NATO reúne-se devido ao reforço de 17.000 soldados norte-americanos no AfeganistãoOs ministros da Defesa da NATO reúnem-se quinta e sexta-feira na Polónia para discutir as contribuições para o esforço de guerra no Afeganistão, um dia depois de os Estados Unidos anunciarem o envio de 17.000 tropas suplementares.
Portugal vai estar representado pelo ministro da Defesa Nacional, Nuno Severiano Teixeira, segundo informou hoje o seu ministério.
Na reunião que se realiza em Cracóvia, no sul da Polónia, participa o secretário da Defesa norte-americano, Robert Gates, reconduzido no cargo pela administração Obama com instruções claras: dar prioridade ao teatro militar no Afeganistão sobre o do Iraque.
«Os seus 25 colegas aguardam com expectativa para ver o que Gates lhes vai dizer sobre as intenções do novo governo norte-americano e a visão que tem das questões estratégicas e militares em geral», explicou um responsável da NATO.
Fontes diplomáticas norte-americanas dão como certo que Robert Gates vai pressionar os aliados a contribuírem com mais tropas para a força multinacional ou a transferirem as que já têm no terreno para zonas mais perigosas.
A Austrália, que é o principal contribuinte não membro da NATO para a Força Internacional de Assistência à Segurança no Afeganistão (ISAF), com 1.000 tropas no terreno, saudou o anúncio norte-americano e disse-se disposta a aumentar o seu contingente se - e depois de -alguns países da Aliança o fazerem.
Ainda que possam não ser anunciadas em Cracóvia, dado o carácter informal da reunião, as decisões sobre o Afeganistão são decisivas na perspectiva das eleições presidenciais afegãs previstas para 20 de Agosto.
Com os talibãs cada vez mais activos, o envio de reforços temporários para a força internacional sob comando da NATO, a ISAF, é considerado necessário para garantir a organização do escrutínio.
«O comandante aliado, o general John Craddock, pediu de facto um batalhão mais por região a título de reforço temporário», explicou o responsável.
A situação complica-se ainda mais tendo em conta que o prolongamento até Agosto do mandato do presidente afegão, Hamid Karzai, que devia terminar em Maio, pode ser contestado por diferentes sectores, incluindo os seus aliados no governo.
O enviado das Nações Unidas para o Afeganistão, Kai Eide, «manifestou terça-feira a sua preocupação sobre essa questão aos representantes dos 26 membros da NATO em Bruxelas», segundo o mesmo responsável. Um outro responsável da Aliança Atlântica admitiu mesmo o risco de uma «crise constitucional iminente» que pode justificar que se decrete «o estado de emergência».
A Alemanha anunciou esta semana o envio de 600 soldados, para uma missão entre Julho e Setembro, na região do norte do Afeganistão, pela qual é responsável.
Quanto a Portugal, Severiano Teixeira, anunciou em meados de Janeiro a disponibilidade para apoiar a missão da NATO com um avião Hércules C-130 e 40 militares durante o mesmo período.
Portugal tem ainda previsto o envio de mais uma equipa de treino - a juntar à que já tem no terreno - e de uma equipa médica de 15 elementos, que ficará a operar no hospital de campanha do aeroporto de Cabul.
Além de tropas, a ISAF precisa de equipas de treino militar para as forças afegãs, sobretudo depois de mais um estudo internacional - desta vez da RAND Corporation - ter sustentado que a estratégia das forças internacionais deve centrar-se mais no treino das tropas afegãs que no confronto directo com os talibãs.
Robert Gates deverá ainda pedir aos aliados mais equipamento - helicópteros e aviões de transporte - para colmatar as lacunas da ISAF.
A agenda dos ministros da NATO em Cracóvia inclui também a reforma da estrutura de comando aliada e a redefinição doutrinal necessária à incorporação de operações fora do seu espaço geográfico de que é exemplo o patrulhamento das águas ao largo da Somália.
Lusa