Defesa: Amado admite adiamento de substituição dos C-130
Lisboa, 17 Fev (Lusa) - O ministro da Defesa admitiu hoje o adiamento d o programa de substituição dos C-130 da Força Aérea Portuguesa, argumentando que
os aparelhos estão ainda em "muito estado" e podem manter-se ao serviço "por ma is 15 anos".
"Os C-130 estão ainda em muito bom estado. Precisarão de fazer um 'upgr ade' nos próximos anos. Mas temos um avião estratégico que nos dá garantias de n os próximos 15 anos desempenhar as missões de que nós necessitamos", disse Luís Amado.
O ministro da Defesa falava em Sintra, à margem da cerimónia de assinat ura do contrato de aquisição de 12 aparelhos C-295 para substituir os Aviocar da
Força Aérea, num investimento de cerca de 275 milhões de euros.
A possibilidade de substituição dos C-130 por aviões europeus A400M (da
EADS, tal como os Aviocar e os C-295) ou norte-americanos C-130J (da Lockheed M artin) foi equacionada pelo anterior Governo PSD-CDS/PP.
Sublinhando ser "muito cedo" para falar no programa de substituição dos
C-130, Luís Amado sustentou que Portugal está a fazer "um investimento muito gr ande" no programa de reequipamento das Forças Armadas, tendo conferido prioridad e à substituição de equipamentos que estavam "no seu limite", como os helicópter os Puma ou o Aviocar.
"Não faz sentido fazermos opções já em relação ao avião estratégico qua ndo temos necessidade de garantir o financiamento para outros equipamentos que e stão em situação de maior obsolescência", reforçou, apontando igualmente outros programas em curso como a compra de novos submarinos para a Marinha ou as novas viaturas blindadas para o Exército.
Após a formalização da compra de 12 aviões C-295 ao consórcio EADS/CASA , o titular da pasta da Defesa chamou ainda a atenção para o "ciclo de planeamen to" ainda em vigor, que faz coincidir em simultâneo a substituição de vários equ ipamentos de vulto das Forças Armadas.
"O extraordinário peso financeiro que esse processo de reequipamento en volve exige um planeamento que permita não fazer coincidir grandes equipamentos de forma a garantir alguma sustentabilidade do ponto de vista orçamental e finan ceiro", disse.
A Força Aérea Portuguesa dispõe de seis C-130 desde a década de 70, sen do quatro de versão curta e dois de versão longa.
Acompanhado na cerimónia pelos ministros da Economia, Manuel Pinho, e d as Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, Luís Amado salientou as "importantes implicações" do contrato de contrapartidas hoje assinado na mode rnização de "alguns sectores" da indústria portuguesa, em especial a "relação mu ito estreita" que ficará estabelecida entre a EADS/CASA e a empresa Oficinas Ger ais de Material Aeronáutico (OGMA).
Nos termos do contrato de contrapartidas, avaliado em 460 milhões de eu ros, a EADS (maior fabricante aeronáutico europeu) vai aumentar de um para 30 po r cento o peso que detém no consórcio que controla a OGMA, o que permitirá uma " relevante modernização da indústria aeronáutica" nacional.
A este respeito, Luís Amado defendeu a necessidade de serem identificad as "todas as possibilidades" para que os vários programas de reequipamento tenha m "o máximo impacto possível" na "dinamização das indústrias portuguesas", entre
as quais a ligada à aeronáutica ou à construção naval.
Simultaneamente, o ministro da Defesa manteve em aberto a possibilidade
de vender ou "negociar no âmbito de programas de cooperação" os aparelhos Avioc ar que começarão a ser substituídos a partir do primeiro trimestre de 2008, algu ns dos quais "estão em boas condições operacionais".
"É uma opção que tem de ser sempre ponderada", disse Luís Amado, questi onado sobre a possibilidade da venda dos Aviocar, acrescentando que essa poderá ser também uma opção para outros equipamentos, caso dos helicópteros Puma ou dos
aviões C-130.
Luís Amado lembrou que os Aviocar vão continuar a voar até à sua substi tuição pelos C-295, que passarão depois a garantir as missões que estavam atribu ídas àqueles aparelhos (que passam a estar sedeados na Base Aérea 6, no Montijo) .
Durante a cerimónia, o presidente do consórcio EADS/CASA, Francisco Fer nandéz Sainz, salientou que o contrato hoje assinado traz "muitas complementarid ades" entre a EADS e a OGMA.
Ao todo, foram assinados cinco contratos, entre os quais os de fornecim ento, locação financeira, cessão de créditos e contrapartidas.
O valor do contrato de compra dos 12 C-295, cerca de 275 milhões de eur os, inclui os custos financeiros, pagos ao longo de 15 anos através de leasing o peracional.
Luís Amado, Manuel Pinho e Mário Lino visitaram o centro de investigaçã o científica da Força Aérea, a funcionar na Base Aérea 1, em Sintra, e assistira m a uma demonstração do protótipo Antex-M, um aparelho não tripulado concebido p ara vigilância aérea.
A cerimónia incluiu ainda uma visita à OGMA (em Alverca, para onde Amad o se deslocou de Aviocar), privatizada em 2005 com a aquisição de 65 por cento d as acções pela Airholding SGPS, consórcio composto pela brasileira Embraer e pel a EADS.