[P44]

VOCÊ TEM PROVAS DO QUE ESTÁ PARA AÍ A DIZER?


João Miguel Tavares
Jornalista
A minha caixa de correio electrónico teve uma semana atarefada. Há oito dias eu defendi aqui que José Sócrates carecia de moral para andar a pregar a decência na política portuguesa, e, de caminho, apelidava a sua licenciatura de "manhosa" e os seus projectos na Guarda de "duvidosos". Muitos leitores indignaram-se com tais adjectivos e contrapuseram invariavelmente o mesmo argumento: onde estão as minhas "provas das supostas acusações"?

Vale a pena discutir este argumento, que de certa forma é uma extensão daquele que Sócrates utilizou na abertura do congresso: se o povo me elegeu e a justiça não me acusou, quem são os jornalistas para andarem a engendrar "campanhas negras"? Ora, há aqui uma perigosa confusão entre aquilo que é o plano da justiça, aquilo que são responsabilidades políticas e aquilo que é o papel dos jornais. Levado ao extremo, este raciocínio impediria que se criticasse publicamente quem quer que fosse, a não ser que houvesse uma condenação prévia dos tribunais (única instância capaz de avaliar a veracidade de tais provas). Caros leitores indignados: vocês não iam querer viver nesse mundo.

Os jornais têm de ser credíveis, verdadeiros, justos e equilibrados, mas não têm de apresentar provas, como se fossem uma extensão do Ministério Público. Eu não tenho dentro de mim um inspector da PJ para saber se Sócrates aldrabou a sua licenciatura, os projectos da Guarda ou a escritura do apartamento Heron Castilho. Basta-me ter lido as notícias que foram publicadas e as justificações do primeiro-ministro. O "manhoso" e o "duvidoso" nascem daí - da diferença, que me parece insanável, entre o que foi publicado e o que foi justificado. A comunicação social é um contrapeso do sistema democrático, que pressupõe respostas às questões que levanta. Ora, sobre qualquer um desses casos, só o gabinete do primeiro-ministro e, quando muito, a sua mãezinha podem considerar as respostas dadas como sendo satisfatórias. Porque não são.

O meu ponto é este: de uma coisa, José Sócrates é culpado até à ponta dos cabelos - da forma como nos tem querido convencer de que tudo isto é uma maquinação para o derrubar. Essa estratégia substituiu sempre a necessidade de dar explicações, e no entanto, todas aquelas suspeitas, da licenciatura ao Freeport, são inteiramente legítimas. Daí ser inadmissível que Sócrates negue essa legitimidade, por mera estratégia pessoal. É a futebolização da política: a culpa é sempre do árbitro, há sempre uma cabala por trás de tudo o que acontece. Ter o primeiro-ministro de Portugal a defender diariamente esta tese é uma punhalada na nossa democracia. Quem não vê isto, não vê coisa nenhuma. |

DN

[AC]

*meh*
Isso não passam de desculpas esfarrapadas para jornalismo incompetente e espalhafatoso à TVI.

O "jornalista", de facto, não precisa nem pode precisar de provas do que notícia. E de facto, não queriamos ir viver num mundo em que precisasse.

Contudo, o "jornalista" devia de fazer o seu melhor para analisar a veracidade dos factos que lhe chegam e apresentá-los da forma mais equilibrada e esclarecedora que puder.
Mas isso seria pedir ao "jornalista" que fosse um "jornalista" a sério...

Em vez disso temos principalmente jornalistas de secretária que despejam nas noticias o que lhes chega em comunicado ou lerem noutro jornal qualquer sem verificar os factos e jornalistas-comentadores que não se abstêm de fazer julgamentos baseados nisso.

[P44]

*meh*
Isso não passam de desculpas esfarrapadas para jornalismo incompetente e espalhafatoso à TVI.

então vc é de opinão que se devia abafar o assunto, é isso?

[Luso]

*meh*
Isso não passam de desculpas esfarrapadas para jornalismo incompetente e espalhafatoso à TVI.

então vc é de opinão que se devia abafar o assunto, é isso?

Em que é que o AC se baseia para dizer que o jornalismo da TVI - nestes casos socráticos em particular - é incompetente?

Na minha opinião, a TVI é a única a fazer as perguntas certas e dar as respostas possíveis, algo que faz documentalmente.

[AC]

Não vejo como é que você pode inferir isso do que escrevi...

Mas ok, deixe-me escrever isto de outra forma.
Acho legítimo e necessário que os jornalistas, mesmo quanto não tem factos confirmados, escrevam notícias que coloquem perguntas.
Quando reportam factos ou afirmações que colocam em causa a licenciatura ou obras do Sócrates, acho muito bem.

Mas quando passa para sugerir ou dar respostas sem ter factos, isso já é especulação.
E adjectivar a licenciatura do Sócrates de "manhosa" já pressupõe um adjectivo.
Daí, o que digo é que o tipo não se devia de admirar quando recebe correio de leitores indignados e que era melhor se andasse a investigar em vez de se justificar.

[AC]

Em que é que o AC se baseia para dizer que o jornalismo da TVI - nestes casos socráticos em particular - é incompetente?

As minhas desculpas à TVI.
Pretendia apenas veicular a ideia do estéreotipo de jornalismo espetáculo/especulativo com o qual a TVI foi em tempos associada e não tecer qualquer comentário objectivo ao jornalismo que hoje lá se pratica em, seja nos casos relacionados com o Sócrates ou doutro qualquer.

[Lancero]

A Opinião é livre. Os factos são sagrados.

[jmosimoes]

Ainda existem pudores sobre se os jornalistas, devem dar ou não opinião, deixemo-nos de mariquices, deve dar opiniões devem revelar situações em que os politicos e não estejam envolvidos, enquanto ~´oes pobres de espiritos nos degladiamos, alguém se regozija.

[Lancero]

Eu adoro ler opinião quando assim está identificada.
Detesto quando as notícias são opinativas em vez de factuais. É desnecessário: quando uma notícia tem todos os factos já permite ao leitor formar a sua opinião sem erros.
Já que aqui se falou dela, abomino a forma de apresentar notícias da MMG. Transmite a sua opinião em vez de transmitir os factos que a notícia vai mostrar (e que fazem melhor o serviço a desmascarar o PS que ela, porque, lá está, são documentados e factuais). Se ela quer dar opinião, peça ao marido um espaço para isso. Mas estamos muito mal se nos satisfazemos com estes opinion-makers.
Os meus 2 cêntimos.

[Luso]

Lancero, concordo com o que dizes. Todavia, como geralmente são os adultos que assistem aos noticiários, estes serão capazes de fazer a devida distinção. Se não são... paciência.
Mas continuo a preferir o mau estilo da Manuela à futilidade da boazona da Clara de Sousa. Nesta coisa de transmitir notícias.

E por falar nisso e em estilos, alguns documentos interessantes podem ser observados num fórum frequentado por gente com a qual não me identifico (recomendado numa caixa de comentários dum blogue)...

http://www.forumnacional.net/showthread.php?t=34495

[Lancero]

Somos todos adultos, mas estamos todos fud**** com os gajos, o que nos poderá toldar a razão  

[FoxTroop]

Epá...... Isto se é o que eu penso...... Serão autênticos?!!!!

[Luso]

Epá...... Isto se é o que eu penso...... Serão autênticos?!!!!

Sei tanto quanto vocês...
Mas parecem ser.
E mesmo que o sejam, adiantaria alguma coisa?

Por falar nisso, corre por e-mail um boato acerca da pensão da mãe do Socas, pensão essa que que rondará os €3000.
Também não sei se é verdade ou não mas gostava que alguém estabelecesse a veracidade do mesmo.

[Lancero]

Por falar nisso, corre por e-mail um boato acerca da pensão da mãe do Socas, pensão essa que que rondará os €3000.
Também não sei se é verdade ou não mas gostava que alguém estabelecesse a veracidade do mesmo.

05 Fevereiro 2009 - 00h30

Nota editorial
Reforma da mãe de Sócrates
Maria Adelaide de Carvalho Monteiro, mãe de José Sócrates, recebe uma pensão inferior a 250 euros por mês.


O CM escreveu que Maria Adelaide auferia 3000 euros/mês. Tal notícia baseou-se em documentos da Segurança Social nos quais constavam 11 registos, referentes a 2007, cada um no montante de 3222 euros. Estes registos tinham códigos de ficheiro e lotes diferentes. Antes da publicação da notícia, o gabinete do primeiro-ministro foi confrontado com os referidos dados, não tendo o CM obtido qualquer resposta.

No entanto, no seguimento da investigação, apurámos que esses registos correspondiam a repetições do rendimento total anual, o que significa que, em 2007, Maria Adelaide, recebeu, em cada uma das 14 prestações, 230,14 euros. Pelo erro, pedimos desculpa aos visados e aos leitores.

http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx ... 0000000093

[Luso]

Valeu, Lancero!
Injustiças é que não.