Fernando Pinto, antigo presidente da TAP, constituído arguido por gestão danosaFernando Pinto, que esteve ao leme da TAP de 2000 até ao início de 2018, foi constituído arguido há cerca de um ano e meio, por causa da compra pela TAP da brasileira VEM.
Fernando Pinto, o antigo presidente da TAP que esteve à frente da companhia aérea durante 17 anos, foi constituído arguido por suspeita de gestão danosa, avança o Público. O gestor foi constituído arguido há cerca de um ano e meio, segundo o próprio, no seguimento de uma investigação especial feita pela Polícia Judiciária à compra da Varig Engenharia e Manutenção (VEM). Fernando Pinto afirma estar “serenamente” a aguardar julgamento e diz já ter dado “todas as explicações solicitadas” na fase de investigação.
"Creio que os factos em causa estão totalmente esclarecidos. O negócio da VEM – com cerca de 13 anos – foi um processo transparente e realizado de boa-fé pela administração da TAP com os dados que tínhamos à época e num contexto de essencial expansão da empresa e da sua área de manutenção”, afirmou Fernando Pinto quanto à investigação."Luís Ribeiro Vaz, Fernando Alves Sobral, Michael Conolly e Luiz da Gama Mór, antigos gestores da companhia de bandeira portuguesa, foram também constituídos arguidos no mesmo processo. A investigação à compra da VEM teve como base uma denúncia anónima feita no final de 2010 e está agora a cargo do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP).
Em 2016, a Polícia Judiciária tinha feito buscas na sede da TAP com suspeita de que os agora arguidos tinham lucrado com a compra da VEM pela TAP em 2007 (um negócio de 500 milhões de euros). Em declarações ao mesmo meio, Fernando Pinto, que, tendo deixado o cargo de presidente executivo da TAP em 2018 continuou na empresa como consultor, afirmou que o inquérito “nasceu de uma estranha denúncia anónima”.
Numa declaração escrita enviado ao Público, o antigo executivo diz que “o negócio da VEM – com cerca de 13 anos – foi um processo transparente e realizado de boa-fé pela administração da TAP com os dados que tínhamos à época e num contexto de essencial expansão da empresa e da sua área de manutenção”.
Fernando Pinto disse também ter “muito orgulho no legado deixado pela administração”, numa gestão de “cerca de 18 anos que mereceu a confiança de vários governos”. O antigo presidente da companhia aérea refere ainda que tem “total confiança de que será tomada a justa decisão”.
A investigação deste negócio pelo Ministério Público começou em 2013. O pagamento de um prémio de 20% à empresa Geo Capital, dominada pelo empresário chinês Stanley Ho, era, em 2016, uma das suspeitas do processo. À altura, o “problema” referido pelo consultor da TAP da compra da Varig era o acordo que previa que caso o negócio não se realizasse a TAP era “obrigada a adquirir a parte da Geocapital” , acrescendo o prémio já referido. Devido a este negócio a TAP terá herdado um passivo de cerca de 300 milhões de euros.
https://observador.pt/2018/09/23/fernando-pinto-antigo-presidente-da-tap-acusado-de-gestao-danosa/