Se gostas assim tanto de cientistas russos, ao menos escolhe um a sério. Sei lá, o Prigogine, o Kapitsa, ou o Landau que era o equivalente soviético do Feynman.
Gostos literários e cientificos aparte, e ainda que o puto troll, não entenda sequer porque é que falou em Pushkin, há algo que é interessante estudar sobre a Russia e que provavelmente pessoas que tenham estudado e se debruçado sobre a realidade russa já devem ter reparado.
Em grande medida, os ideologos da atual situação russa, a invasão para recuperar o império e a ideia da reconstrução imperial que inclui o controle da Polonia, Romenia, Bulgaria, Hungria, Estonia, Letónia, Lituânia, Finlandia, países do Caucaso e da Ásia central, encontra raizes e justificação em muitos autores do século XIX.
O século em que a Russia imperial, iniciou a tentativa de fazer desaparecer o sistema de servidão, em que a população russa viveu durante séculos, e que explica a apatia colectiva do país até aos dias de hoje...
Se olharmos para a situação de hoje e ao mesmo tempo olhármos para a Russia descrita por Pushikin ou Leon Tolstoi, encontramos autores que provavelmente poderiam estar na linha da frente a lutar contra a Ucrânia.
É por isso que os neonazis russos, como os trolls de serviço, recebem ordens para falar em Pushkin ou Tolstoi.
A situação é meio absurda a mostra o beco sem saida em que os nazistas do Kremlin se colocaram.
Os seus comportamentos podem ser comparados aos dos nazistas alemães, bem como Hitler e Putin têm muito em comum.
O nacionalismo extremo (a palavra nazi advém de nacionalista) a que se junta um perfil de defesa da pureza racial, ou da pureza das ideias religiosas.
A somar a isto, encontram-se os inimigos externos e internos, no caso dos alemães os judeus, no caso dos russos grupos como homossexuais ou pessoas de pensamentos alternativos, que devem, tal como os judeus na Alemanha ser perseguidos, porque são uma ameaça à pureza da raça...
Esta tentativa de encontrar justificações para o que se passa hoje, com os escritos do passado, corresponde mais ou menos a, Portugal defender a sua presença em África, com base nos escritos de Fernando Pessoa, ou Luis de Camões.
Ora, qualquer um entende que, o que autores de há séculos escreveram, por muito poético que seja, não pode ser adaptado ou aplicado nos dias de hoje, porque a realidade em que vivemos é radicalmente diferente.
Aqui, os russos enfrentam um problema que muitas vezes não é falado nos comentários que vemos nas televisões e mesmo escritos nos jornais.
Os impérios Europeus, expandiram-se por via marítima. Os portugueses e os castelhanos primeiro, os holandeses e os ingleses depois, os franceses mais tarde, e mesmo osa alemães e os italianos na corrida para África, íam de barco.
Tudo isto faz esquecer os três impérios que não utilizavam o barco para se expandir, mas sim o cavalo.
O Império Austro-Hungaro, foi uma tentativa de manter o poder dos alemães católicos na Europa central, e foi mais uma federação. A Austro-Hungria não tinha colónias, tinha apenas membros de uma confederação periclitante.
O império otomano, expandiu-se até onde pode, com base na religião, embora os otomanos considerassem os árabes uma raça inferior de beduinos (conhecidos por manterem relações sexuais com os animais domésticos).
Mas a expansão colonial otomana era religiosa e acabou com o fim do poder de Istambul.
O terceiro império que foi feito a cavalo foi o russo.
A expansão, feita para o extremo oriente, em áreas praticamente desertas, onde os povos autoctones não tinham qualquer possibilidade de resistir, e numa altura em que o Imperio do Meio estava cercado e acuado pelas potências ocidentais no sul. e nas zonas costeiras.
O império russo avançou e as colonias russas foram prosperando, mas isso não acabou com os povos autoctones.
Ainda hoje, quando olhamos para o mapa da Federação Russa, vemos que os russos deram autonomia a muitos desses povos, mas colocaram administrativamente nas mãos dos russos grandes áreas de terra desabitada.
Hoje, Putin, depois do que já deve ter reconhecido ter sido o maior e mais desastroso erro da sua vida, luta por se manter vivo.
Putin sabe que morrerá na presidencia. Ou de velho, ou assassinado.
O seu mais terrivel medo, a que alguns russos já aludiram na internet, é acabar como Kadafi.
Morto ao vivo, e filmado a morrer ensanguentado enquanto era esquartejado.
Mas por causa de Putin, já não é só o ditador que tenta agarrar-se à vida.
A própria Russia, como império colonial, pode não ter futuro.
A Russia, não é uma nação. Nunca foi. Russos técnicamente são "os povos que vieram de barco" e tanto os atuais russos, como os bielorussos como os ucranianos são técnicamente povos russos.
O problema é a Moscóvia.
A Moscóvia que tem um império colonial na mão, e acredita que esse império colonial, é na realidade a nação.
A luta, não é portanto pela Nação Russa, a luta é pela manutenção do império e especialmente pelas colónias do oriente.
Aqui, se vê que Putin não só nunca foi um pensador frio e calculista, como nem sequer tinha uma ideia de futuro para a Russia.
O grande problema do império colonial russo, é que no extremo oriente, no Primorsk, nas regiões que vão do lago Baikal até Vadivostok, as colónias foram retiradas ao império do meio.
Enquanto na China o PC se mantiver no poder, e controlar o nacionalismo chinês em pequenas porções, tudo estará controlado.
Mas se na China um dia chega ao poder um líder nacionalista a sério, então o que vai acontecer ao país que mais territórios roubou ao que os chineses chamam as suas terras históricas ?
Esta é a tragédia da Russia.
Para fazer frente ao que acha serem os perigos do ocidente, desguarneceu completamente o leste, e é do leste que vieram as hordas, que tomaram e controlaram a Russia no século XIII
A História repete-se sempre...