REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS

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CruzSilva

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Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #2970 em: Fevereiro 29, 2024, 11:10:40 pm »
RCE alargado à Categoria de Sargentos, no Exército

Despacho n.º 2221/2024
Defesa Nacional - Gabinete da Ministra
Determina que a especialidade de Alimentação do Exército para a categoria de sargentos corresponde a uma situação funcional passível de ser enquadrada pelo regime de contrato especial (RCE)

Despacho n.º 2222/2024
Defesa Nacional - Gabinete da Ministra
Determina que a especialidade de Finanças do Exército para a categoria de sargentos corresponde a uma situação funcional passível de ser enquadrada pelo regime de contrato especial (RCE)

Despacho n.º 2223/2024
Defesa Nacional - Gabinete da Ministra
Determina que a especialidade de Eletrónica do Exército para a categoria de sargentos corresponde a uma situação funcional passível de ser enquadrada pelo regime de contrato especial (RCE)

Fica assim possível chegar a 1º sargento contratado.

Falta aí um "novamente".

Com a falta de pessoal crítica como está - Praças, mas também muitos Sargentos e muitos Oficiais subalternos em falta - é incompreensível como é que pelo menos não se volta aos 9 anos de contrato, e o RCE vir às "mijinhas". Entretanto vão saindo sem substituição militares extremamente necessários e válidos, em todas as categorias.
Exatamente. Já agora o pessoal transitar de uma especialidade exclusivamente RC para uma RCE?

Para o RCE é necessário fazer um curso "extra", uma Instrução Complementar 3, no caso das Praças. No caso dos Sargentos e Oficiais, não sei ainda dizer qual vai ser o processo.
Essa IC3 dura quanto tempo?
"Homens fortes criam tempos fáceis e tempos fáceis criam homens fracos - homens fracos criam tempos difíceis e tempos difíceis criam homens fortes."
 

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LM

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Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #2971 em: Março 01, 2024, 10:48:59 am »
Uma questão - talvez "parva" e influenciada pelo que, parece ser, o modelo dos EUA: uma forma de mitigar o problema de falta de praças não seria tornar o acesso ao QP / RC da classe de sargentos ter como origem a classe de praças?
Quidquid latine dictum sit, altum videtur
 

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Anthropos

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Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #2972 em: Março 01, 2024, 11:27:49 am »
RCE alargado à Categoria de Sargentos, no Exército

Despacho n.º 2221/2024
Defesa Nacional - Gabinete da Ministra
Determina que a especialidade de Alimentação do Exército para a categoria de sargentos corresponde a uma situação funcional passível de ser enquadrada pelo regime de contrato especial (RCE)

Despacho n.º 2222/2024
Defesa Nacional - Gabinete da Ministra
Determina que a especialidade de Finanças do Exército para a categoria de sargentos corresponde a uma situação funcional passível de ser enquadrada pelo regime de contrato especial (RCE)

Despacho n.º 2223/2024
Defesa Nacional - Gabinete da Ministra
Determina que a especialidade de Eletrónica do Exército para a categoria de sargentos corresponde a uma situação funcional passível de ser enquadrada pelo regime de contrato especial (RCE)

Fica assim possível chegar a 1º sargento contratado.

Falta aí um "novamente".

Com a falta de pessoal crítica como está - Praças, mas também muitos Sargentos e muitos Oficiais subalternos em falta - é incompreensível como é que pelo menos não se volta aos 9 anos de contrato, e o RCE vir às "mijinhas". Entretanto vão saindo sem substituição militares extremamente necessários e válidos, em todas as categorias.
Exatamente. Já agora o pessoal transitar de uma especialidade exclusivamente RC para uma RCE?

Para o RCE é necessário fazer um curso "extra", uma Instrução Complementar 3, no caso das Praças. No caso dos Sargentos e Oficiais, não sei ainda dizer qual vai ser o processo.
Essa IC3 dura quanto tempo?

Não tenho a certeza do que vou dizer, mas salvo erro, varia consoante a especialidade e é de longa duração (entenda-se, vários meses). Até porque o militar fica com a qualificação de "técnico", correspondente ao grau 4 do catálogo nacional de qualificações.
Por exemplo, um Oficial será logo grau 5 ou 6, pelo que não prevejo necessidade de formação inicial para desempenhar as suas funções em RCE.
Os Sargentos, como disse, ainda não sei como será essa IC4 (IC3 corresponde à especialidade), ou se haverá sequer.
 

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mafets

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Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #2973 em: Março 01, 2024, 12:22:35 pm »
A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, disse ontem que a Europa deve preparar-se para uma possível guerra num futuro próximo, e que é preciso reconstruir e modernizar as Forças Armadas europeias num prazo de cinco anos, exortando todos os estados-membros a terem "decisões audazes e coragem política" para reforçar urgentemente o investimento na defesa.

Por cá, excepção feita a um ou outro comentário no mesmo sentido vindo de antigos governantes, estas declarações parecem não ter tido qualquer eco, nem junto da Comunicação Social, nem dos partidos em campanha. Parece que vamos continuar a não conseguir vislumbrar a luz ao fundo do túnel.

Aqui  está a prova do que a "Laque" no coro cabeludo faz ao cérebro. Parece a senhora que não foi Ministra da Defesa da Alemanha e não deixou as F.A. germânicas de tanga...  :mrgreen:

https://www.politico.eu/article/ursula-von-der-leyen-biography-career-inconvenient-truth/

Citar
In the German capital, the answer is clear.

“The Bundeswehr’s condition is catastrophic” — Rupert Scholz, former German defense minister

“Von der Leyen is our weakest minister. That’s apparently enough to become Commission president,” former European Parliament President Martin Schulz seethed in a tweet Tuesday evening.

Though Schulz is a Social Democrat, his analysis of the minister’s record is shared by many of von der Leyen’s fellow Christian Democrats, though most are reluctant to criticize her publicly. Instead, they point to the state of the German military.

“The Bundeswehr’s condition is catastrophic,” Rupert Scholz, who served as defense minister under Helmut Kohl, wrote last week before von der Leyen was nominated to the EU’s top post. “The entire defense capability of the Federal Republic is suffering, which is totally irresponsible.”


Citar
Von der Leyen has been blamed, in some quarters, for letting the Bundeswehr fall into a state of disrepair | Sean Gallup/Getty Images

Saudações
"Nunca, no campo dos conflitos humanos, tantos deveram tanto a tão poucos." W.Churchil

http://mimilitary.blogspot.pt/
 
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Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #2974 em: Março 01, 2024, 02:17:35 pm »
Mas nessa altura andavam aos beijos na boca com a Rússia  :mrgreen:
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 
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Lightning

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Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #2975 em: Março 02, 2024, 05:03:07 am »
Uma questão - talvez "parva" e influenciada pelo que, parece ser, o modelo dos EUA: uma forma de mitigar o problema de falta de praças não seria tornar o acesso ao QP / RC da classe de sargentos ter como origem a classe de praças?

A Força Aérea Portuguesa teve esse sistema muito tempo, mas entretanto acabou por abrir vagas para Sargento RC.
Porque simplesmente o vencimento de um Praça é baixo e é automáticamente factor de eliminação por parte de muito jovens.
Porque muitos jovens até podem querer vir para as FA alguns anos (mas não querem fazer carreira), por isso não tem grande interesse em ser QP, e assim sempre se vai recebendo pessoal.

Antes a ideia era na FAP era essa, "obrigar" a entrar por baixo, "alimentar" a carreira de sargentos QP com os Praças RC, mas isso agora não é cativante para os jovens e a FAP também se vê com problemas de recrutamento, cada vez mais a ideia é ter o máximo de variedade que se pode ter a nível de ingresso, cada jovem tem o seu precurso próprio, do que querem e do que não querem, oficiais QP, oficiais RC, sargentos QP, sargentos RC, praças QP, praças RC, civil ao serviço da FAP...
« Última modificação: Março 02, 2024, 05:08:39 am por Lightning »
 
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raphael

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Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #2976 em: Março 02, 2024, 08:07:40 am »
A Força Aérea em tempos para tornar a coisa mais cativante ainda permitia aos Praças RC acederem diretamente ao QP de Oficiais (técnicos) com a frequência de um curso de 3 anos, sendo a condição necessária na atura o 12º ano...atualmente essas ex-Praças são TCOR/COR.

Bem vistas as coisas atualmente uma Praça RC detentora de licenciatura ou mestrado pode concorrer e ingressar diretamente no QP de Oficias (técnicos).
Um abraço
Raphael
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nelson38899

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Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #2977 em: Março 02, 2024, 10:46:28 am »
Esta conversa faz me lembrar o pre-25 de Abril, quando um grupo de pessoas formadas na academia militar decidiu revoltar, porque os comandantes milicianos tinham tanto poder quanto eles.
"Que todo o mundo seja «Portugal», isto é, que no mundo toda a gente se comporte como têm comportado os portugueses na história"
Agostinho da Silva
 

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dc

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Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #2978 em: Março 03, 2024, 11:21:04 pm »
Citar
BE: Estratégia pela paz e saída da NATO

O Bloco de Esquerda apresenta no seu programa uma abordagem diferente para a defesa, que passa também por uma questão geopolítica. Para além da “saída de Portugal da NATO e defesa do desarmamento negociado e multilateral”, os bloquistas pretendem criar uma “iniciativa para investigação e julgamento do governo de Israel por crimes de
guerra e genocídio”. O partido também defende a “conversão da Base das Lajes num aeroporto plenamente civil, exigindo aos EUA as indemnizações devidas pelos danos ambientais e sociais causados”, assim como a realização de uma Cimeira pela Paz na Europa para um fim negociado da invasão russa à Ucrânia em alternativa à escalada armamentista”.

Esta do BE é ouro puro.  :mrgreen:
Os outros partidos de nicho, ainda têm a desculpa de darem prioridade aos princípios que defendem, sem extinguir as FA/saída da NATO em prol de uma fantasia, já o BE consegue cair no ridículo de achar as guerras acontecem, porque no processo ninguém se lembrou que a paz era uma opção. Um BE no poder, seria um enorme perigo à soberania nacional.
 
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PereiraMarques

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Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #2979 em: Março 06, 2024, 10:18:04 am »
Ena...tantos!  :mrgreen:

Aviso n.º 4829/2024/2
Defesa Nacional - Exército - Gabinete do Chefe do Estado-Maior do Exército
Concurso de admissão ao Curso de Formação Inicial de Ingresso nos Quadros Permanentes da Categoria de Praças do Exército.

https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/aviso/4829-854169936
 
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Malagueta

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Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #2980 em: Março 07, 2024, 04:46:50 pm »
https://observador.pt/opiniao/forcas-armadas-incubadora-de-forcas-com-uma-ministra-redutora-de-capacidades/

A grande maioria dos políticos, incluindo os decisores da tutela, olham as Forças Armadas como sendo um sistema de forças. É uma visão errada e geradora de ainda piores políticas estruturais que têm conduzido a reformas danosas e comprometedoras da segurança externa e interna do País. As Forças Armadas não são um mero sistema de forças e menos ainda um simples sistema de armas. As Forças Armadas usam sistemas de armas como parte de suas operações e devem ser em permanência uma “incubadora de forças”.

A começar na ministra da Defesa, que não anteviu o regime de corrupção e conluio instalado no seu ministério, uma rede criminosa onde já constam 74 arguidos sem que daí tenha retirado alguma consequência politica, a terminar no Comandante Supremo das Forças Armadas, mais presente nas flash interview dos desafios de futebol do que em visitas aos problemas das unidades militares, os políticos entendem que um sistema de forças operacionais é a solução acabada para um modelo ideal das diversas componentes da defesa nacional, Marinha, Exército e Força Aérea. Uma Companhia de Fuzileiros, um Batalhão de Forças Especiais, uma Esquadra de Aviões e, para quem é, bacalhau basta! E, se perguntarem ao BE, o melhor é sairmos da NATO e o PCP nem se importa que os Açores passem a ser uma base da Rússia! Não é soberano quem quer, é quem pode; e se queremos garantir a nossa liberdade e democracia, precisamos de umas Forças Armadas profissionais, com tudo o que isso significa.

Desde logo, a sua estrutura profissional e operacional é a componente essencial, sem dúvida nem discussão, mas sem uma estrutura de base ela não subsiste. O sistema de forças operacionais não é sustentável sem uma base de apoio administrativo, logístico, hospitalar e social que alimente e mantenha o seu nível de prontidão e treino. As Forças Armadas são organizações militares que somam pessoal militar treinado, equipamentos, armamento, infraestrutura e indústria para defender um País, proteger os interesses estratégicos e manter a segurança e a soberania. Elas incluem sistemas de armas como parte de seu potencial, mas não se esgotam nisso. São uma entidade muito mais abrangente que se valida na defesa contra ameaças externas, proteção das fronteiras, o controle do espaço aéreo e a defesa das águas territoriais quando necessário, na capacidade de projetar poder e influência além das fronteiras em defesa de interesses nacionais ou em reforço de compromissos internacionais da NATO, em operações de manutenção da paz sob a égide da ONU, em situações de catástrofes naturais ou crises humanitárias fornecendo assistência humanitária, como resgate, transporte de alimentos básicos e assistência médica, em situações limite de manutenção da ordem interna e, finalmente, em atividades de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia militar, que também pode ter e, por norma, precede a sua aplicação em indústria e tecnologia civil. Ora, perante esta panóplia de missões, é preciso olhar o todo como uma soma das partes e não apenas cada componente per si.

A realidade do que no momento acontece na Ucrânia, desde há mais de um ano a esta parte, já deveria ter servido para políticos e tutela repensarem os seus conceitos pré-formatados de que o “guarda-chuva só é necessário nos dias em que chove”, porquanto se, de repente sem previsão cair uma bátega de água e não tivermos defesa, a molha é certa. Se a Ucrânia não tivesse mantido a capacidade mínima de defesa e mais, a possibilidade de fazer crescer as suas Forças Armadas com as suas reservas de mobilização, onde estariam agora as forças agressoras russas? Pois bem, é urgente que as Forças Armadas Portuguesas recuperem esta capacidade, dado que, além do soldado combatente, é necessário dispor de outros tantos ou mais que alimentem o combate. O tamanho e a duração da operação, a logística disponível, o tipo de conflito e as condições geográficas hoje, como ontem, condicionam a composição das Forças Armadas. Não há uma fórmula matemática para calcular o número da estrutura base, mas é fundamental reconhecer que o suporte logístico é crucial para manter as forças combatentes operacionais. E nem tudo funciona com recurso a outsourcings ou por ajuste nos privados, facto que é tido pelos políticos como solução para tudo nas Forças Armadas e, se isso é verdade para algumas situações, no cenário de combate, nem os estudos da igualdade de género da senhora ministra nem as palestras do arguido ex-secretário de estado sobre ética e corrupção no IDN resolvem o problema.

A alimentação, sejam rações de combate, seja água potável, sejam as munições, o combustível, etc ou chegam à frente de batalha em condições de utilização ou o desgaste do moral e o insucesso da operação é o resultado mais esperado. O fornecimento dos abastecimentos militares, desde as necessidades básicas à reposição de armas e equipamentos, desde a necessidade de manutenção de veículos e sistemas de armas à evacuação de feridos e prestação de cuidados médicos até à garantia de comunicações, etc requer equipas especializadas e as modernas tecnologias de vigilância e informação tornam todas estas atividades fundamentais e fazem da logística um fator crítico de sucesso da capacidade das forças militares de manter operações eficazes em situações de combate. Igual amostragem serve para as Forças Armadas em situação de paz e dentro dos quartéis, é na paz que se dissuade a guerra e é no treino duro que se torna o combate fácil.

Um Coronel Comandante de um Regimento do Exército, hoje, está preso a um exercício banal de gestão de falta de recursos. A sua maior preocupação é a fatura de electricidade, o preço do combustível, a substituição da lâmpada do candeeiro do gabinete e não o foco no treino operacional e na manutenção de equipamentos. A razão é simples, soldados não há e o dinheiro para a manutenção não existe!

Um Regimento precisa de ter uma estrutura de base segura, estável, regular e especializada que permita aliviar o Comandante dos pequenos grandes nadas e lhe dê o tempo necessário para supervisar a moral, disciplina, treino e prontidão da sua tropa operacional. Às unidades territoriais não chega um cêntimo do PRR e nem um euro da LPM, mas tão só o orçamento de gestão diária da miséria instalada. Aqui chegados, revisito o essencial, é necessário que os salários e os orçamentos estejam ajustados a esta necessidade. Que soldado ou civil assistente operacional está disponível para aceitar um contrato de serviços em Santa Margarida por 800 euros (fora descontos) se nas caixas do supermercado do Mercadona aufere 2 vezes mais, sem ser privado das suas liberdades e preso a exigências de serviço a qualquer instante? A resposta está na perda média de 5 militares por dia neste ano de 2023. É insustentável este estado da arte e a breve trecho colocará em risco todo o edifício das Forças Armadas. O único que restará será o da Avenida Infante Santo onde a senhora ministra continuará a encomendar estudos e a constituir grupos de trabalho com os amigos, até porque o orçamento que dispõe para o Ministério da Defesa é superior ao da Força Aérea, o que, só por si, diz bem do que podemos esperar deste desgoverno. E, se a criação do Quadro de Praças poderá colmatar algumas lacunas é, em sim mesmo, um erro e um problema no médio longo prazo, porquanto, se a estrutura de base poderá melhorar com estes soldados, o combate não se faz com tropa velha e barriguda!

Quantos Exércitos profissionais do mundo moderno dispõem deste modelo? Os EUA têm um quadro de praças? Os Belgas deram-se bem com este modelo? Talvez a Macedónia do Norte onde a senhora ministra foi há dias em turismo político assinar mais um memorando de boas intenções sirva de resposta. Não garantindo uma estrutura base nem sequer as respetivas infraestruturas, como pode a componente operacional existir? E pior, se for necessário crescer em número por questões de guerra ou compromissos NATO, o que fazemos? Onde estão as reservas de recrutamento? Nos adultos, masculinos e femininos, que sendo jovens não passaram pelas fileiras e do sistema de armas e táticas de combate só conhecem os que vivenciaram no Fortnite? Quem dá as missões, o poder político, tem que dar os meios correspondentes a essas missões, caso contrário não são políticos, são uns ditadores autoritários, que, tal como Putin, não se incomodam com o sangue que é derramado em prol de uma decisão de momento por interesses pessoais ou por ideologia.

É imoral continuarmos na Defesa com uma ministra cujo único móbil é a sua valorização académica e que continua a definir missões de apaga fogos na época de incêndios à tropa operacional e pelo meio depaupera património revertendo nem metade a favor das Forças Armadas na melhoria das suas capacidades. É imoral termos uma ministra que na Ucrânia promete apoio no treino nos CC Leopard sabendo que em Santa Margarida nem sequer conseguem realizar tiro real. Como consegue dormir tranquila? Seja ministro ou ministra, as Forças Armadas têm contado com responsáveis políticos que desprezam o valor do Soldado e que nem sequer têm a noção que até em combate a morte de um militar exige que existam meios para que seja tratado com a dignidade que o seu sangue derramado pela Bandeira Nacional merece. Aponto este mórbido exemplo porque, se repararem, quase 2 anos depois de o Exército ter decidido a uniformização da tropa, ainda hoje há militares da estrutura de base e em cerimónias públicas com o uniforme antigo. Hoje, nem o básico tem resposta pronta nas Forças Armadas quanto mais a modernização necessária a coberto da LPM! Acabaram com a Manutenção Militar, acabaram com os Hospitais Militares e só ainda não acabaram com tudo o demais porque, de quando em quando, precisam de reforço aos incêndios, de um passeio marítimo na Sagres ou de mais uma viagem tranquila no Falcon da Esquadra 504.

Para operar de forma eficaz, responder em prontidão e cumprir as missões que o poder político lhe define, uma tropa profissional, em qualquer dos ramos, requer soldados treinados, bem equipados e mantidos em condições de prontidão, requer liderança e os atuais generais e almirantes comandantes dos ramos são do melhor que poderíamos esperar e ombreiam com os seus pares na nato, e até diria mais, este governo e esta ministra nem os merecem! Requer investimento em treino contínuo do pessoal militar, básico, especializado para funções específicas e exercícios de campo realistas. Requer equipamentos e armas modernas e confiáveis, veículos, equipamentos de proteção individual e sistemas de comunicação. Requer logística e indústria de defesa essencial para garantir que as forças dispõem de abastecimentos, alimentos, combustível, munições e outros recursos necessários. Requer informação e inteligência para identificar ameaças, planear operações e tomar decisões informadas. Requer comando e controlo para coordenar as operações militares, garantir a comunicação e permitir a tomada de decisões rápidas. Requer saúde e assistência médica para tratar feridos em combate e manter a saúde geral das tropas. Requer engenharia e logística de construção para manter e construir infraestruturas militares, como pontes e fortificações, além de apoiar a logística e o combate no campo de batalha. Requer apoio de transporte para a mobilidade de pessoal e transporte de abastecimentos e meios. Requer assuntos civis e relações públicas para a cooperação e o apoio durante operações militares. Requer orçamento e finanças para a gestão de recursos e o cumprimento das obrigações fiscais. Requer treino e mobilização de reservistas, tropa pronta para ser mobilizada em caso de necessidade. Requer justiça e ética para manter a conformidade com leis nacionais e internacionais, bem como padrões éticos e de disciplina elevados, essencial para forças armadas profissionais. E requer governantes com sentido de estado, hábeis, competentes e conhecedores para garantir que tudo isto é sinónimo de eficácia, prontidão das forças armadas e retorno do dinheiro público dos contribuintes.

Estamos no limite dos limites e as Forças Armadas não podem persistir neste caminho sem “eixo de progressão”. Conhecem algum político competente disponível para a pasta da Defesa? É que esta ministra não cumpre os requisitos mínimos!
 
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Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #2981 em: Março 08, 2024, 07:11:20 am »
Esperemos que o próximo mdn seja menos mau que esta . O que também não é dificil

Se bem que a concretizar-se um governo da AD também não espero grande coisa. Lá está,  a bitola é o "menos mau"
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Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #2982 em: Março 08, 2024, 10:55:24 am »
Esperemos que o próximo mdn seja menos mau que esta . O que também não é dificil

Se bem que a concretizar-se um governo da AD também não espero grande coisa. Lá está,  a bitola é o "menos mau"

Se AD ganhar, provavelmente MD deve ser novamente entregue alguém do CDS, que sendo dos poucos ministros que deverá ter, vão querer mostrar "obra" tal como aconteceu com anteriores na mesma situação.

s
« Última modificação: Março 08, 2024, 10:55:56 am por Malagueta »
 

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Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #2983 em: Março 08, 2024, 10:53:36 pm »
A acontecer uma geringonça de direita, a IL fica com a Defesa -- a palavra de ordem é privatizar. O Chega não está interessado na DN. A sua preferência são as FS, onde têm uma grande base de apoio. Numa eventual geringonça, o MAI iria para o Amorim, com o mandato de reforçar as capacidades EOD.
Talent de ne rien faire
 
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dc

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Re: REFORMAR E MODERNIZAR AS FORÇAS ARMADAS
« Responder #2984 em: Março 09, 2024, 12:40:31 am »
Não me parece que faça grande diferença "quem fica" com a Defesa. A execução vai sempre depender do resto do Governo, nomeadamente das finanças.

O essencial é que se tenha uma política de Defesa a sério.
 
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