O conceito de apoio logístico do Exército tem, à semelhança dos nossos pares da NATO, evoluído para um conceito modular. De uma forma simples pode dizer-se o seguinte:
- No conceito actual, o Exército Português tem capacidade de projectar em simultâneo até 3 batalhões ou uma Brigada. Tanto os batalhões como as brigadas (BrigMec, BrigInt e BRR) possuem apoios de serviços próprios, vocacionados para a actividade operacional. Os batalhões possuem CCS (Companhia de Comando e Serviços) e as Brigadas um Batalhão de Apoio de Serviços (BApSvc) - à excepção da BRR, que está desenhada para ser projectada por batalhões e nunca na totalidade.
- As unidades de Apoio de Serviços (CCS e BApSvc) estão desenhadas para prestar apoio orgânico em reabastecimentos, transportes, apoio sanitário, alguns serviços de campanha limitados e manutenção. No entanto não estão preparados nem foram desenhados para prestar esse apoio em toda a sua linha (se assim fosse seriam mega-estruturas). A manutenção de Apoio Geral e de Depósito, por exemplo, que requer pessoal e equipamento altamente especializado, não está presente nos BApSvc porque seria um desperdício de recursos. Estes recursos mais especializados encontram-se mais recuados, onde possam servir mais unidades (podem nem sequer ser projectados). Há ainda -e esta é a parte mais importante - muitas valências que pura e simplesmente não existem nas CCS ou nos BApSvc porque, pura e simplesmente, não são necessárias numa actividade operacional normal. No entanto, as especificidades de uma Operação ou de um Teatro em particular, podem exigir a presença de forças especializadas em áreas "menos comuns". A organização modular entra aqui. Penduradas nas forças de "Apoio Geral" encontram-se unidades como a Companhia de Guerra Electrónica ou a Companhia Geral CIMIC, Companhias de Administração, destacamentos de Informações, etc.. Físicamente encontram-se sediados em unidades diferentes do país (a companhia de GE encontra-se na EPT- Porto). Em caso de necessidade, estas forças de apoio geral fornecem os módulos necesários para complementar as Unidades de Escalão Brigada, Batalhão ou Companhia projectadas.
- A título de exemplo: um Batalhão projectado para a Bósnia em 2003 contava com duas companhias de atiradores e uma CCS orgânicas. Mas, para fazer face a apoios específicos do Teatro que nem sempre seriam necessários, o Batalhão era acrescentado de, um Módulo de Manutenção mais robusto (na CCS), um Módulo de Transmissões com equipamentos e equipas multi-especializadas, uma Secção de Terminal, um Módulo de Engenharia, etc..
- Quanto a instalações nos Teatros, varia muito. É igualmente um problema logístico, mas não está directamente relacionado com os módulos. Numa projecção para o exterior, uma força portuguesa encontra-se enquadrada numa força maior - a aliada, normalmente da NATO (mas em Timor era das NU). Os detalhes acerca dos apoios (há nações especializadas em determinados tipos de apoio, como por exemplo, hospitais de campanha) e alojamento são coordenados ao abrigo de regulamentação NATO (normalmente os STANAG). Podem também ser feitos acertos directos entre duas nações (uma fornecer reabastecimento de alimentação, por exemplo). Por princípio, uma força projectada para um Teatro, tem, por si só, capacidade de se instalar em tendas próprias. Na realidade, uma base ou aquartelamento em instalações mais sólidas é mais conveniente por diversas razões. Estas instalações podem ser negociadas com a nação hospedeira (como era o caso de Visoko, na Bósnia), ou podemos ficar instalados em campos de outras nações. Também podemos construir o nosso próprio campo, à base de contentores, como a companhia de Engenharia da UNIFIL - Líbano. Neste caso só precisamos de alugar o terreno.
Espero ter sido útil.
Saudações
JSL