Nós podemos acreditar em tudo, e a nossa história está cheia de mitos...
Podemos acreditar que esses 400.000 africanos eram tão patrioticos como o Viriato, mas a realidade é muito diferente.
Se um décimo deles, conseguissem construir uma frase em português eu acharia muito.
Há mais de dez anos, em Moçambique, eu não consegui falar com um militar na fronteira para a África do Sul, porque ele praticamente não conseguia falar a lingua...
O José Hermano Saraiva, disse que o primeiro padrão dos descobrimentos erguido no Brasil, só foi erguido porque os indios ajudaram.
A nossa realidade é muito diferente da de uma história inventada.
A maioria dos africanos era analfabeta, muitos não falavam português.
Muitos outros falavam, disso não há duvida, mas isso dependia da étnia. Na Guiné, os Pápel por exemplo (vide o Marcelino da Mata) eram muito mais assimilados que os Balantas, que eram muito mais apoiantes do PAIGC. Mas também havia Pápels que eram do PAIGC, como o Nino Vieira.
A questão é demasiado complexa, e nós temos paredes de mármore cheias de nomes estrangeiros, para não pensarmos duas vezes antes de sequer haver um plano coerente e organizado par permitir a entrada de pessoas de origem estrangeira.
adicionado
Lembraria por exemplo os contingentes que designámos como Cipaios ou Sipaios, que eram essencialmene unidades ligeiras destinadas a manter a ordem interna, que se caracterizavam por serem constituidas por locais que recebiam um salário e que eram comandadas por um oficial europeu.
Se há país, onde se deve ter em consideração o passado militar, para analisar o acesso de estrangeiro ao serviço militar, esse país é Portugal.
A questão agora, prende-se com o problema cultural, e com o fato de ao contrário do passado, essas tropas servirem para atuar em território nacional e não nas possessões coloniais.
Mas no caso dos ingleses, quantas foram as unidades coloniais que foram enviadas de umas colónias para as outras ?
O exército francês, antes da queda da França, utilizou enormes contingentes africanos em França. Os ingleses utilziaram indianos para defender a Inglaterra e havia unidades indianas em território europeu, desde unidades do VIII exército na Itália e mesmo no BEF em 1939/1940, tendo muitos indianos sido evacuados depois da derrota britânica no norte de França.
A questão agora é ...
- Trata-se de incorporar no exército novas unidades constituidas por estrangeiros, mas comandados por oficiais portugueses ?
Um espécie de legião estrangeira ?
- Trata-se de permitir a incorporação de imigrantes das ex colónias e do Brasil, que poderiam assim conseguir a nacionalidade ?
O problema, no final, vai acabar com as birrinhas de alguns generais, que não querem ouvir falar em aumento dos salários das praças, sem um aumento proporcional no salário de todos os sargentos e oficiais,
O problema, é que querem manter a mesma distância salarial que existe, custe o que custar, alegando que é um desprestigio para os oficiais, se os praças receberem proporcionalmente mais de 20% do salário de um general,
Neste país, quando se trata de deixar funcionar as regras do mercado - a lei da oferta e da procura - até o empresário mais liberal vira marxista-leninista