Relativamente à questão do Navio de Apoio Logístico, não posso fazer grandes comentários sobre as questões que se levantam da comparação entre os meios portugueses e os meios dos espanhóis, porquanto, o orçamento de defesa da Espanha foi no ano de 2021 de €11,500 milhões de Euros, quando no mesmo ano, o orçamento português foi de €2,480 milhões, portanto, a Espanha gastou quase cinco vezes mais que nós, o que se compreende pela dimensão.
A questão não é o que se gasta, é o que não se gasta. Eles gastam isso, mas de forma consistente, o que lhes permite ter umas FA modernizadas a praticamente todos os níveis. Nós fingimos que gastamos na Defesa, misturado com truques, mais cativações, mais uma percentagem absurda com custos com pessoal, ao qual se soma a despesa da GNR, e para agravar a situação, andamos sempre atrasados em tudo, e de repente (década de 20 e 30 do séc.XXI) nós temos dezenas de programas urgentes, todos eles por resolver, porque durante anos tudo sofreu adiamentos ou cancelamentos. Os NPOs é um exemplo, de algo para estar resolvido no máximo até 2020. Com planeamento bem feito, as coisas substituem-se gradualmente (novos caças na década X, novas fragatas na década Y, novos submarinos na década Z, e por aí fora), e isto é de grande importância para os programas de grande dimensão.
O fato de os chineses priorizarem o afundamento de LPD's americanos não me parece ter grande importância no nosso caso a não ser que nos preparemos para retomar Macau.
Os chineses estão-se a borrifar para os LPDs americanos. O plano dele passa por eliminar os navios auxiliares, nomeadamente os AORs, e demais navios deste tipo, que permitam aos CSG e os respectivos navios ficar no mar durante mais tempo. Quem se importa com destruição de LPDs e outros meios de desembarque, é Taiwan, que aí sim correm risco de ser alvo de um desembarque anfíbio.
Também devo confessar que não sei o que é um XO.
Não posso fazer análises sobre conceitos, e sobre navios que não existem, ou que apenas existem em papel, sendo que não sei (e aparentemente ninguém sabe) qual será a doutrina de utilização.
É só pesquisar. Já a Marinha, pode pedir informações ao fabricante. Também podem pedir "dicas" aos dinamarqueses, que optaram por algo parecido, ao invés de um NRP Mama Recursos.
Todos os navios a certo ponto só existiram no papel, é uma não questão.
Quanto às doutrinas, qual seria a doutrina do ElPêDê na MGP? Sem ser operações civis, não o podes usar em mais lado nenhum, logo não há qualquer doutrina se o resto da Marinha não for igualmente melhorada. Bom, uma doutrina já eu sei qual é: enviar o mega logístico, e pedinchar à NATO que o protejam e abasteçam!
O Bérrio, nunca foi utilizado na função para a qual foi construido, mas independentemente disto, um seu substituto, é aparentemente essencial para termos uma marinha, que só o vai utilizar, se enviarmos uma esqudra para reconsquistar Macau.
Outra vez arroz? Então mas não tinha sido já concluído que um AOR faz muito mais do que servir de extensão do alcance dos navios? Permitindo que uma força naval ao largo de Moçambique (por exemplo) consiga lá ficar a operar durante mais tempo, sem sair da área de missão? Até na nossa própria ZEE pode ser útil, permitindo que um navio permaneça na sua área de missão durante muito mais tempo. Além de ser um navio muito mais útil para a NATO que qualquer LPD.
No entanto, nos dias de hoje, com apenas dois submarinos, numa força que chegou a incluir quatro (embora apenas durante alguns anos) temos mais capacidade que alguma vez tivemos.
2 submarinos que são unanimemente considerados poucos. O mínimo deviam ser 3. Quanto a ter mais capacidade do que antigamente, é o normal em todo o lado. A diferença, é que o termo de comparação não pode ser "o que tínhamos ontem", mas sim as ameaças de hoje, e até do amanhã. Se é verdade que a tecnologia do meio moderno X é superior ao seu antecessor, também é verdade que o nível de ameaças também é muito superior. E nós, estamos tão atrasados, que ainda estamos a pensar em ser capazes de nos defender das ameaças que havia nos anos 90 e inícios dos anos 2000, e ainda nem sequer vislumbramos as ameaças de hoje e muito menos de amanhã. Basta ver que já lá vão vários conflitos e outros "acontecimentos" onde se tem visto a real ameaça de drones, e não é por isso que nas FA se mudou alguma coisa (até se deram ao luxo de adiar o programa dos SHORAD).
Portugal está incorporado numa aliança militar defensiva, que tem por base o Atlântico.
Sim, Atlântico esse (e os arquipélagos nele inseridos) que é preciso defender, e que nós não temos capacidade de o fazer.
Os holandeses deixaram de fabricar submarinos, mas os seus navios de superfície são de topo, os suecos deixaram-se da ideia de fabricar tanques, mas a sua artilharia é de topo, os alemães não têm uma fábrica de aeronaves local, mas os seus submarinos são os convencionais mais sofisticados e os seus tanques, os melhores do mundo.
Deixar de fabricar, é bem diferente de simplesmente não ter. É natural que muitos destes países não fabriquem todo o tipo de meios, pois as quantidades a adquirir não o justificam. Até munições muitos deixaram de fabricar, quanto mais submarinos e afins, que só mantém uma linha aberta durante tempo muito limitado se não conseguirem exportar.
Exemplos que demonstram, que a Europa será mais forte se, cada um dos seus membros contribuir não com um pouco de tudo, mas com alguma coisa que de facto conte …
A Europa será mais forte, se os seus países forem fortes. Cada país depois terá exigências e necessidades diferentes em termos de meios. Um país que 90% do território é mar, deverá ter mais foco nos meios navais e aéreos. Um país que seja o inverso, poderá investir mais no seu Exército. Portugal não passa a contribuir mais para a Europa, se andar com fragatas velhas e mais o mega logístico, do que se tivesse 5 fragatas modernas 2 ou 3 delas com capacidade logística.
É só fazer uma pergunta hipotética à NATO: preferem que Roménia, Estónia, Letónia, Lituânia, Albânia, Bulgária, Croácia, etc tenham um LPD ou um Crossover? As respostas seriam óbvias, já que o segundo navio, oferece tanto capacidades logísticas, como de combate. Achar que a NATO vai preferir um meio que está 100% dependente de escoltas (escoltas essas que há em falta), é viver numa fantasia. Excepção seria, se fosse um LHD com caças embarcados, mas aí já são outros 500.
Esta ideia, choca completamente com a ideia de que Portugal necessita de um numero de fragatas e navios que não sabemos exactamente para que servem, mas que, pelo seu número, nunca vão ser navios importantes no contexto da aliança. Poderão servir para "fazer número", como as nossas gloriosas catorze fragatas mas apenas isso.
Para fazer número, tens as fragatas obsoletas. Se em vez de 4/5 fragatas obsoletas, tiveres 4/5 fragatas modernas, estas já não vão lá só fazer número. Falar das "14 fragatas" há meio século é irrelevante, pois essas 14 estavam armadas apenas com canhões (tendo havido a opção de equipar parte delas com mísseis anti-navio e até AA, e nem isso fizeram).
E sim, uma Marinha com 5 fragatas, pode contribuir com qualquer coisa para a NATO. Até porque não é só uma questão de atirar um navio para encher uma força tarefa, também é ter navios modernos que consigam desempenhar escolta aos navios logísticos, defesa de corredores marítimos (ou no nosso caso, quase meio Atlântico), para não falar que uma NATO num conflito à larga escala, terá várias forças tarefas, e todas elas precisarão de ser defendidas (com escoltas) e abastecidas (com AORs e demais navios).
A ideia de uma marinha com cinco coisas que flutuam e que não sabemos o que são, mais um navio reabastecedor de esquadra, para os desembarques que vamos fazer na China, mais um navio Ferrie Boat, para fingir que temos um navio logístico, é a ideia de uma marinha não da década de 1990, mas sim da década de 1960, quando o país se preparava para a guerra em África.
Falso. Sabe-se muito bem o que são as 5 fragatas, tal como as suas funções. Se dessas 5, 2 ou 3 delas fossem XO, daria no mesmo, acrescentado apenas uma capacidade de desembarque anfíbio e de transporte logístico. Um reabastecedor de esquadra que já está mais que esclarecido acerca do que faz ou pode fazer. E o Ferrie Boat, AKA, deduzo um par de LSTs (?), apenas seriam opção se não se optasse pelos XO, e preferissem fragatas convencionais.
Todas estas opções seriam muito superiores ao LPD, pelas razões já descritas várias vezes.
Essa opção foi feita à medida para uma marinha velha, que não quer saber da sua função para nada.
What?
Temos cinco fragatas, com cinco lugares de capitão de fragata, então temos que substitui-las uma por uma, para garantir que vai continuar a haver pelo menos cinco lugares …
o glorioso AOR, não servia para nada, mas ainda assim precisamos dele, porque sim … precisa ser substituido, para evitar mudanças na estrutura do pessoal.
Falso. Em parte alguma estamos preocupados com quantos lugares haverá para capitão de fragata. Além de que, temos capitães de fragata a comandar NPOs, por isso... É irrelevante para a questão.
O Navio Logístico, poderia servir para operações anfíbias por parte do exército ?
Aqui D'Elrey que os fuzos coitados, vão morrer de fome e vai acontecer a mesma coisa que com os paraquedistas, quando sairam da Força Aérea para o Exército.
Qual logístico? O LPD? Convém chamar as coisas pelos nomes, porque muita coisa pode ser chamada de navio logístico. E sim, se a conversa for sobre o LPD, sim, pode desembarcar meios do Exército. Infelizmente para os estrategas pró-LPD, o navio ia desembarcar o Exército no fundo do mar, porque sem escoltas, sem draga-minas, sem nada que se pareça, o navio nem perto da zona de desembarque chega. Se, por sorte, chegar, existem mil e uma lacunas no EP que inviabilizam a sua operação em ambiente hostil de forma independente.
Mais uma vez, e é preciso entender, o LPD seria meramente um navio para funções civis, porque não teríamos capacidade de o usar de outra forma. Dizer que o AOR é inútil, e o LPD extremamente útil, é puro fingimento.
O conceito de uma marinha com dois navios do tipo fragata, é completamente disruptivo, no verdadeiro sentido da palavra.
É uma Marinha de cortes orçamentais, se queremos chamar isso de "disruptivo". É uma "belginização" da Marinha, algo que não faz sentido num país que tem das maiores ZEEs da Europa, e tamanhas responsabilidades na segurança do Atlântico, contra as ameaças não só de hoje, como de amanhã.
Dois navios com capacidade de defesa aérea, nos seus três vetores, que pode servir como um dos principais meios navais de uma força da NATO.
Seriam a nossa participação em caso de necessidade. Uma participação que pelo seu valor teria sempre que ser considerada.
E em termos politicos, isso é importante.
Uma fragata para ser um dos principais meios navais da NATO, teria que ser uma bela e poderosa fragata, algo na ordem de uns Arleigh Burke, e mesmo assim... Convinha fazer contas à vida, e ver o quanto custava essas 2 super-fragatas, mais 4 a 6 "corvetas ASW", mais o mega-logístico. Se calhar, sai mais barato uma Marinha "normal" com 5 ou até 6 fragatas modernas, que incluísse 2 ou 3 XO e 2 ou 3 fragatas na linha de umas ASWF, F110, Constellation...
Depois há o escalão seguinte. Navios que possam efetivamente defender as águas da mais provavel ameaça futura, os submarinos. E não estou a pensar nos russos, estou a pensar nos chineses.
Esses navios deveriam ser corvetas, com capacidade anti-submarina eficaz, tendo também alguma capacidade para se defender, como uma peça de 76 ou 57mm e ou um sistema de defesa contra ameaças aéreas próximas.
Precisa no entanto ser capaz de perseguir um navio submerso.
Isto coloca os atuais NPO's literalmente fora da corrida.
"Corvetas" essas que custariam no mínimo 300 milhões cada uma, que dificilmente seriam tão eficazes ou versáteis como fragatas. Não faz sentido. Navios desse só fazem sentido numa Marinha que já tenha fragatas em número suficiente, e use este tipo de corvetas como complemento. Cortar nas fragatas, para apenas duas, para depois tapar os buracos deixados com navios de guerra improvisados, e que não seriam nada baratos, não tem lógica.
A estes meios, adiciona-se naturalmente um navio com capacidade logística, que possa ser utilizado no ambito de operações da NATO. Tal só poderia ocorrer neste ambito, já que este tipo de operações necessita proteção adicional, que sozinha a marinha portuguesa não tem nem nunca vai ter.
Pois, navio com capacidade logística, que tem que ser, forçosamente, um LPD. Porquê? É um mistério, ou como se costuma dizer "porque sim". Realmente uma MGP com capacidade logística dividida por várias plataformas (2 XO + AOR por exemplo), não chegava para o nível de ambição. A incapacidade de escoltar e defender um navio de alto valor, é culpa própria, desde logo porque se anda sempre com fantasias de mega-navios, antes de ter sequer uma Marinha minimamente equilibrada.
É perfeitamente plausível ter uma capacidade de escolta interessante, com 2 submarinos e 5 fragatas (tudo moderno), na pior das hipóteses, para cenários de média intensidade. Alta intensidade está aberto a interpretação. Para nós um conflito com Marrocos ou semelhante, seria de alta intensidade, já para a USN, seria um passeio.
Se tens um mega-logístico, AKA o NRP Mama Recursos, e não consegues assegurar a sua protecção numa missão no Golfo da Guiné, temos um problema.