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Geopolítica-Geoestratégia-Política de Defesa => Portugal => Tópico iniciado por: Ricardo Nunes em Abril 26, 2004, 06:44:34 pm

Título: O estado da democracia
Enviado por: Ricardo Nunes em Abril 26, 2004, 06:44:34 pm
Foi surpreendido que li os resultados da mais recente sondagem do Diário de Notícias.

Ao que parece 47% dos portugueses não está contente com o funcionamento da democracia.  :roll:
Título:
Enviado por: dremanu em Abril 27, 2004, 12:37:20 am
Ricardo, não estou de acordo com você. O povo Português não é estupido, nem irresponsável, é sim, mal-informado, e não sabe como fazer a sua voz individual ser ouvida.

Em Portugal os membros da AR são apresentados pelos partidos como representantes de uma certa área geográfica. No entanto, quantos desses representantes têm um ligação física com a área que representam? Conhecem eles, diretamente, o povo que representam na AR? Têm eles um escritório na área geográfica que representam, onde um grupo de cidadãos dessa área se pode dirigir, e apresentar uma queixa, ou marcar uma hora onde possa ter uma reunião com o seu representante, de forma a que possa ser ouvido pelo mesmo?

Você já alguma vez viu um panfleto do governo, durante o periodo eleitoral, que explique de uma forma succinta, simples, com imagens, e utilizando um vocabulário desprovido de termos técnicos que nada dizem ao cidadão comum, como funciona o sistema eleitoral, o que é a AR, quais são os direitos do cidadão, etc, etc...Eu nunca vi.

Será que as pessoas não votam porque não sentem que o seu voto faça alguma diferença. Quantas vezes você já ouviu: " Eles são todos iguais!", quando toca a falar dos membros da AR.

E o mesmo se aplica aos impostos, se as pessoas não entendem para onde vai o dinheiro, e porque devem pagar o dinheiro, porque razão teram eles vontade de o pagar?

E o sistema tributário no nosso país, será que é justo? Será que é eficaz na coleta dos dinheiros que pertençem ao governo?

Acho que estas questões que você aqui levantou requerem uma análize mais aprofundada, para se apurar as causas de certos comportamentos, e então chegar-se a algumas conclusões.
Título:
Enviado por: Ricardo Nunes em Abril 27, 2004, 06:22:25 am
Peço imensa desculpa mas vou ter de discordar.

Se esses 46% de abstensionistas realmente não votam porque "eles são todos iguais" então que apresentassem voto em branco. Mas que votassem.
Qual é o eleitor que não sabe o que é votar? Certamente todos o sabem.

Acho uma falta de respeito enorme, quer pela Democracia quer por Portugal um eleitor português ( e sim, ser Português diferencia-nos de outros devido ao nosso passado recente contra o fascismo ) não votar.

E não existem desculpas de não entender X, de não compreender Y. Se assim é, então vota, mas em branco. Como sabe os votos em branco são quantificados.

Citar
E o mesmo se aplica aos impostos, se as pessoas não entendem para onde vai o dinheiro, e porque devem pagar o dinheiro, porque razão teram eles vontade de o pagar?

E o sistema tributário no nosso país, será que é justo? Será que é eficaz na coleta dos dinheiros que pertençem ao governo?


Está a brincar certo?
Título:
Enviado por: Luso em Abril 27, 2004, 09:48:58 am
"Será que as pessoas não votam porque não sentem que o seu voto faça alguma diferença. Quantas vezes você já ouviu: " Eles são todos iguais!", quando toca a falar dos membros da AR.

E o mesmo se aplica aos impostos, se as pessoas não entendem para onde vai o dinheiro, e porque devem pagar o dinheiro, porque razão teram eles vontade de o pagar?"

Exactamente!

É engraçada a nossa democracia de partido único, o Bloco Central. Os grandes cobrem-se uns aos outros e os adversários derrotados nas urnas encontram sempre lugar na administração de alguma empresa pública ou privada com chorudos vencimentos.
E por essa europa é o mesmo, e é por essa mesma razão que os partidos extremistas têem ganho poder.

Há muita irresponsabilidade, é um facto, mas também há a resignação face a um sistema podre. Quem tem alma para pagar os seus impostos sabendo que servirão para pagar as mordomias  e incompetências de um Arnaut, de um Figueiredo Lopes, Pedro Roseta & Co? - só para falar de alguns deste Governo e não dos anteriores, cujas ricas peças se dão a conhecer todos os dias?
Ou as estadias em hotéis de luxo no Brasil, do Louçã?
Ou os carros de grande cilindrada do PC?

Só se eu não puder!
Título:
Enviado por: emarques em Abril 27, 2004, 03:45:17 pm
Ó Ricardo, mas ao dizer isso não está também a dizer que não gosta do estado da democracia em Portugal? Ou seja, não se insere nesses tais 47% que não estão contentes com o funcionamento da democracia?

Os abstencionistas pode até considerar-se que estão contentes. Afinal, o sistema permite-lhes faltar às votações à vontade...

Citar
Em Portugal os membros da AR são apresentados pelos partidos como representantes de uma certa área geográfica. No entanto, quantos desses representantes têm um ligação física com a área que representam? Conhecem eles, diretamente, o povo que representam na AR? Têm eles um escritório na área geográfica que representam, onde um grupo de cidadãos dessa área se pode dirigir, e apresentar uma queixa, ou marcar uma hora onde possa ter uma reunião com o seu representante, de forma a que possa ser ouvido pelo mesmo?


Os deputados à AR não juram defender os interesses de uma dada área geográfica, juram defender os interesses de todo o povo português. A verdade é que os deputados eleitos por Faro têm tanta obrigação legal de defender os os interesses do distrito de Faro como os deputados de Bragança. A última vez que um deputado tentou defender os interesses da sua área geográfica, que me lembre criou um grande escândalo e foi expulso do seu grupo parlamentar (o célebre caso do queijo).

A teoria é esta. O dremanu provavelmente não concorda que isto deva ser assim, e como tal também está descontente com o funcionamento da democracia... :P
Título:
Enviado por: Ricardo Nunes em Abril 27, 2004, 04:18:40 pm
Meus caros amigos,

Continuam a dar-me razão. Se não querem votar em nenhum dos partidos existentes então votem em branco.

Os votos em branco são quantificados.

Estes 46% de abstencionistas, como dizia e muito bem o JNSA outro dia, poderiam dar a vitória ao bloco de esquerda ou à nova democracia.

Se realmente as pessoas estão descontentes demonstrem-no, votem em branco e não se abastenham. A abstenção é o pior caminho a tomar.

É uma questão de responsibilidade e de sentido cívico.

Quanto aos impostos, por amor de Deus, devem ser pagos. Não sei como podem defender o contrário.

Os casos de corrupção e de abuso de poder existentes devem ser descobertos e julgados, mas não é por pura suposição da sua existência que iremos entrar numa espécie de anarquia onde só paga quem quer. Depois... depois acabariam as AE´s, o sistema de saúde, os transportes públicos etc...
Título:
Enviado por: JNSA em Abril 27, 2004, 05:02:18 pm
De um modo geral, concordo com o Ricardo.

É inaceitável dizer que se está descontente com o funcionamento da democracia,  e ao mesmo tempo não usar os mecanismos que essa mesma democracia nos dá para exprimir as nossas opiniões. E o argumento de que esta é a democracia do bloco central não "pega".

Como eu tinha dito ao Ricardo, essas pessoas que constantemente faltam às eleições para ir à praia ou a um centro comercial, se não gostam dos partidos do bloco central, votem nos outros - 47% de abstenções convertidos em votos num partido dão uma maioria absoluta. E se mesmo assim não acham uma boa solução, então fundem um novo partido  :roll:  E aí garanto que só não votava quem não tivesse telemóvel ( o quem em Portugal daria uma abstenção de 0,0000001% - parece que existe um jovem pastor de ovelhas na Serra da Estrela que ainda não comprou nenhum  :wink:  )

Já agora, dremanu:

Constituição Portuguesa
Artigo 147º - "A Assembleia da República é a assembleia representativa de todos os cidadãos portugueses"
Artigo 152º - "2. Os Deputados representam todo o país e não os círculos por que são eleitos"

 8)

Abraços
JNSA
Título:
Enviado por: dremanu em Abril 27, 2004, 05:05:57 pm
Emarques:

Onde é que vc foi buscar a ideia que eu não gosto de democracia? Eu entendo perfeitamente a teoria, e não discordo da mesma, mas é bem evidente que a forma como é posta em prática hoje em dia, não funciona.

Porquê?

Em Bragança vive a tribo de Bragança.

Em Faro vive a tribo de Faro.

Ambas as tribos pertençem à nação Portugal. A responsabilidade das tribos é elegerem homens, ou mulheres, de entre os seus membros, que sejam os representantes dessas tribos no concelho da nação Portugal.

Nesse concelho fáz-se decisões que afetam toda a nação, e consequentemente todas as tribos a que pertencem esses membros. Sendo que os representantes das tribos conhecem, e são conhecidos pelos membros das tribos a que pertencem, teram por obrigação ter um conhecimento mais aprofundado das opiniões dos membros das suas tribos. E saberam tb que as decisões que tomarem no concelho da nação teram que ser explicadas diretamente aos membros da tribo, sendo que o seu nome e face são associados à tribo a que pertencem, e não a um concepto qualquer abstracto que se chama "O Partido".

Se todos os membros presentes no concelho da nação, são representantes diretos das tribos que compõem a nação, com certeza iram sentir na pele o peso da responsabilidade de serem os representantes diretos das mesmas. Teram que forçosamente recorrer a um maior debate sobre o que é bom, e o que é mau, para o comum das tribos que pertençem à nação Portugal. Teram tb a oportunidade de argumentar a favor de leis que beneficiam certos componentes regionais, que são pertinentes às tribos que representam no concelho da nação, e que mesmo que não sejam questões nacionais, são leis que resolvem questões regionais, e indiretamente adicionam ao valor agregado da nação.

Sendo assim, e no meu ponto de vista pessoal, conseguir-se-à dar vóz a todos os Portuguêses, tanto a nível nacional, quanto a nível regional.

Hoje em dia o que temos:

Vota-se para um partido de faces que ninguém conhece, e faces essas que não têm nenhum elo físico com a região que representam. Os membros do partido que são eleitos votam na base de ideologias políticas da cáca, que em grande parte não passam de estrangeirismos que nada tem a ver com a realidade do nosso país, sejá ela a nacional, ou regional. Não se escuta a voz do povo, não existe responsabilidade perante o povo, não existe nada. Existe um monte de gente que inventou um sitema que lhes permite ter o poder de tomar decisões que afetam milhões de pessoas, sem terem que assumir nenhuma responsabilidade pessoal perante esses milhões, que são os recipientes das causas dessas decisões.

Isto não é democracia, é uma oligarquia, ou máfia partidária, nada mais.

Votar em branco é uma tragédia nacional, demonstra exatamente como o povo Português se sente em relação ao sistema político nacional. Vê-se o mesmo como sendo injusto, ineficaz, obscuro, corrupto, e sem valor. Se ouvesse uma verdadeira democracia no nosso país, o governo iria se preocupar em escutar o povo, e apresentar soluções para este problema, em vez de dizer que o nosso povo é estúpido e irresponsável.
Título:
Enviado por: Ricardo Nunes em Abril 27, 2004, 05:27:26 pm
Citar
e apresentar soluções para este problema, em vez de dizer que o nosso povo é estúpido e irresponsável.

Primeiro que tudo, e isto estando a falar muito mas mesmo muito a sério, eu nunca disse que o povo português é estúpido e irresponsável. Alguma vez me viu dizer isso?

O que eu disse foi:
Citar
vivemos num país em que muitas pessoas não têm o mínimo sentido de responsabilidade e, permitam-me a expressão, são estúpidas.


Caro dreamu, não sabe destinguir "muitas pessoas" de "povo" ? Devo dizer que me sinto ofendido ao ver que pensou que eu alguma vez  terei dito tal coisa.

Quanto ao apresentar soluções:
 Quer que eu apresente soluções para o povo português ir votar? Votar para além de um direito é um dever moral. Não me diga que é daqueles que defende que se dê bilhetes de cinema ao ir votar?



PS
Você não me está a confundir com o governo pois não?  :wink:
Título:
Enviado por: Luso em Abril 27, 2004, 05:41:24 pm
"Isto não é democracia, é uma oligarquia, ou máfia partidária, nada mais."

 :G-beer2:

E mais nada!

Quantas pessoas sabem quem é o 4 elemento da lista?

Se eu tiver que votar, quero votar numa cara a quem posso atribuir responsabilidades, não em tipos automáticamente eleitos de quem ninguém ouviu falar e que foram convidados só para encher.
Eu sei!
Porque eu participei!

Obrigarem-me a votar? E em qualquer partido?
Por alma de quem?
Era só o que faltava!
São todos piores que os outros e vão-me obrigar a escolher um?
Nem pó!
Comigo não, violão!

Votar em branco sim. Anular ainda é melhor: impede fraudes. Qual é a diferença entre 40% de brancos ou 40 % de nulos?
Qual trará a mensagem mais veemente?
Título:
Enviado por: Ricardo Nunes em Abril 27, 2004, 05:50:49 pm
Os votos em branco são quantificados e qualificados como votos de cidadãos que não apoiam nenhuma das propostas dos diversos partidos.

Voto nulo ( abstenção ) pode ser intrepertado como simples falta de vontade de ir às urnas ( que é o que normalmente acontece ).

40% de votos em branco traduz uma mensagem muito mais veemente do que 40% de abstenção.
Título:
Enviado por: JNSA em Abril 27, 2004, 05:56:20 pm
Citar
Se eu tiver que votar, quero votar numa cara a quem posso atribuir responsabilidades, não em tipos automáticamente eleitos de quem ninguém ouviu falar e qyue foram convidados só para encher.
Eu sei!
Porque eu participei!

Obrigarem-me a votar? E em qualquer partido?
Por alma de quem?
Era só o que faltava!
São todos piores que os outros e vão-me obrigar a escolher um?
Nem pó!
Comigo não, violão!

Votar em branco sim. Anular ainda é melhor: impede fraudes. Qual é a diferença entre 40% de brancos ou 40 % de nulos?
Qual trará a mensagem mais veemente?


Pelo menos o Luso vai a votos - infelizmente não se pode dizer o mesmo de boa parte dos portugueses... Sendo assim, qual é a legitimidade destes para protestar quando não fazem nada para mudar o "sistema" - é verdade que tem a legitimidade democrática, mas a democracia desaparece facilmente se não for praticada  :oops:

Mas a minha proposta mantém-se Luso - se não gosta de nenhum partido, faça um  :wink:
Título:
Enviado por: Spectral em Abril 27, 2004, 06:39:37 pm
Citar
Mas a minha proposta mantém-se Luso - se não gosta de nenhum partido, faça um


Nem mais!  :D
Título:
Enviado por: Luso em Abril 27, 2004, 09:04:19 pm
"Para mim, o voto em branco/nulo é um voto desperdiçado, porque embora sirva para mostrar a discordância com as opções de votação, na prática não faz nada para mudar as coisas..."

*suspiro*
E votar num partido muda alguma coisa?...
Eles são os mesmos, senhores! O funcionário que realmente decide é aquele que implementa as políticas. É o funcionário médio/alto. É o chefe de secção. É o director de departamento. Que são quase sempre escolhidos (não eleitos) por terem aquele carácter notável de... não fazer ondas. De estarem bem com Deus e com o Diabo. De não correr riscos de errar, agindo!
Meu Deus (eu sou um ateu ferrenho!) o problema deste país é termos uma enorme classe de dirigentes políticos com medo de agir/errar. É por isso que só falam em mudança. Mas não a executam.
Assim sendo, dizem os eleitores: mudar para quê?
Votar para quê?
Fica tudo na mesma.

Quem ler o Diário da República poderá constatar a realidade do País: reservas de caça, deliberações mais de um ano atrasadas, mudanças de logotipo e de nome de ministério, danças de cadeiras, legislação imbecil feita por meninos das jotas acabados de chegar aos ministérios e que fazem a maior parte das leis e que...
Ninguém elegeu!
Só se elege o porta-voz de determinados interesses que desconhecemos.

Votar é o escape emocional do País, mais nada.
Quem acredita no voto...

Criar um partido?
Eu?
Para já sou ingénuo (mas muito menos que muitos que para aí andam) e cedo cedo era dominado por raposas velhas melhor falantes que eu. E o que o "pobão" gosta é de bem falantes (cobardes e ignorantes) mas bem falantes e conhecedores das palavras sonantes da moda (como debate, cidadania e solidário, competividade e inovação, mesmo que sejam a antítese desses conceitos) e elegantes cabides de fatos de bom corte.
O honesto (sim eu!) é rápidamente esquecido porque é pouco mediático, porque se engasga quando fala em público, porque diz palavras e verdades feias (apesar das meninas gostarem de mim  8) ).
Em democracia, um bom político é aquele que narcotiza o povo com balelas.

Conheçam o vosso povo. Ouçam as suas críticas e os seus lamentos. Convençam-se que puderá haver uma mudança! Conheçam os verdadeiros males e denunciem-nos. Proponham medidas. Sejam aplaudidos. E depois vejam a vitória retumbante do vosso adversário.
E ouçam: "- Eu votaria no PXXX nem que fosse um cão!"
... repetidas vezes.

É por isso que eu quero tudo o que possa subverter o actual sistema, porque está podre e cheira mal.
E vai destruir a Nação!

- Volta Marquês do Pombal! Estás "aperdoado"!  :wink:

PS: ainda tenho um pouco de esperança neste Procurador Geral da República...

Agora desço do meu caixote...
Título:
Enviado por: JNSA em Abril 27, 2004, 09:34:29 pm
Caro Luso, para mim é uma das pessoas com quem eu mais gosto de discutir nestas andanças da internet, e por uma razão muito simples - em materias não militares estamos normalmente em total desacordo   :D  Assim, acredito que ainda é possível fazer alguma coisa para mudar a situação.

Em primeiro lugar, acho que o sistema não é tão negro como o pinta - ainda existe gente competente e que consegue fazer vingar as suas opiniões.

Por outro lado, se todos seguissem o seu exemplo - voto em branco/nulo, e descrédito no sistema partidário - das duas uma: ou caíamos na anarquia, ou então a escolha dos nossos governantes ficaria a cargo da minoria que iria votar, padecendo então de um défice de legitimidade, mas que mesmo assim não os impediria de nos representar e governar...

Citar
Eles são os mesmos, senhores! O funcionário que realmente decide é aquele que implementa as políticas. É o funcionário médio/alto. É o chefe de secção. É o director de departamento. Que são quase sempre escolhidos (não eleitos) por terem aquele carácter notável de... não fazer ondas. De estarem bem com Deus e com o Diabo. De não correr riscos de errar, agindo!

Este cenário lembra-me muito o "Yes, Minister" - e para bem da democracia e dos meus ideais quero acreditar que os nossos dirigentes eleitos ainda têm algum peso nas decisões tomadas :lol:

Citar
PS: ainda tenho um pouco de esperança neste Procurador Geral da República...



Não tenha, que não vale a pena...  :D
JNSA
Título:
Enviado por: emarques em Abril 27, 2004, 09:42:03 pm
Citação de: "dremanu"
Emarques:

Onde é que vc foi buscar a ideia que eu não gosto de democracia?

Eu não disse que o dremanu não gosta de democracia, longe de mim andar a atribuir opiniões a outros. O que eu queria dizer é que, uma vez que não concorda com a forma como se elegem os representantes do povo português, está de certa forma descontente com o funcionamento da democracia portuguesa. Como os outros quarenta e tal por cento da sondagem.

Citação de: "Ricardo Nunes"
Voto nulo ( abstenção ) pode ser intrepertado como simples falta de vontade de ir às urnas ( que é o que normalmente acontece ).


Por acaso agora não me lembro se os votos anulados e as abstenções são são incluídos na mesma categoria de contagem. Mas, como diz o Luso, anular o voto (assinalar todos os partidos, criar um "novo Partido Todos Iguais" e votar nele, ou outras opções) evita fraudes de contagem. Não seria a primeira vez que um qualquer escrutinador menos escrupuloso levava uma caneta no bolso e conseguia mais uns votos para o seu partido.
Título:
Enviado por: Normando em Abril 27, 2004, 10:07:23 pm
emarques escreveu:

"Por acaso agora não me lembro se os votos anulados e as abstenções são são incluídos na mesma categoria de contagem."

Para esclarecer dúvidas:

"(...) De facto, o voto em branco é legítimo e previsto na lei. Em cada acto eleitoral, cada cidadão pode abster-se, votar num dos partidos que concorrem, votar em branco ou fazer um voto nulo. Os votos brancos, tal como os nulos, são contados. Mas a atribuição de lugares é feita só a partir dos votos expresso nas forças políticas. Ou seja, há x por cento de abstenção, n por cento de votos nulos, y de votos em branco, z de votos expressos. É desse z que se fazem, depois, as percentagens para atribuição de lugares no Parlamento, por exemplo. (...)"

Isto foi tirado de um artigo do "Público"
http://jornal.publico.pt/2004/03/31/Nac ... 0CX01.html (http://jornal.publico.pt/2004/03/31/Nacional/P40CX01.html)
Título:
Enviado por: Luso em Abril 27, 2004, 10:17:20 pm
JNSA, agradeço as amáveis palavras, e concedo-lhe alguma razão quando diz que nem tudo está perdido...
Pouca razão mas alguma.

Por vezes dou comigo a dormir péssimamente porque não consigo implementar determinadas situações que eu tenho a certeza que seriam fundamentais para aproveitar potencialidades económicas e de negócio e gerar emprego e riqueza.
Porquê?
Porque que se prefere estoirar o dinheiro em festas e mariquices efémeras. Para aparecer e ser reeleito (não estou a falar de ti, Santana).

Mas vejo que já haverá alguns neurónios a mudar de opinião. Mas são muito poucos e temo que desapareçam. O que prevejo é que, para uma pequena mudança - que para qualquer um de nós neste fórum aceitaria como elementar - é necessário o tempo de várias gerações. Várias!!
E o que me custa aceitar é essa enorme perda de tempo, oportunidades e recursos. E depois falo e lixo-me.

"Por acaso agora não me lembro se os votos anulados e as abstenções são são incluídos na mesma categoria de contagem. Mas, como diz o Luso, anular o voto (assinalar todos os partidos, criar um "novo Partido Todos Iguais" e votar nele, ou outras opções) evita fraudes de contagem. Não seria a primeira vez que um qualquer escrutinador menos escrupuloso levava uma caneta no bolso e conseguia mais uns votos para o seu partido."

Ora nem mais. Eu já defendia o voto em branco desde que andava na faculdade há uns bons anos, até que uma bela menina - que infelizmente tinha um ar demasiado grunge - me alertava para essa hipótese de fraude.
Não é que as mulheres são também capazes de instantes de brilhantismo??

"E se infelizmente os demagogos e os "bem-falantes" ganham vezes demais, é porque as pessoas não os sabem distinguir de quem é verdadeiramente competente."

Eu fui um ferveroso apoiante do Portas...
"Live and learn".
Título:
Enviado por: dremanu em Abril 28, 2004, 12:14:47 am
Amigo Ricardo, desculpe so o ofendi, não foi a minha intenção de o fazer de forma alguma. Os meus comentários eram referências aos nossos "ilustres" membros do governo, que gostam de olhar para o povo Português como uma massa de gente burra.

E a solução para o povo votar parte exatamente daquilo que eu falei na minha mensagem, vota-se numa face, que é conhecida pela, e fáz parte da, comunidade que será representada na AR. Hoje em dia, e com exceção do PM e PR, vota-se num partido, sem se saber se o representante desse partido, para essa comunidade, é a melhor escolha entre todos candidatos disponíveis para representar essa comunidade, entre todos os partidos.

O povo acaba por ter alguém que o representa, sem saber quem é essa pessoa, sem saber como pode falar com essa pessoa, e sem ter alguém que de tempos a tempos os visite pare explicar qual é o trabalho que está a ser feito na AR a favor da nação, e qual é o impacto que esse trabalho terá não só na realidade nacional, mas também na realidade local. E ao mesmo tempo, "tira-se" ao povo a oportunidade de elevar os problemas regionais que os afetam, e que requerem apoio nacional para que sejám resolvidos, aos ouvidos dos outros representantes de todas as comunidades de Portugal.

Por isso o povo se sente "fora" do sistema. Como se podem sentir incluidos? E como podem TODOS os membros da AR, conhecer todas as realidades locais que afetam as várias comunidades do nosso país, ou o reverso, as realidades regionais que afetam a realidade nacional? Um minhoto de Viana do Castelo, e um algarvio de Faro, com certeza têm muito em comum um com o outro, e podem ser amigos, colegas, primos, etc...ao fim ao cabo ambos são Portuguêses, mas o minhoto que viveu toda a vida no Minho, com certeza será mais conhecido pelas gentes da terra, do que o Algarvio que viveu toda a vida em Faro e que pouco conhece sobre quem mora naquela aldeia, vila, ou cidade.

O sistema que hoje em dia nós temos está PODRE, passou à história, só funciona para quem fáz parte dele, e tem poder de influênciar o mesmo. Enquanto estiver no sistema toda a geração que foi formada antes do 25 de Abril, não teremos evolução, ou será uma evolução ao passo de tartaruga.  
 
Para se mudar o sistema tem que se fazer parte do sistema, e para se fazer parte do sistema, tem que se alinhar com a corrupção do mesmo. Está é a perfidez maquiavélica das oligarquias, das máfias, que sistemáticamente perpétuam a corrupção, fazendo dela algo normal, aceitável, desejável.

Nenhum sistema democrático é perfeito, já se debatem este tipo de questões desde o tempo das democracias dos Gregos. Se alguém ler o livro "A República" do filósofo Plato, encontra temas que tocam sobre o que nós estamos a conversar.

Acredito que o sistema só mudará quando tivermos um líder, com coragem, e que se rodeie de homens e mulheres corajosos da mesma forma, e que estejam dispostos a lutar com unhas e dentes contra os interesses estabelecidos para que se possa fazer a mudança. Até lá resta-nos votar no bloco central. ;_)

Bom, estas são as minhas opiniões....

P.S. Luso, Estou ao seu lado companheiro, onde está um novo Marquês de Pombal, ou um novo D.Diniz...
Título:
Enviado por: dremanu em Abril 28, 2004, 12:20:49 am
Quanto aos impostos...

Impostos pagam-se para que se tenha:

- Boas escolas
- Bons hospitais
- Boas estradas
- Bom sistema policial
- Bom atendimento nos serviços do governo
- Bom sistema de justiça que resolva os problemas do cidadão de uma forma rápida e eficaz
- Boas forças armadas que estejam preparadas para defender o país
- Bom sistema de transportes públicos
- Limpeza nas cidades e praias
- Bom fiscalização por parte do governo sobre todas as indústrias que ofereçem serviços e produtos, ao público, assegurando a qualidade daquilo que se consome

Qual seria a avaliação geral que vocês fariam sobre cada uma destas diferentes áreas?

Quem paga impostos:

- Trabalhadores
- Pequenas e médias empresas
- Grandes empresas

Qual destes grupos foge mais ao pagamento de impostos? E porquê?

- Será porque desconhecem onde o dinheiro será empregue? Ou porque não vêm ao seu redor uma melhoria nas infraestruturas do país, que supostamente são pagas através dos impostos. Ou será porque o governo tem medo de apregoar na praça pública, os gastos que faz em diferenteas áreas sociais do país? Assim evita de ser criticado, e de ter as suas contas avaliadas.
- Será por que têm sálarios baixos?
- Será porque o sistema burocrático é ineficaz, caro, e visto como injusto?
- Será porque existe facilitismo por parte do governo, que cria leis para que grandes grupos económicos assentem escritórios e fábricas em Portugal, em troco por uma carga tributária menor?
- Será que é porque que o governo não persegue e aprisiona quem não paga impostos? Eliminando-se assim o medo de sofrer represálias por parte do governo quando não se paga aquilo que deve ao mesmo?

Tem que se pagar impostos, mas é importante entender os factores socio-económicos que afetam a avaliação do custo/benefício, por parte dos pagantes. O mais importante é existir uma percepção global de que o sistema tributário é justo, produz resultados reais, e existem consequências sérias e reais para quem não paga aquilo que deve.

O que vocês acham que existe hoje em dia em Portugal?
Título:
Enviado por: JNSA em Abril 28, 2004, 05:47:22 pm
Citar
O sistema que hoje em dia nós temos está PODRE, passou à história, só funciona para quem fáz parte dele, e tem poder de influênciar o mesmo. Enquanto estiver no sistema toda a geração que foi formada antes do 25 de Abril, não teremos evolução, ou será uma evolução ao passo de tartaruga.

Para se mudar o sistema tem que se fazer parte do sistema, e para se fazer parte do sistema, tem que se alinhar com a corrupção do mesmo. Está é a perfidez maquiavélica das oligarquias, das máfias, que sistemáticamente perpétuam a corrupção, fazendo dela algo normal, aceitável, desejável.

Nenhum sistema democrático é perfeito, já se debatem este tipo de questões desde o tempo das democracias dos Gregos. Se alguém ler o livro "A República" do filósofo Plato, encontra temas que tocam sobre o que nós estamos a conversar.

Acredito que o sistema só mudará quando tivermos um líder, com coragem, e que se rodeie de homens e mulheres corajosos da mesma forma, e que estejam dispostos a lutar com unhas e dentes contra os interesses estabelecidos para que se possa fazer a mudança. Até lá resta-nos votar no bloco central. ;_)

Bom, estas são as minhas opiniões....

P.S. Luso, Estou ao seu lado companheiro, onde está um novo Marquês de Pombal, ou um novo D.Diniz...


Caro dremanu, era difícil eu discordar mais consigo  :evil:

Foi a pensar assim que Saddam, Kadafi, Hitler, Mussolini, Franco e tantos outros chegaram ao poder... Foi a pensar assim que largas fatias da população os apoiaram...

Pura e simplesmente recuso-me a entregar o poder nas mãos de alguém que não elegi, e de quem não posso discordar, só porque ele é o salvador da pátria  :evil:

Sorry, Luso, estas minhas palavras não tinham um segundo sentido  :wink:

Abraços
JNSA
Título:
Enviado por: Luso em Abril 28, 2004, 08:54:53 pm
"Pura e simplesmente recuso-me a entregar o poder nas mãos de alguém que não elegi, e de quem não posso discordar, só porque ele é o salvador da pátria"

JNSA, pode recusar mas isso não lhe adianta nada. Quem manda realmente não são os que elege. Muito longe disso! Não falo aqui dos interesses ocultos sequer - que existem - mas falo sim de pessoas como a Sr.ª Conservadora do Registo Predial, o senhor vereador eleito em 4.º ou 5.º lugar e que ninguém conhece e que só integrou a lista porque tem um curso superior para que o partido apoiante pudesse dizer que tem a lista mais "competente". E o Director de Departamento de Planeamento que decide por onde irá passar a estrada sobre o teu terreno, é o assessor do Sr. Presidente da Câmara que preenche os inúmeros vazios das imensas cabeças ocas... que foram eleitas e que legitimam os sonhos delirantes, como construir um munumento ao mílénio por milhares de € no teu terreno que expropriaram ao preço da uva mijona, e de os interesses obscuros de outros que vão poder comprar a preço da chuva o que sobra do teu terreno para construir um arranha-céus. É assim!
O poder é dos eleitos?
Eles nem sequer tem coragem para decidir as ideias dos outros quanto mais terem eles ideias próprias!

"Quanto à geração formada antes do 25 de Abril, lembro que mostrou muito mais dinamismo e vontade de mudança ao fazer a Revolução"

As almas sensíveis das juventudes estudantis tachistas esmagadoramente constituidas por meninos e meninas bem de boas famílias;

Os militares que queriam ver o seu estatuto valorizado face aos oficiais milicianos ou "formados aceleradamente";

Os traidores;

Os sonhadores imaturos (por mais barba qe pudessem ter) que vivem no mundo da lua, como escape à sua incompetência.

Os cavalheiros da velha senhora já não passavam de velhinhos frouxos, sem energia, pouco viris e agressivos. Moles. E por isso também traidores.

A juventude de agora quer telemóveis, nintendos, cabelos com gel, seguir a moda como as raparigas e ouvir aquelas bandas de tipos que grunhem. E quem os fez assim, quem foi?

"O homem foi feito para lutar, para guerrear!"

Não tenham dúvidas disso!
E não tem que ser com armas...