Geórgia abandona Comunidade dos Estados Independentes
O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, anunciou hoje que o seu país vai abandonar a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), aliança das ex-repúblicas soviéticas, dominada pela Rússia.
O chefe de Estado fez o anúncio durante uma manifestação na capital georgiana, em que pediu a outros países, entre os quais a Ucrânia, que sigam o exemplo de Tbilisi.
A CEI reúne a Rússia e outras 11 repúblicas da extinta União Soviética, incluindo a Geórgia, desde 1994.
A Geórgia é o brilhante mais prezado da coroa do império russo. Se cairmos, haverá problemas para todo o mundo civilizado. Estamos na primeira linha. Depois de nós, cairão a Ucrânia e os países bálticos», disse Saakashvili.
O líder georgiano salientou que o que está a ocorrer entre a Geórgia e a Rússia é como o que ocorreu «entre David e Golias» e acrescentou: «David vencerá».
«Enquanto estou a falar, prossegue a aniquilação dos meus concidadãos pelos ocupantes russos. Estou numa situação difícil», disse.
«O que querem os russos em Tskhinvali (capital da Ossétia do Sul)? Arrasaram o lugar. Depois dos mongóis, eles não aprenderam nada. Não têm um grama de civilização. Não querem a liberdade da Geórgia. Querem esmagá-la», afirmou.
«Em Kekhvi e em Tamarasheni (aldeias georgianas na Ossétia do Sul), os russos, por ordem do (primeiro-ministro Vladimir) Putin, estão a criar campos de concentração. Estão a criar uma nova Srebrenica», acusou.
O líder georgiano também disse que «Tskhinvali repete a sorte de Grozni (capital tchetchena)».
A crise começou na quinta-feira passada, quando a Geórgia, aliada próxima de Washington, enviou tropas para retomar a Ossétia do Sul, uma região aliada da Rússia que declarou sua independência em 1992. Moscovo, que apoia a secessão do pequeno território, respondeu com o envio de tropas ao país vizinho.
Saakashvili disse que, em Moscovo, afirmam que no exército georgiano há «americanos e ucranianos». «Digo que não. No nosso exército há abkhazes, ossetas, ucranianos, russos étnicos. Eles defendiam a sua pátria», afirmou.
O presidente georgiano disse ainda que as Forças Armadas do país, com «meios primitivos, derrubaram 21 aviões russos e mataram mais de 400 intervencionistas».
Dezenas de milhares de georgianos reuniram-se hoje junto à sede do Parlamento da Geórgia. Durante seu discurso, Saakashvili não fez qualquer menção ao anúncio do presidente russo, Dmitri Medvedev, de colocar fim às acções militares no país.
«A luta continua, e a Geórgia e a liberdade vencerão», concluiu o presidente georgiano.
Lusa