Cancelar um concurso devido à situação do aeroporto de Beja?! É uma boa desculpa… Remete-se o ónus para cima dos políticos e da economia e está tudo resolvido. Mas não me parece que se abra/feche um concurso apenas com esse objectivo. Mesmo sem descartarmos essa hipótese, há uma conjuntura a ter em conta. Para o SEF foram transferidos 67 funcionários de outros organismos públicos nos últimos dois anos (40 em 2008 e 27 no ano passado) – só do Ministério da Agricultura vieram 19, do INETI 6, da Universidade do Minho 5, etc… Por outro lado, no final do ano passado foi regularizado o ingresso nos quadros de 117 assistentes técnicos e 16 técnicos superiores. Ou seja, os quadros engordaram nos últimos tempos, mas sem reforço de inspectores. Em certo sentido, é a opção lógica, pois estes reforços ganham geralmente metade do salário e ocupam-se das funções administrativas, libertando os inspectores para as funções para as quais receberam formação – investigação/fiscalização. Mas também há que ter em conta que desde o último concurso já saíram 8 inspectores para a aposentação e 3 foram exonerados a seu pedido, além de que há sempre inspectores em licença sem vencimento (3 ou 4). Há ainda dois ou três que por motivos vários estão na porta de saída.
Estamos, pois, perante um jogo de equilíbrios, pelo que afigura-se-me a explicação do aeroporto de Beja um pouco simplista, para não dizer mesmo naif.