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Economia => Portugal => Tópico iniciado por: Ricardo Nunes em Março 22, 2005, 04:11:58 pm

Título: Portugal, Finlândia e Irlanda
Enviado por: Ricardo Nunes em Março 22, 2005, 04:11:58 pm
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José Manuel Fernandes in Publico

O nosso problema não é de tecnologia ou educação: é de vivermos num ambiente cultural contrário aos factores de sucesso no mundo do século XXI

No papel é tudo muito bonito: Portugal só tem de se inspirar nos exemplos de outros dois países periféricos para conseguir o milagre de ultrapassar o seu atraso secular. A Irlanda era rural e pobre, hoje é rica e competitiva. A Finlândia vivia triste na órbita da União Soviética, hoje é a economia mais competitiva do mundo. Portugal só tem de fazer o mesmo.
E o que é fazer o mesmo? Investir na inovação, na investigação científica, nas novas tecnologias, na educação - o resto virá depois, sem esforço nem sobressalto.
Na verdade, este discurso linear ignora que aquilo que nos separa da Irlanda e da Finlândia não é apenas termos investido em estradas em vez de escolas: o que nos separa de ambos os países são formas de vida e de cultura que não se ultrapassam por decreto nem por vontade do melhor dos governos. Basta percorrer as ruas de Dublin ou de Helsínquia para o entender, começando por notar como, apesar da sua riqueza relativa, os sinais de consumo ostentatório são quase inexistentes. Há menos carros de luxo e muito mais bicicletas e transportes colectivos. Há menos vias rápidas, mas as escolas estão muito melhor tratadas. Há menos monumentos grandiosos, mas os que existem são acarinhados com especial patriotismo.
Quando se procura entender as razões do sucesso desses países encontramos factores que nos faltam em absoluto, e um deles é a existência de um patriotismo moderno, um forte sentimento de identidade nacional que se explica se pensarmos que tanto a Irlanda como a Finlândia só obtiveram a sua independência no século passado. Esse patriotismo - um valor que desprezamos em Portugal e associamos ao salazarismo - tem ajudado a cimentar acordos entre as diferentes forças políticas e os múltiplos actores sociais, só possíveis graças à percepção colectiva de se estar perante desafios e urgências que afectam a nação como um todo.
Não surpreende por isso que encontremos nos processos de desenvolvimento de ambos os países um misto de orgulho nacional e de solidariedade inter pares que contrasta com a nossa lamúria e autocomiseração, que são o oposto da inveja, que, no nosso país, faz com que mais depressa desejemos o mal do nosso vizinho do que o nosso próprio bem. É assim que aquilo que é natural na Finlândia, como a colaboração entre as universidades e as empresas, ou as universidades aceitarem que devem criar cursos tecnológicos e não de papel e lápis, pois só os primeiros serão financiados, em Portugal sejam sempre processos torpedeados por más vontades ou por inevitáveis afirmações de "autonomia".
Outro traço dominante nos processos de desenvolvimento e transformação dessas duas pequenas economias foi a sua capacidade de lidar com o risco, com o trabalho e com o conhecimento. Apesar dos seus sistemas de segurança social mais evoluídos, tanto irlandeses como finlandeses foram capazes de se emancipar das atitudes atávicas, típicas das sociedades camponesas, onde se teme a mudança e se sonha antes do mais com a protecção do Estado ou dos poderosos.
Não é assim em Portugal, pelo que não nos iludamos: como escrevia recentemente nestas páginas Vasco Pulido Valente, não há nada mais contrário à nossa maneira de ser do que "a iniciativa, a competição e o risco", essas realidades do "mundo real, que os portugueses detestam". Mas que os irlandeses e finlandeses adoptaram.


http://jornal.publico.pt/noticias.asp?a ... d=22&id=12 (http://jornal.publico.pt/noticias.asp?a=2005&m=03&d=22&id=12)
Título:
Enviado por: TOMKAT em Março 23, 2005, 02:44:27 pm
:Palmas:  :Palmas:
 :(
Título:
Enviado por: dremanu em Março 24, 2005, 10:50:53 pm
O que se fala neste texto é óbvio...mas de novo, de quem é a culpa de os Portugueses hoje em dia já não expressarem o seu patriotismo de uma forma mais positiva. De novo aponto aos socialistas, o bloco ideológico mais anti-Portugal que existe neste país.

- Quem é que implementou a mentalidade do coitadinho neste país?
- Quem é que critica e procura sempre diminuir, distorcer, e retirar heroísmo à história de Portugal?
- Quem é que não procura ensinar as crianças a terem orgulho no país, na cultura, porque isso são "políticas educacionaís nacionalistas ao estilo do Salazar".
- Quem é que sempre anda a vender e a apregoar, e em geral fazer a lavagem cerebral a mente Portuguesa que o que vem da Europa é que é bom, e que ser patriota é ser facista, salazarista, etc...
- Quem é que criou a cultura que permite a existência dos corporativismos e do inativismo, e governação irresponsável?

Enfim, o nosso país precisa de se re-descobrir, e ao mesmo se re-inventar, mas, penso eu, isto não acontecerá enquanto tivermos a geração 25 de Abril no governo, e nos jornaís, e na televisão, rádio, escolas, etc...Esta geração estão cheio de traumas, e complexos de inferioridade ou superioridade, ou sei lá, e impregnaram todas as instituições que afetam a vida do país com políticas e mensagens pouco positivas para o nosso país, e os resultados em comparação a outros países estão à vista.

Apesar de tudo continuo a achar que o nosso país está melhor do que nunca, só que puderia estar ainda melhor.
Título:
Enviado por: TOMKAT em Março 25, 2005, 05:40:14 pm
Citação de: "dremanu"
O que se fala neste texto é óbvio...mas de novo, de quem é a culpa de os Portugueses hoje em dia já não expressarem o seu patriotismo de uma forma mais positiva. De novo aponto aos socialistas, o bloco ideológico mais anti-Portugal que existe neste país.

- Quem é que implementou a mentalidade do coitadinho neste país?
- Quem é que critica e procura sempre diminuir, distorcer, e retirar heroísmo à história de Portugal?
- Quem é que não procura ensinar as crianças a terem orgulho no país, na cultura, porque isso são "políticas educacionaís nacionalistas ao estilo do Salazar".
- Quem é que sempre anda a vender e a apregoar, e em geral fazer a lavagem cerebral a mente Portuguesa que o que vem da Europa é que é bom, e que ser patriota é ser facista, salazarista, etc...
- Quem é que criou a cultura que permite a existência dos corporativismos e do inativismo, e governação irresponsável?

Enfim, o nosso país precisa de se re-descobrir, e ao mesmo se re-inventar, mas, penso eu, isto não acontecerá enquanto tivermos a geração 25 de Abril no governo, e nos jornaís, e na televisão, rádio, escolas, etc...Esta geração estão cheio de traumas, e complexos de inferioridade ou superioridade, ou sei lá, e impregnaram todas as instituições que afetam a vida do país com políticas e mensagens pouco positivas para o nosso país, e os resultados em comparação a outros países estão à vista.

Apesar de tudo continuo a achar que o nosso país está melhor do que nunca, só que puderia estar ainda melhor.


dremanu não aponte só os socislistas, olhe que à direita deles tambêm ha
muitos culpados. :wink:
Título:
Enviado por: emarques em Março 25, 2005, 06:32:54 pm
Citação de: "dremanu"
Apesar de tudo continuo a achar que o nosso país está melhor do que nunca, só que puderia estar ainda melhor.

Aí, dremanu! Isso é que é ter orgulho na nossa história! ;)
Título:
Enviado por: Jorge Pereira em Março 26, 2005, 03:57:14 am
Leitura obrigatória.

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Manuel Castells defende que "investir mais dinheiro na educação para fazer a mesma coisa, o único resultado que se atinge é uma maior taxa de abandono escolar"
 

Manuel Castells: "Não precisamos de inventar outra estratégia de Lisboa"  
 
 
Autor do mais célebre e mais completo estudo sobre a Sociedade de Informação, professor em Berkeley, Universidade da Califórnia, e agora da Universidade Aberta de Barcelona, catalão de origem, Manuel Castells foi um dos peritos que ajudaram a preparar a "agenda de Lisboa", uma estratégia europeia lançada em 2000 para fazer da economia da Europa a mais competitiva do mundo em 2010, sem perder pelo caminho o "modelo social europeu".

Hoje, faz um balanço mitigado. Os objectivos estavam certos mas não os meios. Castells esteve no passado fim-de-semana em Lisboa, enquanto coordenador do seminário internacional sobre A Sociedade em Rede e a Economia do Conhecimento, da iniciativa de Jorge Sampaio.

PÚBLICO - Passados cinco anos desde a aprovação da "estratégia de Lisboa", de cuja concepção foi um dos inspiradores, arriscamo-nos a dizer que ela falhou. O fosso entre as economias americana e europeia tem continuado a crescer em termos de produtividade e de competitividade. Como explica isto?

MANUEL CASTELLS - Falhou em parte. Falhou no objectivo e falhou nos prazos. Não estou a fazer uma crítica, mas uma autocrítica, porque fiz parte do grupo de peritos que aconselhou a presidência portuguesa da União Europeia. A estratégia de Lisboa pretendia fundamentalmente aproximar a Europa em termos de produtividade e competitividade da economia americana, gerando inovação mas mantendo a coesão social, o modelo social europeu. Isto resultou no plano de acção e-Europa que, muito acertadamente, percebeu que, no caso europeu, o sector público podia ser o motor dessa mudança, coisa que não acontece nos EUA, como se sabe. O que se pretendia era criar um círculo virtuoso entre a transformação do sector público (saúde, educação, administração pública) e o desenvolvimento tecnológico.

Houve bastantes avanços mas, se considerarmos os objectivos, temos de concordar que, em lugar de haver convergência com a produtividade e a competitividade da economia americana, houve divergência.

Porquê? Quais foram as resistências, os obstáculos?

Não se evoluiu no desenvolvimento de novas formas de organização, não se mudou a saúde, a educação, a administração. Avançou-se nas redes de comunicações, o que é muito importante porque as redes são a infra-estrutura, mas é o mais fácil de fazer. É verdade também que a coesão social se manteve, mas é bom recordar que a ideia original da "agenda de Lisboa" era precisamente que, para manter a coesão social a prazo, era necessário inovar mais e produzir mais. Caso contrário, com o envelhecimento da população e a resistência da Europa à imigração, essa coesão social não será sustentável a médio prazo.

O primeiro erro da "agenda de Lisboa" foi ter adoptado uma perspectiva muito estatista. Não contou com a sociedade civil, com os inovadores. E quando se fala de inovação é preciso falar de inovadores. A Europa só tem sabido pensar em termos dos Estados ou das grandes empresas, quando a imensa maioria das empresas são pequenas e médias. Há aqui algo que falhou. A Europa tentou dizer à sociedade e às empresas como deviam fazer, em vez de libertar a energia inovadora da sociedade.

Creio que a Comissão Europeia fez o que tinha a fazer razoavelmente bem - as directivas, as recomendações, os documentos, as estratégias. Mas a Europa não é a Comissão. Isso é um mito. A Comissão tem um orçamento pequeno e nenhum poder. O poder está no Conselho de Ministros.

Mas o mau resultado não foi igual para todos. Os nórdicos seguiram o caminho apontado pela "agenda de Lisboa" e estão a ter resultados excelentes. Os países de modelo anglo-saxónico portam-se melhor do que a média. Como explica que o modelo nórdico tenha sido o de maior sucesso?

Tem razão quando diz que o mau resultado não é igual para todos. O problema é, antes de mais, da Alemanha, que é o centro da economia europeia, mas cuja economia e tecnologia não funcionam segundo um modelo de inovação. A Espanha foi um desastre absoluto desde o ano 2000 - não na política económica mas na política de inovação e da sociedade de informação -, e está atrasada em todos os indicadores. A Itália foi outro desastre, em termos de inovação e de modernização da administração. Temos três países grandes que não fizeram nada. A França é diferente. Está bem em termos de produtividade nas empresas, mas não na modernização da administração - que é um dos grandes objectivos de Lisboa.

Eu diria que há dois modelos que estão a funcionar e que são muito diferentes: o de Inglaterra e o da Irlanda, embora esta última seja um caso atípico, porque os líderes da competitividade e da produtividade são grandes multinacionais. A Irlanda criou as bases tecnológicas, científicas e de capital humano para poder atrair as multinacionais. O problema é que elas, um dia, vão-se embora para a China ou para o Leste.

Quando falamos de "modelo nórdico" também não devemos generalizar demasiado. A Noruega não faz muito em matéria de inovação tecnológica. Na realidade vive da renda do petróleo. Se não fosse um país tão frio, julgaríamos que era um emirado. A Suécia sempre foi uma grande potência económica, não progrediu muito nos últimos anos em termos de produtividade e competitividade, mas já era competitiva no passado. O que é interessante é a Finlândia e a Dinamarca - com governos de orientações políticas distintas. Nos dois casos, houve uma tentativa séria de construir um modelo que reproduz, em boa parte, a estratégia de Lisboa. Isso não acontece por acaso, porque a "agenda de Lisboa" já se inspirou naquilo que eles estavam a fazer.

Diria, pois, que nos países em que o Estado entendeu que o seu papel era dinamizar a inovação, apoiar o empreendedorismo e fazer da inovação tecnológica e social uma força dinâmica, a acção do Estado facilitou este processo. Nos países em que o Estado, ou adoptou um modelo neoliberal, deixando tudo para o mercado resolver, ou é prisioneiro de interesses corporativos, tanto de empresas como de sindicatos - como é o caso da Alemanha -, aí não houve qualquer avanço.


E o que se deve fazer para repor a "agenda de Lisboa" no caminho certo?

O diagnóstico que fazemos hoje é que as políticas dos Estados não levaram a sério estes objectivos. Penso que é através da correcção das políticas nacionais, coordenadas e apoiadas a nível europeu.

O conteúdo da "agenda de Lisboa" estava certo e as medidas propostas também. Faltaram os mecanismos de implementação. O que devemos fazer hoje é reavaliar esses mecanismos e ver quais são os bloqueios, ver o que falhou. Não precisamos de inventar outra estratégia, outra grande visão, que é o que gostam de fazer os europeus.

No livro que escreveu em 2002 com Pekka Himanen, fala de três modelos de desenvolvimento da sociedade de informação: Silicon Valley, Singapura e o modelo finlandês. Disse agora que a "agenda de Lisboa" falhou porque os países europeus não souberam seguir o modelo finlandês (e não podiam seguir os outros). São os únicos três modelos possíveis ou pode haver muito mais?

O estudo sobre a Finlândia mostrou que a sociedade da informação mais avançada do mundo (segundo todas as estatísticas), que era também a economia europeia mais produtiva e mais competitiva, possuía um modelo de inovação e de crescimento económico totalmente diferente do de Silicon Valley, apresentando os mesmos resultados em termos de inovação e uma coesão social e qualidade de vida muito superior. O interesse de Singapura é que os chineses o adoptaram como modelo, estão a tentar um megamodelo de Singapura, porque é um modelo de Estado autoritário com economia de mercado, inovação e desenvolvimento tecnológico. Em Singapura funciona. Não sabemos se vai funcionar na China.

A mensagem central desse estudo é que cada cultura e cada sistema institucional têm de encontrar o seu próprio modelo a partir de um núcleo comum de princípios: o papel central das tecnologias de informação e comunicação e da inovação, o conhecimento como matéria-prima, a ideia de que o valor acrescentado está mais no processo do que o produto. A Coreia está a fazê-lo, aproximando-se do modelo de Singapura. O Japão não conseguiu fazê-lo e está em queda livre desde 1990. Na realidade, quando estamos a falar de modelos de inovação tecnológica estamos a falar de muito poucos países: da Escandinávia, dos EUA e de algumas zonas asiáticas como a Coreia, Singapura, e Bangalore e Bombaim na Índia. E das redes de inovação entre estes centros de inovação. A maior parte do mundo está fora deste processo.


Na Europa, são os países meridionais os mais atrasados. Está a estudar o modelo catalão. Será que é possível um modelo meridional, diferente, compatível com a cultura católica e mediterrânica?

Quanto ao catolicismo, é preciso ser prudente. Pode existir como matriz histórica, mas em Espanha menos de 10 por cento da população vai à missa ao domingo. E a cultura fundamental em Silicon Valley pertence a chineses e indianos, que não são protestantes nem católicos.

Pekka Himanen e Linus Torvalds escreveram um livro muito interessante sobre isto, que compara a ética hacker com a ética protestante da revolução industrial. Para os inovadores o trabalho é um prazer, onde o jogo e a inovação se misturam. Ganhar dinheiro é a última das suas preocupações.

Quanto ao modelo meridional, se existe, não o encontrámos, a não ser que se queira transformar a incapacidade em modelo e se decida que vamos fazer parques temáticos para os turistas chineses, japoneses e americanos. A Catalunha entrou, nos últimos anos, nesta dinâmica, no "turismo de sol e lua", praia e divertimentos nocturnos, mas esse modelo é insustentável porque é mais fácil fazê-lo noutros países do Terceiro Mundo, mais baratos e menos deteriorados ambientalmente.

A questão é: ou há uma dinâmica interna muito forte das pequenas empresas e dos empreendedores, dos inovadores e das universidades, (como é o caso de Silicon Valley), ou tem de haver uma política de Estado que impulsione esse desenvolvimento tecnológico a longo prazo.

Essas políticas têm de ter efeitos a curto prazo, porque precisam de base política para continuar, mas há que definir, como fez a Finlândia, o médio e longo prazo, investir dinheiro - que também é preciso - e ter a coragem política de fazer reformas sérias na administração, na universidade, no sistema de ciência e tecnologia. Nesta matéria, tanto em Espanha como em Portugal e Itália, nos últimos anos a evolução tem sido ao contrário.


Como se promove a inovação? Conhece o plano tecnológico que o novo Governo português quer pôr em prática e que visa precisamente esse objectivo?

Não li esse programa e por isso não posso falar dele. Mas creio que, numa situação como a portuguesa, o primeiro agente desse desenvolvimento tem de ser o Estado. E isto porque não há outro. Mas é preciso criar um programa impulsionado pelo Estado que não seja estatista. Que liberte a capacidade de inovação da sociedade e das empresas. No caso da Catalunha, acabo de terminar um trabalho produzido por uma comissão de peritos sobre um acordo estratégico de competitividade e internacionalização da economia catalã, que visa responder à deslocalização das multinacionais.

A discussão teve a participação de sindicatos e organizações patronais, de PME e de grandes empresas, e do Governo. Chegaram a uma série de acordos concretos, com medidas, que serão condicionantes dos orçamentos do Governo catalão nos próximos quatro anos. Algumas são tão concretas como contratar 500 novos professores de Inglês.

É preciso que a sociedade tenha consciência de que, se não houver um acordo nacional para mudar as bases do modelo de desenvolvimento, afundamo-nos todos juntos.

Na Catalunha os sindicatos aderiram a esse processo...

Com uma grande consciência dos problemas, dispostos a trocar flexibilidade de emprego pela manutenção dos direitos básicos. Ou seja: a eliminar o emprego precário e flexibilizar o emprego formal.

Que oportunidades são essas que os governos têm de criar?

Há duas coisas importantes: uma é a criação de um sistema de verdadeiro capital de risco - que é diferente de subsídios - que permita a quem tem um projecto de inovação tecnológica ou económica transformá-lo numa empresa sem ter de arriscar a sua vida toda nisso. Em Silicon Valley os mecanismos de capital de risco foram absolutamente fundamentais. Na Finlândia, como as instituições financeiras nacionais são extremamente conservadores - na Europa é assim -, o governo criou uma empresa pública, que depende do Parlamento e que actua como capitalista de risco. E que também investe em todo o mundo, incluindo em Silicon Valley, para aprender como se fazem as coisas. Isso agora é menos importante, mas foi decisivo em meados dos anos 90.

Outro exemplo finlandês muito importante é o Tekes, um organismo transversal, que identifica os projectos de inovação de empresas e universidades, que organiza as ligações entre as empresas e as universidades e que financia projectos em função das prioridades estratégicas do país.

Mas nenhum destes mecanismos serve de nada se não houver uma mudança da máquina administrativa.

Mas é possível promover uma cultura de inovação e do empreendedorismo onde ela não existe?

Creio que é possível. Em parte, essa responsabilidade cabe aos meios de comunicação. Os media são muito pouco dados a explicar estas histórias. A Andaluzia, que é dos governos mais dinâmicos de Espanha neste momento (o mais dinâmico é o de Euskadi, que tem a produtividade mais alta e que seria o "tigre europeu" se não tivesse o terrorismo), criou um programa de televisão que difunde iniciativas de empresários inovadores - desde a indústria do mármore, que se revitalizou graças a novas tecnologias e a novos mercados, até muito pequenas empresas agrícolas com tecnologias avançadas. Os programas são muito bem feitos, absolutamente profissionais, e as pessoas que aparecem são vistas pelos jovens como os novos heróis, são role models.

Há muitos outros exemplos de coisas que se podem fazer: na Catalunha, as escolas de engenharia têm cursos organizados pelas escolas de gestão sobre o que é ser empresário.

No seminário que organizou houve uma sessão sobre o Governo Electrónico (e-Governo). Por que é que isso é tão importante? Porque se gasta menos recursos que podem ser aplicados noutro lado, ou há um impacte directo da inovação do Estado no tecido económico?

Por um lado, há ganhos de produtividade do Estado. Outra coisa fundamental é a interligação das diferentes administrações e serviços permitir maior eficácia e rapidez da administração. Mas há mais. É muito difícil para uma administração dinamizar a inovação no tecido produtivo se ela própria não sofrer uma transformação tecnológica, organizativa e cultural. Para já não falar do efeito de transparência.

Na maioria dos países europeus, sobretudo nos países do Sul, os cidadãos não confiam na administração - com ou sem razão, todas as sondagens o confirmam. Isso é um obstáculo a tudo: ao pagamento de impostos, por exemplo. A transparência administrativa é fundamental tanto para a gestão como para a política. A tecnologia não garante a transparência. Mas se há um registo electrónico de todos os actos, a corrupção ou a má gestão tornam-se mais difíceis.

Há quem pense que a única coisa que precisamos de fazer é investir na educação e que o resto virá por si. Pensa que sim?

Não é verdade. Se se investe mais dinheiro para fazer a mesma coisa, o único resultado que se atinge é uma maior taxa de abandono escolar. Há que investir mais (porque a inovação não é barata), mas de maneira distinta. O que o ensino secundário obrigatório até aos 16 anos está a provocar em países como Espanha e Portugal é uma taxa de abandono escolar muito mais alta entre os 14 e os 16 anos.

Mas pode investir-se em educação com outros critérios, noutros sistemas de ensino...

Se se trata de investir para transformar o sistema educativo, é claro que o devemos fazer. Precisamos de investir em formação profissional de um novo tipo (mais do que em educação tradicional); precisamos de investir numa educação que possua maior interacção com o novo sistema tecnológico - mas dentro dos próprios currículos e não ao lado, não estou a falar de aulas de Internet. Aquilo que precisamos de investir na educação não são forçosamente mais recursos: é mais inovação administrativa, mais inovação cultural.

Disse que a Europa tinha em relação aos EUA dois problemas: a falta de capital de risco mas também a dificuldade com a imigração. Ora, a Finlândia é um país muito fechado a imigrantes. A Europa precisa ou não de imigrantes?

Neste momento, na Finlândia, esse é um dos grandes debates. O modelo é insustentável por esse lado: os finlandeses são demasiado poucos e demasiado velhos. Faz falta gente para tratar dos idosos e gente que trabalhe para sustentar a segurança social. Mas hoje a maioria dos países europeus estão a receber muita imigração. Barcelona passou, em cinco anos, de 3 por cento de população estrangeira para 12 por cento e as previsões para dez anos são de 27. É impressionante. A primeira coisa é reconhecer que é um facto que não pode ser travado.

Mas, em termos de qualificação, a imigração europeia é comparável à que chega à Califórnia?

Podemos ter aí grandes surpresas. A municipalidade de Barcelona fez recentemente um inquérito sobre o nível educativo dos imigrantes e descobriu que havia mais diplomados universitários entre eles do que na população nativa: 27 contra 17 por cento!

Mas essa formação universitária é utilizada? Em Portugal há engenheiros ucranianos a trabalhar nas obras...

A capacidade de absorver essa mão-de-obra qualificada depende da existência de postos de trabalho tecnologicamente avançados. Eles trabalham na construção porque é isso que se faz em Portugal. Não são os imigrantes que têm baixas qualificações, é o país que tem baixas qualificações.

Um dos seus temas recorrentes é que a tecnologia não é o factor crítico do desenvolvimento e da modernização mas sim a forma como as pessoas a usam. Em particular, sublinha que o factor crítico é sobretudo a rede, o networking. Como é se estimula o networking?

De facto, em 2004, só 3 por cento da fibra óptica instalada no mundo era utilizada. Quanto ao networking como tal, ele não se pode promover, mas podem promover-se as organizações que permitem utilizá-lo. A rede já é utilizada pelas pessoas para fazer o que lhes interessa: relacionar-se com os amigos, copiar música, etc. Mas olhem, por exemplo, para o caso dos serviços de saúde. Um hospital pode ter a política de estimular a criação de grupos de entreajuda de doentes, que trocam informação entre si, falam com as enfermeiras, etc. Isso é uma política, que exige recursos e formação, mas pode proporcionar muita informação aos serviços médicos, além de melhorar as condições dos doentes. Não é uma solução mágica, mas se houver essa possibilidade as pessoas tenderão a organizar-se.

As PME são as empresas mais flexíveis e as que criam mais empregos. Qual é o seu problema? Massa crítica. Podem concentrar-se, mas ao fazê-lo perdem flexibilidade. A resposta pode ser a cooperação, a construção de redes de empresas. Não é fácil fazê-lo numa cultura de desconfiança, mas se houver incentivos fiscais à cooperação, por exemplo, isso é um incentivo. Também se pode fornecer assessoria gratuita via Internet a estas empresas. Não é o Estado a produzir nem a mandar. O Estado pode criar condições tecnológicas e organizativas que permitem o desenvolvimento da rede.


http://wwwin.malhatlantica.pt/manuel_castells.htm
Título:
Enviado por: Luso em Março 26, 2005, 11:39:23 am
Curioso:

Acabo de fazer uma análise estatística (em SPSS) sobre factores que contribuem para a inovação  - que como sabemos têm grande importância para a economia - comparando dados retirados de http://trendchart.cordis.lu/tour.cfm (http://trendchart.cordis.lu/tour.cfm). e uma das variáveis com mais impacto na "capacidade inovadora" é a capacidade de aprender ao longo da vida:

"Life-long learning is defined as participation in any type of education or training course during the four weeks prior to the survey. Education includes both courses of relevance to the respondent's employment and general interest courses, such as in languages or arts. It includes initial education, further education, continuing or further training, training within the company, apprenticeship, on-the-job training, seminars, distance learning, and evening classes."

O estudo que efectuei resulta da análise de 21 variáveis (ensino, esquemas de inovação, financiamento, patentes, etc) e 25 unidades de análise (países europeus).

"Um que me parece revelador que que na generalide dos indicadores Portugal até nem está mau - é até mediano. Mas apresenta um dos índices mais baixos relativos a aprendizagem ao longo da vida..."
É a falta de interesse em saber!
É empinar na escola e depois mais nada. Nem um livro. Vejam os concursos e o desempenho dos Senhores Doutores, sobretudo das doutoras.

Deduzo que se o povo não tem interesse em aprender, se o Mundo não o intriga, então não deve haver dinheiro suficiente para compensar essa falta de interesse. Estou confiante (mas não tenho dados) que é uma escolaridade primária E pais interessados pelo mundo que são decisivos para o progresso do País.
E não tanto o orçamento da educação...
Título:
Enviado por: Luso em Março 26, 2005, 11:47:33 am
Citação de: "Jorge Pereira"
As PME são as empresas mais flexíveis e as que criam mais empregos. Qual é o seu problema? Massa crítica. Podem concentrar-se, mas ao fazê-lo perdem flexibilidade. A resposta pode ser a cooperação, a construção de redes de empresas. Não é fácil fazê-lo numa cultura de desconfiança, mas se houver incentivos fiscais à cooperação, por exemplo, isso é um incentivo. Também se pode fornecer assessoria gratuita via Internet a estas empresas. Não é o Estado a produzir nem a mandar. O Estado pode criar condições tecnológicas e organizativas que permitem o desenvolvimento da rede.


Exacto!

Uma das funções do Estado é ser o agente regulador da vida em sociedade, aumentando o nível de confiança nessa sociedade, porque é a confiança que "desbloqueia" uma economia incipiente. É por isso que as instituições se devem dar ao respeito (Câmaras, Comissões de Coordenação, Ministérios, etc). E a confiança não é aquele optimismo irresponsável e pueril que os "nossos" políticos apregoam. E a confiança associada à segurança que me faz diminuir o risco nas relações que tenho com os outros agentes económicos ou sociais.
E como os nossos políticos nem se interessam por isto e estão nesses cargos para se encher à grande... :roll:
Título:
Enviado por: USB80 em Agosto 29, 2005, 08:09:09 pm
Citar
Mas é possível promover uma cultura de inovação e do empreendedorismo onde ela não existe?

Creio que é possível. Em parte, essa responsabilidade cabe aos meios de comunicação. Os media são muito pouco dados a explicar estas histórias. A Andaluzia, que é dos governos mais dinâmicos de Espanha neste momento (o mais dinâmico é o de Euskadi, que tem a produtividade mais alta e que seria o "tigre europeu" se não tivesse o terrorismo), criou um programa de televisão que difunde iniciativas de empresários inovadores - desde a indústria do mármore, que se revitalizou graças a novas tecnologias e a novos mercados, até muito pequenas empresas agrícolas com tecnologias avançadas. Os programas são muito bem feitos, absolutamente profissionais, e as pessoas que aparecem são vistas pelos jovens como os novos heróis, são role models.

Há muitos outros exemplos de coisas que se podem fazer: na Catalunha, as escolas de engenharia têm cursos organizados pelas escolas de gestão sobre o que é ser empresário.

Olhem que bela ideia para os nossos média. Há alguem dos média neste forum?
Título:
Enviado por: USB80 em Agosto 29, 2005, 08:21:29 pm
Citação de: "Luso"
"Um que me parece revelador que que na generalide dos indicadores Portugal até nem está mau - é até mediano. Mas apresenta um dos índices mais baixos relativos a aprendizagem ao longo da vida..."
É a falta de interesse em saber!
É empinar na escola e depois mais nada. Nem um livro. Vejam os concursos e o desempenho dos Senhores Doutores, sobretudo das doutoras.


Deduzo que se o povo não tem interesse em aprender, se o Mundo não o intriga, então não deve haver dinheiro suficiente para compensar essa falta de interesse. Estou confiante (mas não tenho dados) que é uma escolaridade primária E pais interessados pelo mundo que são decisivos para o progresso do País.E não tanto o orçamento da educação...


 :Palmas:
Recomendo vivamente a leitura do livro "Portugal Hoje: o medo de existir" de José Gil, já o leu alguém neste forum?. Está lá tudo. Ele fala na falta em Portugal do "espaço público", um espaço de discussão onde circula a informação e conhecimento entre os geradores e criadores de conhecimento e o povo base. Ora bem, essa camada intermédia, ou espaço público como ele lhe chama, não existe em Portugal. Há no seu lugar um silêncio, uma ignorância e até um medo do saber que é espantoso e asfixiante.
(http://www.unl.pt/webpage/noticias/noticia_030.htm (http://www.unl.pt/webpage/noticias/noticia_030.htm))
Título: "Portugal Hoje: o medo de existir" de José Gil
Enviado por: USB80 em Agosto 29, 2005, 08:45:19 pm
Um resumo do livro:
(http://www.publico.clix.pt/tvzine/critica.asp?id=3009 (http://www.publico.clix.pt/tvzine/critica.asp?id=3009))

Algumas ideias chave:
Citar
Trata-se de uma interessante reflexão sobre os bloqueios ao desenvolvimento geral do país, nomeadamente para a libertação da "mentalidade" e dos comportamentos cívicos comuns há muito enraizados noutras sociedades ocidentais.
Citar
As elites não partidárias manifestam-se crescentemente contra o beco para onde a constituição e o "sistema" empurram o país, conforme se viu mais um exemplo na genuína atitude e contundentes afirmações do empresário João Pereira Coutinho na "Grande Entrevista" (RTP1, 13/01).
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Apesar de terminado já em plena governação de "descaramento político" de Santana Lopes, não há razão para José Gil ignorar que José Sócrates é gémeo de Santana Lopes na sua ontologia mediática e na inclusão no "sistema". Pelo contrário, é precisamente a convicção generalizada de eles formarem uma dupla, a que já chamei aqui "S&S" ou "Dupond & Dupont", que motiva a angústia do beco, a descrença na alternância política.
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Definindo Portugal como "o país da não-inscrição", onde nada se inscreve "na história ou na existência individual, na vida social ou no plano artístico" e "as consciências vivem no nevoeiro", José Gil pode então recorrer com frequência à realidade mediática portuguesa como exemplo da superficialidade, do estar-se sempre "entre-dois" sem se inscrever verdadeiramente num espaço definido (noticioso ou outro). Afirma: o espaço público não existe em Portugal, os "media" substituem-no.
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Conclui Gil: "Os lugares, tempos, dispositivos mediáticos e pessoas formam um pequeno sistema estático que trabalha afanosamente para a sua manutenção."
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O retrato demolidor que Gil traça da sociedade portuguesa não se limita aos políticos e aos "media", abarcando também a administração, os meios e criadores culturais, o povo em geral e a Crítica, que não sai do "fundo dos espíritos" para iluminar os seus leitores e receia colocar-se, como deveria, entre a obra e o público.

Recomendo  :G-Ok:
Título:
Enviado por: TOMKAT em Agosto 30, 2005, 01:32:09 pm
Só um pequeno (grande) detalhe que está a escapar à intenção inicial do tópico:
 Comparações entre Portugal, Irlanda e Finlândia são sempre falíveis.
 
Na Finlândia vivem finlandeses.
Na Irlanda vivem irlandeses.
Em Portugal ... portugueses.

Os portugueses por norma são reactivos, raras vezes são próactivos.
Dificilmente dão importância a um problema quando ele começa, a não ser que mexa com os seus interesses pessoais.

A norma do português é "quem vier a seguir que feche a porta".

Mas afinal limitamo-nos a ser o reflexo das nossas lideranças políticas das últimas décadas.

Afinal eles tambem são portuguses. :(
Título:
Enviado por: emarques em Agosto 30, 2005, 02:06:24 pm
Citação de: "TOMKAT"
Só um pequeno (grande) detalhe que está a escapar à intenção inicial do tópico:
 Comparações entre Portugal, Irlanda e Finlândia são sempre falíveis.
 
Na Finlândia vivem finlandeses.
Na Irlanda vivem irlandeses.
Em Portugal ... portugueses.

Os portugueses por norma são reactivos, raras vezes são próactivos.
Dificilmente dão importância a um problema quando ele começa, a não ser que mexa com os seus interesses pessoais.

A norma do português é "quem vier a seguir que feche a porta".

Mas afinal limitamo-nos a ser o reflexo das nossas lideranças políticas das últimas décadas.

Afinal eles tambem são portuguses. :(


Acho que esse pequeno detalhe não escapa à intenção inicial do tópico. Esse pequeno detalhe é a intenção inicial do tópico. Dizer que o problema não são as leis, os governantes, os "patos-bravos", os malandros, os corruptos, a invasão espanhola... O problema somos mesmo todos nós. E como dizia o António Vitorino noutro dia, o nosso complexo de Calimero.
Título:
Enviado por: Dinivan em Agosto 30, 2005, 03:02:35 pm
A propósito de Portugal y Finlandia...

Citação de: "Portugal Diário"
Fim da corrupção colocaria Portugal ao nível da Finlândia
2005/08/30 | 12:39
Estudo do Banco Mundial mostra que países podem triplicar rendimento per capita. E diminuir mortalidade infantil. Corrupção prejudica famílias mais pobres com impostos injustos e cria a necessidade de «subornos» nos serviços públicos
 
MAIS:
  Autarca do Porto denuncia corrupção nos municípios

«Dez mitos sobre a governação e corrupção» aponta o caminho para o desenvolvimento. E garante que a diminuição da corrupção poderia pôr Portugal na senda do desenvolvimento, ao mesmo nível da Finlândia.

Daniel Kaufmann, director dos Programas Globais do Instituto do Banco Mundial, apresenta esta tese num artigo publicado na revista trimestral do Fundo Monetário Internacional, «Finance and Development», também divulgada na internet.

O estudo do Banco Mundial estima que um país que melhore a sua governação e que parta de um baixo nível pode alcançar uma bom termo de desenvolvimento e triplicar o rendimento per capita da população. As melhorias, segundo Kaufman, vão mais longe e afectam ainda a redução da mortalidade infantil assim como a iliteracia.

Essa melhoria corresponderia a subida no nosso ranking em questões de «controlo e corrupção» na base de dados do Banco de Portugal, subindo Portugal ao nível da Filândia, Guiné Equatorial ao nível do Uganda que, por sua vez, alcançaria a Lituânia que, chegaria ao rendimento de Portugal.

O texto, intitulado «Dez mitos sobre governação e corrupção», aborda várias questões, nomeadamente o impacto da governação no desenvolvimento. No estudo, o responsável do Banco Mundial mostra que em geral os países podem extrair enormes dividendos do desenvolvimento e da melhoria da governação.

Segundo Kaufman, governação e corrupção não podem ser mensurados. Mas o Banco Mundial reuniu em base de dados indicadores de governação de mais de 200 países, constituidos por mais de 350 variáveis obtidos por dezenas de instituições por todo o mundo.

No caso de corrupção, em países em desenvolvimento, a corrupção acaba por resultar numa desproporção para as famílias com menores rendimentos: pagam mais impostos do que deveriam, e parte dos seus rendimentos são gastos em «subornos» para terem acesso aos serviços públicos. Numa estimativa, as transações mundiais são «manchadas» pela corrupção em perto de um trilião de dólares.
http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=577074&div_id=291
Título:
Enviado por: Moi em Setembro 01, 2005, 03:16:11 pm
Citação de: "USB80"
Citação de: "Luso"
"Um que me parece revelador que que na generalide dos indicadores Portugal até nem está mau - é até mediano. Mas apresenta um dos índices mais baixos relativos a aprendizagem ao longo da vida..."
É a falta de interesse em saber!
É empinar na escola e depois mais nada. Nem um livro. Vejam os concursos e o desempenho dos Senhores Doutores, sobretudo das doutoras.


Deduzo que se o povo não tem interesse em aprender, se o Mundo não o intriga, então não deve haver dinheiro suficiente para compensar essa falta de interesse. Estou confiante (mas não tenho dados) que é uma escolaridade primária E pais interessados pelo mundo que são decisivos para o progresso do País.E não tanto o orçamento da educação...

 :Palmas:
Recomendo vivamente a leitura do livro "Portugal Hoje: o medo de existir" de José Gil, já o leu alguém neste forum?. Está lá tudo. Ele fala na falta em Portugal do "espaço público", um espaço de discussão onde circula a informação e conhecimento entre os geradores e criadores de conhecimento e o povo base. Ora bem, essa camada intermédia, ou espaço público como ele lhe chama, não existe em Portugal. Há no seu lugar um silêncio, uma ignorância e até um medo do saber que é espantoso e asfixiante.
(http://www.unl.pt/webpage/noticias/noticia_030.htm (http://www.unl.pt/webpage/noticias/noticia_030.htm))



Já li sim senhor... É interessante. Gosto do conceito de espuma, de nevoeiro da sociedade, para onde muitos voltam depois de roubarem, mentirem, etc... É uma grande verdade. Não há responsabilização. Ou pelo menos prefiro pensar que ainda não há...

Para mim, o problema é que estamos numa bola de neve a descer a colina...

Grandes massas da população são pouco informadas, cultas, participativas... porque o sistema de educação é mau e leva ao abandono escolar (dos mais altos da UE), a cultura é inexistente, o mercado mediático é podre e pouco informativo (programas como o Nós Europa vão para o ar as tantas...), mais virado para o entretenimento... embalamento consumista... etc... e tal... o povo como é pouco preocupado não se preocupa em quem vota, depois não contesta, não participa e os políticos, ao fim ao cabo «filhos» desta sociedade, acabam por não fugir aos seus traços paternos... sendo desinterassados, de vistas curtas... e mais propensos a concursos televisivos...

Quanto aos artigos...

Nem a Noruega é só petróleo e mais nada, nem a Finlândia e a Irlanda seguiram modelos de desenvolvimento iguais...

A Finlânida, ou melhor o Estado, optou por abraçar o livre mercado mas também reforçou a sua presença noutros lados. Foi ele o garante da educação grátis incluindo a universidade e criou polos industriais perto das universidades e ligações/protocolos/incentivos entre as empresas e as escolas/universidades... noutros aspectos... reforçou a cobertura do sistema de saúde inteiramente grátis... na segurança social estipulou um máximo de rendimento a pagar e o resto os finlandeses podem aplicar em seguros de vida... etc...

Seja como for, a Finlandia apostou num mercado aberto, mas com políticas de esquerda, educação e saúde grátis... na segurança social não o foi, mas quanto a mim o sistema encontrado é o melhor.
As leis de trabalho foram alteradas, não foram riscadas do mapa e a Finlandia continua a ser o país do mundo com mais sindicalizações: 90% dos trabalhadores finlandeses são sindicalizados... desde os colarinhos brancos, aos colarinhos azuis...


Na Irlanda, já foi tudo muito mais liberalizado. Desde as escolas à saúde, à segurança social, etc... ao mercado de tranalho.  E o aumento do custo de vida foi arcado pelo aumento dos salários. Também não nos podemos esquecer que a Inglaterra é um mercado de 60 milhões de consumidores, que a mão de obra continua a ser mais barata na Irlanda e que muitas empresas americanas «mudaram-se para lá»... por causa da Grã Bretanha...
Seja como for, é também um caso de sucesso... São os dois, mas um pouco distintos.
Título:
Enviado por: Doctor Z em Setembro 01, 2005, 09:36:32 pm
Olá a todos.

Li aqui nestas mensagens muita coisas interessantes.

Por o que eu penso e o que se diz também neste tópico é que é necessario incentivar as pessoas a aprenderem. Para mim, o conhecimento é base do sucesso.

Felizmente, temos empresas (portuguesas) de sucesso em Portugal.
Título:
Enviado por: emarques em Setembro 02, 2005, 01:18:22 am
Mas quem mais precisa de aprender é mesmo a administração pública. Seria útil que aprendessem que quando nas finanças me mandam à segurança social buscar a certidão X também me deviam dar logo tudo o que faz falta para que quando chegue lá não me digam "tem que ir às finanças buscar a certidão Y para lhe podermos passar isso" (Bom, ideal seria que aprendessem a cruzar dados para eu não ter que ir buscar declaração nenhuma, que isto já não se usa).

Também seria útil que aprendessem que se alguém quer fazer uma plantação de sobreiros no Alentejo, a resposta adequada não é "Uuuuui, no que se vai meter, isso precisa de autorizações de 6 ou 7 entidades, e cada uma leva uns 4 ou 5 meses a dar a resposta!".

E por aí fora...
Título:
Enviado por: komet em Setembro 02, 2005, 01:25:27 am
Pois, por cá as coisas funcionam de maneira tal que o utente fica:
"- Mas qual papel?"