É evidente que a instituição e sobretudo as centenas de militares que nela servem não podem ser culpados pelos atos praticados por estes tipos fora de serviço.
Dito isto, seria bom não voltar à costumeira e estafada conversa das "maças podres", um disco já muito gasto. Até porque quando há muita fruta podre, o "bicho" ataca também a fruta boa...
Entre delinquência, agressões, roubos de armas (que não foram só Tancos...), tráfico de droga, tráfico de diamantes, infiltração de gangues, "serviços" externos, entre outros não mediáticos e que se passam no interior dos quarteis, a realidade é que há demasiados casos para não serem levados a sério.
O modelo e condições do RC que sucedeu ao SMO, associado às alterações demográficas, educacionais e sociais da população portuguesa, não funciona. Tem se revelado falho em atrair não só quantidade mas também qualidade a todos os níveis. As forças armadas não podem ser um recetáculo de entulho social, isso tem efeitos a vários níveis e um deles é afastar as pessoas com valor.
Estes casos têm também que servir para as chefias militares e a tutela fazerem mudanças. Eu já aqui escrevi sobre isto, não é apenas melhorar as condições salariais gerais, é sobretudo definir perfis e capacidades que se quer ter e direcionar incentivos para os mesmos, sobretudo para a sua retenção, com objetivos associados.
Isto passa também por contratos de longa-duração (com o necessário e absolutamente obrigatório período de formação profissional certificada e respectivos estágios a cargo das FFAA na fase final do contrato, independentemente das necessidades do momento) e eventualmente pelo acesso de praças ao quadro permanente, embora eu tenha muitas reservas sobre isso e a fazer-se teria que ser algo limitado e muito bem pensado numa perspectiva de longo-prazo.
Esperar que haja uma constante incorporação e rotação de um elevado número de efectivos não funciona e só levará a mais do mesmo: carência de pessoal, diminuição da exigência geral e da qualidade.