Partidos afastam serviço militar obrigatório
Liliana Borges
Paulo Raimundo, do PCP, assinala o descontentamento "crescente" nas Forças Armadas, e sobre o direito das Forças Armadas à greve lembra que os militares juram cumprir a Constituição, por isso "não há dúvida de que devemos estar descansados". Raimundo defende que é preciso "mais meios".
Sobre a visão da NATO pelo PCP, Paulo Raimundo recupera o "navio polivalente", dizendo que "o que vai vir é mais um submarino", lamentando o "consenso" para "transferir" 2% para a NATO. "Não é transferir", atira Pedro Nuno.
Pela Iniciativa Liberal, Rui Rocha afirma que os liberais não defendem o regresso do serviço militar obrigatório, "até porque a Defesa e Forças Armadas precisam de especialização que não é compatível com uma recruta que não serve para nada a não ser os jovens perderem tempo".
Inês de Sousa Real, pelo PAN, começa por ressalvar que "o PAN não é um partido que pugna pela não violência, isso não significa que não tenhamos consciência que o momento que vivemos é muito complexo" e tem de haver "um esforço global" pela reposição da paz, não só "pelas mortes civis, mas pela pegada global", que tem sido absolutamente devastadora "quer na vertente humanitária, quer na ambiental".
O PAN também rejeita o serviço militar obrigatório.
PSD e PS recusam regresso do serviço militar obrigatório
Maria Lopes
Sobre Defesa, Luís Montenegro diz que não se deve regressar ao serviço militar obrigatório mas defende que o país deve cumprir os seus compromissos internacionais com a NATO e a UE. "Não pomos em cima da mesa do serviço militar obrigatório, mas pomos em cima da mesa um sistema de incentivos para recrutar mais portugueses para o serviço militar." Mas o líder da AD desafia Pedro Nuno a pronunciar-se sobre o apoio dos partidos de esquerda a estes compromissos, sobre "se admite estar de mão dada no governo com forças que entendem que não devemos estar na NATO e na UE."
"O meu compromisso é cumprir com os acordos internacionais, estamos num percurso de alinhamento com os nossos parceiros internacionais", diz, admitindo que se deve reforçar o orçamento da Defesa, mas considerando "muito difícil" chegar à meta dos 2% do PIB. "Temos um desafio social: baixar impostos, recuperar serviços públicos, pagar melhores salários, dar aos pensionistas um rendimento mínimo - que são prioritários face ao investimento que temos que fazer na Defesa, o que não significa que os vamos relegar para segundo plano."
Já Pedro Nuno afirma que Portugal vai cumprir o compromisso de despesa de 2% do PIB até ao fim da década assumido com a NATO, mas o objectivo é aproveitar essa obrigação de investimento para modernizar e desenvolver a indústria militar. Fomos muito bons a comprar lá fora; é importante que o investimento do Estado seja para ajudar a indústria".
Questionado sobre se o PS está disponível para aumentar salários e suplementos das Forças Armadas, o líder socialista prefere defende a valorização da administração púbica "como um todo", para que seja capaz de "reter e recrutar" gente nova, "sempre dentro da capacidade orçamental e financeira do Estado para não termos uma situação que coloque problemas mais graves a seguir".
Luís Montenegro aponta a proposta da AD cujo cenário macroeconómico implica uma valorização salarial de 4% ao ano, descrevendo que integra as componentes de aumento da inflação, de valorização do mérito, esforço e competitividade e aumentos pontuais para elevar a capacidade de captação e retenção do capital humano. "O PS está conformado com 2% ['queremos ser cautelosos', ouve-se dizer Pedro Nuno] e nós queremos alavancar a economia com descida do IRS, para potenciar um crescimento de 4% e depois poder alavancar os salários da administração pública."