No Público de hoje:
“Aquilo que se passou exactamente no Ministério das Infra-Estruturas na noite de 26 de Abril ainda não é claro (…), [mas para avaliar politicamente o episódio] o depoimento de Frederico Pinheiro não poderia ser mais esclarecedor, nem a sua audição mais credível. (…)
No dia 16 de Janeiro, Galamba reuniu-se com a CEO da TAP; no dia 17, a CEO da TAP reuniu-se com deputados do PS para combinar as perguntas para a audição do dia seguinte; no dia 18, ocorreu a audição de Christine Widener (…).
[Mas a reunião de dia 16] foi sempre escondida por João Galamba e pelo seu gabinete, nomeadamente no comunicado das Infra-Estruturas de 6 de Abril – o dia em que Frederico Pinheiro viu a sua vida andar para trás.
Esse comunicado mentia com os dentes todos.
Dizia que tinha sido a CEO da TAP a pedir para assistir à reunião de 17 de Janeiro com deputados do PS, e nunca referia a reunião com o próprio ministro no dia 16.
Pior, na perspectiva de Frederico Pinheiro – citava explicitamente o seu nome (…), afirmando que “o adjunto dr. Frederico Pinheiro e a técnica especialista eng.ª Cátia Rosas” tinham estado presentes na reunião de dia 17, em representação do Ministério das Infra-Estruturas.
A partir desse momento (…), Frederico Pinheiro sabia que poderia vir a ser chamado a depor na comissão de inquérito à TAP – e logo por causa de um comunicado que ele sabia ser uma mentira descarada.
As notas que tinha tomado nas reuniões de 16 e 17 tornaram-se, então, um grande problema e um tema altamente sensível.
A partir daí, veio a avalanche de equívocos, mentiras, ameaças e agressões, que incluíram um ministro a prometer ao telefone dar “dois socos” ao adjunto.
Em resumo: isto é um grupo de gente que enlouqueceu porque achou que estava a perder o controlo da informação.
A partir de uma mentira para proteger o ministro de uma reunião embaraçosa, criou-se uma tempestade da mais absoluta loucura e irresponsabilidade.
Que António Costa tenha abençoado tal loucura, é um mistério sem explicação.”
E hoje ninguém quer saber disto.
Somos um país falhado e atrasado.
É inconcebível um governo resistir a tanta trapalhada e a sociedade não se incomodar.
Fechem isto.