Fisipe dispara 15% após OPA de empresa alemã detida pela BMW e Volkswagen
"Maior produtor europeu de fibra de carbono, que é detido em 24% pela BMW e Volkswagen, oferece 0,18 euros por cada acção da cotada portuguesa. Na bolsa os títulos ainda negoceiam em valores inferiores, apesar da forte subida de hoje.
As acções da Fisipe estão hoje em forte alta na praça portuguesa, depois da companhia ter sido alvo de uma oferta pública de aquisição por parte da SGL Carbon, uma companhia alemã que é líder no mercado europeu de fibra de carbono e materiais compósitos.
Com 70 mil títulos negociados, a Fisipe avança 15,38% para 0,15 euros, uma cotação ainda inferior aos 0,18 euros oferecidos pela companhia alemã.
No anúncio da oferta pública de aquisição, a SGL Carbon informa que chegou a acordo para comprar todas as acções que a Negafor detém na cotada portuguesa, que representam 86,19% do capital da Fisipe. A empresa alemã pagou 25 milhões de euros, o que representa um preço por acção de 0,187 euros.
Devido a esta operação, a SGL ficou obrigada a lançar uma OPA sobre o capital da Fisipe que ainda não controla. A contrapartida oferecida é de 0,18 euros, um valor que a SLG diz que “excede o preço médio ponderado pelas quantidades das acções transaccionadas na Euronext Lisbon nos últimos 6 meses”.
A SLG alerta desde já que a contrapartida da OPA “poderá vir a ser revista em alta, se necessário, de modo a igualar o preço final” que a companhia irá pagar à Negafor.
A OPA, a 0,18 euros por acção, avalia a Fisipe em 27,9 milhões de euros. Face à actual cotação, a Fisipe, empresa especializada no fabrico de fibras de acrílico, sobretudo para o sector têxtil, está avaliada em bolsa a 23,25 milhões de euros.
No anúncio da OPA, a SLG assume que pretende “adaptar” a actividade empresarial da Fisipe “às actuais tendências e exigências do mercado internacional”, visando também “proceder ao refinanciamento de todo o endividamento externo da Sociedade Visada, através do reembolso da totalidade do mesmo, imediatamente após a concretização da aquisição das acções no âmbito do contrato anteriormente referido”.
Gestão da Fisipe mantém-se
Num comunicado emitido hoje, a comissão executiva da Fisipe diz que “o grupo SGL pretende com esta operação assegurar o fornecimento de precursor para as suas unidades produtoras de fibra de carbono”, sendo que “a produção e comercialização de fibra acrílica para têxteis especiais e técnicos continuará a ser efectuada nos moldes habituais”.
Segundo esta fonte, a SGL pretende manter a actual gestão da companhia portuguesa em funções.
A Fisipe descreve a SGL, companhia alemã com 46 unidades produtivas localizadas na Europa, América do Norte e Ásia, como o “maior produtor europeu de fibra de carbono e materiais compósitos”, sendo que “as suas actividades compreendem também a produção de grafite”. A SGL emprega 6500 pessoas em todo o mundo e gerou em 2011 receitas de 1,54 mil milhões de euros.
De acordo com a informação que consta no site da empresa alemã, a SGL tem como maior accionista a SKion. Seguem-se duas construtoras automóveis alemãs: a BMW com 15,72% e a Volkswagen com 8,18%.
Fisipe tem “mão-de-obra extremamente bem qualificada”
Num comunicado emitido pela SGL, Jürgen Köhler, administrador da companhia alemã diz que a aquisição da Fisipe é um “passo natural” no reforço da capacidade de produção da SGL. A Companhia classifica a Fisipe como um “parceiro de longo prazo”, com “provas dadas” na produção de fibras de acrílico.
“Asseguramos esta infra-estrutura de alta tecnologia em Portugal onde podemos tirar partido da experiência dos 300 empregados que lá trabalham”, acrescenta o gestor da empresa alemã, que qualifica a mão-de-obra da Fisipe de “extremamente bem qualificada”.
Fundada em 1973, a Fisipe tem a sua unidade fabril no Lavradio, onde fabrica sobretudo fibras de acrílico para a indústria têxtil. No ano passado gerou receitas de 130 milhões de euros."