SA-330 "Puma" de volta às Lajes

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pmdavila

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SA-330 "Puma" de volta às Lajes
« em: Abril 11, 2008, 10:16:35 pm »
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Fica apenas um EH101 “Merlin”
Quatro SA-330 “Puma” em Maio nas Lajes

Um ano e meio depois, os SA-330 “Puma” vão regressar aos Açores. A chegada dos helicópteros está prevista para antes do fim de Maio.



Quatro aeronaves do tipo SA-330 “Puma” vão regressar à Base Aérea n.º 4, nas Lajes, antes do final do próximo mês de Maio, soube o DI de fonte militar.

Os aparelhos, que ainda se encontram em fase final de “afinação”, em Beja, começaram a operar nos Açores a 30 de Novembro de 1976, tendo deixado a Região a 30 de Novembro de 2006, ou seja, três décadas após a sua chegada.

Os “Pumas” voltam aos Açores por razões que ainda não foram oficialmente anunciadas, mas que se poderão prender com os baixos custos da sua operacionalidade em relação aos EH101 “Merlin”.

Outra das razões poderá ter a ver com o incidente ocorrido na ilha de S.Jorge, em Novembro do ano transacto, que provocou ferimentos graves numa médica terceirense que se encontrava a bordo.

As causas do acidente, de acordo com a Força Aérea Portuguesa, prenderam-se com problemas no computador de bordo, coisa que a empresa construtora tem vindo a negar, pelo que o acidente ocorrido em são Jorge não tem, por enquanto, causas definitivas.

Os EH101 “Merlin” foram apresentados nos Açores, a 30 de Novembro de 2006, como sendo aeronaves com o dobro da capacidade em peso e alcance, o que foi considerado como uma forma de melhorar em muito a prestação de serviço da Força Aérea na Região.

Quando DI anunciou, a 12 de Fevereiro passado, a notícia do regresso dos “Pumas”, esta foi considerada por fontes militares como “algo de ridículo e um retrocesso tecnológico”.

A realidade agora, pelo menos dada a ocorrência de imponderáveis, é que os “Pumas” vão mesmo regressar aos Açores.


2.635 VIDAS
Os SA-330 “Puma”, ao longo das suas missões nos ares dos Açores, contabilizaram um recorde de salvamento de 2.635 vidas.

Com menor capacidade de transporte, menor velocidade de cruzeiro e menos conforto do que os “Merlin” que os substituíram, o único acidente ocorrido com os “Pumas” prende-se com uma aterragem forçada, mas sem consequências, no ilhéu do Topo, em São Jorge.


SEM ESQUADRA 711
DI sabe, também de fonte militar, que a vinda de quatro aeronaves “Puma” para a Base das Lajes não vai levar a que a Esquadra 711, os “Albatrozes”, seja reactivada.

in Diário Insular, 11 de Abril de 2008
Com os melhores cumprimentos,
pmdavila

"Antes morrer livres que em paz sujeitos"
 

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pchunter

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« Responder #1 em: Abril 14, 2008, 02:41:58 am »
Isto infelizmente resulta de uma característica do pais em que vivemos. Fazemos tudo em cima do joelho, compramos os aviões com a ajuda da comunidade europeia porque não temos guito e não celebramos qualquer contrato para a manutenção dos mesmos, nem OGMA nem Agustawestland agora temos os pássaros na gaiola bonito serviço! Estavam à espera que durassem para sempre? São bons mas nem tanto!
 

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João Oliveira Silva

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« Responder #2 em: Abril 14, 2008, 12:36:46 pm »
pchunter escreveu:

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Isto infelizmente resulta de uma característica do pais em que vivemos. Fazemos tudo em cima do joelho, compramos os aviões com a ajuda da comunidade europeia porque não temos guito e não celebramos qualquer contrato para a manutenção dos mesmos, nem OGMA nem Agustawestland agora temos os pássaros na gaiola bonito serviço! Estavam à espera que durassem para sempre? São bons mas nem tanto!

Pois bem:
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compramos os aviões com a ajuda da comunidade europeia porque não temos guito
Não sei se sabe mas foram comprados com o nosso guito - e foram bem caros, diga-se. Portanto não foram comprados pelos outros. Sairam-nos do nosso bolso e até já estão pagos.
Contudo, deve-se querer referir aos dois SIFICAP ( nºs 19607 e 8 ) que, esses sim, tiveram uma aceitável comparticipação da UE. Mas também não são helicópteros militares, in strictu sensu, são destinados à fiscalização costeira e pesqueira e não só da ZEE portuguesa.
Como vê, não tem razão.
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Fazemos tudo em cima do joelho,
Sabe que no início deste ano a Força Aérea Canadiana parou uma esquadra inteira de EH-101? Será que o Canadá também só faz " tudo em cima do joelho "? e os ingleses? e os italianos?também não têm relatado incidentes e problemas com os que possuem?
Azar... fizeram " tudo em cima do joelho ".
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temos os pássaros na gaiola bonito serviço!
http://dn.sapo.pt/2008/03/11/nacional/m ... _peca.html
Nesta notícia de Março refere-se o seguinte:
Diferentes fontes da FAP adiantaram ontem ao DN que o ramo está a viver "uma situação crítica e muito melindrosa": por um lado, a empresa Agusta-Westland não consegue fornecer sobressalentes em número suficiente para manter a frota de 12 helicópteros a voar;
Ninguém a desmentiu.
Não sei se ouviu a extensa entrevista que o CEMFA deu à Antena 1, também em Março, e onde este assunto foi um dos temas principais? O General CEMFA a dizer de viva voz o que esta noticia diz tem o seu valor, ou não? Será que não é sério e mente?
Por amor de Deus.
Por outro lado, reparou nesta noticia do DI, de 11 de Abril, no seguinte:
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Outra das razões poderá ter a ver com o incidente ocorrido na ilha de S.Jorge, em Novembro do ano transacto, que provocou ferimentos graves numa médica terceirense que se encontrava a bordo.

As causas do acidente, de acordo com a Força Aérea Portuguesa, prenderam-se com problemas no computador de bordo, coisa que a empresa construtora tem vindo a negar, pelo que o acidente ocorrido em são Jorge não tem, por enquanto, causas definitivas.
E por último:
Todas as aeronáuticas militares, por esse mundo fora, se debatem com falta de pilotos, neste caso muito em particular pilotos-comandantes. A FAP não foge à regra. Há falta de pilotos, é verdade.
Acha que, mesmo assim, ainda irão desencantar 10 ou 15 pilotos para reactivar 4 pumas? e as qualificações para quem já não voa neste tipo há quase dois anos? Isto não é como nas obras em que o motorista sai do camião mercedes e pega de imediato no scania. E senão houver motorista de pesados até o de ligeiros dá uma mão...
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não celebramos qualquer contrato para a manutenção dos mesmos,
Na notícia do DN cujo link acima se indica, refere-se:
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O actual ministro, Nuno Severiano Teixeira, autorizou há um ano que fosse feito um contrato com a Agusta-Westland - através da Defloc, uma empresa da holding estatal para as Indústrias de Defesa, EMPORDEF - por um prazo de seis meses, prorrogável por mais seis. Esse período serviria para negociar um contrato de longo prazo para as áreas de manutenção e operação dos EH101 Merlin da FAP, em cujo programa foram investidos cerca de 450 milhões de euros.

Fonte oficial do Ministério da Defesa assegurou ontem ao DN que "as negociações do contrato para os próximos 5 anos estão finalizadas". Quanto à data de assinatura do documento, ela "será autorizada brevemente". Ficou também por saber se a OGMA (empresa aeronáutica de Alverca onde o Estado tem uma participação de 35%) vai assumir parte das operações de manutenção dos helicópteros.

É verdade que o contrato hoje ainda não foi assinado mas também é verdade que até agora à Agusta compete a manutenção.

Cumprimentos,
 

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pchunter

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« Responder #3 em: Abril 14, 2008, 06:36:26 pm »
Caro João desconhecia o facto de apenas os dois aparelhos destinados a fiscalização serem comparticipados pela CE. Quanto ao resto agradeço os esclarecimentos, é para isto que serve o forum. Já agora por acaso não sabes o motivo pelo qual o fornecimento das peças esta tão atrasado?
 

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Eurico Viegas

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« Responder #4 em: Abril 14, 2008, 07:53:30 pm »
Como o João Oliveira Silva já afirmou, o problema dos sobressalentes é generalizado, não é nosso exclusivo.
Por um lado, a linha de produção ainda se encontra a laborar para cumprir encomendas, não para fabricar peças sobressalentes. Por outro, o uso acima do esperado da força de Merlin britanica - Seis dos Merlin dinamarqueses foram "desviados" para a RAF para aumentar as capacidades britanicas. Creio que de forma simplista isto resume a situação.
disce quasi semper victurus, vive quasi cras moriturus
 

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João Oliveira Silva

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« Responder #5 em: Abril 14, 2008, 09:03:47 pm »
pchunter escreveu:
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Quanto ao resto agradeço os esclarecimentos, é para isto que serve o forum
Claro, meu amigo. Eu também não percebo muito mas como tudo isto me tem intrigado, resolvi gastar um bom numero de horas a pesquisar.
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Já agora por acaso não sabes o motivo pelo qual o fornecimento das peças esta tão atrasado?

Não sei e penso que muito pouca gente saberá. Há algumas ideias, entre elas aquelas que o Eurico Viegas apontou estão lá. A própria Agusta é evasiva. Diz que se trata de um helicóptero novo e extremamente sofisticado e que os " poucos " problemas que têm ocorrido, resultantes da sua juventude, têm sido todos prontamente resolvidos? Não acho.
Já agora, em jeito de remate:
Eu também creio que os puma serão reactivados, só que a razão não são as " doenças " do EH-101. Com tempo, como deve ser, acho que chegaremos lá. E porquê?
Socorrendo-me da pesquisa, há duas linhas principais:
- helicópteros demasiado tempo parados estragam-se. Os puma já estão parados há quase dois anos, há que lhes dar " ar " para que se possam vender a alguém, senão só para o ferro-velho ao quilo;
- Cada hora de voo dos EH-101 custa ouro. Se se puder fazer algumas missões com outros mais em conta, melhor e acho bem. É por isso que se diz que os mal-afamados Kamov estão alerta SAR até às 90 milhas.

Cumprimentos,
 

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lurker

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« Responder #6 em: Abril 14, 2008, 09:38:23 pm »
A questão da inactividade dos Puma é relativa. 2 anos parados não lhes fazem bem nenhum mas também não os inutilizam e qualquer potencial cliente teria de lhes fazer uma grande revisão e, quiçá, uma conversão para um modelo mais standard.

O custo de operaração também é relativo: o EH-101 é um helicóptero caro de operar para os padrões actuais mas os Puma são velhos e também não são baratos de operar.
Se se conseguir ultrapassar o imbróglio da falta de contrato e falta de peças, há possibilidades realistas que os custos de operação do EH-101 desçam pelo menos ao nivel dos Puma.
 

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pchunter

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« Responder #7 em: Abril 14, 2008, 10:53:28 pm »
Malta muito obrigado pelos esclarecimentos. Aquando da vinda dos eh-101 li algures que a hora de voo dos bichos custava qualquer coisa como 5000€, a justificação na altura era a instrução das tripulações pois quando se torna-se operacional o seu custo iria baixar. Alguém me pode dizer se isto corresponde à realidade e qual será o custo aproximado da hora de voo?
 

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lurker

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« Responder #8 em: Abril 14, 2008, 11:42:11 pm »
Aquando da selecção do EH-101, a FAP tinha em perspectiva chegar a um valor de ~2.900€/hora de vôo quando a operação do EH-101 entrasse em velocidade de cruzeiro.

Aquando das negociações do contrato de manutenção que ainda não foi assinado, li que iria numa primeira fase permitir baixar os custos de ~9.000€ para ~4.500€ por hora de vôo.

Para comparação, os últimos valores para o Puma eram de 3500€/hora de vôo.

Note-se que, tanto quanto sei, estes custos são na verdade o custo de operar a frota durante um ano a dividir pelo gasto anual com a manutenção/operação da frota pelo que devem estar lá escondidos custos mais ou menos independentes do número de horas que os aparelhos voam.
Não sei se esse é o caso da formação dos pilotos por exemplo, mas é possivel.

(perdoem-me quais quer erros ortográficos mas hoje estou  mesmo impossível)
 

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HSMW

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« Responder #9 em: Abril 15, 2008, 08:53:30 pm »
E para quando o NH-90??!!  :?
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« Responder #10 em: Abril 16, 2008, 10:37:55 am »
Como uma personagem de uma série cómica brasileira dizia:

- Isso não te pertence mais... :lol:  :(
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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« Responder #11 em: Abril 17, 2008, 01:39:12 am »
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É por isso que se diz que os mal-afamados Kamov estão alerta SAR até às 90 milhas.


Ironia ou facto ?
Os "nossos" Kamov estão preparados para missões SAR ?
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« Responder #12 em: Abril 17, 2008, 08:35:04 am »
Citação de: "Bravo Two Zero"
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É por isso que se diz que os mal-afamados Kamov estão alerta SAR até às 90 milhas.

Ironia ou facto ?
Os "nossos" Kamov estão preparados para missões SAR ?


Acho que sim :idea:







Fonte: exercito.pt
Potius mori quam foedari
 

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pchunter

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« Responder #13 em: Abril 18, 2008, 12:08:21 am »
Excelentes fotos, fugindo um pouco ao tema e passando de pumas para kamovs existe a ideia que o material russo, apesar de barato sai caro na manutenção, porque eles não projectam as aeronaves para durarem muito tempo e têm problemas com a reposição de peças. Verdade ou não o mito existe. Fica o tema para debate.
 

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lurker

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« Responder #14 em: Abril 18, 2008, 10:39:10 am »
Caro pchunter,
é mais uma diferença de filosofia na forma como fazem a manutenção. A filosofia ocidental habitual é de uma manutenção distribuida, a russa é de uma manutenção centralizada no fabricante.

Tipicamente, as aeronaves ocidentais, sejam civis ou militares, são operadas "no campo" durante periodos relativamente longos, sendo alvo de uma manutenção bastante extensa. De tempos a tempos, são alvo de operações de manutenção mais profundas em oficinas especializas (como as nossas OGMA). É muito raro uma aeronave retornar ao fabricante para manutenção, a não ser em casos de acidente ou negócios de retoma.

Já as aeronaves russas, pelo menos as militares, seguem tradicionalmente uma filosofia diferente: as aeronves são operadas no campo durante relativamente pouco tempo e são alvo de uma manutenção relativamente simples.
Periodicamente, componentes principais (por exemplo, motores) ou a própria aeronave retornam ao fabricate para ser alvo de uma revisão geral.
Por exemplo, se não estou em erro, os motores de um MIG 29 são alvo deste processo a cada 500 horas de vôo.

Cada filosofia tem vantagens e desvantagems.
Uma das desvantagens mais notórias da filosofia russa é que para potenciais compradores, ou investem imenso a replicar a infra-estrutura russa ou ficam extremamente dependentes da Rússia para peças e manutenção.

Já a questão dos custos é alvo de imenso debate. Há quem afirme que é mais caro, há quem afirme que a prazo acaba por ficar mais barato porque as aeronaves voltam da revisão quase como novas.
Imagino que a verdade esteja no meio e que dependa das necessidades do operador e da forma como lida com isso.