Após ler o acima postado …
E tentando manter a calma, porque é a melhor coisa que se pode fazer nestes casos, noto só uns detalhes que me chamaram à atenção ...
Um dos dois motores do navio estava inoperacional, o de bombordo.
Até aqui, enfim, um navio pode operar com apenas um motor …
O outro motor do navio, naturalmente o de estibordo, mostrava sinais de sofrer dos mesmos problemas do motor inoperacional.
Mas aquilo que me deixou perplexo, foi que as bombas de refrigeração dos motores também deixaram de funcionar.
Do que conheço dos navios civis, a (ou as) bombas de refrigeração utilizam água do mar, que depois é expelida. Podem em alguns casos ser um problema, se por acaso a água que é suposto refrigerar o motor inundar o navio.
Para conseguir refrigerar o único motor operacional, foi utilizado um artificio.
Eu sei que em alguns casos, é teoricamente possível e numa situação de emergência, tentar a refrigeração do motor mesmo com a água potável, se o navio tiver um sistema de dessalinização, mas isto é numa situação de absoluta emergência e com o navio sendo necessariamente forçado a voltar para o porto e só funciona durante umas horas.
Foi utilizado aparentemente o sistema de controlo de incendios. Do que conheço, a maior parte dos navios mais pequenos não tem isto, mas deduzo que seja um sistema que retira água do mar, tendo a água sido redirecionada para a refrigeração do motor.
Isto são medidas de recurso, típicas do desenrascanço portuga, que podem ser levadas a cabo numa situação de emergência em qualquer navio em alto mar ou mesmo perto da costa, mas com o intuito de permitir o governo do navio, sem necessidade de chamar reboque até ao porto mais próximo.
A ser verdade, este simples facto, seria mais que razão, para que o comandante do NRP Mondego informasse os seus superiores de que o navio, não só não estava em condições de navegar, como aparentemente era um risco ambiental flutuante.
As outras afirmações, revestem-se de igual gravidade.
O navio estava a utilizar o porão como vazadouro e não podia sequer utilizar as bombas de porão, porque isso implicava um risco ambiental, dado o porão não poder ser vazado sem recorrer aos dispositivos do porto.
( É normal o porão se inundar ligeiramente e todo o navio tem uma bomba de porão, normalmente acionada por sensor de nível)
Normalmente, o navio vaza os depósitos de águas de esgoto no porto, a não ser que tenha incinerador próprio (o que não aparenta ser o caso) a água de porão, é normalmente água salgada que resulta de pequenas infiltrações, desde o sistema de refrigeração, ao veio da hélice, juntas do sonar ou sonda de profundidade e por aí fora...
Um navio que precisa continuamente de vazar o porão no porto, é porque é um perigo ambiental ambulante.
O que me pergunto, é como estaria a Vasco da Gama para ter ficado parada...