Eu acho que as "chatices" entre egos seria o menor dos problemas. Ter 2 brigadas "mistas", ia complicar a parte da logística. íamos passar a ter Leopard em duas unidades distintas? Isto seria uma complicação logística desnecessária, para tão poucos meios.
Não esquecendo que, o território do Norte do Tejo para cima, é pouco ou nada adequado para CCs, sendo estes mais úteis do Sul do Tejo até ao Algarve.
Agora chegamos à questão da fusão da BrigInt e BrigMec. Esta prender-se-ia acima de tudo por duas razões: cortar gorduras (sobretudo a nível do comando) e aumentar sinergias. Podíamos extrapolar que, cada brigada deveria ter entre 300 a 500 blindados, para ser uma força realmente credível enquanto unidades independentes, num conflito de média/alta intensidade, e o nível tecnológico devia ser superior ao actual, a quantidade de pessoal condizente, e as lacunas teriam de ser corrigidas. Podemos concluir que é quase impossível atingir estes objectivos, ainda por cima se fosse para ser feito em meados da mesma altura que se terá que substituir as fragatas, F-16 e P-3. O investimento teria de ser entre os 1000 e os 2000 milhões cada uma destas brigadas. O mesmo seria se fossemos criar duas brigadas mistas em vez de BrigInt e BrigMec.
É bem mais realista se viéssemos a ter cerca de 250 blindados em cada uma, sendo que "unidas", dariam os tais 500, mantendo os princípios e tipologia de meios inerentes a cada uma das brigadas actuais, excepto que neste caso, o nível de interoperabilidade seria muito superior. Assim sendo, num TO qualquer, a escolha do que podemos enviar já não seria feito sobre "que brigada?", mas sim "que meios?" desta grande brigada.
É um pouco como a comparação entre ter um UALE com 6 helicópteros e a FAP com outros 6, do mesmo modelo, ou ter um comando conjunto com os 12 helicópteros. Se o nº de meios e capacidades for o mesmo, não faz sentido ter os 12 helicópteros divididos em duas unidades só porque sim.
Entretanto, a questão da defesa dos arquipélagos, devia fazer-se através da dissuasão (em primeiro plano) e através da destruição de ameaças (caso a dissuasão não resulte) antes de meterem um pé em qualquer que seja a ilha. É preciso aceitar que, a defesa dos Açores e da Madeira, nunca será feita com grandes números de soldados em terra. Seria muito mais produtivo em termos defensivos, se tivessem capacidades a nível da defesa costeira (Harpoon em camiões por exemplo) e em sistemas AA de curto e médio alcance. Gastar o grosso deste potencial humano, em infantaria normal sub-equipada, acaba por ser uma falta de aproveitamento enorme.
Idealmente, a ZMM e ZMA conseguiam ter um efectivo de cerca de 0.5% da população do respectivo arquipélago, o que daria cerca de 1200/1250 militares em cada. Também idealmente, os arquipélagos, tal como acontece noutros países com ilhas, deviam ter em permanência, não patrulhas, mas um ou dois Missile Boats. Claro que hoje tal coisa está fora de questão, que nem patrulhas conseguem manter a navegar em condições... mas como se está a falar de estratégia de defesa nacional...
Entretanto, e de volta ao Exército, um dos principais aspectos a reorganizar, é a "arma" de cada um dos quartéis. Continuo a achar que não faz sentido ter quarteis mono-missão, por exemplo, regimentos de artilharia, quando estas são armas que irão operar em conjunto com (ou em apoio de) restantes unidades da respectiva brigada. Também não faz sentido ter um Regimento de Infantaria em Beja, quando não há pessoal suficiente para isso. Era muito mais racional se se tornasse um regimento de transportes ou um RAAA ou algo semelhante, que requer menos pessoal que um RI, e tirando partido do acesso ferroviário, rodoviário e da Base Aérea de Beja tudo ali ao lado.
Existirão muitos mais casos de quartéis sub-aproveitados, ou com a unidade errada lá dentro, ou outros que são virtualmente inúteis.