Concordo com tudo o que dizes, o meu reparo tinha que ver com o tom da tua mensagem, que dava a entender que era um desperdício gastarmos dinheiro no resto da frota quando as fragatas estão a cair de podre, e eu acho que vale a pena sim, porque os dois não são, ou não deveriam ser, mutuamente exclusivos… o grande problema aqui é que os famosos 17 navios em processo de aquisição mais eventualmente o JdW custam todos juntos (700-800 milhões) o mesmo que uma singela fragatinha nova, por isso a opção para já é óbvia, e depois é rezar para que apareça um governo num futuro próximo que aceite o custo político de gastar mais de 3000 milhões só em 4 fragatas…
Eu sou da opinião que, a compra de fragatas, devia ser faseada em 2 décadas distintas. Se necessário, o tal tão falado "hi-low", com 3 fragatas na classe de umas Meko A200/Mogami/Sigma/AH140 e depois duas "high" sob a forma de umas A300/Mogami XL/ASWF/AH140 "full" (isto apenas para dar alguns exemplos, havendo mais opções no mercado, como todos sabemos).
A ideia de comprar uma só classe, uniformizada, é boa no papel, mas em termos de orçamentação, é extremamente complicado comprar 4 ou 5 fragatas de uma vez (ainda por cima quando a Marinha estima que cada fragata custe 1000 milhões). Pior ainda, é ter esta dispendiosa compra "planeada" exactamente para a mesma altura da substituição dos F-16. Este problema é óbvio à vista de todos, menos das chefias que ajudaram a elaborar a LPM de 2019 e a sua revisão de 2023.
Eu bem tentei colocar exemplos de um planeamento mais espalhado no tempo, com a modernização de 19 F-16 ASAP (devia ter começado logo em 2020), com a compra de 3 fragatas "médias" em 2025, compra do primeiro lote de 12 F-35 no prazo 2030-35, substituição das BD em 2035, e substituição dos restantes F-16 modernizados em 2040.
Agora compara isto acima, com a realidade actual, que contempla fragatas e F-35, tudo para 2035.
Atingir os 2% do PIB também ajudava.
Acho que as compras dos KC-390 ( carga ) a compra do 3-Pc orion ( patrulhamento , e luta sumarina ), o plano apresentado pela marinha para Reapetrechamento, com foco nos reabastecedores ( 2 ) e nos patrulhas equipados para ADW, são o confirmar do exposto do citado, nomeadamente teremos duas tarefas na nato, o transporte e a luta anti submarina na parte do atlântico.
As fragatas e os submarinos, é só uma tentativa dos nossa marinha não se ver reduzida a esse papel.....
A única duvida que tenho, relativamente à marinha é que se o plano foi "imposto", recomendado, ou foi a própria marinha a ver que só por ai é que terá alguns equipamentos novos.
nota:
E explica também por exemplo o exercito não ter nenhum plano, ou programas a decorrer de rearmamento.
Não, a compra do KC-390 vem da necessidade de substituir os C-130, que já é bem antiga. Peca por estar a ser feita exactamente ao mesmo tempo que os C-130 estão a ser modernizados.
A compra dos P-3 em segunda-mão vem da necessidade de manter a frota de P-3 operacional durante mais tempo, pois não há intenção de investir o dinheiro necessário na sua substituição.
Reabastecedor para a MGP já era uma necessidade, e sempre esteve planeado, a novidade é preferirem 2 mais pequenos em vez de 1 grande.
Os NPOs com capacidade ASW, é simplesmente um aproveitar da plataforma e militarizar um pouco mais, sem gastar muito dinheiro, e para reforçar uma missão em que pura e simplesmente não temos meios suficientes para tanto mar.
E não, não foi imposto por ninguém. Se a NATO fosse impor a que as FA adquirissem determinados tipos de meios:
-impunha a compra de A-400 e MRTT, e a integração (destes últimos) na MMF.
-impunha a compra de AORs maiores, como está a fazer a Holanda, Itália, França, Espanha, etc.
Na NATO, não teriam razão para impor meios logísticos, sabendo que fazem falta meios de combate, e quantos mais países os tiverem, melhor. Não teria cabimento nenhum chegarem aqui e dizer "comprem lá os logísticos e outras m*rdinhas baratas, que nós gastamos milhares de milhões nos meios caros para tapar o buraco deixado por vocês, e ainda usaremos estes meios caríssimos para escoltar e defender os vossos meios baratuchos". Mesmo a capacidade logística, depende de protecção, e portanto, mesmo um reforço da capacidade logística da MGP, este não pode ser feito sem os meios necessários para proteger esta capacidade (com fragatas e submarinos no mar, e com defesas AA em terra).
Convém também esclarecer que, o facto de nós termos que definir prioridades, como a nossa função primária dentro da aliança, não pode nem deve significar que deixamos de investir em tudo o resto. A ideia é sempre ter umas FA capazes e equilibradas, com especial
reforço das capacidades chave, como ASW, não é abdicar de A para ter B. Independentemente da nossa "especialização", aeronaves de combate e combatentes de superfície e submarinos, serão sempre pilares centrais nas FA de um país como o nosso.
PS: a ideia de que o país não conseguiria manter e operar fragatas modernas, é treta. Lembram-se daquele gráfico da apresentação da Marinha, sobre o retorno para a economia de todos aqueles programas ser 68%? O retorno para a economia da manutenção dos navios da Marinha, será ainda maior, se continuar a ser feita em Portugal. Quer se gastem 1000 euros, ou 1000 milhões/ano, há sempre retorno. Claro que se não investirem e não modernizarem o Alfeite, a manutenção terá que ser feita lá fora, e aí perde-se este retorno, e é isto que se pretende evitar.