Caro trueI2,
Confesso que não percebo muito bem o que quer dizer com “paralelismo” e “sinergias” entre serviços de informações e serviços de informação. Gostaria que desenvolvesse um pouco.
Contudo, e quanto ao meu desagrado, rapidamente lhe explicarei o porquê.
Pergunto: que necessidade tem um serviço de informações em fazer-se acompanhar de jornalistas? Porque motivo é que um jornalista acompanha uma operação que é classificada, para depois ser divulgada ao público? Abertura? Clareza? Transparência? Que necessidade existe em demonstrar isso à opinião pública? Será que a opinião pública realmente acha necessário ver numa reportagem jornalística o que os serviços de informações estão a fazer, onde e porquê?
Será que deveria o SIS ou o SIED fazer-se acompanhar de um serviço de informação numa operação de vigilância?
A resposta para mim é óbvia, NÃO! E porquê? Porque quanto menos se souber sobre os serviços de informações melhor para eles. Melhor para o seu bom desempenho, melhor para o cumprimento das suas missões! E não confundam as coisas, quando digo “quanto menos se souber melhor”, estou a referir-me aos maus da fita, bandidagem, serviços congéneres e afins.
No caso da reportagem que vimos sobre a célula militar no Afeganistão, eu entendo a intenção que está por detrás desta reportagem. Os militares precisam neste momento de divulgar, de tornar conhecido junto da opinião pública o seu “novo” CISMIL. Uma forma de “legitimar”, de ganhar peso e estatuto, conseguir o seu espaço e de fazer “calar” algumas vozes que se insurgem contra este novo organismo. Não acho que necessitem, mas entendo esta reportagem desta forma.
E sim, tenho alguma mágoa, tenho alguma tristeza por estas coisas acontecerem. Penso que não acrescentam nada aos serviços de informações, nem sequer uma melhor imagem, se é que eles precisam disso. Por outro lado, descredibiliza-os um pouco, dá um ar de amadorismo, de algo pequeno e deseja mostrar-se crescido chamando atenção sobre si, tal como uma criança faz quando deseja a atenção dos adultos.