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Economia => Portugal => Tópico iniciado por: Malagueta em Dezembro 13, 2011, 10:21:38 am

Título: Artigos/Historia de Empresas/industrias Portuguesas
Enviado por: Malagueta em Dezembro 13, 2011, 10:21:38 am
Imperial. Bombons coração, sombrinhas, pintarolas e outras fantasias de Natal


De Vila do Conde para o Vietname, Israel ou a Ucrânia. Visitámos o maior fabricante nacional de chocolates, com quase 80 anos de história
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Vá procurando a gema destes ovos, siga os coelhos e separe as amêndoas por cores. Não, não estamos enganados. Muito menos se engana a grande fábrica de sonhos achocolatados para quem o calendário anda sempre apressado. Se o cardápio inaugural lhe parece estranho em pleno mês de Dezembro, acalme a gula natalícia que explicamos já de seguida o anacronismo. Nesta casa, a preparação das festas começa em Setembro, para dar resposta a tempo e horas ao grosso das encomendas de velhotes de barba branca e outras fantasias da quadra, que se esperam disponíveis nas prateleiras antes do mês da consoada. É por isso que se entrar por estes dias nas instalações do maior fabricante nacional de chocolate encontrará as máquinas já empenhadas na produção orientada para a Páscoa.


“São os dois picos grandes de consumo. Claramente é um produto sazonal, apesar de haver produtos de consumo permanente, como o chocolate culinário”, explica Manuela Tavares de Sousa, a CEO da Imperial, um emblema fundado em 1932, que integra o universo de empresas do grupo RAR desde 1973, e que detém um conjunto de marcas que apelam às memórias de infância e à nostalgia adulta do mercado português. Entre 1978 e 1982, lançou a Pintarolas, Bom-Bokas, Fantasias, Allegro, Pantagruel e os exemplares premium com o selo da Jubileu, com origem situada em 1982, data da comemoração dos 50 anos deste fabricante.


Em 2000, a Imperial adquiriu a Regina, nascida em 1928, que viu a sua imagem revitalizada por um trabalho de restyling. Dois anos depois, na Páscoa, a marca tornou-se líder no segmento de frutos secos cobertos com chocolate.


Os famosos Bombons Coração, com recheio de pedaços de amêndoa, que fizeram furor nos anos 70 e 80, acabam de ser relançados. As míticas sombrinhas não lhe ficam atrás, tal como as tabletes. Ainda no capítulo da memorabilia carregada de açúcar, as coloridas drageias de chocolate estão agora disponíveis em formato flowpack familiar de 100 gramas.

 

MUNDO FORA A inovação não chega apenas dentro de portas. Os doces produtos saem de Vila do Conde para aterrarem nos quatro cantos da gulodice. Actualmente a Imperial exporta para cerca de 35 mercados, muitos deles longínquos, o que significa que entre o tempo de transporte e alfandegamento é mais uma vez necessário antecipar a chegada do produto ao expositor final. Um desfasamento totalmente inofensivo aos olhos do comum devorador de figuras de reis magos e outros habitués da estação, diga-se.


América Latina, África e países da Europa de Leste são mercados emergentes onde o grupo tem vindo a aumentar a distribuição. No caso do Brasil, a Imperial está representada através das marcas Jubileu, Pantagruel, Regina e Fantasias. Não estranhe se se cruzar com alguma desta bombas calóricas em destinos como Angola, África do Sul, Venezuela, República Checa, Eslováquia, Ucrânia e Itália. Este ano abriram mais cinco novos mercados: Marrocos, Argélia, Vietname, Trinidad e Tobago, Moçambique e Israel, e a presença não se fica pela geografia tradicional. Recentemente fecharam acordo com um dos maiores canais de vendas online da China, onde marcarão presença com uma loja com cerca de 60 produtos.  

 

PASSO A PASSO Entremos no processo de confecção da massa, imaginando-nos na fábrica de Charlie ao jeito de Tim Burton mas sem bilhetes premiados. Escusado será dizer que diferentes marcas pedem diversas linhas de produção, ou que uma linha de tabletes difere em boa medida de uma linha de drageias como as Pintarolas. Em média demoram dois turnos a garantir as diferentes fases da produção, que passam pelas camadas de chocolate, pelo enchimento, pelo alisamento e pelo polimento. No ano em que comemorou 75 anos, a fábrica inaugurou uma nova unidade industrial de moldação e embalagem de tabletes e bombons. Em 2010 concluiu o projecto, integrando uma nova linha de fabrico de massas de chocolate.


A primeira operação consiste na mistura dos vários ingredientes: uma massa homogénea de açúcar, cacau, leite, eventuais frutos secos. Esta massa é sujeita a refinação, com o objectivo de reduzir o tamanho das partículas de modo a obter uma textura final macia, que funde bem na boca. Segue-se a conchagem, que permite desenvolver o sabor do chocolate, reduzir o teor de humidade, obter uma pasta fluida, e um tratamento final, que prima pela homogeneização do sabor. De seguida, antes se transformar em tabletes, barras ou bombons, o chocolate é sujeito a uma operação de pré-cristalização, habitualmente denominada “tempero do chocolate”, de forma a obter bom brilho, boa contracção da massa e aumentar a resistência técnica do produto.


O romantismo dá lugar à eficiência e à inovação. O nível de automação no processo de fabrico é muito elevado, razão pela qual a intervenção humana se dirige acima de tudo à monitorização do processo. Ainda assim, a equipa Imperial é composta por 150 colaboradores, alguns dos quais com mais de 40 anos de casa. Já agora, roa-se de inveja, recebem chocolates no Natal e na Páscoa. Não menos sorte tem o painel oficial de provadores, que desempenha o procedimento interno da empresa mais cobiçado por qualquer amante do chocolate. “Todos os dias têm de provar massas de chocolate das diferentes fases de produção e pronunciar-se sobre a sua qualidade antes de serem utilizadas”, conta Manuela, igualmente responsável por esta prova sensorial livre de enjoos. “Sou um bom exemplo de quem prova todos os dias chocolate, e não o considero uma prova de esforço.”
Título: Re: Artigos/Historia de Empresas/industrias Portuguesas
Enviado por: Malagueta em Dezembro 13, 2011, 10:33:32 am
A marca que sobreviveu ao Terramoto não treme no mercado


A Bertrand do Chiado foi este ano distinguida pelo 'Guinness' como a livraria mais antiga do mundo ainda em actividade.

 

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Eça de Queirós, Alexandre Herculano e Aquilino Ribeiro estão hoje em qualquer prateleira de qualquer livraria do País, mas a Bertrand do Chiado, em Lisboa, tem uma vantagem sobre as concorrentes: é que todos aqueles escritores foram seus clientes.

 Partilharam com a marca aquilo que - no entender de Paulo Oliveira, o CEO do Grupo BertrandCírculo - ainda hoje a distingue: "A dedicação ao livro."

 

A Bertrand do Chiado acaba por ser o ex-líbris de todas as lojas do grupo e foi até distinguida este ano pelo Guinness como "a livraria mais antiga do mundo ainda em funcionamento". Paulo Oliveira conta que a distinção partiu de uma situação fortuita. "Uma colaboradora estava a ver sites de livrarias estrangeiras e reparou que várias se gabavam de ser a mais antiga do mundo. Porém, nenhuma tinha uma data anterior à Bertrand. Foi aí que decidimos avançar com a candidatura", revela o administrador.

Os quase três séculos de existência (fundada em 1732) mostram o espírito de sobrevivência da Bertrand. Nem o Terramoto de 1755 nem a Guerra Civil Portuguesa (1828--1834) fizeram tremer esta marca no mundo das livrarias. Além de todos os períodos conturbados a nível político e social, a Bertrand tem também enfrentado diversas alterações no mercado livreiro. "O segredo está na forma como nos conseguimos adaptar ao mercado, sem nos desviarmos do que consideramos essencial: o livro", garante Paulo Oliveira. Aliás, a empresa tem resistido à tentação de colocar outros produtos à venda nas suas lojas, pois acredita que esse não é o caminho certo.

 

"Quando as pessoas vão à Bertrand, não vão à procura de um iPad ou de arroz, mas sim de livros. Os nossos clientes são, por isso, mais exigentes e conhecedores, o que também exige mais de nós. É aí que marcamos a diferença", afiança.

Numa conjuntura de crise, a Bertrand, não pára de crescer e continua a abrir lojas. "Continuamos a expandir a nossa rede e, no final do ano, vamos chegar às 60 lojas espalhadas por todo o País", garante o CEO do Grupo BertrandCírculo. Em todos estes locais, a marca procura promover tertúlias e tornar cada ida à loja num "encontro entre o leitor e o livro". "Queremos ser os melhores naquilo que fazemos e continuar a abrir livrarias. Acreditamos que a crise vai ter um fim e queremos estar preparados para quando isso acontecer", conta o administrador. Paulo Oliveira recorda ainda que "embora tenha um nome francês, a Bertrand está intrinsecamente ligada à cultura portuguesa" e que "os portugueses se identificam com a Bertrand, mais do que com qualquer outra livraria".

 

Hoje, qualquer cliente pode ler no cantinho onde Aquilino Ribeiro gostava de estar sossegado. Porém, a Bertrand já não é uma pequena loja na Rua Garrett, nem apenas uma rede de lojas, estando inserida num grande grupo do mercado editorial.

O Grupo Bertrand Círculo inclui a Bertrand Livreiros, a Círculo de Leitores, a Distribuidora de Livros Bertrand e ainda a Bertrand Editora, que por sua vez tem diversos selos editoriais (como a Arte Plural, a Pergaminho, a Temas e Debates ou a 11x17).

Paulo Coelho, Dan Brown, José Luís Peixoto ou Vargas Llosa são alguns dos autores editados pela Bertrand.

A tradição e vocação da marca levou a que a Bertrand emitisse este ano um manifesto ao livro: "O fim é o princípio/ Uma página que se vira/ Somos a História. Desde sempre.", pode ler-se. É nele que a Bertrand recorda os períodos a que assistiu ("do terramoto à queda do muro"), os escritores que admira ("Somos todos os nomes, de Pessoa a Saramago") e termina com o que acredita ser: "Somos o nome do escritor/ A mão do leitor/ Somos livros".


2011-12-12 08:12
Título: Re: Artigos/Historia de Empresas/industrias Portuguesas
Enviado por: Malagueta em Dezembro 13, 2011, 11:20:13 am
Cadernos de capa preta são mais do que uma memória


Firmo. A empresa criada em 1951 e vendida na década de 90 a uma multinacional francesa voltou à família Santos Carvalho, pelas mãos dos sobrinhos-netos do fundador.

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O cheiro a papelaria abunda na fábrica de Vila Nova de Gaia, onde grandes bobines de papel são transformadas em cadernos e envelopes de tamanhos e feitios variados. Numa das mesas destaca-se um dos artigos mais conhecidos: o caderno de capa preta. Noutra, as pastas arquivadoras e os cadernos de estudo. A Firmo é a prova de que as novas tecnologias ainda não mataram o papel.

 

Do alto do armazém, onde um corredor de janelas de vidro conduz aos escritórios, Rui Santos Carvalho conta a curiosa história da empresa que nasceu em 1951 no Porto, esteve quase 15 anos nas mãos de franceses e voltou recentemente ao seio familiar - a si e a três outros irmãos.

 

Corria o ano de 1951 quando Firmino Santos Carvalho, tio-avô dos quatros irmãos, abriu a pequena fábrica e o armazém com venda ao público no centro do Porto. O negócio cresceu e passou para a segunda geração. Era Manuel Santos Carvalho, pai de Rui Santos, o responsável pela Firmo quando, na década de 1990, uma multinacional francesa lhe fez a proposta de compra. "Custou muito, mas era um excelente negócio."

 

Manuel Santos Carvalho manteve-se como administrador não executivo da empresa. Paralelamente, iniciou em 1998 a exploração de uma fábrica de produção de envelopes em Vila Nova de Gaia, a AVS. Os filhos estiveram desde sempre habituados ao cheiro do papel, mas seguiram as suas profissões - três nas áreas de finanças e economia, outro tirou Direito.

Com a morte do pai, os quatro irmãos tinham duas opções: entregavam-se à AVS com uma escala menor, ou diversificavam e cresciam em dimensão. "Decidimos ficar com a empresa, mas com a noção de que tínhamos de variar os produtos." Era difícil uma empresa de envelopes, por si só, sobreviver à era dos e-mails. "Então começámos negociações com a Antalis para tentarmos comprar novamente a Firmo, uma vontade que já tinha sido do meu pai."

 

Em Março deste ano, conseguiram finalmente readquirir a Firmo sem passivo e com resultados operacionais positivos. Rui e o irmão Miguel (e um quadro da empresa) assumem a administração da empresa a tempo inteiro, os outros dois irmãos são administradores não executivos e mantêm as suas profissões. "Quando voltámos, encontrámos funcionários que trabalhavam para o meu pai antes de a Firmo ser vendida, e que ainda cá continuam."

 

Na cedência da empresa familiar a uma multinacional consegue-se encontrar vantagens e desvantagens. Se por um lado os funcionários herdaram o hábito das regras e o cumprimentos de regulamentos dos patrões franceses, por outro faltava a ligação mais "próxima" entre a hierarquias.

 

Mais do que a era das novas tecnologias, a crise assusta mas não atormenta estes empresários. "Vamos apostar na exportação, estamos focados na África e no Brasil." A exportação representa já 15% do volume de negócios. Mas a Firmo está disposta a fazer disparar estes valores.

 

Os produtos escolares e o material de escritório somam já os sete mil artigos diferentes. Entre eles permanecem os que ficaram na história da empresa, cadernos de capa preta, a Sebenta e os cadernos Estudo. A produção é toda feita ali, na fábrica de Vila Nova de Gaia, à excepção das capas - feitas numa outra firma da especialidade - e das capas dos arquivadores. Além desta fábrica, a Firmo possui ainda dois espaços de cash & carry no Porto e em Lisboa.

 

Na fábrica é hora de almoço, e as máquinas que transformam as bobines de papel em cadernos quadriculados, de linhas ou lisos, estão paradas. Ao lado da porta de saída, onde as visitas devolvem o colete de sinalização fluorescente, estão afixadas notícias sobre a reaquisição. Os funcionários não deixam passar nada em branco.
Título: Re: Artigos/Historia de Empresas/industrias Portuguesas
Enviado por: Malagueta em Dezembro 13, 2011, 02:42:13 pm
Azeite 'Gallo'. A marca nasceu pela mão de Victor Guedes em plena Revolução Industrial. Passou para o filho, que, sem descendentes, a vendeu. Mas a tradição mantém-se.

Dizem os anúncios que o azeite Gallo canta desde 1919. Mas, na verdade, há registos de que tenha começado a cantar muito antes, pelas mãos da família Victor Guedes, quando abriu uma fábrica em Abrantes. Um canto que entoou ao longo de um século de história, desde a Revolução Industrial à suspensão da venda do produto em Portugal, no pós-25 de Abril, e à globalização.

"A existência da fábrica remontará a antes de 1900, mas a marca só foi registada em 1919. Temos dois diplomas de participação numa exposição que comemora o centenário da abertura dos portos brasileiros à navegação internacional, em 1908, no Rio de Janeiro", atesta Pedro Cruz, actual presidente do conselho de administração. Foi Victor Guedes pai quem terá registado a marca como Gallo, em homenagem às suas origens e aos seus familiares galegos.

O sucesso da empresa prendeu-se na altura com uma oferta variada de produtos - além do azeite, havia figos, nozes e vinho, e depressa acompanhou o fluxo migratório. "Na década de 1930, é formada uma rede distribuidora, o negócio deixa de se circunscrever a São Paulo, no Brasil. Hoje, em qualquer ponto da Amazónia, há uma lata de azeite Gallo." Nos anos 60, um segundo passo internacional, também coincidente com o fluxo migratório de portugueses: a Venezuela. O êxito foi tal que hoje o azeite Gallo é consumido por todos os venezuelanos que acham que a marca é espanhola por causa do nome "Gallo".

Enquanto a marca emerge nos mercados onde os portugueses procuraram melhores condições de vida, em Portugal dá-se a Revolução do 25 de Abril, em 1974. Com ela, o fim da agricultura e o início das importações de azeite, que levam os produtores a misturar óleo no azeite para conseguirem competir com os preços das multinacionais.

Victor Guedes filho, na altura, era um perfeccionista, intransigente com as qualidades do azeite. Nunca iria corromper o produto para fazer dinheiro, mas olhava para as autoridades com desconfiança. Para não adulterar o produto, preferiu manter a fábrica em Abrantes, mas apenas virada para o mercado externo. Voltaria mais tarde a vender por cá e a ser líder de mercado, com 14% da quota (actualmente são 20%).


Em 1989, o filho do fundador da marca não tinha descendentes que lhe seguissem os passos no negócio. Gravemente doente, decidiu vender a Gallo a duas empresas interessadas: Jerónimo Martins e Unilever. Da história da empresa, a parceria optou por respeitar valores tão fundamentais como a tradição e a obsessão pela qualidade, "que é um misto entre a ciência e arte, o saber lotear", diz Pedro Cruz, que na altura regressava de Londres para este projecto.

"É exactamente como se faz o perfume. Há vários azeites diferentes, mas o que eu quero obter é sempre o mesmo, são coisas que estudamos com o consumidor e que são diferentes de país para país." É por isso que a Gallo deixou de ter olivais, preferindo comprar a consumidores (de preferência nacionais). E um produto para o consumidor português não é o mesmo que para um brasileiro. Sabia que por cá o azeite é mais frutado, picante e amargo e no Brasil é muito mais suave?

Na mesma lógica, está toda a panóplia de outros produtos que a Gallo comercializa. Em Portugal os vinagres são um sucesso, no Brasil a aposta são as azeitonas. "Não temos uma política igual em todo o mundo, vimos as oportunidades e a partir daí inovamos." Mas se estas diferenças se notam em termos de sabor, este ano deixaram de se notar na embalagem de vidro escuro. "Foi a forma de nos apresentarmos de igual forma em todo o mundo." Mais do que design, é uma questão de qualidade: a embalagem é escura porque a luz, através do processo de oxidação, degrada o azeite
Título: Re: Artigos/Historia de Empresas/industrias Portuguesas
Enviado por: miguelbud em Janeiro 05, 2012, 11:28:28 am
A empresa portuguesa de mobiliário urbano Larus fechou o ano de 2011 com um volume de exportações a representarem 40 por cento do seu volume de negócios fixado em 2,58 milhões de euros. A marca obteve, também, o reconhecimento internacional com a distinção do prémio mundial de Design - Red Dot.

Embora no passado ano a Larus tenha sentido uma “grande quebra na procura interna e dificuldade em garantir recebimentos, conseguiu compensar essa situação através do aumento significativo das exportações”, refere Pedro Martins Pereira, fundador da Larus, em comunicado da empresa.

Em 2010, a atividade exportadora da empresa situou-se nos 7 por cento  num volume de negócios global de 2,4 milhões de euros, verificando-se que 2011 foi um ano de crescimento. Este foi um ano  em que a marca acentuou a sua internacionalização, sendo que as exportações representaram 40 por cento do volume de negócios.

A Larus é a marca portuguesa de mobiliário urbano com os mais importantes prémios nacionais e internacionais, destacando-se o "Red Dot Award", prémio mundial atribuído em 2008 e 2011, e o "DME Award", prémio europeu atribuído em 2009.

Siza Vieira, Souto Moura, Daciano da Costa, Alcino Soutinho, Henrique Cayatte ou Francisco Providência são alguns dos autores que ao longo dos últimos anos desenvolveram com a LARUS novas soluções arquitetónicas.

22 anos de história

Os produtos da nova gama foram já prescritos para as cidades de Madrid, Génova e Antuérpia. A Larus entrou no mercado africano ao ser selecionada para “mobilar” a Baía de Luanda e a Ilha do Cabo, em Angola.

O mobiliário português também marca presença em Marrocos, país onde conseguiu equipar as estações de serviço da autoestrada Rabat-Oujda, que é um dos mais importantes e recentes projetos rodoviários do Magrebe.

A empresa conta 22 anos de história e tem hoje uma presença internacional em Espanha, Reino Unido, Bélgica, Alemanha, Áustria, Eslovénia, Angola e Emirados Árabes.

Para 2012, o gestor salienta que a empresa vai “continuar a desenvolver soluções à medida para os mercados interno e externo e a prosseguir com o plano de expansão internacional nos mercados alvo do centro da Europa, em países emergente, dando também uma especial atenção aos PALOP’s”
Título: Re: Artigos/Historia de Empresas/industrias Portuguesas
Enviado por: miguelbud em Fevereiro 10, 2012, 03:33:14 pm
Encontrei esta notícia e desconhecendo a empresa, fui ao site e fiquei impressionadíssimo com a sua história. É de facto Uma empresa bastante inovadora  

Aqui fica o site, para quem quiser dar uma vista de olhos.
http://www.ivocutelarias.com/pt/pagina/ ... -historia/ (http://www.ivocutelarias.com/pt/pagina/2/ivo-cutelarias-historia/)

Citar
Faca das Caldas vence prémio internacional de design
A série VIRTUBLACK, da Ivo Cutelarias, receberá o prémio durante a maior exposição mundial de produtos para o lar, na Alemanha.
Qualidade estética, funcional, materiais inovadores e excelente dirigibilidade. Foram estas as qualidades que valeram à série de facas pretas da Ivo Cutelarias, com sede nas Caldas da Rainha, o Prémio Design Plus 2012, um dos mais importantes galardões internacionais de design.

Este produto 100% “Made in Portugal”. foi projecto pelo designer Jesper Stähl, informa a empresa, e será galardoado durante a "Ambiente", que se apresenta como a maior exposição mundial de produtos para o lar, que começa hoje em Frankfurt (Alemanha).

Fundada em 1954, a Ivo Cutelarias é uma empresa de cariz familiar que se dedica à produção e comercialização de cutelarias de uso doméstico e profissional. Emprega 140 colaboradores em três unidades produtivas distintas – a principal dedicada à cutelaria convencional e outras duas em que fabrica navalhas e canivetes, e lâminas forjadas – e exporta 90% da produção anual para 68 países em todo o mundo.
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=537547 (http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=537547)
Título: Re: Artigos/Historia de Empresas/industrias Portuguesas
Enviado por: HSMW em Fevereiro 10, 2012, 05:08:04 pm
Tenho comprado facas de cozinha da ICEL (Indústria de Cutelarias da Estremadura) na Benedita.  
Excelentes.
http://www.icel.pt/index.php?id=122 (http://www.icel.pt/index.php?id=122)

Podiam era criar uma linha de facas e canivetes tácticos!

Recentemente andei a procurar e comprei um da RUI.
Feito na...
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fbunker.pt%2Fimages%2FFacas%2520Rui%2520003.jpg&hash=0f3ff4fd7c7cc31f43b355dce737a316)
China...
Título: Re: Artigos/Historia de Empresas/industrias Portuguesas
Enviado por: miguelbud em Fevereiro 10, 2012, 09:25:08 pm
Como te compreendo HSMW, aconteceu-me uma coisa parecida com a minha faca de mergulho.
Título: Re: Artigos/Historia de Empresas/industrias Portuguesas
Enviado por: miguelbud em Fevereiro 15, 2012, 12:53:58 pm
Para os amantes de ciclismo e tunning, aqui fica uma marca portuguesa que concilia as duas coisas.

No site podem personalizar a bicicleta http://drydrill.com/#/urban (http://drydrill.com/#/urban)

Satisfazer a necessidade de exclusividade que, cada vez mais, emerge em todos nós. Dar resposta à busca pela individualidade. Oferecer ao cliente a capacidade de escolher. Foram estas as premissas que alimentaram a criação da DryDrill, uma empresa portuguesa que veio transformar uma simples bicicleta num acessório de moda e numa marca de identidade.
 
O projeto nasceu em finais de 2010 pela mão de Henrique Pinho, de 41 anos, que, depois de ter estudado arquitetura e desenhado lojas da Salsa um pouco por todo o país, decidiu desenvolver um conceito próprio, que retivesse os seus valores enquanto pessoa - no fundo, a sua identidade.
 
"Como todas as ideias, durante uma noite mal dormida e com o acumular já de uma quantidade de informação suficiente, surge a junção das palavras que pretendia unir e às quais queria dar um único significado: DryDrill. Dry de denim e drill de fresa, de mecânico", conta o mentor, um apaixonado pelo denim e pelo aço, ao Boas Notícias.
 
A junção dos dois mundos pode parecer improvável, mas deu-se com naturalidade para Henrique Pinho. "São ambos industriais mas através do design e do engenho transformam-se em peças maravilhosas e muito pessoais. E eu quero estar perto das pessoas".

Bicicletas à medida de cada um
 
Da fusão resultam bicicletas personalizadas, peças exclusivas que refletem o caráter individual e que se destinam a um público tão amplo quanto a possibilidade de as customizar. Trata-se, portanto, de um "conceito universal" que se destina à venda na comunidade europeia, mercado que acolhe este tipo de produto de braços abertos.
 
Para a construção dos veículos, a DryDrill utiliza os seus materiais mas tem também parcerias "com os melhores em cada atividade" e diferentes fornecedores, o que oferece à empresa "uma flexibilidade" que, tradicionalmente, não existe.
 
O preço a pagar é variado, até porque a DryDrill não vende as bicicletas completas - somente os componentes. No que respeita a encomendas de quadros, forquetas e rodas , "material unicamente DryDrill", o valor ronda os 680 euros mais portes de envio, revela o proprietário, que acrescenta que o custo de "uma bicicleta pronta se pode iniciar nos 1.250 euros".
 
No entanto, de acordo com Henrique Pinho, tudo "depende do tipo de material que for colocado" e, também neste momento, a decisão está inteiramente nas mãos de quem compra. "O cliente define até onde quer levar o valor da bicicleta", salienta.

Aposta na proximidade e no atendimento personalizado
 
Embora as vendas sejam realizadas por meio de uma plataforma online, o desejo de estar próximo das pessoas é transversal à marca, que tem sempre presente o objetivo de fornecer aos clientes um produto manufaturado não numa perspetiva de massificação, mas de proximidade.

"Não queremos estudos de mercado para saber se estamos a ir na direção certa", realça o criador da DryDrill. "Queremos falar com as pessoas para que elas nos surpreendam".
 
E, mesmo sem estudos de mercado, as opiniões dadas por quem toma conhecimento do projeto são um bom indício. "Os elogios têm sido constantes e as pessoas ficam surpreendidas com a beleza das bicicletas que, construídas desta forma mais minimalista, se transformam em peças de design apetecíveis".
 
Assim, "além de um veículo de transporte", uma bicicleta personalizada "decora o interior de qualquer casa, deixando de ser algo que está escondido na arrecadação" e passando a ser um elemento que vale a pena deixar à vista de todos.
 
Quanto ao futuro, Henrique
Pinho mostra-se otimista. A procura tem sido grande, o que é particularmente relevante considerando que a compra de uma destas bicicletas é "ponderada" e não feita "por impulso" e, segundo o responsável, "as expetativas são altas".
 
"Ainda não iniciámos verdadeiramente a divulgação internacional, o que, a acontecer, vai multiplicar por 20 o volume de trabalho", confessa, antevendo mais sucessos para esta marca que quer ser não uma marca vulgar, mas "a marca das bicicletas que são um acessório de moda".
Título: Re: Artigos/Historia de Empresas/industrias Portuguesas
Enviado por: Malagueta em Março 29, 2012, 02:36:21 pm
MAR Kayaks: A empresa que "rema contra a maré"
 
Líder mundial na produção de caiaques e canoas de alta competição, a M.A.R Kayaks já produziu mais de 30.000 embarcações - clique no link abaixo para ver mais fotos da Nelo
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Em Vila do Conde há uma empresa a “remar contra a corrente”. Líder mundial na produção de caiaques e canoas de alta competição e fornecedora oficial dos Jogos Olímpicos, a M.A.R. Kayaks não tem mãos a medir, já que todas as equipas que vão participar, num total de 75% dos atletas apurados, elegeu a marca portuguesa para tentar chegar ao pódio.

Por MAFALDA ALMEIDA

Manuel Ramos ainda estudava quando fez o seu primeiro caiaque. Tinha 17 anos e foi numa garagem que o primeiro campeão nacional de canoagem deitou mãos à obra, quando em Portugal não havia, ainda, produtores de caiaques, conta o empresário ao Boas Notícias.

No final da década de 70, o atleta decidiu dedicar-se ao negócio do fabrico de caiaques e canoas e a sua alcunha deu nome à marca – Nelo. Desde então, a empresa que começou com dois colaboradores apenas num espaço alugado, cresceu e tem, atualmente, uma fábrica de 7000m2 em Canidelo, Vila do Conde. Dos cerca de 100 funcionários que emprega muitos praticam, ou já praticaram, canoagem, pois Manuel Ramos considera “muito importante produzir com gente que sente a modalidade por dentro”.

Em 2010, a Nelo criou 30 novos postos de trabalho, em 2011 faturou perto de 4 milhões de euros e este ano o ritmo de produção continua a aumentar na empresa. “No ano passado fazíamos 10 canoas por dia, no início deste ano 12 e neste momento estamos a fazer 15 embarcações diariamente”, sublinha Manuel Ramos que diz que a sua empresa, líder mundial neste ramo, não tem sido “nada afetada” pela crise.

As canoas e caiaques Nelo são as preferidas dos melhores atletas nas modalidades de remo e canoagem e estão agora em todo o mundo. A M.A.R. Kayaks têm 50 agentes espalhados pelos cinco continentes e o ano passado bateu o seu recorde de vendas para o estrangeiro, levando a 100 países diferentes os caiaques com selo de Vila do Conde.

Em Portugal há um mercado “muito interessante”, segundo o empresário que considera que a canoagem tem uma grande expressão no país. No entanto, atualmente, apenas 1% da produção desta empresa se destina ao mercado nacional, sobretudo a atletas de alta competição.

 
Marca Nelo já conquistou os Jogos Olímpicos

Nos jogos Olímpicos deste ano todas as equipas vão correr com canoas Nelo, a marca escolhida por 75% dos atletas qualificados até à data. Um número que Manuel Ramos acredita poder subir ainda aos 80%.
Nos últimos anos, o desempenho da marca portuguesa tem sido notável.

A primeira medalha foi conquistada em Atlanta em 1996, quatro anos depois foram cinco medalhas em Sidney, 14 em Atenas no ano 2000 – e já como fornecedor oficial da prova – e nos últimos jogos, em Pequim, a marca nortenha arrasou a concorrência, levando 20 das 36 medalhas possíveis.

A fasquia está já muito elevada para este ano, mas mesmo assim Manuel Ramos acredita que o trabalho da sua equipa vai levar a bom porto os caiaques e canoas Nelo, com mais lugares ainda no pódio.

De Vila do Conde para o mundo

Manuel Ramos diz que “é a qualidade e o respeito pelos clientes" que os torna líderes mundiais . “Os agentes Nelo trabalham muito perto dos clientes e nós visitamos os países onde temos agentes para perceber a cultura desportiva do país e para conhecermos os atletas e as suas necessidades, já que são os melhores dos seus países e dos seus clubes”, sustenta. “No Verão estamos nas provas, marcamos presença em todas as taças e campeonatos do mundo, e no inverno nos centros de estágio com os atletas”.

Um camião oficina da Nelo viaja um pouco por todo o mundo, dando apoio aos atletas na escolha das embarcações, adaptando-as, ajudando os treinadores e resolvendo erros técnicos que permitam aos desportistas um melhor desempenho.

Para além disso, a Nelo tem ainda dois centros de estágio em Cinfães (Viseu) e Aguieira (Coimbra) com instalações de topo, que têm recebido os melhores atletas do mundo para treinar e testar as embarcações. Aqui, os barcos podem ainda ser ajustados às necessidades exatas de cada um.

O êxito destas embarcações deve-se ao facto de serem construídas através da combinação de diversos materiais compósitos, como a fibra de carbono, a fibra de vidro, kevlar, espuma de PVC e resina de poliéster, sendo depois o barco submetido a vácuo para uma compactação perfeita. Depois de curadas em estufa durante algumas horas, estas embarcações saem da fábrica com um peso que varia entre os 8 e os 12kgs .

O ano passado, com o modelo Quattro, a Nelo estreou uma nova tecnologia de construção inovadora a nível mundial, em que o barco é feito numa peça só, ao contrário do que acontecia anteriormente, em que o casco e o deck eram construídos separadamente.

Em pouco mais de 30 anos, a empresa produziu mais de 30.000 embarcações de diferentes modelos e através de várias técnicas. Atualmente todos os modelos são desenhados originais, e as técnicas de construção avançadas, com um elevado investimento em maquinaria.

O antigo campeão nacional garante que a chave do sucesso “é 75% de suor e o resto de imaginação” e defende que em tempos difíceis “é preciso ter objetivos, acreditar que é possível e pôr a fasquia muito alta” para não perder o lugar de líderes a que chegaram. A competição, agora, faz-se em terra mas nem por isso com menos emoções. “Sentir um caiaque Nelo chegar à frente dá-me o mesmo prazer que aos atletas, é uma satisfação enorme e um grande orgulho em ser português”, assegura o antigo campeão nacional.
Título: Re: Artigos/Historia de Empresas/industrias Portuguesas
Enviado por: miguelbud em Abril 13, 2012, 09:18:26 am
Bebidas lusas com 7 medalhas em concurso mundial

As marcas Super Bock, Água das Pedras e Água de Luso trouxeram sete medalhas da edição de 2012 do concurso mundial Monde Selection de la Qualité. As marcas portuguesas receberam cinco medalhas de ouro e duas grandes medalhas de ouro.

A Super Bock Original soma já 29 Medalhas de Ouro consecutivas.

Nas cervejas, as Medalhas de Ouro foram ainda atribuídas às variantes Super Bock Classic, lançada o ano passado no mercado nacional, Super Bock Stout, Super Bock Sem Álcool e Super Bock Sem Álcool 0,0%, que conquista a sua segunda Medalha de Ouro consecutiva.

Já a Água das Pedras recebeu a 8.ª Grande Medalha de Ouro neste concurso, depois de ter começado a ser oficialmente comercializada há 140 anos.

A Unicer chega, assim, aos 85 galardões neste concurso, adianta a empresa, em comunicado.

Por fim, a Água de Luso, água mineral natural, recebeu uma grande medalha de ouro.

No ano em que comemora 160 anos de história, a Água de Luso, volta a receber o mesmo prémio conquistado nos últimos dois anos.
Título: Re: Artigos/Historia de Empresas/industrias Portuguesas
Enviado por: Malagueta em Abril 27, 2012, 09:30:47 am
Vista Alegre - Um tímido renascer


Comprada pela Visabeira em 2009, a empresa centenária está aos poucos a recuperar.

Pela primeira vez em nove anos, conseguiu ter lucros no ano passado.

Com a crise em Portugal e Espanha, aposta no Brasil para dar a volta aos resultados.


Consulte o artigo.


http://www.portugalglobal.pt/PT/Portuga ... 260412.pdf (http://www.portugalglobal.pt/PT/PortugalNews/RevistaImprensaNacional/Empresas/Documents/VistaAlegre_publico260412.pdf)
Título: Re: Artigos/Historia de Empresas/industrias Portuguesas
Enviado por: Malagueta em Junho 19, 2012, 09:50:34 am
A célebre pasta dentífrica "Couto", que marcou a vida de muitos portugueses, comemora, por esta altura, 80 anos de existência. Há oito décadas que a marca nasceu, o produto nunca parou de ter sucesso em Portugal e até no estrangeiro e sabe-se agora que vai continuar a ser vendido, pelo menos, até 2017.
 
Em entrevista à Lusa, o principal acionista da empresa "Couto", contou que há atualmente duas marcas - uma da área da cosmética e outra da farmacêutica - interessadas em adquirir a "Pasta Dentífrica Couto" e aumentar o volume de negócios.
 
"Os dois pretendentes com quem falei são pessoas que rigorosamente querem aumentar mais as vendas da Pasta Couto. Estou convencido de que vai durar muito mais anos para além de mim", revelou Alberto Gomes da Silva, de 74 anos, sobrinho do fundador da marca.
 
A presença deste dentífrico português continua a fazer-se sentir entre muitas famílias nacionais, mas há também quem, além-fronteiras, se interesse pelo produto, que nasceu para lavar os dentes e desempenhou, também, um papel importante no combate aos malefícios da sífilis, que afeta a arcada dentária e as gengivas.

10% da produção segue para o estrangeiro
 
Das 500 mil bisnagas produzidas anualmente a partir de uma antiga farmácia de Vila Nova de Gaia, no Porto, há 10% que segue para exportação, sendo Itália e EUA os principais destinos internacionais desta pasta de dentes.
 
 A marca é também promovida junto de clientes estrangeiros em vários hotéis de luxo nacionais, como o da Quinta do Lago, no Algarve, ou o Hotel da Lapa, em Lisboa, que oferecem exemplares do dentífrico aos hóspedes.
 
Em Portugal, a pasta de dentes é vendida nas farmácias, em drogarias, supermercados, lojas exclusivas de produtos nacionais e até lojas de chineses, contou à Lusa Alberto Gomes Silva, que acredita na "qualidade" da "Couto".
 
Depois de, a certa altura, a empresa ter sido obrigada "a parar o fabrico da pasta durante seis meses" por ordem do Infarmed (Autoridade Nacional de Medicamento e Produtos de Saúde") devida a regras da União Europeia, a "Pasta Couto" está novamente num bom caminho.
 
Elaborada com 15 ingredientes, entre os quais a água, a glicerina, o sódio, o cálcio, o eugenol, a hortelã-pimenta e o cloreto de potássio, a pasta pode ser utilizada por todos, exceto pelas crianças, explicou Alberto Gomes da Silva.

Atualmente, estão à venda bisnagas de 60 e 120 gramas (apenas em Itália), havendo também amostras gratuitas de apenas 25 gramas.
Título: Re: Artigos/Historia de Empresas/industrias Portuguesas
Enviado por: Malagueta em Novembro 21, 2012, 09:53:48 am
Conservas portuguesas de peixe lançam a rede mais longe


A indústria conserveira portuguesa de peixe, com mais de 150 anos, continua a reinventar-se. Exportadora desde os primórdios, prossegue, ao seu ritmo, a rota de entrada em novos mercados e nichos. Hoje, e apesar de lidar com a escassez da principal matéria-prima, a sardinha, navega para novas águas: os seus produtos assumem-se cada vez mais como uma opção "trendy".
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A indústria conserveira de peixe em Portugal já foi o sustento de muitas famílias. Outrora com mais de 150 unidades a laborar em pleno, hoje restam apenas 19, de onde saíram 55 mil toneladas de conservas em 2011, de acordo com a Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe - ANICP. O setor "atravessou muitas vicissitudes ao longo dos anos, tendo estabilizado desde há mais de uma década", declarou ao OJE Castro e Melo, secretário-geral da associação (ver caixa "À tona"). Na maioria pequenas e médias empresas (PME), as conserveiras empregam "cerca de 3500 trabalhadores diretos e outros indiretos", acrescenta o responsável, adiantando que "85% da mão de obra direta é feminina".
 
Quanto à distribuição pelo território nacional e o diferente peso das zonas geográficas na indústria, Castro e Melo considera difícil quantificar, referindo que, "se for pelo número de empresas, o maior centro é Matosinhos", que reúne quatro. "Se for pelo valor de faturação, provavelmente será Peniche", onde se encontram a ESIP - European Seafood Investments Portugal (ver caixa "Na frente do cardume") e a Ramirez.

As unidades resistentes têm tentado acompanhar as preferências dos consumidores e a maioria apostou na modernização. Mas todas perceberam, desde que começaram a laborar, que tinham de exportar para sobreviver. O secretário-geral da ANICP afiança que "as empresas são financeiramente sólidas, ou pelo menos têm sido até agora, conseguindo afirmar-se num mercado globalizado, onde a concorrência é muito feroz". Acrescenta que "talvez tenha pesado o facto de este setor exportar há mais de 150 anos, conhecendo muito bem os mercados para onde exporta". Aliás, o défice da balança comercial em produtos de pesca manteve-se relativamente estável nos últimos anos, graças ao desempenho das conservas, sobretudo em termos de sardinha e de atum. Castro e Melo frisa que se trata do "único subsetor no setor dos produtos da pesca com saldo positivo na balança comercial desde sempre".
Título: Re: Artigos/Historia de Empresas/industrias Portuguesas
Enviado por: Malagueta em Novembro 28, 2012, 01:37:22 pm
'Made in Portugal'
Máquinas e roupa de 'fitness' feitas em Portugal já são exportadas


O mercado está em crise, mas empresas portuguesas como a Miralago e a Botton continuam a crescer e começaram a exportar os seus produtos para ginásios.
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Bicicletas em França, corsários de ginástica em Angola, T-shirts e calções em Espanha. São produtos desenhados e fabricados em Por­tugal para a indústria do exercício físico, em que há poucas referên­cias nacionais.

 

A Miralago é mesmo a única fa­bricante portuguesa de máquinas de fitness e já começou a exportar bicicletas para França. O respon­sável comercial da empresa de Águeda, Jorge Lacerda, revela que há pelo menos 4000 bicicletas da Miralago em França. Fazem parte de um novo negócio descoberto pela empresa: um sistema de bici­cletas públicas encomendado pela Inframoura, a entidade que gere os espaços urbanos em Vilamoura. Este sistema foi instalado na cidade em julho de 2012, com 32 estações e 150 bicicletas, com um design especial para serem co­nectadas e alugadas. A ideia é que sirvam de transporte até outra estação, usando um cartão pré-pago. Nuno Rodrigues, comercial da empresa, revela ao DN/DinheiroVivo que o negócio para a insta­lação do sistema em Viseu está "praticamente fechado" e há hipó­tese de chegarem a Sintra e Lisboa.

 

A Miralago, que emprega 90 pes­soas na fábrica emÁgueda, esteve presente na Convenção Manz Fitness em Aveiro, durante o últi­mo fim de semana. Além das "bi­cicletas públicas", outra aposta da marca são as Água Sprint, bicicle­tas integralmente feitas de inox para estarem dentro das piscinas dos ginásios. É um cruzamento entre as aulas de bicicleta e as au­las dentro de água. "Todo o software e Hardware é desenhado por nós", adianta Jorge Lacerda. A ideia é agora conquistar terreno em pis­cinas municipais.

 

A diversificação é importante porque o mercado já viu melhores dias e há uma grande pressão sobre os preços. "Não se mexe na ta­bela há quatro anos", diz Jorge La­cerda. Mas como a Miralago de­tém 95% da Órbita, especializada em bicicletas, o grupo tem conse­guido gerir as flutuações de cada mercado. Por outro lado, o interes­se em mercados internacionais tem crescido, o que permite à Mi­ralago continuar a fabricar, enquando outras concorrentes na­cionais faliram. A Botton é outro caso especial  

num mercado em que a Susana Gateira é a mais conhecida. Foi a primeira marca de roupa despor­tiva a surgir em Portugal, em 1992, e está a fugir à crise com vendas in­ternacionais e maior visibilidade online. Hélder Cruz, filho dos do­nos da empresa, revela que a subi­da é de perto de 10% em 2012.

 

"Houve um interesse crescente de clientes portugueses, que por diversos motivos emigraram e nos compram roupa para revenda, principalmente em Espanha e An­gola", indica o responsável. A Botton tem um representante externo em Espanha e os restantes são "re­vendedores que adquirem os arti­gos da mesma fornia como se es­tivessem em Portugal, nomeada­mente em Angola, Itália e França". Há também prospeção de merca­do no Reino Unido.

 

Por enquanto, a produção é fei­ta em Vila do Conde. "Mas se con­tinuarmos a crescer assim, vamos ter de encomendar produção fo­ra", garante. Para o próximo ano, a empresa pretende aumentar o nú­mero de lojas físicas em Portugal. Tem uma no Ginásio Academia de Artes e outra no Complexo do Flu­vial, ambas no Porto. A ideia é abrir uma terceira loja num centro comercial do Norte e fazer a pri­meira incursão em Lisboa. Entre­tanto, a loja online é uma aposta.

 

CONVENÇÃO

Empresas inovam para superar a crise

Com as convenções de fitness na Europa a sofrerem reduções em resultado da crise, a 19." edição do encon­tro em Aveiro até superou os números do ano passado. André Manz, fundador da empresa de formação em fltness Manz, revela que fez trabalho extra para atrair os 3000 participantes. A feira in­tegrada na convenção, onde participam dezenas de em­presas do sector, continua a ser uma das mais importan­tes do ano. Marcas de software como a Cedis e a DSFI fazem contactos, marcas de roupa como Reciff, Susana Gateira e Freddy fazem des­contos e máquinas como a ZenBio apresentam modelos.


2012-11-28 11:11
Ana Rita Guerra, Diário de Notícias .
Título: Re: Artigos/Historia de Empresas/industrias Portuguesas
Enviado por: miguelbud em Fevereiro 01, 2013, 05:32:19 pm
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Manteiga Marinhas: O requinte da tradição artesanal

Graças ao seu sabor único foi considerada uma das melhores manteigas artesanais do mundo pela revista britânica Wallpaper. Embrulhada no tradicional papel vegetal, a manteiga Marinhas é produzida por uma pequena fábrica em Esposende. Um produto 'gourmet' que chega ao mercado a preços acessíveis.

Esta manteiga requintada, sem corantes nem conservantes, é confecionada a partir das natas provenientes da produção do queijo Marinhas – produto mais vendido pela empresa e que assegura a sustentabilidade da mesma. Mas o que a destaca definitivamente das 'outras' manteigas, é o facto de ser produzida através do método artesanal.
 
Berta Castilho, sócia-gerente da empresa, herdou do pai o património Laticínios Marinhas criado em 1954 pelo seu avô. A responsável explicou ao Boas Notícias que decidiu preservar os métodos de produção utilizados desde sempre na empresa, garantindo um cunho familiar e tradicional, ainda que salvaguardando sempre a segurança alimentar.
 
“Para nós, a segurança alimentar passa por garantirmos, através de um sistema implementado, testado, verificado e certificado, o controlo dos nossos produtos, desde a matéria-prima à mesa do consumidor, ou seja, do prado ao prato”, explica.

Lojas 'gourmet' e hotéis de luxo
 
Tão ou mais importante do que o reconhecimento alcançado através do artigo publicado, no Verão de 2008, na revista Wallpaper, é o valor dado à marca em território nacional: a manteiga Marinhas está presente na mesa de hotéis de luxo nacionais (como o Vintage, em Pinhão) assim como em lojas 'gourmet'. Apesar da qualidade e da produção manual, a manteiga Marinhas está também presente nas grandes superfícies e o seu preço de venda é acessível: uma manteiga de 125gr custa cerca de 1.35 euros.

Image and video hosting by TinyPicUm caso de sucesso que, segundo Berta Castilho, resulta “da dedicação e do cuidado que a empresa põe naquilo que produz”. Para além da divulgação da marca Laticínios Marinhas, Berta acredita que a expansão dos produtos no mercado nacional é um elemento determinante para promover o concelho e apresentar ao país o que se faz de melhor em Esposende.
 
“Os produtos fabricados contribuem para a divulgação dos pontos de interesse do concelho, pois os artigos ao apresentarem nos seus rótulos os moinhos da Abelheira, a ponte de Fão e as vacas a pastar no rio, o paredão e a barra do rio Cávado promovem o município”, realça a sócia-gerente.

Mais qualidade, menos quantidade

A procura interna é tanta que, por vezes, há falta do produto nos estabelecimentos comerciais, até porque a pequena dimensão da Marinhas - que emprega atualmente 27 pessoas - não permite um aumento drástico da produção. E, por enquanto, não existem planos para expandir a venda desta manteiga para o estrangeiro já que a Marinhas prefere assegurar a qualidade, evitando a produção em massa.

A par da manteiga, o consumidor pode degustar outros produtos que a fábrica produz também de forma artesanal, como o queijo Marinhas magro, o queijo Cávado (flamengo), o queijo amanteigado e o queijo fundido. Esta gama de artigos completa a oferta desta empresa que aposta na história para marcar a diferença no mercado.
Título: Re: Artigos/Historia de Empresas/industrias Portuguesas
Enviado por: P44 em Fevereiro 06, 2013, 10:45:26 am
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Deslocalização
Fábrica da Steiff em Oleiros fecha hoje

Económico  
06/02/13 09:09


A Steiff, empresa alemã responsável pelo fabrico dos primeiros ursos de peluche do mundo, fecha hoje a fábrica que tem em Oleiros.

Os 103 trabalhadores da fábrica que abriu há 22 anos trabalharam ontem pelo último dia. A empresa vai deslocalizar a produção, sendo a Tunísia a próxima paragem.

A decisão de encerramento já era conhecida, depois de meses de negociações e reuniões com o Ministério da Economia e o IAPMEI, e é hoje concretizada.

http://economico.sapo.pt/noticias/fabri ... 62032.html (http://economico.sapo.pt/noticias/fabrica-da-steiff-em-oleiros-fecha-hoje_162032.html)
Título: Re: Artigos/Historia de Empresas/industrias Portuguesas
Enviado por: P44 em Fevereiro 18, 2013, 12:06:41 pm
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Coca Cola concentra actividades em Espanha, põe em risco as de Portugal

Leonor Elias 17 Fev, 2013, 20:40 / atualizado em 17 Fev, 2013, 21:53
Está em risco a operação da Coca Cola em Portugal. Não se conhecem para já pormenores. Sabe-se que a marca norte-americana decidiu concentrar em Madrid o negócio do engarrafamento. A reestruturação vai atingir a portuguesa Refrige, responsável pela produção, engarrafamento e distribuição dos produtos da marca norte-americana em Portugal. A Comissão da Concorrência espanhola já autorizou o negócio.

http://www.rtp.pt/noticias/index.php?ar ... &visual=61 (http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=628715&tm=6&layout=122&visual=61)
Título: Re: Artigos/Historia de Empresas/industrias Portuguesas
Enviado por: miguelbud em Julho 04, 2013, 09:13:00 pm
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Uma multinacional nascida em Portugal e que tem sabor a fruta

Milhares de iogurtes e de gelados consumidos em Portugal, Espanha, França, Norte de África e África do Sul têm o sabor dos preparados de fruta feitos pela Frulact, que é hoje uma das cinco principais empresas europeias do sector

João Miranda | As experiências nas empresas deram-lhe a certeza de que poderia fazer mais e melhor e reforçaram a sua vontade de empreender.

Foi uma ideia que surgiu na cabeça de um pai que tinha um filho que queria ser empresário. A Frulact nasceu para fazer o preparado de fruta que num iogurte representa, em média, entre 8 e 12% do preço de venda ao público. Esta fatia multiplicou-se em copos e copos de iogurte até chegar a vendas superiores a 100 milhões de euros, dos quais menos de 4% no mercado interno português.

Esta multinacional de "bolso" portuguesa tem sete fábricas distribuídas por Portugal (3), França, Argélia, Marrocos e África do Sul. É uma história de esforço, resistência, inovação, vontade e a glória de ser a primeira empresa a receber o Prémio Excellens Oeconomia, promovido pela PwC e pelo Negócios. Uma história que merece ser contada em vários capítulos.

Das experiências noutras empresas a empreendedor
ActualmentChief Executive Officer (CEO) da Frulact, João Miranda ainda estudava quando começou a trabalhar. Primeiro na gestão de stocks de uma oficina de tractores. Depois, na parte administrativa de uma estamparia. Estas experiências nas empresas deram-lhe a certeza de que poderia fazer mais e melhor e reforçaram a sua vontade de empreender.

O pai, Arménio Miranda, de tanto o ouvir manifestar a vontade de ter o seu próprio negócio, propôs-lhe, certo dia, montar uma empresa que fizesse o caramelo e o doce de chila que a Longa Vida colocava nos iogurtes. "O meu pai foi e continua a ser reconhecido como um técnico brilhante. Foi ele quem pela primeira vez em Portugal desenvolveu e lançou na Longa Vida os iogurtes com fruta, nomeadamente o de chila, bem como, muitos outros produtos inovadores no seu tempo", lembra João Miranda.

João contava ainda com o irmão, Francisco, que "é seguramente um dos mais reputados técnicos na produção de queijo, tendo-se formado em França". Se a ideia era boa e o apoio técnico tinha excelência, a vontade de João Miranda movia montanhas.

O caminho poderia não ser fácil, mas o cliente ficava perto. Moravam em Lavra, onde se situava a fábrica de iogurtes e a família Miranda propôs à Longa Vida que deixassem "de fazer estes dois produtos na sua fábrica, para passarem a comprar a um fornecedor externo, neste caso, à Frulact". Como a empresa de iogurtes - então ainda com capitais portugueses e que só nos anos 90 foi vendida à Nestlé - aceitou a proposta, começou a vida infernal de João Miranda. Mas quem corre por gosto muitas vezes alcança.

Um projecto que começou no fundo do quintal
Em 1987, tinha João Miranda 22 anos, e no fundo do quintal da moradia onde estavam os patos, as galinhas e os cães de caça do pai nasceu a Frulact, que mais não era do que um alambique, barricas e alguma mão-de-obra ocasional, para transformar cerca de 350 toneladas de chila por ano e a produção de caramelo.

Frequentava o 2.º ano de Gestão, no ensino nocturno do I.T.F.I. - Instituto Técnico de Formação e Investigação, quando, "algures em Novembro", situa a memória de João Miranda, entrou na sala para fazer um exame de uma cadeira de Direito. "Estava completamente esgotado, pois estava em plena campanha de chila… De Setembro até final de Novembro processávamos, numa instalação arrendada a um familiar em Barcelos, cerca de 300 toneladas de chila. O dia começava para mim às 4h00 e acabava cerca da meia-noite".

Sentou-se, olhou para o teste, levantou-se e devolveu o teste ao professor, Luís Freire de Andrade, explicando-lhe que não estava "em condições físicas nem psicológicas para fazer o teste", o que quase deixou o professor em estado de choque. Este episódio fê-lo abandonar os estudos, mas não deixou de ir à escola pedir desculpa ao professor e convidá-lo a visitar a Frulact, então uma microempresa desconhecida.

Pouco tempo depois convenceu-o a dar "assessoria jurídica" na área laboral. Mais tarde, como recorda, pediu a Luís Freire de Andrade que lhe indicasse uma pessoa com competências na área financeira, economia, fiscalidade, contabilidade, estratégia, etc. e assim surgiu na Frulact, Nuno Osório, hoje vice-presidente deste grupo empresarial.

As novas fábricas em Portugal
Em 1992, iniciou-se o ciclo industrial moderno da Frulact, abandonando as incipientes instalações na Lavra quando decidiram arriscar a construção de uma fábrica moderna na zona industrial da Maia. Nessa altura só conseguiram o apoio e o crédito do então BNU para chegar aos cerca de 3 milhões de euros de investimento e uma capacidade para 4 mil toneladas/ano. O sonho já era então ibérico e em 1993 a Frulact já tinha morada nova.

Se o negócio da Frulact é a fruta, e o pêssego um dos mais apreciados nos preparados de frutos para produtos lácteos, surgiu uma oportunidade para a compra da desactivada unidade de transformação de fruta da Cooperativa de Fruticultores da Cova da Beira, em Ferro, um dos santuários da fruta, nomeadamente da cereja e de pêssego, em Portugal. Investiu na modernização industrial, mas não conseguiu uma ligação forte com os agricultores da região.

Como refere João Miranda os produtores nacionais de cereja, pêssego e morango, entre outros, preferem os negócios imediatos e de curto prazo e vêem a indústria "escoamento de fruta de menor qualidade". A fábrica em Ferro é hoje utilizada para a recepção e primeira preparação (lavagem, corte, descasque e descaroçar).

Em 2006, começou a funcionar a unidade de industrial de Tortosendo, onde investiram 15 milhões de euros e que João Miranda considera uma das melhores fábricas do género na Europa, e que lhes permitiu entrar em força no mercado francês.

Internacionalização começou com dois fiascos
Em 1995, os mercados do Norte de África mostravam apetite pelos produtos da Frulact. Como os direitos aduaneiros tornavam os preços proibitivos, a empresa decidiu instalar-se em Kenitra, a 60 quilómetros de Rabat, numa joint-venture com parceiros marroquinos. Mas as variáveis interculturais e a cultura do negócio ditaram o fim da experiência. Falharam em Marrocos, e em 2000, seguiu-se nova tentativa.

Optaram pela Tunísia com a intenção estratégica de ser a plataforma de fornecimento da indústria de lacticínios do Médio Oriente. Aliaram-se a um grupo local que tinha como "core business" as cablagens de automóveis e construíram uma fábrica em Nabeul, próxima de Túnis. Tudo parecia correr no melhor dos mundos, mas quando se chegou ao equilíbrio do capital a operação que estava a superar todas as previsões entrou em colapso.

Agora, à distância, e com um passado recente de grande sucesso na internacionalização, João é sentencioso: "Falhar não é desejável, mas só falha quem arrisca. O importante é que o risco seja dimensionado e controlado".

Sucesso acabou por apareceu em novos mercados
Em 2006, comprou uma unidade fabril em Vichy (França) ao GBP (Granger Bouguet Pau), por cinco milhões de euros. Em 2007, regressou a Marrocos com uma nova unidade industrial em Larache detida a 100% num investimento de 4 milhões euros.

No ano seguinte estendeu os seus interesses a Argélia e implantou uma unidade industrial em Akbou, em que os argelinos têm 49%. Investiu 3 milhões de euros e tem uma capacidade de produção de 5 mil toneladas/ano.

Em Julho de 2009, a Frulact reforçou a sua presença no mercado francês com a compra da unidade GR6, em Apt, no Sudeste da França, e para a qual a Frulact concentrou a produção industrial, desactivando a fábrica de Vichy, o que deu origem a alguns conflitos sociais. Para João Miranda "em França fechar uma fábrica nunca é um processo fácil… A verdade é que a decisão tomada da concentração das duas fábricas numa só revelou-se inequivocamente como a mais acertada".

Em 2011, aliou-se ao grupo sul-africano Blendtonel para uma operação industrial de preparados de frutas para produtos lácteos em Pretória, tendo em Julho de 2012 iniciado a produção e tem uma capacidade para 16 mil toneladas/ano. João Miranda acredita que em dois anos possa chegar à liderança mesmo que na compita esteja o líder mundial do sector, que até fez uma nova fábrica.

Os planos não ficam por aqui, mas João Miranda quer dar passos seguros e consolidar os investimentos feitos, por isso "os mercados da América do Sul e da América do Norte estão em estudo há mais de um ano, pelo que, dentro em breve, se tudo evoluir como previsto, provavelmente marcaremos presença em mais um continente".
http://www.jornaldenegocios.pt/empresas ... fruta.html (http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/premio_excellens_oeconomia/detalhe/uma_multinacional_nascida_em_portugal_e_que_tem_sabor_a_fruta.html)
Título: Re: Artigos/Historia de Empresas/industrias Portuguesas
Enviado por: miguelbud em Outubro 25, 2013, 09:08:58 pm
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A quinta de luxo no Dão que seduz reis e milionários
 A Quinta de Lemos, na região do Dão, é o quartel-general do grupo Abyss & Habidecor. Fundada por Celso de Lemos, recebe clientes de todo o lado. É ali que mostra as melhores toalhas do mundo e um vinho de excelência.

Barack Obama, Putin, Ronaldo e membros da realeza já experimentaram os tecidos de algodão, linho e cachemira produzidos nas duas fábricas portuguesas - uma em Tondela e outra em Mundão - de Celso de Lemos, o fundador da Quinta de Lemos, em Viseu. Ali, entre as Serras da Estrela e do Caramulo, em pleno Dão, escondem-se outros tesouros: um vinho que ambiciona ser o melhor do mundo, três suites luxuosas e um heliporto para receber clientes famosos.

A quinta é o melhor cartão-de-visita para mostrar o que de bom ali se faz. As toalhas conquistaram fama e até o prestigiado Wall Street Journal descreveu-as como as melhores do mundo. Aliás, os artigos da Abyss & Habidecor, marca do grupo da família Lemos, são famosos em todo o mundo. No Harrods, em Londres, ou no Bloomingdale's, em Nova Iorque, podem encontrar-se lençóis de cama, robes e tapetes de casa de banho com selo português. Os hotéis de luxo Burj Al Arab, no Dubai, ou o Grand Hyatt, em Hong Kong, também foram seduzidos pela marca. Pierre de Lemos - filho do empresário português - diz mesmo que a Abyss & Habidecor "é a Hermès da casa de banho".

Mas para atingir esta notoriedade foi preciso desbravar caminho.

Um regresso às origens
Celso de Lemos é o nome do empreendedor. Nasceu em Viseu, filho de um maquinista e de uma vendedora de artigos têxteis no mercado local, e partilhou a sua infância e juventude com mais seis irmãos. Conta Pierre de Lemos que o seu avô "faleceu muito jovem" e foi a avó Georgina que educou "no rigor" os sete filhos. Fê-los industriais, arquitectos e professores e "deu-lhes os princípios da vida, que ainda hoje perduram".

"A minha avó dizia que para receber é preciso dar, dar muito. E nos negócios o que conta é o ser humano, é criar uma relação", recorda Pierre de Lemos. O pai, que em Viseu "não era o primeiro da classe", na juventude jogou no Sporting e, por essa altura, teve que definir o seu rumo. Conseguiu ‘escapar' à tropa e a mãe aconselhou-o a ir para a Bélgica, onde tirou o curso de engenharia química e iniciou-se no comércio de artigos têxteis produzidos nas grandes fábricas do Norte de Portugal. Tinha cerca de 30 anos quando percebeu que havia um nicho de mercado que podia ser explorado: a alta qualidade. Pôs os pés a caminho de Viseu, porque Portugal está-lhe na alma, e fundou numa cave a Abyss & Habidecor. No início contava apenas com Isabela - que só recentemente se reformou - e Aníbal como trabalhadores. A empresa foi crescendo, sempre com o objectivo de produzir qualidade e não quantidade.

O segredo da qualidade? "É tudo feito à mão, com as melhores matérias-primas, algodão do Egipto - não é qualquer algodão, é o Giza 70, um dos melhores do mundo - cachemira da Mongólia, seda da Ásia e linho - e não queremos ir por outro caminho". São as 200 pessoas que actualmente emprega o grupo, que trabalham o artigo desde o fio até à entrega ao cliente final. Pierre Lemos destaca ainda que uma das características das unidades é a flexibilidade.

"Fazemos todos os artigos à medida que o cliente quiser e personalizamos o produto ao máximo, desde a cor até protecções contra frio ou calor extremo", salienta.

Pierre garante que o "grupo é autónomo, os investimentos são feitos com capital próprio, tem um chefe e uma equipa" e "nunca despediram ninguém". A Abyss & Habidecor exporta 85% da sua produção e é nos Estados Unidos que tem o seu principal mercado (vale 30%). Mas é possível que em breve Inglaterra dispute essa primazia. A Abyss tem desde Abril um espaço de 35 metros quadrados no Harrod's e "já ocupa o primeiro lugar nas vendas de artigos de casa de banho. É a primeira marca a ultrapassar as outras em tão pouco tempo", diz com orgulho. A Abyss teve que esperar para conseguir um bom espaço no Harrods, mas o sucesso bateu logo à porta pois a "marca é conhecida em todo o mundo".

Certo é que para além de equipar suites de hotéis de luxo, os produtos da Abyss estão à venda em 25 lojas dentro dos melhores ‘department stores' do mundo. Para além do já citados Harrods e Bloomingdale´s, a Abyss & Habidecor marca presença no ABC de Nova Iorque, no Harvey Nichols do Dubai ou no Lane Crawford de Hong Kong. Espanha, Itália, Bélgica ou França são outros dos destinos dos têxteis. Em Portugal, os artigos podem ser encontrados no El Corte Inglés ou no espaço Paris, em Lisboa.

Para o futuro, a empresa definiu um objectivo: reduzir dos actuais 1500 clientes para 500. "Queremos facturar mais com menos clientes, queremos melhores clientes, melhorar ainda mais a relação com os clientes", diz Pierre.

HELIPORTO PARA OS CLIENTES
Com o negócio dos têxteis em velocidade cruzeiro, Celso de Lemos quis também homenagear o pai, que sempre esteve apreciou muito o cultivo da terra. O empresário decidiu comprar uma propriedade de cinco hectares em Passos de Silgueiros, no Dão, circunscrita pelas serras da Estrela, Caramulo, Buçaco e Nave. A Quinta de Lemos foi crescendo lentamente, ano após ano, e hoje são 50 hectares com 25 de vinha, três mil pés de olival, cinco colmeias e uma horta.

As primeiras garrafas de vinho tinto Quinta de Lemos saíram para o mercado em 2008, após um período de cinco anos de envelhecimento. Como explica o enólogo Hugo Chavez, a quinta tem uma capacidade de produção de 500 mil garrafas anuais, "mas só produzimos 100 mil, na vindima 75% das uvas são atiradas à terra". "Nós queremos ser dos melhores . O objectivo é a qualidade e mais dia, menos dia vai dar resultado", garante. Os vinhos Quinta de Lemos já receberam variadíssimas distinções, ainda este ano no ‘International Wine Challenge' - concurso de prestígio internacional - o vinho Dona Georgina 2005 foi distinguido com a ‘Gold Medal, Portuguese Red Trophy e Dão Trophy' e com o prémio James Rogers Trophy 2013, tendo ficado nomeado com um dos cinco melhores vinhos do mundo. Na Quinta de Lemos são produzidas sete referências de vinhos, com destaque para os tintos. Contudo, e porque a tendência mundial exige, também fazem brancos e pensam plantar brevemente mais dois hectares de uva branca. O primeiro branco irá para o mercado em 2014.

"É um trabalho de formiga", diz Pierre de Lemos. A Quinta de Lemos quer vender essencialmente em garrafeiras e restaurantes, onde seja possível explicar ao consumidor o vinho, as castas e como o acompanhar. Os vinhos estão à venda em Portugal, Bélgica, Suíça, Áustria, Inglaterra. "Nós produzimos 100 mil garrafas e queremos partilhá-las com 20 países, cinco mil em cada país", confidencia.

Como é desígnio de Celso de Lemos, a Quinta de Lemos é um instrumento para "promover o Dão, promover Portugal, toda a gente conhece Bordéus, Champagne, mas pouca gente conhece o Dão. Isto é um investimento que só vai beneficiar a futura geração", salienta Pierre de Lemos.

E quanto já gastaram? O investimento na propriedade não é revelado, mas Pierre de Lemos admite que foram bem mais de 10 milhões de euros. Ainda agora, finalizaram um novo projecto na quinta, um edifício no cimo de uma colina e encostado à pedra granítica típica da região. O empreendimento alberga um restaurante - sob o comando do chef Daniel Rocha - que abrirá ao público, sujeito a reserva, no início do ano, três luxuosos quartos onde imperam esculturas de Paulo Neves, um ‘show room' dos têxteis da Abyss e em breve uma garrafeira. E a pensar nos clientes internacionais que vêm fazer negócios com a empresa têxtil construíram um heliporto.

Até porque a Quinta de Lemos "é uma carta de visita", "é para partilhar com os amigos, com os clientes ligados ao têxtil e ao vinho, para trabalhar e descansar em Portugal e ficar com uma boa memória do País, é esse o objectivo", adianta. Ainda há duas semanas lá estiveram agentes do Harrods e uma delegação dos Estados Unidos.

Com 65 anos, Celso de Lemos, o mentor de todos estes projectos, continua em grande actividade, sempre dentro do avião a dar seguimento aos negócios. Os seus três filhos têm também já papéis relevantes no grupo e já asseguraram a terceira geração. São nove pequenos que vão ver o Dão crescer no mundo.
http://economico.sapo.pt/noticias/a-qui ... 80212.html (http://economico.sapo.pt/noticias/a-quinta-de-luxo-no-dao-que-seduz-reis-e-milionarios_180212.html)
Título: Re: Artigos/Historia de Empresas/industrias Portuguesas
Enviado por: Malagueta em Janeiro 20, 2015, 04:23:38 pm
Alba


sua cabeça e mãos, nasceram os tradicionais bancos de jardim que estão espalhados por todo o país — que hoje têm 80 anos —, colunas de iluminação em ferro fundido, panelas de três pernas, ferros de engomar a carvão, fogões a lenha, louça de alumínio, caixas de correio, postos de incêndio, contadores de água, tampas de saneamento. Peças domésticas e objectos de mobiliário com o símbolo Alba cravado que saíam de Albergaria-a-Velha para todo o país e não só — as antigas colónias ultramarinas, os Estados Unidos, Espanha, França e Itália também faziam parte da carteira de clientes da empresa.

Naquela fábrica de 41 mil metros quadrados (18 mil de área coberta) onde chegaram a trabalhar 700 operários em simultâneo, fez-se história. No início da década de 1950, saía dali o único carro de competição genuinamente português. Por dentro e por fora. Do motor à carroçaria.


 
Augusto Martins Pereira, fundador da Alba

Martins Pereira, fundador da metalúrgica Alba, instalada em Albergaria-a-Velha em 1921, colocou a empresa nas páginas da história industrial portuguesa com uma visão inovadora para a época. A sua curta passagem por Boston e o curso de fundição que aí frequentou tiveram repercussões no meio empresarial português. O empresário não facilitava na hora de defender as suas ideias e lançava mãos à obra sempre que achava que era o momento certo para anunciar o que a sua fundição andava a produzir. Em Janeiro de 1929, Martins Pereira escolhia o Grémio Recreativo Albergariense, frequentado por muitas famílias da região, para partilhar uma das suas últimas invenções. A sua “cozinha moderna” foi um êxito. Um fogão em ferro fundido de três bicos, portátil, não muito pesado, que com a chama de um simples fogareiro de pressão a petróleo permitia confeccionar três pratos em simultâneo em apenas meia hora. Pouco tempo e pouco consumo para aquela época. O seu inovador sistema de cozinha valeu-lhe um contrato de exportação para os Estados Unidos.

Nessa altura, a Alba já fabricava esmagadores para uvas, autoclismos, prensas completas para bagaço e acabava de montar uma nova secção de niquelagem para o fabrico de ferros de engomar aquecidos por uma pequena lâmpada de petróleo. Mais uma revolução na colecção de peças domésticas e que iria entrar por muitos lares portugueses.

O empresário, que foi agraciado com a comenda de Mérito Industrial e a quem Salazar tirava o chapéu pela pujança económica — chegando inclusive a dar instruções à sua equipa ministerial para que apoiasse o comendador no que fosse necessário —, não era apenas um homem de negócios. Visionário nos produtos que colocava no mercado, estava atento ao que se passava à sua volta numa época em que não havia pão em muitas mesas.

Construiu dois hospitais, um em Sever do Vouga, onde tinha nascido em 1885, outro em Albergaria-a-Velha, terra onde se instalou por razões estratégicas: proximidade à estrada nacional que ligava Porto e Lisboa, proximidade às matérias-primas, às areias de fundição, às argilas refractárias.

Sem esperar apoios de qualquer origem e dispensando trabalhadores da fundição, construiu um bairro com 50 casas de renda económica que acabaria por ser oferecido à Misericórdia, um bairro para os quadros da empresa em frente à fábrica, uma creche e jardim-de-infância, um cineteatro, uma cozinha para a sopa dos pobres em Albergaria — onde foi presidente da câmara durante a década de 1950 e provedor da Santa Casa da Misericórdia. Não se esqueceu da terra natal. Também em Sever do Vouga, construiu, para além do hospital, um lar de idosos, casas para habitação social, um refeitório. Cedia a cantina da fábrica para os casamentos das famílias mais carenciadas. Não admira por isso que Albergaria e Sever do Vouga tenham erguido bustos em sua homenagem.




A fundição de Martins Pereira chegou a ter 700 funcionários

O fundador da Alba sabia que tinha de inovar para conquistar o seu espaço, mesmo liderando uma das mais completas fundições de ferro cinzento do país. Antes de chegar a Albergaria, as suas mãos já tinham passado por várias fundições. Conhecia os seus segredos. Aos dez anos, estava em Lisboa com o pai na Companhia das Águas de Lisboa, como ajudante na fundição onde o seu tio era mestre. Passou por várias fundições de Lisboa e da Covilhã, trabalhou nas minas do Braçal e de S. Brás de Alportel. Viajou para Boston. Dois anos intensos nos Estados Unidos. Tinha então 20 anos e trabalhava em fundições de dia e tirava um curso da arte à noite. Aprendeu muito nesse tempo, adquiriu o gosto pela simetria que transparece nos desenhos feitos a lápis ou nos portões de ferro que protegem a sua casa moderna para os anos 20 do século passado, com grande piscina, extenso jardim, que mandou construir perto da Alba.

No regresso dos Estados Unidos monta uma fundição de sinos nos Açores, negócio que acabaria por vender alguns anos mais tarde. Faz novamente as malas e regressa às origens. Aos 36 anos, está em Albergaria, onde cria a Fundição Lisbonense (em 1921), alterando pouco depois o nome para Fundição Albergariense. Em 1925, envolve-se na criação da metalúrgica Oliva em São João da Madeira — outra das fundições mais importantes do país. Pedem-lhe para ficar na sociedade com exclusividade de 15 anos, mas não aceita.

Em 1929, nascia a marca Alba, um ano depois de se ter conseguido estabelecer como comerciante em nome individual. A fundição Alba estava pronta para vingar no mercado com um logótipo arredondado que terá saído das mãos do próprio empresário.

Em 1957, José António Laranjeira tinha 26 anos, estudava Engenharia Mecânica no Instituto Técnico de Lisboa e chegava à Alba como estagiário. Tinha família em Albergaria e parecia-lhe que aquela empresa poderia ser o local indicado para testar a teoria que ia absorvendo na universidade. Não se enganou e, de repente, os conceitos de eficiência e produtividade fizeram todo o sentido. Voltaria à Alba depois do curso concluído e seria, durante 12 anos, o responsável pela fundição da empresa. O empresário Martins Pereira mostrou-lhe que era preciso acompanhar todo o processo de execução de um produto, desde a ordem que saía do gabinete à entrada para a máquina.

O jovem Laranjeira ficava fascinado com a constante procura de soluções. E reparava com admiração e orgulho no trabalho social promovido pelo patrão. “Matou a fome a muita gente e proibiu a mendicidade quando foi presidente da câmara e como provedor da Misericórdia”, recorda à Revista 2.

As tabuletas com os avisos que proibiam andar de mão estendida a pedir esmolas eram feitas na fundição. “Avançava com a obra social sem garantias nenhumas de apoio oficial”, adianta. As condições dadas aos trabalhadores também lhe ficaram na memória: bom refeitório, balneário com cacifos individuais, um centro cultural e recreativo, uma banda de música, um rancho folclórico, livros para os filhos dos operários, um clube de futebol, o jornal Beira Vouga.


 
José António Laranjeira foi responsável pela fundição nelson garrido

O agora octogenário não esquece muita coisa que se passou naquela fábrica. “A Alba distinguia-se porque tinha uma concepção de ferramentas fora de série. No meu tempo usou, e terá sido a primeira em Portugal a fazê-lo, a fundição em carapaça”, recorda Laranjeira. Uma técnica avançada para a época que recorria à areia com resina, matéria-prima mais cara do que a habitual areia verde que recorrentemente era utilizada e que permitia descartar o uso das caixas de moldes e assim acelerar a produção com menos mão-de-obra.

Foi também a primeira a produzir carcaças de alumínio para motores eléctricos pelo processo de vazamento em coquilha por gravidade. A inovação, a capacidade de resposta e a qualidade da “pele” das peças de ferro fundido abriram-lhe muitas portas e a Alba passou a ser procurada por várias indústrias — papeleiras, empresas de transportes ferroviários, construção e reparação naval, motores eléctricos e motores para motociclos.

“O senhor comendador tinha uma particularidade: gostava de pensar.” Laranjeira guarda um documento escrito pelo antigo patrão com recomendações para determinados trabalhos. Martins Pereira avisava pelo próprio punho: “Recomendamos por isso a todos os nossos operários que aproveitem todo o tempo, sem fazerem esforço excessivo que lhes prejudique a saúde, e que evitem passos e operações inúteis, procurando por todos os meios simplificar a maneira de trabalhar, para que todo o aproveitamento seja maior e melhor e com o qual todos vão lucrar.” Aquelas palavras ficaram guardadas na memória e o engenheiro Laranjeira abre com elas um texto que escreveu sobre o fundador da Alba para a Revista da Fundição da Associação Portuguesa de Fundição, no terceiro trimestre de 1997. “O espírito deste homem era impressionante. Tinha ideias, escrevia, reflectia, não guardava as coisas para ele.” E todos aprendiam. Preocupava-se com a formação dos operários, ensinava a ler desenhos, pagava as despesas dos cursos industriais que os funcionários frequentavam.

A empresa prosperava, as encomendas não paravam de chegar, os bancos de jardim, que começaram a ser fabricados em 1943, eram requisitados por praticamente todas as autarquias do país, a louça de alumínio era um sucesso, as colunas de iluminação andavam a ser cobiçadas por muitos centros históricos.

Trabalho não faltava e o trabalho da fundição era duro. Artur Dias Moreira tem 75 anos e tem-nos marcado nas mãos que pareciam maiores do que o corpo quando era preciso dar vida aos moldes. Aos 14 anos, trabalhava na Alba, ajudava no que fosse preciso. Foi fundidor, chegou a encarregado de obra grande. Era o trabalhador número 528. Conhecia todos os cantos da fábrica, acompanhava a transformação da areia do mar que era enxuta num queimador, subia e descia por um depósito, entrava numa máquina, passava por um processo de mistura, saía para a moldação, e em 15 minutos era cimento. Artur sabia que ali se faziam produtos importantes. “Foi uma vida, gostei muito de trabalhar na Alba. Era a melhor fundição do país nos anos 40 e 50”, afirma.















Refeitório para as crianças carenciadas em Sever do Vouga


























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Não esquece o dia em que teve de marcar passo na tropa frente a um hotel da Figueira da Foz. “Fiquei numa alegria quando olhei e vi que o meu patrão estava lá”, conta emocionado. “Era um homem com todo o respeito, mas era preciso cuidado com a brincadeira. Passava sempre pela fundição para dar uma vista de olhos.” Tem saudades desse tempo e evita passar à porta da Alba. “Podia estar a dar o pão a ganhar a muitos operários.”

Dentro da fábrica nasciam produtos em ferro fundido. Fora da empresa, erguiam-se equipamentos sociais, culturais, desportivos.

O Cineteatro Alba é um desses exemplos. Foi inaugurado a 11 de Fevereiro de 1950 com o filme Unconquered [Invicto] com Gary Cooper no principal papel. Com toda a pompa e circunstância, e com casa cheia. Martins Pereira, como habitualmente fazia, dispensou funcionários da fábrica para que nada faltasse no edifício instalado no centro de Albergaria. Nada era deixado ao acaso. O arquitecto Júlio de Brito, que no currículo já tinha o Teatro Rivoli no Porto, foi contratado para desenhar aquele cineteatro que viria a ser considerado um dos melhores do país quando abriu portas. As condições técnicas e logísticas destacavam-se e a população da região enchia o peito de orgulho. Nesse primeiro ano, foram exibidos 73 filmes e quatro peças de teatro numa sala com 570 lugares e corredores revestidos a mármore. A cultura chegava à província, os cartazes do cineteatro confirmavam que os principais espectáculos e os filmes que circulavam pelas principais salas do país seriam exibidos em Albergaria. Por ali passariam Vasco Santana, Raul Solnado, Laura Alves, Camilo de Oliveira, Mirita Casimiro, entre outros.


 
Orlando Silva Marques trabalhou 42 anos na empresa Nelson Garrido

Orlando Silva Marques conhece o Cineteatro Alba de olhos fechados. Era contabilista na Alba e para ganhar mais uns trocos foi trabalhar para a bilheteira em 1962. Não era muito difícil a sala esgotar. Orlando lembra-se dos preços daquele tempo: “Onze escudos para o balcão lá em cima, cinco escudos para a plateia à frente e oito escudos e 50 centavos para a plateia de trás.” Às vezes, batiam-lhe à porta de casa para assegurar entradas antes que voassem, como foi o caso de Um Zero à Esquerda, de Laura Alves.

Orlando entrou na Alba com um curso técnico comercial para se candidatar à vaga aberta na contabilidade industrial. Tinha 23 anos e ali ficou 42. “Os tempos eram melhores, trabalhava-se bem.” Os tempos eram ainda os das máquinas de escrever e de muitos cálculos de puxar pela cabeça. Partilhava o escritório com mais 20 colegas. A fábrica tinha muitas encomendas e isso reflectia-se na contabilidade. “Era a empresa de maior importância na zona.”

O cineteatro está hoje nas mãos da câmara local com uma programação regular em várias áreas, da música ao teatro, da dança ao cinema — com criações próprias, serviço de babysitting, e na agenda dos próximos espectáculos a Companhia Olga Roriz a 29 de Novembro e Paulo Gonzo a 6 de Dezembro. Os traços originais da fachada não sofreram alterações, mesmo com a recente requalificação do espaço. As cadeiras da sala principal foram reaproveitadas. O cineteatro tem agora menos mármore e mais madeira. Tem uma sala de espectáculos com 500 lugares, um café-concerto separado da zona de cafetaria, um mini-auditório para 150 pessoas, uma esplanada com vista para a praça, uma sala com o nome Alba com piano de cauda à entrada, o emblema da Alba na parede e um pequeno portão de ferro desenhado pelo próprio Martins Pereira. Ainda estão em exposição o cartaz do filme exibido na inauguração e a velha máquina de projecção.

Henriqueta Pires tinha 17 anos quando entrou na Alba. Estava muito nervosa, sabia que tinha de passar pela aprovação do comendador. “Estava sentadinha a um canto para ser apresentada ao senhor Martins Pereira. Ele chegou, levantei-me e ele perguntou: ‘Esta é que é a menina do telefone?’” Ficou na metalúrgica até fazer 60 anos de vida, hoje tem 83 e mora ainda numa das 12 casas que o fundador mandou construir para os quadros da empresa — e que mais tarde seriam colocadas à venda. Parece uma casinha de bonecas, tão bem cuidada, jardim delicadamente tratado com muros feitos de arbustos aparados ao milímetro. Pertinho da fundição, a paredes meias com o terreno que circunda a casa que foi do patrão. “Era uma excelente pessoa, muito amigo dos pobres”, recorda.


 
Henriqueta Pires era "a menina do telefone" Nelson Garrido

À primeira hora da manhã, encontrava-o na empresa para comandar o barco. Henriqueta atendia chamadas de todo o lado no seu primeiro e único emprego. Repetia vezes sem conta “Alba 6” — o número de telefone atribuído à empresa, ainda apenas com um dígito. “Era um corrupio, chamadas de todo o país e até do estrangeiro, até da Guiné vieram cá uns senhores”, lembra. Teve de aprender a pronunciar nomes esquisitos de empresas internacionais, a anotar todos os recados. “Conhecia toda a gente e não conhecia ninguém.”

“A Alba foi o coração de Albergaria.” À hora de entrada e saída, a estrada tornava-se um mar de gente. No refeitório, havia uma recomendação escrita pelo patrão e que repete num fôlego: “O bom funcionário é aquele que simplifica.” As construções que surgiam por Albergaria não lhe passavam despercebidas. “O hospital tinha a melhor sala de operações do distrito de Aveiro”, garante. Não faltou à inauguração do cineteatro. E ainda hoje usa a louça de alumínio para cozinhar. Comprou-a há 64 anos. “A Alba era garantia de bom fabrico.” “E quem não tem saudades da Alba?”

O antigo electricista José de Almeida, de 82 anos, tem saudades da Alba. Entrou na empresa com 14 anos, saiu com 68. Os dias da fundição eram intensos e não havia mãos a medir. “Não davam vazão à louça de alumínio.” Lembra-se ainda da grande obra da barragem de Castelo de Bode. “A Alba fez uma torneira com 1,20 metros de diâmetro. Não havia nada que não se fizesse em ferro.”

José Almeida também ajudou para que a instalação eléctrica do cineteatro ficasse como deve ser. Foi ainda jogador e capitão do clube de futebol que a fundição criou e que montava arraiais no Campo das Laranjeiras, não muito longe da fábrica. A costela humanista da fundição alargava-se ao desporto, não para acumular vitórias, mas para promover o exercício físico e o convívio. “Tínhamos uma equipa a disputar o nacional só com futebolistas cá da terra”, recorda o ex-operário, ex-jogador, ex-capitão. José Almeida lembra o companheiro João Castanheira, colega de campo, colega de trabalho, homem de mil ofícios, que morreu recentemente. “Era sapateiro, roupeiro, jogador, treinador, lavava a roupa, e era fundidor.”


 
Artur Dias Moreira dava vida aos moldes: "Era a melhor fundição do país nos anos 40 e 50” Nelson Garrido

O Sport Clube Alba surgiu em 1941 pelas mãos da família Martins Pereira. O clube teve várias modalidades: futebol, basquetebol, hóquei em patins e foi pioneiro no futebol feminino. Os atletas que se portassem bem dentro das quatro linhas tinham direito a bilhetes para o cineteatro. Não era todos os dias que uma empresa investia no desporto. Carlos Alves, conhecido como “luvas pretas”, antigo jogador da selecção nacional e do Benfica, treinou a equipa nos anos 1960. O seu neto João Alves, internacional do Benfica e do Boavista, capitão da selecção nacional, deu os primeiros pontapés no Alba e chegou a ser presidente do clube.

Ainda hoje o símbolo redondo da metalúrgica anda ao peito dos jogadores, com o fundo amarelo e Alba a azul ou com Alba a amarelo e o fundo azul. José Pinho Almeida, filho do ex-funcionário e ex-capitão José Almeida, é hoje o presidente do clube que tem duas equipas de futebol na I Divisão Distrital de Aveiro. Movimenta cerca de 210 atletas, número que aos fins-de-semana estica para 300 com pessoal técnico e funcionários. “O Alba clube é sempre associado à empresa, nunca se separam, andam sempre juntos. O trajecto do Sport Clube Alba anda e continuará sempre agarrado à mãe”, garante o dirigente associativo. José Pinho também jogou no clube, também foi capitão, tal como seu pai. Hoje sente que está a retribuir o que o Alba lhe proporcionou a nível desportivo.

A história da Alba é um legado incontornável para uma região eternamente agradecida. O comendador Martins Pereira deu vida a uma das mais importantes metalúrgicas do país e as gerações seguintes respeitaram o seu percurso, alimentaram as obras sociais. Martins Pereira teve dois filhos, Américo e Albérico, braços direitos na fundição. Depois dos estudos no Porto, o seu neto António Augusto Pereira (filho de Américo) também entrava na empresa para dar uma mãozinha na metalúrgica. E que mãozinha. Fez história no automobilismo português.

Em Novembro de 2009, José Barros Rodrigues, apaixonado pelo desporto automóvel, empresário do mesmo ramo, publicou o livro Alba: Uma Marca Portuguesa de Automóveis [1952-1961], onde conta o percurso do único automóvel de competição 100 por cento português. António Augusto Martins Pereira criou o carro de competição Alba e conquistou várias vitórias ao seu volante. Era então sócio-gerente da empresa.

No início da década de 50, depois de lhe terem pedido 89 contos por um motor Maserati, quando ganhava quatro contos por mês, decidiu meter mãos à obra. Puxou pela cabeça e não só construiu a carroçaria de ponta a ponta como também o seu motor. Com o amigo Francisco Corte Real Pereira, piloto e mecânico, o mecânico Ângelo Costa e a ajuda de vários funcionários da Alba deu vida ao automóvel. Um avanço técnico e ambicioso para a época. A ousadia de produzir um motor de quatro cilindros em alumínio era então uma das aventuras mais notáveis do automobilismo desportivo nacional. A utilização do alumínio era uma novidade, numa altura em que o ferro fundido era rei na indústria automóvel. Na fundição Alba, percebia-se que do aço podia nascer ouro.

José Almeida lembra-se dos tempos agitados na fundição quando o “rapaz António Martins Pereira” teimou que daquela fábrica iria sair um motor genuinamente português. O electricista ajudou a fazer a instalação dos interruptores. “Trabalhávamos de noite para acabar o carro o mais rápido possível”, lembra. Foram cerca de dois anos à volta do veículo. Quando agora o automóvel lhe aparece à frente, como aconteceu no dia em que a Revista 2 esteve em Albergaria para conhecer o veículo, o rosto sorri, o coração fica alegre. Não tem palavras para descrever a sensação.

Nos anos 80, José Barros Rodrigues decidiu procurar o mentor do carro. Sabia que ele tinha o hábito de jogar cartas ao fim-de-semana num hotel em Aveiro. Encontrou-o, disse-lhe que gostaria de escrever a história do Alba. António Augusto começou por desvalorizar a iniciativa, mas acabaria por colaborar, reunir fotografias e acompanhar de lágrima no olho vários lançamentos do livro. Nesse primeiro contacto, há uma coisa que o autor da publicação guarda na memória. “Ele tirou da carteira uma foto, que estava junto à foto dos filhos, dos colaboradores da Alba que ajudaram a fazer o motor do carro. Quem anda com aquela foto junto à foto dos filhos não poderia considerar que aquela aventura tinha sido uma tolice da juventude. Era uma coisa mais importante na sua vida do que ele próprio supunha.”

A disponibilidade dos operários da fundição também é elogiada. “O facto de os funcionários da Alba disponibilizarem as suas competências para fazer o motor é algo de muito transcendente.”




O único automóvel de competição 100 por cento português

Na fundição nasceram três Albas. O primeiro pintado de amarelo pálido e o que conquistou mais vitórias para a marca (está agora em exposição no Museu do Caramulo). O segundo foi feito por encomenda do piloto Noémio Capela, que só correu uma vez no Rali Rainha Santa, em 1954. O terceiro foi construído para Corte Real Pereira e surgiu em meados de 1955, pintado de vermelho-vivo. No livro, lembram-se os três automóveis que, entre 1952 e 1961, utilizando cinco motores, foram conduzidos por nove condutores em cerca de 42 provas, num total de 48 resultados desportivos, com dez vitórias e com a conquista da I Taça Cidade do Porto em 1953 no currículo.

O Alba estreou-se na terceira edição do Circuito de Vila do Conde, em Agosto de 1952. Corte Real Pereira foi o primeiro a abandonar a corrida por problemas na viatura. Mas na quarta edição, em Setembro desse ano, vingou-se e conseguia o segundo lugar na geral, o segundo geral na classe e brilhava com a segunda volta mais rápida.

Em 1955, surgia a ditadura dos Porsche Spyder. “Os tempos estavam nitidamente a mudar. Ao contrário do que se verificava no início da década de 50, a euforia dos pequenos construtores portugueses ia diminuindo de fulgor e a Alba não era excepção a este sentimento quase generalizado. Na pista, mandavam os veículos estrangeiros melhor preparados e concebidos com outros recursos”, lê-se no livro. António Augusto Martins Pereira vira-se para os ralis. Em Agosto de 1955, mais uma vitória no I Rali do Vinho Porto. E uma semana depois, mais um primeiro lugar absoluto no II Rali A Mundial, nos arruamentos de Belém. Em Setembro desse ano, os três Albas encontravam-se na mesma prova na II Volta ao Minho. Foi a única vez que isso aconteceu. Corte Real Pereira ficava em segundo e Martins Pereira era o segundo na sua classe.








A qualidade era evidente. Em mais de metade das suas participações, os carros de competição Alba terminaram nos três primeiros classificados na respectiva classe.

António Augusto Martins Pereira não ficava apenas dentro da fábrica. Jogou no Sport Club Alba e foi presidente do clube. Fez parte de uma comissão administrativa para reorganizar os Bombeiros de Albergaria, de que viria a ser presidente. Tal como o avô, foi provedor da Misericórdia e vereador na câmara municipal e ainda presidente da assembleia municipal de Albergaria.

No documentário Alba: Uma Marca ao Serviço da Comunidade, da autoria de Delfim Bismarck, recorda o avô como uma “pessoa frontal, conhecedor da sua profissão, honesto e sério”. Acompanhou-o até ao fim, a 2 de Maio de 1960. Tinha 74 anos. A região chorou a morte de Augusto Martins Pereira, o país que conhecia a Alba lamentou a perda do empresário, a família caminhou em frente para respeitar o seu legado.

Delfim Bismarck, vice-presidente da Câmara de Albergaria-a-Velha, licenciado em História e em História de Arte, participou na pesquisa para o documentário, realizado por Fernando Falcão e Elisabete Grazina, no qual realça o que considera um exemplo de empreendedorismo. O filme, que ficou concluído em 2014 com apoio das câmaras de Albergaria e de Sever do Vouga e da família Martins Pereira, foi exibido publicamente apenas duas vezes. Na inauguração das obras de remodelação do Cineteatro Alba, em Abril de 2012, e no Cineteatro de Sever do Vouga, uma semana depois.

“Mais de 30 mil moldes da Alba fazem hoje parte da indústria portuguesa”, afirma Bismarck. “A Alba era a principal concorrente dela própria.” A qualidade e a criatividade sempre saltaram à vista. “Nos anos 30, tinha o maior número de peças patenteadas no país.” Tem presente uma espécie de slogan que demonstra bem a pujança e inovação da fundição. “A Alba albalizou o império” era o rótulo que se colava à empresa pela sua projecção além-fronteiras. “Era uma referência do século XX. Foi uma universidade”, refere. Um cartão-de-visita de uma região, uma escola para desenhadores, mecânicos, carpinteiros, fundidores.

Hoje, a metalúrgica Alba já não alimenta a região. A Alba acabaria por definhar no final da década de 90 e no início deste século fechou as portas. A maquinaria estava obsoleta, as técnicas de produção já não davam conta do recado. Foi alvo de uma venda judicial e alienada.

Mas a marca nunca deixou de existir. Continua nas mãos da família que lhe deu vida. O bisneto Pedro Martins Pereira adquiriu o catálogo dos produtos Alba, é dono da marca que aprendeu a respeitar e que agora renasce modernizada — com a colaboração do designer Francisco Providência e do arquitecto Eduardo Souto Moura — sem alienar o poder que tinha no imaginário nacional.

Pedro passava as férias na fábrica do bisavô. Ganhava 25 tostões por dia e preferia passar o tempo na carpintaria. “Fazia coisas em madeira, um material mais humano do que o aço.” Mas, quando as suas mãos moldavam o ferro, nasciam coisas como um ovo metálico para apanhar camarões. Chegou também a recuperar um barco à vela. Além da postura do bisavô, da sua costela empresarial e veia altruísta, Pedro não esquece a aventura do avô Américo e do tio-avô Albérico que no final da II Guerra Mundial entraram de carro em Londres para comprar um navio que ia para a sucata. Fernando Pessa estava na BBC e entrevistou os dois aventureiros portugueses que meteram o carro no navio e voltaram a Portugal com toneladas de sucata pelo mar.

A relação afectiva não lhe permite fechar a Alba numa gaveta. Pedro cresceu ali, foi chefe de fundição e director técnico. Comprou a casa do bisavô bem perto da antiga fundição que um dia tenciona recuperar. “O meu bisavô era muito criativo, era um visionário.”

O relançamento da empresa está a ser trabalhado de forma contínua desde 2011. Pedro, engenheiro metalúrgico, é dono da Larus, empresa de mobiliário urbano. O know-how da Larus acaba por ser imprescindível na recuperação da Alba. “Um dos aspectos mais fortes, mais interessantes, mais consistentes da marca é que tem uma imagem sustentável que não se inventa. Ou existe ou não existe. E ela tem tanta energia, tem um grande potencial de se recuperar”, refere Pedro Martins Pereira.

É isso que está a acontecer. O designer Francisco Providência redesenhou o logótipo da Alba que terá sido criado pelo próprio comendador Martins Pereira com uma fonte que inventou propositadamente. Manteve as formas arredondadas, as pernas dos “as” ficaram mais compridas na parte interior. As letras estão a amarelo. “Preservamos a sua sintaxe, as suas características, dando-lhe uma maior robustez visual, uma maior resistência à erosão.” Na sua opinião, ficou “mais legível, mais equilibrada”.

Providência acompanhou o processo de aquisição da marca Alba e está há alguns anos ligado à Larus — em 2008, a sua coluna solar de iluminação pública ganhou o primeiro prémio de design de produto da alemã Red Dot, considerado um dos mais prestigiantes prémios de design do mundo.

Para a Alba, desenhou duas salamandras. Na salamandra Remade, inspirou-se nos primitivos motores de combustão da sua juventude para apresentar um irradiador fora do comum e com uma cesta para lenha em contraplacado de faia. No calorífero R2D2, apresenta uma imagem futurista, inspirada no pequeno robô da Guerra das Estrelas.






 Nelson Garrido, Ana Almeida  

O arquitecto Souto Moura desenhou, por sua vez, um recuperador de calor que este ano ganhou também o Red Dot Design. Um recuperador com duplo deflector de fumos, vidro serigrafado, pés nivelantes em aço inox polido e com espaço ao lado para armazenar lenha.

A nova Alba não terá apenas salamandras e recuperadores de calor. Pedro Martins Pereira quer fazer renascer alguns dos produtos mais emblemáticos da metalúrgica e definiu três áreas de negócio: equipamento urbano com os icónicos bancos de jardim e as colunas de iluminação de ferro fundido; os aquecimentos domésticos a lenha; e ainda equipamentos nas áreas da água e combate a incêndios com tampas de saneamento em compósito e em postos de incêndio mais modernas.

A internacionalização da Alba está marcada para 2015 e os destinos estão estudados: os equipamentos domésticos serão vendidos no Norte e Centro da Europa. Os postos de incêndio terão passaporte para Angola e Moçambique. O mobiliário urbano será analisado caso a caso.

É assim, pelo empenho do bisneto Pedro — que também tem jeito para o desenho, que também gosta de inovar, que tão delicadamente fala da sua família —, que a Alba poderá renascer. Já ninguém espera que a empresa crie hospitais e cantinas, escolas e bairros sociais. Mas quem sabe se a Alba não voltará a entrar em casa de todos os portugueses.


 
Fundição Alba com os operários à porta em fotografia de família, nos primeiros anos de vida da fábrica

Fotos e Artigo: http://www.publico.pt/sociedade/noticia ... ia-1675210 (http://www.publico.pt/sociedade/noticia/esta-empresa-foi-um-estadoprovidencia-1675210)