Carro de Combate em Portugal
há duvidas...mas não pode haver
introdução
O presente artigo tem por objectivo evidenciar alguns factos relativos à história
do Carro de Combatel (CC) em Portugal e enumerar algumas linhas de força que possam
contribuir para recolocar o CC -e consequentemente, o Grupo de Carros de Combate (GCC)
no nível superior de preocupação, presente e futura, que este sistema de armas
merece ocupar no Exército Português.
Na primeira parte faz-se a descrição sumária do recente e actual cenário internacional,
onde há a necessidade de adaptar o CC aos diferentes conflitos e aos novos ambientes
operacionais. Simultaneamente, descreve-se o esforço de investigação e desenvolvi-
mento, processado nos Estados Unidos da América, relativamente ao futuro CC americano.
Na segunda parte descreve-se, brevemente, a históriado CC em Portugal -a sua evolução
desde a primeira aquisição até à actualidade -, através da apresentação de dois quadros
e de uma tabela, de onde é possível retirar diversas interpretações.
A terceira e penúltima parte contempla algumas questões de elaboração fácil, mas de
respostas muito difíceis. Nessa equação; apenas foram consideradas as reflexões passíveis
de constituírem orientações para a solução do dilema actual em que se encontra o único
GCC em Portugal.
Finalmente, são apresentadas algumas conclusões.
Situação Internacional
O futuro CC americano
Desde a Queda do Muro de Berlim e até 11 de Setembro de 20013, a preocupação fundamental
dos Estados, com maior influência na cena internacional, foi a de confinar os conflitos
locais e impedir que estes descambassem numa guerra generalizada entre vários países.
A aplicação de forças militares, no âmbito da ONU, em teatros de operações diferenciados
e diversificados, sofreu desde 1989 um forte incremento, cumprindo tarefas em:
-resolução de crises;
-missões humanitárias;
-missões de interesse público (apoio em situações de
catástrofes naturais).
Após o 11 de Setembro de 2001, o combate universal à ameaça do terrorismo passou a ser
denominador comum aos Estados e às Organizações Internacionais com responsabilidades em
matéria de defesa, segurança e bem-estar das populações, onde o uso da componente militar
está presentemente direccionada com prioridade de emprego para esse combate.
Portanto, as missões tradicionais de guerra convencional, sob a perspectiva de emprego de
contingentes enormes de unidades terrestres, sendo cada vez mais improváveis -na medida
em que as partes em conflito, num determinado território, são coagidas pelas potências
mundiais e/ou regionais a assinarem um cessar-fogo e aceitarem a presença de outras
forças armadas, frequentemente sob a égide das Nações Unidas, a fim de limitarem ao máximo
as situações passíveis de provocarem o recrudescimento da guerra -, tendem a ser
subalternizadas pelo emprego de forças expedicionárias para regiões distantes, com a maior
rapidez de projecção possível e de grande flexibilidade.
O facto de existirem elevados problemas logísticos ao nível de transporte, de reabasteci-
mento e de manutenção das unidades de CC, tal não deve significar a sua votação ao ostra-
cismo. Para além de operações de integridade territorial nacional, num cenário de conflito
de grande intensidade, ou ainda para manutenção de treino operacional das suas guarniçõess,
o CC -tal e qual como o conhecemos no Mundo, em geral, e em Portugal, em particular -,
continua a ser ainda empregue como o meio terrestre mais eficaz de dissuasão em qualquer
tipo de operação.
Contudo, tendo como referenciais os contextos estra-tégico e económico actuais e, simulta-
neamente, a necessidade de agilizar o seu emprego, os CC têm sido alvo de aplicação de
novas tecnologias com a finalidade de:
-diminuir-lhes o peso;
-aumentar-lhes a mobilidade;
-melhorar-lhes a protecção;
-maximizar-lhes a potência de fogo;
-incrementar-lhes as capacidades de comando,
controlo, comunicações e informações.
Relativamente ao peso, o FCS (Future Combat System) americano, para emprego nas unidades
de CC em 2030, terá 40 toneladas, face às 70 toneladas do actual M1 Abrams, ou ainda às
55 toneladas do protótipo FMBT (Future Main Battle Tank). Mas como será possível atingir
aquela tonelagem (40 toneladas) e sem perder as características de acção de choque ineren-
tes a qualquer CC?
-Através da diminuição do volume da torre, obrigando a posicionar a guarnição -também esta
reduzida a 2-3elementos no interior do casco do CC;
-Pela utilização de compósitos 7 e ligas metálicas leves e resistentes nos trilhos
(lagartas), nas rodas de apoio, em componentes da suspensão, etc;
-Pelo emprego de suspensão hidropneumática activa, originando urna diminuição de peso até
1 tonelada se comparado com o CC equipado com barras de torção;
-Pela utilização de motores eléctricos, ou ainda de motores hibrido-eléctricos -estes
combinam o motor a diesel ou a turbina a gás com geradores de energia eléctrica, associados
a condensadores para armazenarem aquela energia e possibilitarem a sua utilização futura na
operação dos diversos equipamentos e dispositivos eléctricos.
Quanto à mobilidade, o FCS beneficiará:
-do factor peso, já descrito anteriormente;
-da silhueta reduzida, que facilitará o seu transporte e projecção de forças;
-da motorização, que permitirá maiores velocidades, agilidade e autonomia;
-da suspensão hidropneumática computorizada - através de sensores será possível fazer
activar, por antecipação, o sistema de suspensão adequado às irregularidades específicas
do terreno, melhorando o efeito de amortecimento e aumentando a durabilidade do próprio
sistema de suspensão -que proporcionará menos cansaço à guarnição e mais rapidez de deslo-
camento, mesmo em terrenos difíceis;
-e da diminuída manutenção e reabastecimento de munições, de combustíveis e de sobresse-
lentes, que aligeirará e agilizará o apoio de serviços.
No que diz respeito à protecção, para além da silhueta mais reduzida, o FCS apresentará
reduções substanciais em vários factores de detecção, como por exemplo a assinatura térmica,
acústica, magnética e electromagnética, possibilidades de iludir mísseis anticarro pelo
recurso a um sistema FTG (False Target Generation) gerador de silhueta virtual falsa,
sistemas de detecção e de alerta diversos, tais como áreas contaminadas por armas de
destruição maciça, áreas , minadas, etc. A adopção de blindagem modular será também uma mais
valia que permitirá a adaptação do CC à missão.
Relativamente à potência de fogo, o tipo de armamento principal consistirá ainda na peça.
Simplesmente, em vez das actuais peças convencionais de 120/140 mm para munições de propul-
sor sólido, teremos peças electro-térmico-químicas de calibres 60/80 mm para munições de
propulsor líquido, permitindo atingir velocidades iniciais de 2500/3000 mts, muito semelhan-
tes aos valores obtidos nas referidas peças convencionais (mas estas últimas têm o dobro do
calibre). As munições também têm evoluído, quer em precisão, quer nos efeitos sobre os alvos.
Como armamento secundário, haverá a possibilidade de equipar o CC com laser, revolucionando
o apoio logístico ao nível do reabastecimento de munições. Este subsistema de tiro terá um
feixe-laser de baixa energia para verificar a posição do alvo e a distância a que se encontra.
Para a acção de fogo, disparar-se-á um outro feixe-Laser, mais curto, mas de grande energia
com capacidade de destruir o alvo. Quanto aos mísseis, assistir-se-á ao aumento da capacidade
de luta antiaérea -o vector aéreo é, e será, a principal ameaça para as unidades de CC -pela
adaptação de mísseis antiaéreos.
Finalmente, as novas tecnologias de comando, de controlo, de comunicações e de informações,
aplicadas no FCS, podem aumentar o seu grau de letalidade sobre os alvos a destruir e, simul-
taneamente, garantir a sua própria sobrevivência. Constituem alguns exemplos dessas novas
tecnologias, aplicadas em CC, o GPS (Global Positioning System), o campo de batalha digital,
ligação em rede digital (intranet operacional), equipamentos de comunicação de voz, de imagem
e de dados em tempo real (on line) e sem fios, etc.
Continua a ser ainda empregue como
o meio terrestre mais encaz de dissuasão
em qualquer tipo de operação
O Carro de Combate em Portugal
A introdução em Portugal do primeiro CC ocorreu no início da década de 40 do século XX
(1942/43) com a aquisição do CC inglês Valentine. Desde então e até à actualidade é possível
apresentar um quadro resumo com a seguinte informação:
designação cc País Ano de Ano Entrada Serviço
adq.por Portugal Produtor Produção Exército Português
valentine Inglaterra 1940 1942/43
centauro Inglaterra 1943 1945/46
M24 usa 1944 1952
M47* usa 1951 1952
M4A3 usa 1942 1953
M5A1 usa 1942 1956
M48A5* usa 1975 1977
M60A3tts* usa 1978 1992
Legenda: * -CC Principais
Quadro nº1 - CC adquiridos por Portugal (1942-1992)
Tendo como referencial os anos em que o Exército Português adquiriu um CC principal, referen-
ciado por * no Quadro N°1, ou de produção inglesa ou americana, também é pertinente efectuar
a seguinte comparação:
Quadro nº2 - CC principais ao serviço dos Exércitos de Inglaterra, dos Estados Unidos da
América e de Portugal e num determinado ano.
CC principal ao CC principal ao CC principal ao
Ano Serviço do Exército Serviço do Exército serviço do Exército
Inglês Americano Português
1942 Crusader # Valentine
1945 Chalenger A30 # Centauro
1952 # M47 M47
1977 # M60A2 M48A5
1992 # M1A2 M60A3TTS
Legenda: #
Omitido
Considerando agora algumas características relativas aos CC principais ao serviço dos
Exércitos Inglês, Americano e Português, descritos anteriormente, é possível elaborar
uma tabela com o seguinte teor:
cc principais valentine crusader Centauro chalanger M47 M60A2 M48A5 M60A3TTS M1A2
Alg. caracte-
risticas
calibre
da peça 75 57 57 75 90 152 105 105 120
peso
ton. 16,2 20 27,9 33 46 58 48,9 51,3 69,5
veloc.
max.kmh 24 43,2 64 51 48 48 48,2 48,3 67,2
pot.
motor cv 138 340 600 600 810 750 750 750 1500
Da análise dos quadros e tabela anteriormente apresentados, em conjugação com a situação
internacional, em geral, e com a situação de Portugal, em particular, obtêm-se as seguintes
informações:
-Portugal adquiriu o seu primeiro CC à Inglaterra, ainda durante a 2ª Grande Guerra (IIGG).
-Com a criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte ( OTAN) em 04 de Abril de 1949-
Portugal foi um dos países fundadores -e pelos acordos bilaterais estabelecidos entre os
Estados Unidos da América e Portugal, relativos às facilidades concedidas àqueles na utiliza-
ção da Base das Lajes, os CC adquiridos desde 1952-ano correspondente à entrada ao serviço do
Exército Português do CC M47- até 1992 -ano correspondente à entrada ao serviço do Exército
Português do CC M60A3TTS -passaram a ser sempre de produção americana;
-Em 1952, tanto os Estados Unidos da América como Portugal tinham o CC M47; como meio
orgânico principal das unidades de CC;
-Com o esforço de guerra orientado para a manutenção do Império da Índia e de África entre
1961 e 1974, e não sendo o meio de combate mais indicado para fazer face à guerra de
guerrilha, Portugal manteve ao serviço durante duas décadas e meia o CC M47;
-Só em 1977, após a consolidação do Estado democrático em Portugal,
foi processada a entrada, ao serviço do Exército Português, de um novo CC, o M48A5;
-Desde esse ano e até 1992 foi-se criando assustadoramente um enorme fosso, aos níveis
técnico e tecnológico, entre os CC ao serviço nos Exércitos Português e Americano -em 1978
o CC M60A3 entrou ao serviço do Exército Americano, com sistema de estabilização de tiro nos
dois planos (horizontal e vertical), telémetro laser e computador de tiro (neste computador
são processados automaticamente vários dados balísticos, tais como a velocidade do vento,
a temperatura do ar, a altitude, etc);
-Após a Queda do Muro de Berlim ( 1989) e o consequente Tratado de Forças Convencionais na
Europa (Tratado CFE), só em 1992 Portugal adquiriu 80 (oitenta) CC M60A3JTJ: quando se
encontrava já ao serviço do Exército Americano o CC M1A2, tendo este, ainda na actualidade,
capacidades letais ímpares e dispondo, também, de elevados índices de sobrevivência, em
consequência da introdução de melhoramentos tecnológicos, particularmente aqueles que dizem
respeito às novas tecnologias do sistema de pontaria e de tiro, de comunicação e de
informações.
Entretanto, já decorreram dez anos desde que o CC M60A3TTS entrou ao serviço do Exército
Português e já se passaram vinte e quatro anos desde que foi iniciada a sua produção.
Simultaneamente, trata-se de um CC que saiu de produção e actualmente são fornecidos, apenas
por encomenda, os seus sobresselentes.
É urgente agir, sob pena de se gastar muito dinheiro em manter um tipo de CC que não se
adequa ao ambiente operacional actual nem futuro, ou seja, a relação custo/eficácia é
francamente desfavorável.
Através da Lei de Programação Militar existente, em conjugação com o Livro Branco da Defesa
Nacional de 2001 do Ministério da Defesa Nacional, poder-se-á afirmar, sem muita margem de
erro, que, nos próximos dez anos (até 2012), muito dificilmente existirão condições
para se proceder à aquisição de um novo CC. Também pela
actual directiva nº263/CEME/01, do General Chefe do Estado-Maior do Exército, constata-se
que a prioridade está orientada para viaturas blindadas ligeiras, ou seja, na "guerra" entre
rodas versus lagartas, o sistema de viaturas blindadas rodas, em Portugal, vencerá a batalha,
pelo menos para os próximos anos. Portanto, se não houver outra atitude, o Exército Português
poderá manter nos próximos 25 anos o mesmo CC, no caso o M60A3TTS - essa situação só ocorreu
entre 1952 e 1977 quando tivemos o CC M47 ao serviço, mas por factos já explicados
anteriormente.
Algumas reflexões
De facto, até à data, não há país algum que tenha extinguido em absoluto as unidades de CC
dos respectivos Exércitos. No entanto, por existirem países a reduzir o número dessas
unidades -o que faz sentido porque têm-nas no plural e também porque, esses mesmos países,
optaram pelo aumento das capacidades letais dos seus CC e, simultaneamente, pela maior
garantia da própria sobrevivência destes, em detrimento da quantidade -, tal
não significa que em Portugal se reduza até à extinção o único GCC, uma vez que será
extremamente perigoso reduzir o singular porque só restará zero !
Além disso, o GCC é a única pequena unidade de escalão Grupo que tem permitido, a sucessivas
gerações de Oficiais de Cavalaria, trabalhar as acções e os procedimentos de comando e de
estado-maior, tendo por base a doutrina de referência.
Mas a montante desta particularidade cavaleira, há também o facto de apenas existir uma
Grande Unidade(GU) mecanizada nacional -a Brigada Mecanizada Independente.
Embora a sua categorização seja a de Forces of Lower Readiness (FLR), aquela Brigada
constitui ainda um subsistema do Sistema de Forças Nacional. Assim sendo, as subunidades
orgânicas da BMl, mesmo que sejam afectadas em efectivos na ordem de grandeza próxima de
1/3 dos seus quadros orgânicos aprovados, continuarão a subsistir.
Partindo agora do pressuposto de que o Grupo de Carros de Combate do Exército Português
continuará a existir -até porque há também razões de dissuasão estratégica militar, de
natureza defensiva, como a existência de um certo equilibrio regional entre Portugal e os
países
Vizinhos quanto ao número, ao tipo de CC e ao treino operacional das suas guarnições -,
equacionam-se de seguida algumas perguntas:
-Qual deverá ser a missão do GCC de forma a satisfazer com os seus meios orgânicos as
condições de emprego em conflitos de natureza diversa e de um novo ambiente operacional ?
-Qual será o CC mais indicado e como obtê-lo?
Estas perguntas são necessárias e suficientes para se atingir plenamente o objectivo deste
artigo. No entanto, muitas outras poderão ser equacionadas.
De seguida, apresentam-se as respectivas respostas:
-No actual contexto internacional de alianças e de tratados inter-Estados, a missão
tradicional, apenas para operações convencionais no território nacional, é arcaica.
Tem que se incluir na missão do Grupo de Carros de Combate -e em outras unidades deste
escalão -a possibilidade do seu empenhamento em missões no estrangeiro, sob a égide das
Organizações Internacionais de que Portugal faz parte. Para que isto seja possível é
necessário que os meios orgânicos principais do GCC possuam outras características.
E como será o GCC até 2030?
Terá o actual CC orgânico e na mesma ouantidade?
Poderá comprar-se para o M60A3TTS um upgrade?
Ou comprar-se-á um novo CC?
Uma vez oue os recursos financeiros não são ilimitados deverá atender-se sempre à relação
custo/eficácia
Uma solução para a obtenção de um CC de primeira linha passará necessariamente pela partilha
com outros países -principalmente europeus -na execução de um programa comum para que se
conceba e construa um CC à semelhança do FCS americano e também para 2030. Não
tendo o nosso País indústria de armamento deste tipo, aparticipação portuguesa poderá
fixar-se apenas pela assunção de um ou mais componentes estruturais do CC, através da
execução de alguns projectos desse programa, exigindo, naturalmente, recursos financeiros e
humanos -à base de equipas pluridisciplinares e interdisciplinares, envolvendo militares e
civis -necessários e suficientes para a sua concretização.
E como será o GCC até 2030? Terá o actual CC orgânico e na mesma quantidade? Poderá
comprar-se, para o M60A3TTS, um upgrade? Ou comprar-se-á um novo CC?
Uma vez que os recursos financeiros não são ilimitados, deverá atender-se sempre à relação
custo/eficácia.
Uma opção -talvez a mais equilibrada -será pela redução progressiva de três a dois Esquadrões
de CC M60A31TS até, no máximo, 2009, sendo também o ano limite para que se introduza em
Portugal o equivalente a um Esquadrão de Carros de Combate (ECC), mas com CC que possuam,
prioritariamente, novas tecnologias de comunicação e de informação, peças de calibre 12OMM
para munições de propulsor sólido e sistemas de pontaria e de tiro estabilizados em direcção
e elevação independentes.
Entre 2009 e 2015 deverá ter-se ao serviço apenas um ECC M60A3tTS e um ECC equipado com os
CC adquiridos recentemente. Simultaneamente e até 2015 deverão comprar-se os restantes CC da
familia deste último para as outras subunidades do GCC, terminando, portanto, nesse ano,
o CC M60A3TTS ao serviço do Exército Português.
Quando se estiver em 2030 poder-se-á receber então o equivalente a um Esquadrão de Carros
de Combate mas equipado com os CC de primeira geração, produzida em parceria com outros
países, substituindo os CC adquiridos em 2009.
Mais tarde, depois de testados, verificados e eventualmente corrigidas determinadas
deficiências ou omissões de fabrico do novo CC, ou ainda pela introdução de outros
melhoramentos, substituir-se-ão os outros CC restantes, nunca para além de 2035.
Conclusões
É possível identificar ainda alguns motivos relevantes e susceptíveis de sustentarem a
continuidade de unidades equipadas com carros de combate, desde que as suas características
permitam a adaptação aos diferentes conflitos previsíveis a médio e a longo prazo e,
consequentemente, aos novos ambientes operacionais.
A opção apresentada -ou outra a considerar -para solucionar o actual dilema do CC e,
simultaneamente, do GCC em Portugal, terá de ser detalhada sob a forma de um plano dinâmico
e a longo prazo, sempre com a condição de se saber e querer.
Só assim será possível garantir que o CC em Portugal esteja assegurado para as gerações
vindouras. Caso contrário, imperará a desmotivação dos quadros para servir no GCC, em
oposição àquela que se verifica -e continuará a verificar-se -nas unidades de reconhe-
cimento terrestre, em particular nos Esquadrões de Reconhecimento das Brigadas
Aerotransportada Independente e Ligeira de Intervenção, e ainda no Grupo de Aviação Ligeira
do Exército, uma vez que há razões substanciais e.legítimas para estas opções, como sejam
os factores de motivação relacionados com a natureza das suas próprias missões e dos meios
modernos de que a dispõem, ou ainda pela sua maior probabilidade de emprego em missões
internacionais como unidades constituídas.
Artigo do J.E. de março de 2003
do Major Cav Amado Rodrigues