas paragens.
 

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Lusitano89

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Re: Relações Portugal-Venezuela
« Responder #91 em: Maio 21, 2013, 09:35:28 am »
Novos acordos entre Portugal e a Venezuela rondam os 800 milhões de €€€


O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, revelou hoje em Caracas que os novos acordos assinados com a Venezuela rondam os 800 milhões de euros, destacando que os trabalhos da Comissão Mista de Acompanhamento Bilateral decorreram com "o pé direito".

"Assinámos um conjunto de contratos cujo valor potencial não será inferior a 800 milhões de euros e que actuam quer no sector da fileira agro-alimentar, quer no sector das telecomunicações e electricidade, quer no sector de tecnologias de educação", disse, ao referir-se aos cinco acordos estabelecidos.

Para o Ministério dos Negócios Estrangeiros a reunião da Mista de Acompanhamento Bilateral (Cmab) serviu também "para resolver alguns temas pendentes, nomeadamente alguns atrasos de pagamentos que às vezes colocam problemas de tesouraria às empresas, nomeadamente no sector farmacêutico mas não só".

"Resolveu-se o que havia a resolver e há uma agenda muito importante para a Comissão Mista em Lisboa, a 18 de Junho", frisou, fazendo alusão à segunda parte dos trabalhos que terão lugar no próximo mês em Portugal.

Em declarações à Agência Lusa e à RTP explicou que estão sobre a mesa novos "projectos" para concluir em Lisboa, "na área da construção de habitação, tanto na área social como para a classe média, na área das energia, da electricidade e do melhor funcionamento da rede eléctrica na Venezuela, ligados às energias alternativas, de desenvolvimento, de fornecimentos na área alimentar, onde as nossas exportações são muito fortes".

Frisou ainda que estão em negociações projectos para a "instalação de fábricas, por exemplo, para matérias de construção, cerâmicas e outros, na área de turismo pela primeira vez, também em sectores das indústrias da cultura".

"Tem aqui alguns exemplos de uma agenda muito preenchida que os dois governos e sobretudo as empresas vão trabalhar até Lisboa e eu penso que começámos com o pé direito e vamos continuar em Lisboa", frisou.

Paulo Portas voltou a insistir que as relações bilaterais entre Portugal e a Venezuela são "uma prioridade" na política externa portuguesa.

"É mesmo uma prioridade, desde logo porque estão aqui 400.000 portugueses e o nosso primeiro dever é fazer tudo para que eles sejam bem tratados. Depois porque há centenas de empresas a tratar este mercado e a Venezuela é o nosso segundo maior cliente na América Latina".

"Num só dia de trabalho, assinar contratos na ordem dos 800 milhões de euros como valor potencial, e ter uma agenda que se cifra em valores muito elevados que vamos tentar fechar total ou parcialmente em Lisboa, significa oportunidades para as empresas portuguesas ganharem aqui mercado, defender postos de trabalho em Portugal, conseguir no mercado externo aquilo que está mais difícil no mercado interno", disse.

Frisou ainda que "isso também permite, como em vários sectores se vai notar, que empresas portuguesas se juntem a empresas venezuelanas e tentem ganhar os mercados regionais aqui à volta".

"A todos os títulos, manter esta boa relação com a Venezuela é importante. Trazer mais empresas para a Venezuela ainda é mais importante, e isso implica uma regra sem quebra, respeito pela soberania de cada país", concluiu.

Lusa
 

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Lusitano89

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Re: Relações Portugal-Venezuela
« Responder #92 em: Junho 17, 2013, 05:23:14 pm »
Exportações para a Venezuela multiplicaram-se por seis nos últimos cinco anos



Portugal vê na Venezuela uma "janela recíproca" para impulsionar as relações de cooperação económica entre os empresários, tendo as exportações portuguesas para este país multiplicado por seis o valor nos últimos cinco anos, para 313 milhões de euros. De visita oficial a Portugal, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, vem tratar de assuntos de interesse bilateral e participar na reunião da 8.ª Comissão Mista de Acompanhamento Bilateral, que começou a 20 de Maio em Caracas e termina terça-feira em Lisboa.

A nível comercial, as exportações de Portugal para a Venezuela, que atingiam os 50,9 milhões de euros em 2008, subiram para 313 milhões no final de 2012, enquanto as importações passaram dos 140,5 milhões de euros para os 164,7 milhões nos últimos cinco anos.

O saldo da balança comercial entre os dois países era favorável a Portugal em 148,7 milhões de euros em 2012, depois do défice de 89,6 milhões em 2008.

Nos primeiros três meses deste ano, as vendas de Portugal atingiram os 45,4 milhões de euros, abaixo dos 69,3 milhões no mesmo período do ano passado.

Neste período em análise, as importações por Portugal deste país da América Latina registaram uma quebra, apesar do saldo comercial se manter favorável a Portugal, situando-se em 45,2 milhões de euros.

Ao nível do investimento a Atral Cipan é um dos laboratórios que está na Venezuela e o Governo deste país foi um dos países que comprou os portáteis Magalhães, actualmente dispersos por diversos países do mundo.

Além da área dos medicamentos, nomeadamente os antibióticos, o grupo de construção Lena está na Venezuela onde realizou investimentos na construção de habitações sociais.

Quanto à construção naval, um dos projectos mais conhecidos tem a ver com a encomenda venezuelana de navios asfalteiros fabricados nos Estaleiros de Viana do Castelo.

O investimento directo líquido da Venezuela em Portugal, que teve o seu pico de 17,4 milhões de euros em 2011, caiu para 6,8 milhões de euros no ano seguinte.

No primeiro trimestre do ano atingiu 1,13 milhões de euros, contra 2,6 milhões em igual período de 2012.

Em termos de turismo, a Venezuela ocupa a 19.ª posição ao nível das receitas nos primeiros três meses do ano, posição igual à observada no mesmo trimestre do ano anterior.

Esta é a primeira visita que Nicolás Maduro realiza a Portugal, depois de ter sido eleito Presidente da Venezuela, a 14 de Abril último.

Lusa
 

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Re: Relações Portugal-Venezuela
« Responder #93 em: Janeiro 14, 2014, 01:42:05 pm »
Há "boas perspectivas para empresas portuguesas" na Venezuela diz Paulo Portas


O vice-primeiro-ministro português, Paulo Portas, disse hoje existirem boas perspectivas para as empresas portuguesas na Venezuela, país onde hoje e quarta-feira decorrerá a nona reunião da Comissão Mista de Acompanhamento Bilateral. "Eu acho que há boas perspectivas para as empresas portuguesas, para os produtos portugueses, para as marcas portuguesas, de conseguirem ganhar ainda mais negócio aqui, no mercado da Venezuela, e com isso proteger a gente que trabalha e a gente que dirige as empresas que são essenciais para o crescimento, na nossa retaguarda em Portugal", disse.

Paulo Portas falava à agência Lusa em Caracas onde chegou acompanhado pelo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Luís Campos Ferreira, pelo secretário de Estado da Inovação, Investimento e Competitividade, Pedro Gonçalves e uma delegação empresarial.

A reunião da Comissão Mista de Acompanhamento Bilateral decorrerá na Casa Amarela, sede do Ministério de Relações Exteriores venezuelano, e terá como tema central o reforço da cooperação e das relações bilaterais que são uma prioridade para o Governo português, segundo fonte diplomática.

Durante os dois dias de visita vão ser realizadas nove mesas de trabalho em áreas como petróleo, energia eléctrica, agricultura e alimentação, infra-estruturas, saúde, ciência tecnologia e inovação, indústria, turismo e cultura.

Lusa
 

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Lusitano89

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Re: Relações Portugal-Venezuela
« Responder #94 em: Janeiro 15, 2014, 09:11:42 pm »
Portugal e Venezuela assinaram acordos de cooperação de 1,6 mil milhões de €€€


Lisboa e Caracas assinaram hoje vários memorandos de entendimento e atas de compromisso no valor de 1,6 mil milhões de dólares para projectos de construção, portos, habitação social e indústria. A assinatura dos acordos teve lugar na Casa Amarela, sede do ministério de Relações Exteriores da Venezuela, numa sessão que foi presidida pelo ministro venezuelano de Relações Exteriores, Elías Jaua e pelo vice-primeiro-ministro de Portugal, Paulo Portas, durante a IX reunião da Comissão Mista de Acompanhamento Bilateral Portugal - Venezuela.

Entre os acordos assinados está uma ata de compromisso entre a venezuelana Bolivariana de Portos (Boliportos) e a portuguesa Teixeira Duarte Engenharia e Construções, para o desenvolvimento do projecto de engenharia, construção e reabilitação e ampliação do terminal de silos nos portos de Puerto Cabello e Maracaibo.

Também um memorando de entendimento entre a venezuelana Corpomiranda e o Banco Espírito Santo para desenvolver projectos e programas de habitação social, dirigidos à classe média e os sectores mais jovens venezuelanos. Este memorando contempla a criação de uma comissão técnica que se encarregará de avaliar os termos e condições através dos quais aquele banco português poderá outorgar financiamento àquele organismo venezuelano para a execução dos projectos.

Um outro memorando de entendimento para o estudo de engenharia e construção do projecto de construção da fábrica física dos estaleiros da Dianca e uma ata de compromisso para o fornecimento de 7 mil toneladas de leitão congelado e sem osso.

As empresas portuguesa vão ainda construir um complexo multi-industrial no Estado venezuelano de Sucre (leste de Caracas), reconstruir os estaleiros de Guiria e construir um centro de convenções de Cumaná.

Por outro lado a Yutusu deverá fornecer 1,6 milhares de computadores portáteis Canaima (nome local do Magalhães) à Venezuela e 50 mil tablets para o ensino universitário venezuelano.

Lusa
 

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Lusitano89

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Re: Relações Portugal-Venezuela
« Responder #95 em: Janeiro 18, 2017, 04:43:04 pm »
Venezuela e a Teixeira Duarte assinam acordo estratégico



O Presidente da Venezuela assinou uma "aliança estratégica" entre a estatal Bolivariana de Portos (Bolipuertos) e a portuguesa Teixeira Duarte.

O Presidente da Venezuela assinou hoje uma “aliança estratégica” entre a estatal Bolivariana de Portos (Bolipuertos) e a portuguesa Teixeira Duarte Engenharia e Construção, para transformar La Guaira no primeiro porto marítimo da América do Sul e Caraíbas. “Os serviços portuários são indispensáveis para que o nos propomos fazer na economia, tanto no comércio externo, como no interno (…). O Porto de La Guaira tem que ser o porto com melhores serviços e de mais avançada tecnologia da América, tem que ser o primeiro porto das Caraíbas (…) e estamos em condições de que seja assim, com os nossos sócios de Portugal”, disse Nicolás Maduro.

O acordo foi assinado em Caracas, num ato transmitido pela televisão estatal venezuelana, durante o qual o Presidente Nicolás Maduro fez alusão à crise económica venezuelana, vincando que o seu Governo passou “dois anos de tremenda tempestade” e demonstrou que tem força para continuar navegando. “Chegámos ao ano de 2017, que será marcado pelo signo da recuperação, crescimento e desenvolvimento, expansão de toda a força produtiva. Os serviços portuários fazem parte dos serviços indispensáveis que estamos dispostos a fazer”, declarou.

Nicolás Maduro explicou que os acordos de cooperação com a Teixeira Duarte procuram ampliar o comércio marítimo, depois de a Venezuela ter dependido totalmente, durante cem anos, dos rendimentos petrolíferos. Por outro lado, Pedro Teixeira, presidente da Teixeira Duarte, explicou que os trabalhos que vão ser desenvolvidos localmente fazem parte de projetos iniciados pelo falecido líder Hugo Chávez (que presidiu o país entre 1999 e 2013), a quem “agradeceu a iniciativa”. Segundo o ministro venezuelano de Transporte, Ricardo Molina, a Teixeira Duarte investiu 40 milhões de dólares no projeto de melhoramento e ampliação do Porto de La Guaira. “Depois de três anos de trabalho conjunto, têm-se uma extraordinária obra para o serviço do povo. O trabalho feito aumenta extraordinariamente a capacidade de carga. Só podíamos receber barcos até 250 metros, mas vamos poder receber até 335 metros de comprimento, com uma capacidade de carga de 4.000 a 8.000 contentores por barco”, explicou.

A Venezuela prevê que grandes embarcações façam o descarregamento de produtos no porto marítimo de La Guaira e que os países da região procedam à distribuição, com barcos mais pequenos, o que permitirá poupar combustível, tempo, custo de tripulação e mobilizar 600.000 contentores por ano. Por outro lado, Máduro anunciou que o novo terminal marítimo deve iniciar operações a 14 de abril de 2017.



>>>>  https://www.dinheirovivo.pt/empresas/venezuela-teixeira-duarte-assinam-acordo-estrategico/
 

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Viajante

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Re: Relações Portugal-Venezuela
« Responder #96 em: Novembro 08, 2018, 11:15:24 am »
Como foi desmascarado o carrossel do GES com a Venezuela que tornou Salgado suspeito de associação criminosa

Um emigrante português na Suíça transformado em gestor de alta finança mediava negócios com venezuelanos ligados a Chávez e Maduro. Mais de 120 milhões giraram entre o Dubai, o Texas e a Madeira.

    Os fundamentos para o crime de associação criminosa
    O papel de Salgado, a investigação dos EUA e a nova offshore da ex-PGR da Venezuela
    Presos em Espanha e extraditados para os Estados Unidos
    O envolvimento do BES no esquema de Rincon e Shiera
    Os primeiros pagamentos e o homem da mala para Cristina Kirchner
    O aprofundamento da relação com o Grupo Rincon e Shiera
    Como Roberto Rincon perdeu 200 milhões de dólares com a queda do GES

Era um homem pacato que trabalhava num pequeno hotel na Suíça. Como tantos portugueses, tinha emigrado para terras helvéticas com a sua mulher em busca de melhores condições de vida. Trabalhador e atento a novas oportunidades, Paulo Murta — assim se chama o nosso protagonista — conheceu no final dos anos 90 um suíço chamado Michel Joseph Ostertag, um financeiro da confiança de Ricardo Salgado. Quase sem dar por isso, Murta tinha nas mãos um convite para ir trabalhar na Gestar, uma sociedade de gestão de fortunas do Grupo Espírito Santo (GES). Não olhou para trás e entrou no mundo da alta finança. Algo que mudaria a sua vida para sempre.

Avancemos um pouco mais de 10 anos. Paulo Murta já vive no Dubai, é o braço direito de Michel Ostertag na ICG Wealth Management, uma sociedade semelhante à Gestar, e passa a vida entre os Emirados Árabes Unidos e a Suíça. Pelo meio, faz algo que lhe desagrada de sobremaneira: viaja inúmeras vezes para Caracas, a capital da Venezuela. Para quê? Para tratar diretamente com os verdadeiros titulares das estruturas (leia-se sociedades offshore) que Ostertag, o ‘fininho’ como era conhecido entre a família Espírito Santo, criava para os clientes venezuelanos que Ricardo Salgado escolheu para o ajudarem, na fase de puro desespero na salvação do GES. Muitos desses clientes não só eram membros dos Governos de Hugo Chávez e do seu sucessor Nicolas Maduro como faziam parte da elite política e económica da Venezuela — um país onde as duas esferas tinham sido alvo de fusão com o patrocínio da revolução bolivariana.

O papel de Paulo Murta era recolher assinaturas para a documentação de criação das sociedades offshore, assim como para as transferências bancárias entre diferentes instituições financeiras — como as do GES e de outros grupos bancários europeus — que criariam um pequeno carrossel financeiro entre o Dubai, a Suíça, a Madeira e o Texas, nos Estados Unidos. Praticamente todos os clientes de Murta escolhiam familiares como testas-de-ferro das sociedades sediadas em paraísos fiscais, para ocultarem o verdadeiro proprietário. Estávamos em 2012. A Venezuela estava longe da crise económica e humana dramática em que está hoje mergulhada e o GES era, à primeira vista, uma rocha financeira — sólida e segura. Contudo, todo o cuidado era pouco, apesar da crença de que todas aquelas empresas e transferências seriam secretas para sempre.

Mas, como esta história revela, não só a crença estava errada, como é difícil guardar segredos quando as justiças de Portugal, Espanha e Estados Unidos cooperam de forma eficiente. Como tem acontecido no envolvimento de Ricardo Salgado e do GES no alegado desvio de mais de 3,5 mil milhões de euros da empresa Petróleos da Venezuela, que o Observador noticiou em exclusivo. Pelo meio, há malas de dinheiro a partirem de Caracas com centenas de milhares de dólares para financiar em Buenos Aires a campanha da futura presidente Cristina Kirchner e a prisão preventiva dos alegados principais cabecilhas venezuelanos nos Estados Unidos e em Espanha. Em Portugal, depois do fim da prisão domiciliária de João Alexandre Silva (ex-diretor do BES Madeira) ninguém está detido. Nem a acusação do processo Universo Espírito Santo estará terminada antes do final de 2019.

Os fundamentos para o crime de associação criminosa

As autoridades norte-americanas e espanholas não só ajudaram a equipa do procurador José Ranito, titular do inquérito Universo Espírito Santo, a identificar os beneficiários venezuelanos que receberam somas avultadas da sociedade offshore Espírito Santo (ES) Enterprises, o famoso saco azul do GES, como deram informação essencial para reconstruir o alegado esquema de corrupção e branqueamento que tem a Venezuela como centro da ação.

Pior: Ricardo Salgado passou a ser suspeito da alegada prática do crime de associação criminosa.

Quem o diz é o procurador José Ranito que constituiu Paulo Murta como arguido em dezembro de 2017, tendo voltado a interrogá-lo em setembro de 2018. Tido por Ranito como um dos principais operacionais do alegado esquema de corrupção do BES na Venezuela, Murta foi constituído arguido pelo crime de associação criminosa por uma prática continuada e duradoura de alegado branqueamento de capitais como forma de apoio a alegados crimes de corrupção de políticos e funcionários públicos venezuelanos. Tudo com base numa alegada cadeia de comando que seria liderada por Ricardo Salgado — sendo que a organização, alegadamente o BES, estava dispersa por várias jurisdições internacionais para facilitação do alegado plano criminoso.

Paulo Murta, por exemplo, é suspeito da alegada prática de 14 crimes de branqueamento do produto de corrupção no comércio internacional, sendo que onze deles terão por base alegados atos de corrupção com prejuízo no comércio internacional que alegadamente terão sido decididos por Ricardo Salgado e de inúmeros alegados crimes de falsificação de documento.

O Observador enviou um conjunto de perguntas a Paulo Murta mas o seu advogado, Henrique Salinas, recusou responder, invocando o segredo de justiça. “Os factos sobre os quais são pretendidos os esclarecimentos estão, todos eles, abrangidos pelo segredo de justiça relativo a processo pendente, pelo que a prestação de esclarecimentos ou a publicação dos mesmos traduz a prática do crime de violação de justiça”, justificou.

As mesmas questões foram enviadas a Ricardo Salgado que, através do seu porta-voz, afirmou que “não comenta inquéritos em curso.”

Como o Observador já tinha noticiado, o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) tem na sua posse uma lista de 30 sociedades offshore alegadamente criadas por Michel Ostertag que pertencem a Pessoas Politicamente Expostas (PEP) venezuelanas — um conceito da legislação europeia contra o branqueamento de capitais que, em parte, se refere a todo e qualquer responsável público ou político e aos seus familiares mais diretos. As 30 sociedades offshore tinham todas contas no Espírito Santo (ES) Bankers Dubai — e, algumas delas, no Banque Privée Espírito Santo, na Suíça — e receberam pagamentos regulares da ES Enterprises, alegadamente a mando de Ricardo Salgado.

Três dos nomes dos titulares das offshore acima descritas já foram revelados pelo Observador:

    Margarita Mendola Sanchez — ex-procuradora-geral da Venezuela e atualmente ministra conselheira da Embaixada da Venezuela em Lisboa que será a titular da offshore The Paratus Investments Ltd que um total de 6,8 milhões dólares americanos (cerca de 5,8 milhões de euros) entre 16 de março de 2009 e 26 novembro e 2012.
    Rafael Cure — pai de Rafael Alfredo Cure Lopez, gerente das operações internacionais da Petróleos da Venezuela (PDVSA), titular da sociedade offshore Golden Captive que terá recebido cerca de 10,8 milhões dólares americanos (cerca de 9,2 milhões de euros ao câmbio atual) entre 16 de março de 2009 e o 2 de fevereiro de 2012.
    Arnoldo Cardenas Hernandez — tesoureiro do Banco del Tesoro que terá recebido uma transferência de 330 mil euros da ES Enterprises no dia 15 de junho de 2009 através da sociedade offshore AC [Arnoldo Cardenas] Chacal Investiments, Ltd.

Assim, como Domingo Galán Macias, chefe da Divisão de Engenharia Financeira da PDVSA, que terá recebido cerca de 3 milhões de euros como alegada contrapartida por ter favorecido o GES num concurso público para a gestão de um fundo de pensões da PDVSA.

.......................

https://observador.pt/especiais/como-foi-desmascarado-o-carrossel-do-ges-com-a-venezuela-que-tornou-salgado-suspeito-de-associacao-criminosa/
 

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Lusitano89

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Re: Relações Portugal-Venezuela
« Responder #97 em: Novembro 08, 2018, 10:15:24 pm »
Um ano depois das acusações a Portugal, Venezuela já recebeu os pernis para o Natal


A Venezuela anunciou, esta quinta-feira, que já chegaram os pernis de porco que vão ser distribuídos durante o Natal, quase um ano depois de ter acusado Portugal de sabotar o envio daquele produto, muito procurado pelos venezuelanos durante a época natalícia.

"Estamos a rever a mercadoria que está a chegar ao país, através do porto de La Guaira", anunciou o ministro de Alimentação venezuelano, Luís Medina.

A chegada do pernil foi confirmada pelo ministro venezuelano através do Twitter, onde explicou que garantirá uma tradição do povo da Venezuela, mas sem confirmar a quantidade de pernis ou a sua proveniência, que chegaram ao principal porto marítimo do país.

Em finais de 2017 o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou Portugal de sabotar a importação de pernil de porco por parte do seu governo, que não cumpriu a promessa de distribuir entre o povo este tradicional alimento de Natal.

"O que se passou com o pernil? Fomos sabotados e posso dizer de um país em particular, Portugal. Estava tudo pronto, comprámos todo o pernil que havia na Venezuela, mas tínhamos que importar e sabotaram a compra", disse na altura Nicolás Maduro, durante uma alocução televisiva.

O Presidente da Venezuela referiu que tinha feito um plano e acertado os pagamentos, mas que "foram perseguidos e sabotados os barcos" que traziam o pernil, lamentando ainda que alguns países tivessem bloqueado as contas bancárias que iriam ser utilizadas para efetuar os pagamentos.

Por outro lado, o vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo), Diosdado Cabello, tido como o segundo homem do regime, acusou os portugueses de se terem assustado com os norte-americanos.

"Os portugueses comprometeram-se, os 'gringos' (norte-americanos) assustaram-nos e não mandaram o pernil e estamos em apertos", disse à televisão estatal, atribuindo a sabotagem a uma estratégia da "direita" para que "o povo brigue com o próprio povo".

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, rejeitou a acusação de sabotagem à venda de carne de porco à Venezuela, frisando que Portugal é uma economia de mercado em que o Governo não interfere nas relações entre empresas.

"O Governo português não exporta pernil de porco, nem para a Venezuela, nem para nenhum país do mundo", disse então Augusto Santos Silva à imprensa à margem do 6.º Fórum de Graduados Portugueses no Estrangeiro, em Lisboa.

Ainda em finais de 2017, a empresa agroalimentar Raporal - Rações de Portugal revelou que a Venezuela devia, na altura, cerca de 40 milhões de euros às empresas portuguesas fornecedoras de pernil de porco àquele país.

A falta de pernil motivou vários protestos da população, que reclamou pela falta de alguns bens alimentares, mas também pelos altos preços de alguns produtos.

Estima-se que pelo menos 6 milhões de venezuelanos recebem pernil a preços subsidiados através das bolsas de alimentos subsidiados pelo Estado.


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