O problema é se a potência continental alguma vez se tornar também a potência marítima. Isto até agora não aconteceu, porque cada vez que a potência continental decidiu lançar-se ao mar, houve porrada de criar bicho. Só que desta vez, a potência marítima (EUA) tem duas ou três possíveis potências continentais com que se preocupar (UE, Rússia e China). Por isso, e como uma delas é de certa forma aliada da potência marítima, é possível que os EUA tenham que permitir a transição para os mares da UE. E isso vai-nos deixar numa posição em que ainda não estivemos: duas potências marítimas, e uma delas domina o continente.
Coincido com esse ponto de vista, e esse é realmente um problema, a partir do momento em que houvesse duas potências maritimas.
No entanto, vejo com muito, muuuuito cepticismo essa possibilidade.
A Rússia não será nunca uma potência marítima. A História diz que não o consegue, por ser um país que tem contactos com o mar muito dificeis e que tornam complicada a capacidade russa para condicionar as linhas marítimas.
A China será sem dúvida um problema, mas a China tem que se preocupar com outra potência emergente, com claras aspirações marítimas na sua área ocidental: A Índia.
Já na fronteira leste da China outras potências (que não os Estados Unidos) também causam problemas aos chineses compensando de alguma forma o poder da China. Trata-se do Japão e além do Japão temos a potência emergente da Coreia, que embora secundária não deixa de ser importante.
Por isto tudo, acredito que a grande potência naval do Atlântico continuará a ser a América, pelo menos nos próximos 100 anos.
As necessidades de defesa da Europa, serão sempre voltadas para o principal perigo, que vem da Rússia, o que levará a que, para não depender dos americanos os europeus se vejam confrontados com a necessidade de ter exércitos com capacidade para convencer os russos a não multiplicar as «Georgias».
O outro perigo, é a tentação de «Finlandizar» a Europa, de forma a que esta, aja segundo as ordens de Moscovo, sob pena de acção militar contra ela.
A Europa continental tem um triste historial de contemporização e cedência. A tentativa de preservar a Paz a todo o custo, levou à maior catástrofe na História da Europa.