Eu, pessoalmente, reconheço que os militares são pessoas, e que também têm os seus interesses, e os seus interessezinhos. É um facto. Não poderemos nunca esquecer que os militares são homens e mulheres iguais aos outros.
No entanto, temos que pensar nas razões pelas quais há Forças Armadas, e porque as temos em Portugal. Há regras e essas regras devem ser respeitadas. Em alturas de maior confusão, em que a autoridade do Estado se dissolve, em inumeros micro-poderes, pequenos caudilhos regionais, corporações profissionais, lobbies da industria é legitimo esperar das Forças Armadas um comportamento diferente.
Se os militares se assumem como apenas mais uma corporação, então deixa de haver uma razão objectiva para lhes pagar o salário.
Um militar que vai para a greve ou participa deste tipo de manifestação de cariz corporativo, deixa de ser um militar para passar a ser um mercenário.
O país aceitou ter um exército profissional, mas há obrigações dos militares para com o país que distinguem um militar a quem o país paga para o defender, de um mercenário.
Um militar faz um tipo de juramento que nenhum funcionário público, nenhum juiz, nenhum presidente de câmara, nenhum professor faz. Jura defender o país, mesmo com o sacrificio da própria vida. Se o país é tão importante que pode ser defendido mesmo com o maior dos sacrificios, então é porque o país está - para os militares - acima dos problemas comezinhos da reforma, ou do subsidio disto ou daquilo.
Em alturas de crise - e se há momentos de crise, este é um deles - é de esperar dos militares um comportamento responsável. Não por causa dos eventuais beneficios a que tenham ou não direito, mas por causa dos deveres que têm para com o país que lhes paga e que juraram defender.
Deste tipo de gente (e refiro-me aos protestos de militares golpistas à porta do Primeiro Ministro) espera-se que em situação de conflito, se recusem a cumprir o seu juramento, porque lhes faltou o subsidio de almoço.
Como dizia a minha Avó, "Para quem não quer tenho eu muito".
Cumprimentos