No F-16V o míssil ar-ar BVR será o AIM-120D já disponível, em conjunto com o AIM-9X Block II. Não há planos para integrar o Meteor em caças de fabrico norte-americano (e com uma administração Trump então muito menos), muito embora a Raytheon tenha afirmado recentemente que não só não haverá um AIM-9X Block III, como a capacidade de modernizar o AMRAAM está a chegar ao limite e muito dificilmente aparecerá um AIM-120E. Ainda a propósito do AIM-120D, convém não esquecer que até os MLU tape M6.5 já o podem utilizar em conjunto com o AIM-9X Block II.
A Raytheon já começou a efectuar estudos para a substituição de ambos os AAM, pois tanto russos como chineses continuam a evoluir rapidamente nessa área e poderão inclusivamente dispor de armamento de capacidade superior neste momento. O Meteor europeu é de outra geração; mesmo o alcance máximo (AIM-120D - 72km, Meteor - +/- 320km) prova isso, fora o seu motor ramjet e o aumento da "probability kill" devido à sua maior manobrabilidade. E ainda está no ar a hipótese de poder vir a ser integrado no F-35, embora hoje em dia tudo esteja em banho-maria.
A versão mais recente do AMRAAM já está disponível, sim, mas só usa quem tem dinheiro. Nós, só não temos porque não há pilim, o mesmo se aplica aos Aim-9X, tanto os originais como os Block II.
A questão da não integração de Meteor em caças americanos não faz qualquer sentido, até porque ao viabilizarem tal integração, era um ponto que os caças europeus não teriam a favor deles nos concursos para novos caças para as forças aéreas por esse mundo fora. Os americanos deixarem de vender caças para diversos países porque os seus não podem levar Meteors, ia fazer rolar muitas cabeças por lá...
Esses alcances estão um bocado errados, não? É que 320km para um míssil ar-ar... de repente tornou-se num míssil de cruzeiro. E esses 72km do AMRAAM também estão um bocadinho fracos não acha? Cheira-me a viagra para um, impotência para outro, especialmente quando sempre se falou num alcance de 100km+ para o AIM-120D e o do Meteor na volta dos 150, máximo 200km. A própria MBDA diz que tem um alcance consideravelmente superior a 62 milhas (~100km), duvido que o "consideravelmente" queira dizer "mais do triplo de".
O AIM-9X Block II e os respectivos concorrentes europeus, parecem-me estar no topo da cadeia alimentar no que diz respeitos a misseis deste género, pode sim haver misseis com capacidades idênticas em serviço ou a serem desenvolvidos noutras partes do mundo. Superiores? Tenho certas dúvidas.
Na minha opinião, não me parece nada inviável os americanos aceitarem a integração dos Meteor nos seus caças, da mesma forma que aceitam outros mísseis de origem europeia (caso do IRIS-T). O AMRAAM continuará a ser uma aposta mais barata que o Meteor, logo nunca vão faltar vendas, enquanto isso, F-16V, F-18 Super Hornet, F-15 Silent Eagle e Strike Eagle e os próprios F-35, terão um boost de vendas, tendo essa capacidade.
O RBS-15F, e o posterior Mk.4, são e continuarão a ser mísseis ar-superfície com capacidade anti-navio e contra alvos terrestres, tal como o Harpoon/SLAM. Poderão os mísseis suecos não ser tão capazes como o AGM-84, e mesmo o JASSM, porém prefiro um Gripen E com dois do que um F-16V sem nenhum. Veremos então.
Só uma nota: frequentemente se fala aqui na vastidão da nossa área marítima de responsabilidade, do qual fazem parte dois arquipélagos importantes - e o próprio dc, e bem, referiu isso aqui novamente -, como defesa da necessidade da aquisição de um caça mais capaz, com maior raio de alcance e forçosamente bimotor como é óbvio. É um cenário que, penso eu, está totalmente colocado de lado a não ser que queiramos ficar com Eurofighters Tranche 1 britânicos ou alemães em segunda-mão, o que na minha opinião seria um disparate a não ser se fossem utilizados somente para Defesa Aérea, e não estou a ver (excepção feita se entrarmos em guerra, claro) que a FAP volte a ter dois tipos diferentes de aeronaves de combate no futuro.
Muito se suspira por um Rafale, por um Eurofighter, por um Super Hornet ou mesmo F-15SE, contudo o futuro será um único caça, monomotor e multirole. Se nem sequer pensamos em adquirir uma aeronave do tipo MRTT (Multi-Role Tanker Transport), nem que fosse converter um ou dois A330 da TAP depois de chegarem os A350, é muito difícil vermos a FAP a dispor de mais meios, a não ser que aconteça algo que decerto nenhum de nós o desejará.
Mas ninguém falou em F-16 sem nenhum míssil anti-navio, mas sim que estes até têm várias hipóteses a seu favor. Penso que os nossos F-16 actuais não têm Harpoons porque não possuem capacidade para transportar tais mísseis. Os únicos que de facto têm essa capacidade, são os a partir do Block 20, se não estou em erro. Não deve ser à toa que se calhar nenhum utilizador de F-16 europeu os usa nos seus. Da mesma forma que ter F-16 com capacidade para um certo leque de mísseis anti-navio nos garante que os nossos utilizarão tal capacidade, o mesmo se aplica aos Gripen se fossem estes os escolhidos... Agora, para favorecer um ao outro, trouxer condicionantes externas para o debate, nunca mais saíamos daqui com tantos "se's".
O cenário de um caça bimotor pode não estar inteiramente colocado de lado. Tudo dependerá de como se vai desenrolar a situação dos AJet e outros meios cujos custos de manutenção se tornam cada vez maiores. O mesmo poderia ser aplicado para os outros ramos.
Numa situação hipotética com os Alpha Jet fora da equação (menos uma aeronave bimotor a jacto para fazer manutenção), sendo este e o Epsilon substituídos por algo como um PC-21, a FAP gastaria menos na manutenção das aeronaves, e se a redução de custos se verificar também na substituição dos Alouette (por EC-635) e dos C-130 (por A-400 ou KC-390), sempre poderá ser criada uma margem para um caça bimotor num número aproximado ao número de F-16 que temos. Mas isto são só teorias.
Eu também não sou lá muito fã da ideia de ir buscar Typhoons Tranche 1. Não trariam grandes vantagens relativamente aos F-16, tecnologicamente falando e necessitariam de um grande upgrade. Era o mesmo que comprar um PC novo, extremamente caro, mas sem nada instalado, ainda com o Windows XP e afins.
Tanto o Rafale como o Typhoon são caros acabados de sair de fábrica.
O F-15, na versão C nem fazia sentido, enquanto que o Strike Eagle é um avião de ataque, e o Silent Eagle que seria a solução mais desejada entre os 3, não teve muitos progressos nem encomendas.
O Super Hornet sempre me pareceu o parente pobre. Não é tão ágil como os concorrentes, não é o mais rápido (o que o torna o pior interceptor) e os custos fazem-no perder qualquer vantagem que teria contra um F-16 Block 60.
Pela primeira vez na história da aviação de caça, parece que se chegou ao ponto em que os substitutos para os caças de 4ª geração não representam um salto tão qualitativo, para além do radar AESA, e os de 5ª geração são caros e, com excepção do F-22, não são muito melhores que os caças de geração 4.5, se lhes tirarmos as características stealth.