Caro Spectral,
Permita-me que discorde.
O C-17 é, acima de tudo um avião de transporte ( estratégico ). Destaca-se face ao C-130 H ou J pelo seu alcance e capacidade de carga. O C-17 não existe apenas para apoiar uma força de grandes dimensões. Existe sim para apoiar qualquer força, de qualquer dimensão a uma distância enorme da sua base de origem.
E sim, nisso o C-17 seria bastante útil.
Observemos as seguintes situações:
- Os destacamentos portugueses em Timor-Lorosae. O C-17 conseguiria fazer todo o percurso apenas com uma escala. Os C-130H, como sabe, não. A carga transportável num C-17 seria sensivelmente o dobro da transportada num C-130H ( poupa-se 1 viagem ) economizando toda a operação.
- Os destacamentos portugueses na Bósnia-hergovina. Um C-17 pode transportar bem 4 Piranhas III ( por ex. ). Quantos cabem ou podem ser transportados num C-130 ? Com 2 C-17 a efectuar cada um digamos 4 voo´s teríamos ( 4x2x4 ) 32 Piranhas em, por exemplo, 4 dias. Parece-me uma brilhante melhoria nas nossas capacidades de transporte e deslocamento de forças.
- Lançamento de paraquedistas. Tive o prazer de trocar umas ideias com um familiar meu residente nos EUA à 15 anos que ingressou na USAF como NAV ( está nos C-130 e faz regularmente lançamentos de paraquedistas ) e sabe o que ele me disse: os lançamentos de paraquedistas no Iraque ( no norte, se não me engano a 107ª Brigada Aerotransporta que partiu de Itália ) foram efectuados a partir do C-17 porque o C-130 é tão lento que se arriscava, se a oposição anti-aérea fosse forte, a ser massacrado. Contudo no Afeganistão usou-se o C-130 porque não havia qualquer risco considerável de abate.
Daqui tiramos 2 conclusões: o C-17 é menos susceptível a fogo inimigo e podemos embarcar as forças a uma distância muito superior - neste caso sairam de Itália para saltar sobre o Iraque.
Pergunta para que precisamos de C-17? A verdade é que se continuarmos com este ritmo de missões no exterior ( somos o país da UE que mais participia em missões no estrangeiro ) o C-17 acaba por ser bastante mais eficiente e rentável à FAP e ao estado português em missões de longo alcance ou de transporte pesado. Assim, ao menos, já não precisariamos de fretar um Antonov sempre que precisamos de levar material pesado para Timor ( exemplo dos ALIII ) ou para os Balcãs ( Blindados ) ou para qualquer outra zona do globo. É um caso de auto-suficiência.
O MRTT também é necessário, mas no meu ponto de vista, mais como um complemento do C-17, pois as suas principais funções seriam o reabastecimento aéreo e o transporte de tropas, enquanto o C-17, complementado pelos C-130, trataria do transporte pesado e lançamento de paraquedistas.
E, admitamos, seria irónico ver Portugal como o 2º país com maior capacidade de transporte estratégico ( ou melhor um dos 2 únicos ) a seguir ao Reino Unido ( que alugou 4 C-17 - que têm sido de tal maneira prestáveis que ao que parece irão comprar alguns ). Ficaria assim Portugal com melhor capacidade de transporte estratégico do que qualquer um dos seus parceiros da União ( excepto, como já disse, do Reino Unido ).
O único incoveniente seria o preço. Mas como a proposta da Boeing era até ligeiramente inferior à verba presente na LPM, parece que por aí nenhum crítico pode pegar.
Que venham os C-17!
( Isto se ainda existir alguma ponta de bom senso no MDN ...
~)