Salvador Caetano levanta 'lay-off' na CaetanoBus e contrata mais 120 trabalhadores
A CaetanoBus levantou o 'lay-off' que abrangia uma centena de trabalhadores na fábrica de Gaia e vai contratar mais 120 pessoas até final do ano devido ao desbloqueamento de negócios pendentes e a novas encomendas. Em entrevista à agência Lusa, o presidente da Salvador Caetano Indústria adiantou que os primeiros trabalhadores abrangidos pelo 'lay-off' - suspensão temporária do trabalho a vigorar desde Março e que deveria durar até este mês - começaram a ser chamados em Junho, estando já actualmente ao serviço os perto de 100 funcionários abrangidos.
"O nosso 'core' (negócio central) não é o 'lay-off', o nosso 'core' é trabalhar", afirmou José Ramos, salientando que, "felizmente, as coisas melhoraram e não foi preciso levar o 'lay-off' até ao último dia".
Na base da retoma do ritmo de produção está o desbloquear de negócios pendentes em Inglaterra, o arranque de um novo projecto de miniautocarros para o Norte da Europa e uma segunda encomenda de autocarros com duas cabines (para condução nas duas direcções) para o monte de Saint-Michel, em França.
Segundo José Ramos, este acréscimo de trabalho implicará, ainda, a contratação de um total de 120 novos colaboradores até final do ano, 80 dos quais já estão ao serviço. No total, a CaetanoBus emprega actualmente perto de 600 trabalhadores em Gaia.
Apesar de, até Junho, a fábrica apenas ter produzido 176 autocarros, as perspectivas apontam para mais 480 unidades no 2.º semestre, o que permitirá à empresa manter os 50 milhões de euros de facturação do ano passado e cumprir as metas traçadas para 2013.
"O objectivo até final do ano é recuperarmos o que não fizemos no primeiro semestre, que ficou aquém de 2012 quer em volume, quer em valor", afirmou à Lusa, por sua vez, o administrador da CaetanoBus, Jorge Pinto.
A este propósito, o gestor destacou a importância da flexibilidade num sector que "com picos de encomendas e de produção" e que, pelo facto de exigir "uma componente de aprendizagem importante", não pode seguir o exemplo da indústria automóvel de manter um contingente de efectivos baixo, recorrendo à contratação de temporários, sem formação específica, em alturas de maior trabalho.
Aliás, e apesar do actual "alto" na produção, Jorge Pinto admite que venha a ocorrer nova "situação crítica" no início de 2014, devido a atrasos na disponibilidade de chassis relacionados com a entrada em vigor das novas normas de emissões.
"Não deve acontecer, estamos a tentar ultrapassar, mas pode levar-nos, novamente, a uma situação de paragem temporária", admitiu.
Neste momento, Jorge Pinto considera que "há, claramente, alguns sinais positivos lá de fora, embora não completamente sustentados": "Começa a haver mais iniciativa em relação ao futuro, há projectos que foram desbloqueados e começam a ser concretizados", disse.
Já em Portugal, o administrador admite que "as coisas continuam muito paradas", o que tem motivado o peso crescente das exportações na facturação da CaetanoBus, que em 2012 ultrapassou os 90%.
A contribuir para a estagnação do mercado nacional, o administrador da CaetanoBus diz ter estado o final dos subsídios às renovações de frota e o "desaparecimento das compras do sector público".
"A Carris e a STCP [Sociedade de Transportes Colectivos do Porto] não renovam frotas há já dois ou três anos e, neste momento, não se prevê que venham a renovar, o que representa algumas centenas de unidades por ano que, pura e simplesmente, desapareceram", disse.
Como consequência, alertou, "está a assistir-se a um envelhecimento das frotas" destas empresas, sendo que hoje circulam no Porto autocarros com 12/13 anos, o que é muito para os padrões internacionais e tem reflexos no ambiente".
A prazo, o presidente da Salvador Caetano Indústria alerta que esta situação deixa antever a repetição de "erros de gestão" do passado, em que, após anos sem renovações de frota, são feitas encomendas de grande dimensão difíceis de satisfazer a tempo.
Lusa