EUA e Reino Unido espiam força aérea israelita desde 1998
Os Estados Unidos e o Reino Unido controlaram ataques secretos e comunicações da força aérea de Israel, numa operação de vigilância digital que já dura desde 1998, de acordo com documentos que foram atribuídos à fuga de informação provocada por Edward Snowden.
Israel demonstrou-se desiludido com a revelação, publicada esta sexta-feira em três meios de comunicação. A divulgação do esquema de espionagem poderá dificultar ainda mais as relações com os aliados Estados Unidos, após vários anos de disputas acerca das estratégias a aplicar em relação ao Irão e à Palestina.
O jornal israelita Yedioth Ahronoth escreveu que a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla inglesa) dos Estados Unidos, que se especializa em vigilância eletrónica, e a sua homóloga britânica, a GCHQ, espiaram as missões da força aérea israelita contra o enclave palestino de Gaza, a Síria e o Iraque.
A operação de espionagem, cujo nome de código era "Anarquista", era coordenada numa base militar no Chipre e também afetava outros estados do Médio Oriente. Histórias semelhantes à do Yedioth Ahronoth foram publicadas na revista alemã Der Spiegel e no jornal digital The Intercept.
"Este acesso é indispensável para manter um entendimento do treino e das operações militares israelitas, e portanto uma perspetiva dos futuros desenvolvimentos na região", lia-se num documento da agência GCHQ citado pelo The Intercept.
As embaixadas do Reino Unido e dos Estados Unidos em Israel recusaram à agência Reuters comentar publicamente questões dos serviços secretos.
O ministro da Energia israelita, Yuval Steinitz, membro do gabinete de Defesa do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, tentou desvalorizar os danos feitos pela espionagem, mas disse que era importante retirar lições da situação. "Não creio que seja o mais profundo reino dos segredos, mas é certamente algo que não deveria acontecer, o que é desagradável", disse à rádio israelita Army Radio. "Vamos ter que ver bem, e pensar em mudar a encriptação, certamente".
"Sabemos que os americanos espiam todo o mundo, e também nós, também os amigos", disse Steinitz. "Mas ainda assim, é uma desilusão entre aliados porque há várias décadas que não espiamos nem recolhemos dados nem quebramos encriptações nos Estados Unidos".
DN