Dez anos de Portugal na ESA marcados pelo sucesso
A 14 de Novembro de 2000 Portugal tornou-se membro da Agência Espacial Europeia (ESA) estabelecendo um marco no desenvolvimento do sector espacial nacional. Dez anos depois, os números mostram um percurso de sucesso: 11 empresas foram criadas no sector espacial e 111,5 milhões de euros investidos pelo país, 60 por cento dos quais relacionados com os programas opcionais na área das telecomunicações, observação da Terra, tecnologia, navegação, lançadores, exploração robótica e voos tripulados. "Portugal está hoje envolvido em todos programas de Ciência da ESA", afirmou Jean-Jacques Dordain, director-geral da ESA no 4º Fórum do Espaço realizado esta semana no Pavilhão do Conhecimento.
O encontro ficou marcado pela constatação feita por Jean-Jacques Dordain de que a participação nacional na ESA foi "uma história de sucesso para a ESA e também para Portugal", opinião partilhada por Mário Amaral, coordenador do Gabinete de Espaço da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), que afirmou: "Somos tidos na ESA como um exemplo de sucesso entre todos os Estados-membros". Já João Sentieiro, presidente da FCT, considera ainda que o este sucesso deve inspirar “as potencialidades das colaborações nos próximos anos".
A inovação é uma das palavras-chave que Jean-Jacques Dordain destaca na prestação de Portugal na última década. O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago, também presente na cerimónia, considerou que dez anos são o tempo suficiente para fazer uma análise a este que foi "um dos raros casos em que do zero entrámos numa associação desta complexidade tecnológica e científica que requer muito conhecimento".
Uma "escola avançada do espaço, especializada em várias áreas com um modelo de organização científico já desenvolvido na Europa com sucesso e um programa específico na área por parte da FCT" foram as propostas do governante para um futuro próximo.
Para Portugal fazer parte dos estados-membros da ESA tem sido um essencial motor de desenvolvimento de um novo cluster de actividade. Uma trintena de empresas, boa parte delas start-ups, foi criada no sector das tecnologias espaciais. A ESA é a porta de acesso ao Espaço e a sua missão é planear o desenvolvimento da capacidade espacial europeia.
O estudo "Impacto da participação de Portugal na ESA" também apresentado na iniciativa indica que a contribuição para a ESA aumentou de 4,6 milhões de euros em 2000 para 15,7 milhões de euros em 2009 e que o retorno geográfico, um dos importante indicadores de desempenho da ESA, foi de 23 por cento em 2000 e 99 por cento em 2009.
O número de contratos com a ESA aumentou também de quatro para 58 ao longo desta década, assim como o valor dos contratos de um milhão de euros para 17,6 milhões. Já no que toca à contribuição portuguesa para o sector espacial, entre 2000 e 2009 foram investidos, em média, 74 por cento na ESA, 21 por cento no Eumetsat e cinco por cento em outros programas.
Portugal vai investir 73 milhões de eurosNo que se refere aos programas opcionais, Portugal tem como meta investir, entre 2000 e 2018, 73 milhões de euros. Em 2009 os Programas Opcionais representavam 73 por cento do investimento português, enquanto os Programas Mandatórios equivaliam a 27 por cento. Em 2009, Portugal tinha 28 organizações a desenvolver projectos para a ESA, muito além das quatro que se registavam em 2000.
Numa exposição aberta ao público, empresas como a Corticeira Amorim, institutos de investigação como o Laboratório de Física de Partículas (LIP) e o INEGI e instituições universitárias como o Instituto Superior Técnico, a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa apresentam os projectos que têm vindo a desenvolver na área das ciências e tecnologias espaciais em colaboração com a ESA. A missão Gaia é apenas uma das várias missões que ao longo de anos tem contado com a participação de portugueses no desenvolvimento de tecnologia e produção de conhecimento para a ESA.
Ciência Hoje