TAP pode render mil milhões de €€€ ao Estado
Unidade de Transporte aéreo é a mais apelativa da empresa pública. Viagens dão lucro em 2010.
O Estado pode receber um cheque chorudo com a privatização da TAP. A unidade de transporte aéreo do grupo, a TAP S.A., valerá entre 700 milhões e mil milhões de euros, segundo contas conjuntas do SOL e de analistas. Mil milhões comprariam , por exemplo, 25 aviões A320, um dos mais modernos utilizados pela empresa pública.
A TAP está nos planos de privatização do Governo para 2011. A empresa está dividida em várias unidades de negócios, sendo as principais a Groundforce, a Manutenção e Engenharia Brasil e a TAP S.A.. E é nesta unidade que está o negócio mais apetecível. Segundo apurou o SOL, a TAP S.A. vai registar resultados positivos em 2010, tal como em 2009. Por isso, os investidores deverão focar aqui as atenções.
Estes resultados contrastam com os das outras empresas do universo TAP. A Groundforce, responsável pela assistência em terra, teve prejuízos de 35,7 milhões de euros em 2010 e a sua situação financeira está no limite: o administrador-delegado, Fernando Melo, fechou no final de 2010 a escala de Faro e despediu 300 trabalhadores. A empresa está à venda desde o final de 2009 e a alienação terá de ser feita este ano.
Na TAP Manutenção e Engenharia do Brasil são esperados igualmente «maus resultados» para 2010, segundo disse o seu presidente, Luís Rodrigues.
Venda pode ser directa
Há vários anos que o Governo pretende vender a TAP, mas a escassez de dinheiro no mercado tem levado ao adiamento da operação. A receita será utilizada para abater à dívida pública, que deverá atingir os 158 mil milhões de euros no final do ano.
De acordo com as declarações desta semana do secretário de Estado das Obras Públicas, 2011 deverá ser o ano de venda da TAP. «Há muito tempo que temos recebido manifestações de interesse, que têm sido reforçadas nos últimos tempos de forma significativa», disse Paulo Campos. Estas declarações seguiram-se à notícia da SIC Notícias, segundo a qual a Qatar Airways estaria interessada em 40% da TAP. Fonte oficial da Qatar disse ao Público, contudo, tratar-se de «especulação».
O CEO da TAP, Fernando Pinto, concorda com a venda e um dos seus principais objectivos é finalizar o processo de privatização até à sair da empresa, em 2012. Por decidir está ainda o modelo de venda. Paulo Campos afirmou que ainda «não há qualquer decisão do Governo relativamente à forma como o procedimento será feito».
Assim, existem dois cenários possíveis: «O mais consensual é a abertura de um concurso público, mas a lei prevê que possa ser feita uma venda directa», diz Mafalda Teixeira de Abreu, da Abreu Advogados. Contudo, a abertura de um concurso público seria «mais transparente», observa João Carvalho das Neves, professor universitário de Gestão.
Transporte dá lucro
O principal negócio da TAP, o transporte aéreo, registou um resultado positivo em 2010, apurou o SOL. O ano foi particularmente negativo para o sector: uma nuvem de cinzas vulcânica paralisou o espaço aéreo europeu, o mau tempo obrigou ao encerramento dos principais aeroportos e o preço do petróleo bateu os 100 dólares no final do ano.
Os resultados da TAP foram, contudo, impulsionados pelo aumento de 7,7% no número de passageiros para 9,88 milhões. Já em 2009 a TAP S.A. registou lucros no transporte aéreo de 57,4 milhões. Contudo, não é expectável que o Grupo TAP SGPS tenha lucros em 2010.
As perdas de 35,7 milhões da Groundforce e os prejuízos, ainda não divulgados, da Manutenção e Engenharia Brasil vão pressionar o resultado líquido. As contas serão divulgadas entre o final de Março e meados de Abril.
SOL