Exército - Quadros Permanentes para Praças: possível?

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J.Shank

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Exército - Quadros Permanentes para Praças: possível?
« em: Maio 11, 2019, 10:36:19 pm »
Boas pessoal, é possível que os quadros permanentes possam vir a ser implementados para Praças?

Outra pergunta: por que razão é que não há (ou nunca ouve?) a opção de entrar para os quadros como Praça? É uma questão de dinheiro? É que o sistema dos contratos limitados a 6 anos não faz muito sentido. Treinam um militar durante anos, e quando ele se começa a tornar num bom militar mandam-no embora e chamam novos recrutas? Não está lá muito bem pensado... Aqueles que se mostrassem bons e motivados deviam ser convidados a entrar nos quadros, assim não só havia mais pessoal, como havia mais pessoal competente.

Aqui vai a notícia em questão:
https://www.dn.pt/edicao-do-dia/20-ago-2018/interior/exercito-quadro-permanente-para-soldados-e-cabos-9737572.html

« Última modificação: Maio 13, 2019, 01:27:13 pm por HSMW »
 

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ricardonunes

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Re: Quadros Permanentes para soldados e cabos: possível?
« Responder #1 em: Maio 12, 2019, 08:20:19 am »
Sobre o assunto deixo aqui a minha contribuição, decreto lei que extingue o QPPE,  https://dre.pt/pesquisa/-/search/626423/details/maximized e o trabalho de fim de curso do Aspirante de Infantaria Bruno Ricardo Pereira Reis https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/6884/1/Quadro%20Permanente%20de%20Pra%C3%A7as%20no%20Ex%C3%A9rcito....pdf

Citar
Resumo
O presente Trabalho de Investigação Aplicada tem por tema “Quadro Permanente
de Praças no Exército – Importância para as Tropas Especiais”. Como objet1ivo geral
pretende-se analisar a viabilidade de criação de um Quadro Permanente de Praças no
Exército Português, nomeadamente no que concerne às Tropas Especiais.
No que refere ao método foi utilizado o hipotético-dedutivo. Após definida a
questão central, foram formuladas as questões derivadas e, para lhes dar resposta, as
hipóteses. Deste modo, o trabalho assenta em pesquisa bibliográfica, pesquisa documental,
entrevistas e inquéritos. Relativamente à amostra para as entrevistas, esta é constituída por
seis militares com funções de comando aos mais altos escalões. Já no que refere aos
inquéritos, a amostra é constituída por 161 militares, praças, oriundos das diferentes
unidades de Tropas Especiais do Exército.
Com a realização deste trabalho conclui-se que é viável a criação do QPPE, através
da elaboração dos diplomas legais que a enquadrem e existindo vontade em que o mesmo
seja criado. No entanto, esta é “uma solução”, mas não é “a solução”. Outra possibilidade
passa pela implementação de contratos de longa duração. Ainda assim, qualquer que seja o
modelo que se pretenda implementar, este deverá sempre ser alvo de reflexão profunda, de
modo a evitar erros que já aconteceram no passado, permitindo assim a satisfação das
necessidades do Exército, e indo de encontro às expectativas dos militares em ter uma
carreira que lhes proporcione maior estabilidade profissional e segurança.
Potius mori quam foedari
 
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Lightning

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Re: Quadros Permanentes para soldados e cabos: possível?
« Responder #2 em: Maio 12, 2019, 10:33:17 am »
Aqueles que se mostrassem bons e motivados deviam ser convidados a entrar nos quadros.

Nestas coisas não há cá convites, há concursos, em convites vão os amigos.
 

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LM

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Re: Quadros Permanentes para soldados e cabos: possível?
« Responder #3 em: Maio 12, 2019, 10:42:07 am »
Só por curiosidade, como funciona em exércitos com sistemas recrutamento similares ao nosso? Presumo que, em unidades operacionais, o racio soldados / sargentos seja equivalente mas talvez formação de um sargento não seja? Digo isto porque em ficção (mas tb em documentários) vejo muitos NCO em "destaque" (talvez porque são unidades especiais)?
Quidquid latine dictum sit, altum videtur
 

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J.Shank

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Re: Quadros Permanentes para soldados e cabos: possível?
« Responder #4 em: Maio 13, 2019, 12:15:34 am »
Sobre o assunto deixo aqui a minha contribuição, decreto lei que extingue o QPPE,  https://dre.pt/pesquisa/-/search/626423/details/maximized e o trabalho de fim de curso do Aspirante de Infantaria Bruno Ricardo Pereira Reis https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/6884/1/Quadro%20Permanente%20de%20Pra%C3%A7as%20no%20Ex%C3%A9rcito....pdf

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Resumo
O presente Trabalho de Investigação Aplicada tem por tema “Quadro Permanente
de Praças no Exército – Importância para as Tropas Especiais”. Como objet1ivo geral
pretende-se analisar a viabilidade de criação de um Quadro Permanente de Praças no
Exército Português, nomeadamente no que concerne às Tropas Especiais.
No que refere ao método foi utilizado o hipotético-dedutivo. Após definida a
questão central, foram formuladas as questões derivadas e, para lhes dar resposta, as
hipóteses. Deste modo, o trabalho assenta em pesquisa bibliográfica, pesquisa documental,
entrevistas e inquéritos. Relativamente à amostra para as entrevistas, esta é constituída por
seis militares com funções de comando aos mais altos escalões. Já no que refere aos
inquéritos, a amostra é constituída por 161 militares, praças, oriundos das diferentes
unidades de Tropas Especiais do Exército.
Com a realização deste trabalho conclui-se que é viável a criação do QPPE, através
da elaboração dos diplomas legais que a enquadrem e existindo vontade em que o mesmo
seja criado. No entanto, esta é “uma solução”, mas não é “a solução”. Outra possibilidade
passa pela implementação de contratos de longa duração. Ainda assim, qualquer que seja o
modelo que se pretenda implementar, este deverá sempre ser alvo de reflexão profunda, de
modo a evitar erros que já aconteceram no passado, permitindo assim a satisfação das
necessidades do Exército, e indo de encontro às expectativas dos militares em ter uma
carreira que lhes proporcione maior estabilidade profissional e segurança.

Então pelo que li, parece-me que sim, que é possível que venha a ser implementado (?).  Então para Tropas Especiais ainda mais útil seria, faz todo o sentido.

Também já vi umas notícias sobre o contrato de 18 anos, o que continua a ser estúpido visto que mandam o militar profissional embora para a vida civil com +18 anos de idade e serviço. Mais valia o QP, mas na minha opinião o contrato de 18 continua a ser melhor que apenas 6.

Aqueles que se mostrassem bons e motivados deviam ser convidados a entrar nos quadros.

Nestas coisas não há cá convites, há concursos, em convites vão os amigos.

Pois, então que abrissem concursos! Disse convite naquela que seria uma mais valia para exército, quantos mais militares competentes e motivados melhor.
 

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raphael

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Re: Quadros Permanentes para soldados e cabos: possível?
« Responder #5 em: Maio 13, 2019, 12:20:39 pm »
Tendo em conta a modalidade do regime de contrato especial e aos quadros a que se dirige, a modalidade do limite de 18 anos é a que melhor se enquadra na tipologia de especialidades em que a sua raridade ou especialização técnica seja decisiva, mas que permita ao militar findo o período que não tem de ser o máximo, os 18 anos possa abraçar outra opção.

As tropas especiais dos três Ramos não são de todo a especialidade para a qual faça sentido um quadro permanente, apesar de na marinha, os fuzileiros beneficiarem desse regime.
Um abraço
Raphael
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PereiraMarques

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Re: Quadros Permanentes para soldados e cabos: possível?
« Responder #6 em: Maio 13, 2019, 04:36:08 pm »

As tropas especiais dos três Ramos não são de todo a especialidade para a qual faça sentido um quadro permanente, apesar de na marinha, os fuzileiros beneficiarem desse regime.

Exato, a capacidade física de um praça com 40 ou 50 anos, na maioria dos casos, não será a melhor para ser um operacional das ditas "Tropas Especiais". Praças do QP poderá fazer sentido apenas para especialidades com uma grande componente tecnológica, em que realmente a formação é demorada e cara e onde a questão da capacidade física não é tão determinante.
 

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raphael

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Re: Quadros Permanentes para soldados e cabos: possível?
« Responder #7 em: Maio 13, 2019, 04:50:18 pm »

As tropas especiais dos três Ramos não são de todo a especialidade para a qual faça sentido um quadro permanente, apesar de na marinha, os fuzileiros beneficiarem desse regime.

Exato, a capacidade física de um praça com 40 ou 50 anos, na maioria dos casos, não será a melhor para ser um operacional das ditas "Tropas Especiais". Praças do QP poderá fazer sentido apenas para especialidades com uma grande componente tecnológica, em que realmente a formação é demorada e cara e onde a questão da capacidade física não é tão determinante.

A Armada obviamente tem de manter a sua classe de Praças e mesmo assim com estes constrangimentos todos acaba por conseguir ir segurando os FZ antes de atingir e rutura à custa de malta que já entra bem nos quarenta...no entanto, isto não é a tv e sai-lhes bem do corpo.
Alguns já preferem mesmo toadas mais calmas, menos tempo embarcado, reaproveitam-se para instrução e alguns em tarefas administrativas.
Têm todo o meu respeito, porém a proeficiência mesmo acima da média acaba por ter algumas limitações, são sem dúvida nenhuma muiuto úteis fruto da sua vasta experiência, permitindo apoiar na formação das novas gerações.

Já outras especialidades "seguram" o pessoal mais velho porque tem de ser na maioria dos casos.

Para já alguns ramos usam a ferramenta RCE para medicina, na componente de especialidades clinicas, dentistas e veterinária, na capelania (pelos reduzidos recursos existentes) e em algo que vai fazer cada vez mais falta pilotagem, porque a formação via quadros permanentes torna-se mais onerosa e demorada face às necessidades imediatas.

6 anos para tropas especiais é ridiculo já um minimo de 08 e máximo de 18 pode ser encarado como uma ponte para algo mais recompensador, tal como fazem os americanos em todas as suas categorias (ofic sarg e praças).
Um abraço
Raphael
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J.Shank

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Re: Quadros Permanentes para soldados e cabos: possível?
« Responder #8 em: Maio 13, 2019, 08:54:00 pm »

As tropas especiais dos três Ramos não são de todo a especialidade para a qual faça sentido um quadro permanente, apesar de na marinha, os fuzileiros beneficiarem desse regime.

Exato, a capacidade física de um praça com 40 ou 50 anos, na maioria dos casos, não será a melhor para ser um operacional das ditas "Tropas Especiais". Praças do QP poderá fazer sentido apenas para especialidades com uma grande componente tecnológica, em que realmente a formação é demorada e cara e onde a questão da capacidade física não é tão determinante.

A Armada obviamente tem de manter a sua classe de Praças e mesmo assim com estes constrangimentos todos acaba por conseguir ir segurando os FZ antes de atingir e rutura à custa de malta que já entra bem nos quarenta...no entanto, isto não é a tv e sai-lhes bem do corpo.
Alguns já preferem mesmo toadas mais calmas, menos tempo embarcado, reaproveitam-se para instrução e alguns em tarefas administrativas.
Têm todo o meu respeito, porém a proeficiência mesmo acima da média acaba por ter algumas limitações, são sem dúvida nenhuma muiuto úteis fruto da sua vasta experiência, permitindo apoiar na formação das novas gerações.

Já outras especialidades "seguram" o pessoal mais velho porque tem de ser na maioria dos casos.

Para já alguns ramos usam a ferramenta RCE para medicina, na componente de especialidades clinicas, dentistas e veterinária, na capelania (pelos reduzidos recursos existentes) e em algo que vai fazer cada vez mais falta pilotagem, porque a formação via quadros permanentes torna-se mais onerosa e demorada face às necessidades imediatas.

6 anos para tropas especiais é ridiculo já um minimo de 08 e máximo de 18 pode ser encarado como uma ponte para algo mais recompensador, tal como fazem os americanos em todas as suas categorias (ofic sarg e praças).

Pois, concordo que talvez o QP não seja de tal importância para as Tropas Especiais, no entanto, como referiu anteriormente os Fuzileiros têm acesso aos quadros.

Por muito que os treinos sejam bons não é num ano que se faz um soldado de elite. E se só podem ficar lá 6 anos, estão praticamente a manda-los embora quando se começam a tornar bons e profissionais.

Mas mesmo assim, se tivessem acesso aos quadros, um militar duma tropa especial que já tivesse 40 e  muitos anos, embora não tenha a força e a resistencia que já teve, pode ser um excelente instrutor, e de certo ser também excelente a desempenhar outras funções que não puxem tanto pelo cabedal...
 

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militar03

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Re: Exército - Quadros Permanentes para Praças: possível?
« Responder #9 em: Maio 29, 2019, 02:29:09 pm »
os praças Fap e exe contratados sempre tiveram mudanças na modalidade de prestação de serviço ao longos dos anos e nenhumas ate agora venceu e isso devia ser alvo de profundas reflexões, mas ora vejemos 4 exemplos ao longos dos anos e de vários governos.
-contratos renováveis anualmente  até ao limite do 30 anos
-contratos de  máximo de 9 anos
-contratos de máximo de 6 anos
-actualmente ou a brevemente contratos de 18 anos.

sei tb que houve uma experiência com quadros praças nos anos 80 no exe, mas não tenho grande informação

pessoalmente acho que deveria ser como na marinha,  pessoal contratado (max 9 anos) para o pessoal que não tem aspirações a carreira  e QP para pessoal que queria continuar como militar
 

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Clausewitz

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Re: Exército - Quadros Permanentes para Praças: possível?
« Responder #10 em: Maio 29, 2019, 08:29:06 pm »
os praças Fap e exe contratados sempre tiveram mudanças na modalidade de prestação de serviço ao longos dos anos e nenhumas ate agora venceu e isso devia ser alvo de profundas reflexões, mas ora vejemos 4 exemplos ao longos dos anos e de vários governos.
-contratos renováveis anualmente  até ao limite do 30 anos
-contratos de  máximo de 9 anos
-contratos de máximo de 6 anos
-actualmente ou a brevemente contratos de 18 anos.

sei tb que houve uma experiência com quadros praças nos anos 80 no exe, mas não tenho grande informação

pessoalmente acho que deveria ser como na marinha,  pessoal contratado (max 9 anos) para o pessoal que não tem aspirações a carreira  e QP para pessoal que queria continuar como militar

A questão não é tão simples assim no caso do Exército principalmente, não é só uma questão do pessoal querer.
A maioria das funções de praças no Exército são (ou deveriam ser) essencialmente militares e algumas das que não são deveriam ser desempenhadas por civis, até mesmo contratadas a terceiros.
E essas funções militares que sobram exigem pessoal relativamente jovem, não apenas devido aos aspectos físicos mas também psicológicos. O corpo e a mente mudam com a idade e não é só na força, resistência, velocidade. Dormir no chão é muito diferente aos 20 ou aos 35/40, para não ir mais longe. Recuperar de uma noite sem dormir idem. Correr riscos físicos então nem se fala, aos 20 é quase um impulso, aos 40 com filhos em casa há toda uma outra perspectiva. E receber e executar ordens de tipos com metade da tua idade sem pestanejar? E aturar os cromos da tua unidade dias e noites a fio, em condições de grande desconforto? A disponibilidade mental para essas coisas vai diminuindo com a idade.
O Exército existe em última análise para a guerra e este tipo de decisões têm que ser ponderadas com essa possibilidade em mente. Pensa na RCA, dias a fio a comer pó e a ser moído em não estradas, a dormir no mato, a tomar banho só de vez em quando na parte de traz de um camião cisterna, a dar o corpo às balas literalmente, sem saber de onde virá a próxima. E isto num cenário de baixa intensidade. É para isto que o Exército tem que estar preparado, seja numa RCA seja aqui ao virar da esquina.

Por isso a questão é também se interessa à missão do Exército e à Defesa Nacional ter Quadros Permanentes de Praças, que além de tudo o que escrevi acima passam também a ser basicamente um corpo de funcionários públicos, com uma estrutura fixa e rígida com os problemas que isso implica e que são amplamente conhecidos no caso das outras classes.

A mim parece-me que não é por aí e antes de considerar o modelo de contratação esgotado no Exército acho que o maior problema é que este nunca foi devidamente implementado, nunca houve uma verdadeira transformação de práticas e mentalidades. Há tanto por fazer ao nível do recrutamento e retenção, da formação profissional certificada como deve ser, dos vencimentos, do equipamento, das condições de alojamento, etc.

Na Força Aérea o problema é diferente, as funções são mais técnicas e existe concorrência com o mercado civil, que não se resolve com a simples criação de quadros permanentes, embora também não seja de desconsiderar a possibilidade.
 
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