Como as coisas são por cá, astantas acontece um acidente como o da central nuclear de Chernobyl.
Caro Get_in,
o desastre de Chernobyl representa sem dúvida o lado negativo de quem não aposta da manutenção quer de centrais de segurança, quer de restantes armas que precisam disso ---> URSS...Chernobyl e os decadentes submarinos russos e outro material para citar.
Os EUA, França, Espanha, etc etc etc....todos tem centrais nucleares, ora bolas, os EUA até tem umas 20, e nunca tiveram acidentes, ou seja, desde que haja cuidado e manunteção não existe problemas...
Exactamente, precisa de manutenção, esperemos é que o governo não ponho o dedo no projecto da central nuclear, senão com os cortes orçamentais lá se vai a manutenção da central nuclear.
Não foi só a manutenção deficiente que criou Chernobyl. Se nós fossemos suficientemente estúpidos para construír um reactor RBMK (perigoso), e além disso usassemos o projecto russo (com falhas sérias de segurança), merecíamos o que nos acontecesse.
Os reactores nucleares não são todos iguais, como o NVF já disse. No caso dos reactores normalmente usados no ocidente, a água no núcleo tem a função de arrefecimento (o que atrasa a reacção em cadeia) e também modera a reacção ("amansa" os neutrões libertados para que a reacção possa continuar). No reactor RBMK (o tipo do de Chernobyl) a água só serve para arrefecer, o efeito moderador é baixo. O que é que isto significa? Que os tipos de reactores reagem de forma diferente a perda de líquido no núcleo. Embora a perda de líquido tenha o mesmo efeito inicial (o aumento da temperatura força a uma aceleração da reacção), quando a água começa a desaparecer no reactor ocidental perde-se o efeito moderador, por isso os neutrões libertados por uma fissão estão demasiado "quentes" para continuar a reacção em cadeia, e a intensidade da reacção começa a diminuir. É a "realimentação negativa". No modelo soviético havia "realimentação positiva", a perda de líquido provocava o aumento da intensidade de reacção, e o moderador continuava lá para a ajudar a continuar, por isso a perda de líquido podia levar a uma reacção descontrolada.
Em Chernobyl no dia do acidente juntou-se isso, a falta de experiência e conhecimentos da equipa de operadores, e outros problemas de concepção do reactor, para criar condições que levaram ao derretimento do núcleo, a um incêncio e finalmente uma explosão no reactor.
Outro problema do reactor RBMK é que é muito alto. O que fez com que o governo soviético resolvesse poupar dinheiro ao não construír uma estrutura de contenção à volta dos reactores. Quando o reactor 4 explodiu em Chernobyl, não havia nada que impedisse a explosão de espalhar radioactividade.
Pode-se comparar Chernobyl com o segundo acidente mais grave numa central nuclear, que aconteceu em em 1879 em Three Mile Island, nos EUA. Aí, também se deu um conjunto de circunstâncias difíceis de se juntarem que acabou por levar a um derretimento do núcleo. Só que nesse caso, o reactor, muito diferente, não se desfez todo ao primeiro sinal de problemas, e o que aconteceu (ainda assim bastante grave) foi contido pela estrutura exterior de protecção sem problemas.
O resultado é o que se sabe, em Chernobyl morreram dezenas de pessoas, uma cidade de 50.000 pessoas tornou-se inabitável, a radioactividade espalhou-se por uma área enorme. Em Three Mile Island as pessoas que viviam num raio de 10 milhas receberam uma dose de radiação semelhante à de um raio-x.
Claro que para a União Soviética, o RBMK tinha certas vantagens interessantes, por exemplo o facto de produzir plutónio para armas durante a reacção, ou de permitir usar combustível reciclado de outras centrais. Mas o que para eles era útil não tem grande utilidade para mais ninguém, pelo menos que justifique os riscos.
Acho que apontar para Chernobyl cada vez que alguém fala de uma central nuclear não ajuda muito à discussão.