São Tomé e Príncipe: o azar do Petróleo

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PereiraMarques

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São Tomé e Príncipe: o azar do Petróleo
« em: Outubro 20, 2006, 09:38:38 pm »
O vinho branco, um chardonay Chamonix, vem de suas próprias vinícolas
sul-africanas e é bebido facilmente no calor equatorial de São Tomé e Príncipe.

Ainda assim, Chris Hellinger é amargo: `Aqui há somente corrupção e concorrência  entre os dirigentes políticos. A razão é o petróleo`. Hellinger sabe o que diz.

Na liderança da Island Oil Exploration, uma empresa registrada nas Bahamas,  esse homem de passado conturbado [1] foi um dos primeiros a procurar óleo em  vão no arquipélago, um dos menores países da África (140 mil habitantes em duas ilhas, que juntas têm o tamanho de Andorra e são vizinhas ao Gabão). Era o final  dos anos 1980.

Independente desde 12 de julho de 1975 e dirigida pelo presidente
Pinto da Costa, a antiga colônia portuguesa deixava o marxismo para abrir-se ao  multipartidarismo por ocasião de uma conferência nacional histórica, a primeira  do continente africano.

As pesquisas realizadas nas profundezas das águas territoriais do norte do  arquipélago, no limite das reservas de carbono da Nigéria, deram frutos na  virada do século: com reservas estimadas de 11 bilhões de barris de óleo bruto, o país pode tornar-se uma espécie de Brunei do golfo da Guiné e produzir perto  de 80 mil barris por dia. Mas a custo de quanta crise política, corrupção e concessões geopolíticas?

O petróleo está deteriorando o ambiente político no país. Desde a eleição do presidente Fradique de Menezes em 2001, São Tomé e Príncipe não parou de mergulhar na instabilidade. Houve uma tentativa de golpe em julho de 2003, quando este empresário do cacau, posto no poder por seu predecessor Miguel Trovoada, foi provisoriamente destituído. Seguiram-se as crises, tendo como pano de fundo as lutas por poder, quase sempre virulentas, entre o chefe de Estado e a coalizão governamental dirigida pelo ex-partido único, o Movimento para a Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social Democrata (MLSTP-PSD). Lá também, todas as oportunidades se desfazem ao cheiro do ouro negro. Mais precisamente, naquilo que envolve a concessão de exploração de petróleo a companhias estrangeiras, no âmbito da Zona de Desenvolvimento Conjunto - JDZ, em inglês - gerenciada depois de 2001 em conjunto pelo arquipélago e seu poderoso vizinho nigeriano [2].

Durante a última crise, onde explodiu pela primeira vez a cólera da população, como ilustra a primeira manifestação de estudantes organizada em trinta anos de independência, Fradique perdeu seu quinto governo. Em 2 de junho de 2005, o primeiro ministro Damião Vaz d`Almeida pediu sua demissão ao chefe de Estado. O partido julgou fraudulento o procedimento de atribuição de milhares de quilômetros quadrados à companhias estrangeiras sem exames técnicos prévios.

Nessa nova página da tragicomédia de São Tomé, acirradas discussões começam antes mesmo de o petróleo jorrar. O Estado iria receber 113,2 milhões de dólares pelas concessões - isto é, três vezes mais que seu PIB (Produto Interno Bruto), até então dependente da renda da cultura de cacau.

A hora dos protestos populares

A essa situação instável, juntou-se o descontentamento de uma população que vive com menos de 300 euros por ano. Desde o fim de 2004, os dividendos das primeiras concessões, cerca de 49 milhões de euros, ficaram estranhamente bloqueados, e sem juros, nos cofres da filial local de um banco de Abuja (Nigéria) - o banco Hallmark, ligado ao antigo presidente do senado nigeriano, que caiu por corrupção. A chamada à ordem autoritária do presidente nigeriano Olusegun Obasanjo, na ocasião de uma rápida visita a São Tomé e Príncipe a fim de resolver `questões técnicas transformadas em problemas políticos`, levou o país
a convulsões e rumores. No dia 31 de maio de 2005, tendo como justificativa um pedido de aumento de salário do setor público, uma greve geral paralisou o país.

Em São Tomé, é preciso saber ler as entrelinhas. Nesse micro Estado do Golfo da Guiné, colonizado por Portugal desde o século 16, a pequena elite política constituída com a independência não parou de enriquecer às custas de uma população que percebemos sem eletricidade e estradas logo que deixamos a plácida capital São Tomé [3]. Depois de ter contribuído no desvio de grandes somas de ajuda internacional (da qual o país é forte recebedor), a maior parte dos membros das classes dirigentes não desperdiçou muito tempo tentando compreender que é de seu próprio interesse lançar-se na corrida pelo ouro negro. Afinal, qual é o problema de trocar a embalagem, contanto que tenhamos no conteúdo a embriaguez dos petrodólares?

Uma empresa tem nisso um papel tanto conturbado quanto determinante: a Environmental Remediation Holding Corporation (ERHC). Em 1997, esta companhia norte-americana assinou um acordo de monopólio particularmente vantajoso com São Tomé. Desde então, apesar das renegociações e da dúvida que continua a pairar sobre a viabilidade do compromisso, a empresa envolve-se em negócios de Estado, passando pelos âmbitos técnicos, éticos e sobretudo pelos votos piedosos de transparência preconizados pela comissão bilateral que gerencia a zona de desenvolvimento conjunto. Chegou, por fim, a se conceder a maior parte do bolo de concessões de exploração. Associada a pequenas companhias e já implicadas nas jazidas da ditadura de Guiné Equatorial, a ERHC está agora entre os cinco blocos de concessão que acabam de ser entregues, sendo a acionista majoritária dos dois mais promissores.

Sob o tacão dos EUA ou da Nigéria...

A ERHC foi recapitalizada em 2001 pela empresa Chrome Energy, do nigeriano Emeka Offor, milionário e `padrinho` da política do Estado de Anambra na Nigéria.

Presidente de um Conselho de Administração onde está também Howard F. Jeter, antigo embaixador dos Estados Unidos em Lagos, Offor é, aliás, um dos principais financiadores da reeleição do presidente nigeriano Olusegun Obasanjo em 2003... quando ele terminar seu segundo e último mandato (as próximas eleições gerais acontecerão em abril de 2007), será que vamos assistir a um assalto nigeriano ao petróleo de São Tomé por meio da ERHC e várias outras companhias minoritárias dirigidas por pessoal próximo à Nigéria?

Um contundente editorial do Washington Post, publicado no dia 1º de junho de 2005, deixa claro: `Essa concessão de direitos de exploração parece ruim`. Com maior gravidade, Nicolas Shaxson, analista britânico do instituto de negócios internacionais estima `que primeiro os norte-americanos, depois os nigerianos, ludibriaram esse pequeno país, usando para isso a ERHC. Para ver desbloqueado o dinheiro das primeiras concessões, São Tomé deveria concordar com as propostas nigerianas a respeito de uma segunda rodada de atribuição de blocos`. Patrice Trovoada, filho do antigo presidente e ex-executivo da ERHC, conta: `No momento da negociação que pretendia estabelecer a Zona de Desenvolvimento Conjunto, os membros da delegação nigeriana não queriam aceitar nada. Começamos a discussão com uma distribuição de 90% para a Nigéria e 10% para nós. Mas não cedemos e as pretensões deles se reduziram em um terço (60% para os nigerianos e 40% para o
arquipélago). De qualquer modo, são 140 milhões de habitantes contra 140 mil...`

Tanto no surpreendente sucesso da ERHC, como na gestão da zona de
desenvolvimento conjunto, o apetite do vizinho nigeriano não poderia ser mais emblemático. A Zona de Desenvolvimento Comum é dirigida por uma autoridade comum (A JDA), sediada em Abuja. A Nigéria `parece cada vez mais se comportar em relação a nós como o Iraque de Sadam se comportou com o Kuwait`, diz um jornalista de São Tomé, `com tudo o que isso implica de impaciência popular`. A população não entende por que o dinheiro do petróleo tarda em chegar. `Como explicar isso ao povo`, conclui Trovoada, `quando você mesmo não segue os mecanismos de transparência? Estamos agora em um ponto em que qualquer pessoa um pouco esperta e demagoga pode muito facilmente instalar uma ditadura aqui`.

Antes de se sujeitar aos ditames da ERHC, o presidente Fradique de Menezes não havia deixado de denunciar os contratos assinados com esta empresa. Era ainda a época em que o presidente parecia ser tolerante com as companhias norte-americanas, hoje muito críticas de seu governo. A situação chegou a tal ponto que foi uma conselheira norte-americana instalada no país quem escreveu seu discurso histórico pronunciado diante do presidente George W. Bush em 2003 em Washington. Nessa época, o arquipélago parecia a ponto de receber uma base da marinha dos EUA destinada a garantir a segurança das jazidas do Golfo da Guiné - de onde Washington pretende importar 25% do óleo bruto, até 2015.

... e o olhar de Angola, Brasil, França, China...

O MLSTP-PSD é historicamente ligado à Sonangol, a companhia de petróleo angolana, que também contava levar sua parte nesse carteado pouco honesto. Há ainda os brasileiros da Petrobrás. O presidente Luis Inácio Lula da Silva já fez duas viagens oficiais a São Tomé e Príncipe. E, evidentemente, há também os operadores franceses, ainda um pouco tímidos. A República Popular da China já está à espreita na esperança de que São Tomé e Príncipe, que reconhece Taiwan desde os anos 1990, aproxime-se novamente de seu parceiro histórico do pós-independência. Isso não deve levar muito tempo, conforme testemunha a participação de representantes do Partido Comunista Chinês no último congresso do MLSTP-PSD em 2005, para grande descontentamento do embaixador de Taiwan.

`Esse petróleo deveria ser um dom de deus. Mas, ao invés de nos unir, ele nos separa`. Autor de um golpe de Estado fracassado em 2003, o major Fernando Pereira gostaria que o mundo se lembrasse de um golpe `sem violência e destinado a enviar uma mensagem à comunidade nternacional sobre a realidade em São Tomé: uma democracia de fachada onde o Estado não existe, com um exército controlado por uma classe política disposta a realizar seus interesses em detrimento daqueles do país, onde a corrupção se intensifica, enquanto o povo empobrece.`

Mas quem vai ficar mesmo na memória são as companhias desse oficial, hoje com 53 anos. Liderados por Alersio Costa, 14 `ex-Búfalos` naturais São Tomé, vindos de tropas de choque anti-marxistas da África do Sul do apartheid - inicialmente engajadas contra o regime comunista do presidente Pinto da Rosa nos anos 70 - fizeram parte de um complô para derrubar a Terceira República de São Tomé.

O risco de golpe e secessão

`Formados por Pretória e engajados na Namíbia e em Angola, os Búfalos são verdadeiros profissionais da guerra`, continua o oficial, que reivindica 80 euros de soldo depois de 29 anos de trabalho. `E eles continuam perigosos. Nada foi decidido a respeito desde 2003. Em vez de atacar os problemas de gestão, é como se decidíssemos simplesmente nos vingar no exército. Nossa patrulha marítima não possui nem mesmo barcos! Não é difícil ver o problema que isso acarreta em um país que, com o advento da descoberta de petróleo, deveria mais que nunca proteger suas fronteiras marítimas`. Ele acrescenta: `Agora, com o petróleo jorrando e a classe política disputando avidamente as concessões de blocos, é previsível que o próximo golpe seja muito mais sangrento`.
 
Reeleito, diante de Patrice Trovoada, no dia 30 de julho de 2006, o presidente Fradique Menezes começou agradecendo o Procurador da República, Adelino Pereira, que investigou as irregularidades na atribuição de concessões. O que foi um grande desgosto para a vizinha Nigéria, que chegou a boicotar as convocações do juiz [4]. Mais que de São Tomé, é de Príncipe, sua irmã gêmea, que podem vir os primeiros grandes problemas do arquipélago.

É dessa ilha, com uma população essencialmente composta de `contradores` [5], de origem cabo-verdiana, que partiu para o Gabão a maior parte dos opositores do presidente Pinto da Costa nos anos 70 e 80. É também Príncipe, 150 quilômetros mais ao norte, que é banhada pelas águas da Zona de Desenvolvimento Comum.

Contudo, Príncipe, com seus 5 mil habitantes, é ainda mais esquecida que São Tomé. Dos 40% de dividendos da Zona Comum, essa ilha terá somente 7% em seus cofres. Em Santo Antônio, a maior cidade da ilha, os raros nigerianos presentes preocupam-se com o crescimento da xenofobia, e a juventude reclama.

A exemplo de Cabinda, província angolana do petróleo esquecida pelo governo central [6], poderia Príncipe fazer um movimento de secessão? No início de 2005, um defensor dos direitos cívicos de Cabinda (Angola), Raul Danda, estava em visita a São Tomé. Levantando suas reservas contra a `maldição` do petróleo, o angolano avisou: `Os políticos farão desse petróleo sua riqueza pessoal, reservando à população o pesadelo da miséria`. Em São Tomé e Princípe, o óleo só deve começar a jorrar no fim da década. Mas os maus ares do petróleo já são sentidos. Uma desilusão para aqueles que pensavam que o país romperia com esse
ciclo nefasto do ouro negro, que afeta infelizmente todos os países da
sub-região.

Fonte: Petróleo e Política - Rio de Janeiro, 16 de outubro de 2006
 

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PereiraMarques

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« Responder #1 em: Fevereiro 20, 2007, 11:48:03 pm »
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Portugal junta EUA na cooperação militar
 
 
Mar são-tomense é o principal recurso financeiro do país africano


Carlos Varela, César Santos, em São Tomé e Príncipe

Portugal junta EUA na cooperação militar

São Tomé, Portugal e os Estados Unidos estão a equacionar o estabelecimento de contactos trilaterais para reforço da capacidade militar daquele país de expressão oficial portuguesa, soube o JN. Em causa está a segurança das águas de São Tomé na sequência da actividade de exploração petrolífera que se avizinha na zona económica exclusiva (ZEE), mas também tendo em conta que o mar é o recurso natural mais valioso de que dispõe aquele pequeno Estado, associado à pesca e ao turismo.

A colaboração a três foi, aliás, um dos temas abordados nas reuniões entre as autoridades são-tomenses e o secretário de Estado da Defesa e dos Assuntos do Mar, João Mira Gomes, na visita a São Tomé para assinar acordos de cooperação técnico-militar. Confrontado pelo JN com a cooperação tripartida, João Mira Gomes salientou que "Portugal está sempre disponível para cooperar desde que seja da vontade de todas as partes". Quanto a pormenores, o governante português considera-os "prematuros".

A visita serviu também para João Mira Gomes se aperceber, pessoalmente, das fragilidades são-tomenses em matéria de defesa e tomar o pulso da cooperação, numa altura em que os programas estão a ser reforçados, de acordo com as necessidades expressas por São Tomé ao Ministério da Defesa português. E um dos principais problemas reside, precisamente, na quase total incapacidade do país em fiscalizar as suas águas, uma vez que a capacidade de patrulhamento se resume a três lanchas semi-rígidas e uma outra cabinada, com dois motores fora de bordo.

A cooperação militar com Portugal vai permitir a São Tomé o levantamento de uma pequena força de fuzileiros com 30 homens e a criação dos rudimentos de uma guarda costeira, assim como a instituição da autoridade marítima e o apoio ao levantamento da estrutura superior das Forças Armadas, programas que estão a decorrer e cujos acordos foram assinados durante a visita de João Mira Gomes. Faltam, no entanto, os meios de maior porte para a guarda costeira, como embarcações para patrulhamento, embora o país também não tenha recursos para os sustentar - nem conhecimento nem meios financeiros.

Em contrapartida, os EUA estão a olhar para o Golfo da Guiné com cada vez mais atenção, até pela exploração de petróleo nas águas partilhadas por São Tomé e pela Nigéria - onde, aliás, a Galp chegou a manifestar interesse. No ano passado, foram descobertas pela multinacional Chevron jazidas de hidrocarbonetos na ZEE daquele Estado lusófono e, se bem que ainda não seja claro se será vantajosa a sua exploração comercial, o caso fez aumentar o interesse norte-americano, que já tem instalado na principal ilha um posto da emissora "Voz da América".

Aliás, os norte-americanos estão a equacionar a instalação de radares de vigilância aérea e marítima em São Tomé e ainda não estará posta de parte a construção de um porto de águas profundas, a pensar na necessidade de garantir a segurança na agitada região do Golfo da Guiné, uma das principais fontes de abastecimento de petróleo aos EUA.

Cedência de patrulhas

O principal interesse de São Tomé reside na constituição de uma guarda costeira com capacidade para intervir na ZEE. É que o mar constitui o principal recurso de São Tomé, de onde, além do petróleo, provém também o peixe - a mais importante fonte de alimento -, assim como o turismo, mas sem que o país possa travar qualquer actividade predatória ou que ponha em causa o ambiente. Uma questão que é cara a João Mira Gomes, tendo em conta a sua condição governativa, que abrange a defesa e o mar.

Dado o interesse dos EUA, a solução para preencher a lacuna poderá passar por um financiamento americano para meios e instrução, enquanto Portugal cederia recursos humanos para enquadramento da formação, quer no treino de marinharia, quer na sustentação e manutenção das embarcações. O programa poderá passar pela cedência a São Tomé de lanchas de fiscalização ao serviço da Armada portuguesa, que deverão ser substituídas com a entrada ao serviço dos navios patrulha oceânicos e de patrulhas costeiros no próximo ano.


Fonte: http://jn.sapo.pt/2007/02/20/nacional/p ... litar.html
 

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Mar Verde

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« Responder #2 em: Abril 05, 2007, 04:11:27 pm »
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From: John Ghazvinian
Subject: Will Oil Change São Tomé and Príncipe?
Posted Wednesday, April 4, 2007, at 7:24 AM ET

São Tomé—São Tomé and Príncipe is only three hundred miles from Bioko, the island on which Malabo, the capital of Equatorial Guinea, is situated, but culturally, politically, and socially, Equatorial Guinea and São Tomé might as well be on different planets. One is a brutal, paranoid dictatorship that terrorizes its own population, while the other is a relatively open multiparty parliamentary democracy with no history of bloody coups or violent insurrections. One is a country run by a greedy ruling family that accumulates wealth and power at the expense of other, resentful ethnic groups, while the other is a country where all citizens are the descendants of Portuguese slaves and therefore share a common history of oppression and a conspicuous lack of ethnic hatred. One government assumes that every foreigner who turns up uninvited is plotting a coup, while the other promotes ecotourism and small-scale cacao farming. One nation is swimming in oil wealth, while the other is dependent on international aid for its survival.

However, the two countries do have one thing in common: geology. São Tomé, Príncipe, and Bioko are links in a chain of ancient volcanoes that stretches to Mount Cameroon on the mainland. And since the Gulf of Guinea became known as a heavyweight oil province, there has been considerable interest in these tiny islands. Analysts have spoken of a billion barrels or more in potential reserves, and speculators have quietly moved in to stake claims to offshore licenses. In August 2000 a poorly defined maritime border with Nigeria was settled hurriedly in anticipation of oil exploration, and a Joint Development Zone established by the two states.

But some analysts remained skeptical, suggesting São Tomé's potential as an oil producer had been hyped excessively by Arab-bashing neocons in the United States. Such skeptics point to the fact that in 2002, as the American press fêted São Tomé as the "new Saudi Arabia," an exploratory well had yet to be drilled, and the country was at least ten years away from becoming an oil producer even if there was any oil. And, to some extent, the naysayers have been vindicated by the international oil industry's lukewarm response to the exploration blocks made available by São Tomé over the past two to three years. Even in the most promising block of all, Chevron drilled a well in early 2006 and found the results disappointing. By early 2007 it is likely the company will have exited São Tomé altogether. Nevertheless, there is no question that São Tomé has some oil, and possibly enough of it to make the island nation a significant producer in coming years. And, perhaps more important, it seems to lack much of the baggage that can make oil companies nervous about investing in Africa.

In fact, one of the first observations many visitors make upon arriving in São Tomé is that it doesn't "feel like Africa" at all. There is no African food, no African music, and virtually no trace of traditional African religion. The clothes, the architecture, the cuisine are all European. All names are Portuguese and, with the exception of a dying island patois, Portuguese is the only language spoken. Those who have traveled to both Africa and the Caribbean are struck by just how much closer São Tomé appears to the latter. The place is a quintessential tropical island paradise. Groups of naked children play in the ocean, while teenagers wander along deserted beaches shaking coconuts out of palm trees. From the water's edge, rain forests climb up precipitous peaks that seem perpetually encircled by mist. Abandoned plantation estates, pink and crumbling, hide between mountains like forbidden cities. In town, pairs of boys speed around on rickety motor-scooters, and a handful of banged-up old taxis sit idly waiting for fares—but in one of the world's smallest and sleepiest capital cities, where it seems half the buildings are government ministries, it's often easier to walk. With its languid beaches and European lifestyle, São Tomé seems far more "New World" than African. Barbados without the tourists.

It is precisely this lack of "African-ness"—this conspicuous absence of ethnic conflict, instability, and government brutality—that both the international community and the oil industry are counting on. Development experts from around the world have taken a keen interest in São Tomé, eager to play their part in what might just turn out to be an African success story. And São Tomé has reciprocated. Its president, Fradique de Menezes, a darling of the West, has made all the right noises about wanting to ensure that the opportunity provided by oil wealth is not wasted, that revenue is handled transparently, and that oil does not become a source of conflict or economic stagnation. "I have promised my people that we will avoid what some call 'the Dutch disease,' or 'the crude awakening,' or 'the curse of oil,'" he told a rapt audience in Washington in 2003, with a beaming Colin Powell listening approvingly.

However, this puts the cart miles before the horse. Not only does no one really know how much oil São Tomé has, but São Tomé can be said, without much exaggeration, to be totally unprepared for life as an oil-producing country. The country suffers from endemic poverty and an extraordinary lack of what development experts call "institutional capacity."

Just how poor and underdeveloped is São Tomé? Not only is there no university in the country, but the one high school is so strapped for cash that it must teach São Tomé's students in three five-hour shifts, beginning early in the morning and lasting until late into the night. The country's national budget in recent years has averaged a mere $50 million, much of it coming from traditional crops such as coffee and cacao, or from fishing. An additional $35 million in the form of international development aid pours in every year, making the country one of the world's biggest recipients of direct aid as a percentage of GDP. The lion's share of this aid has traditionally come from Portugal and from Taiwan, which views its special relationship with São Tomé as a fairly inexpensive vote in its favor at the United Nations. (Unfortunately, the strategy has largely backfired, since São Tomé has lately proved unable to pay its $17,000 dues to the United Nations and has therefore been ineligible to vote in the General Assembly.)

The country is so poor, in fact, that it has resorted to some fairly creative fund-raising schemes. The São Toméan postal service once issued commemorative Marilyn Monroe postage stamps it hoped would turn into collector's items, supplying a substantial percentage of the nation's income. In recent years, one of São Tomé's biggest industries after cacao has become routing phone-sex numbers that have been banned in Europe and America through its telephone exchanges. In the 1980s, as part of a deal with the Spanish government, São Tomé even agreed to accept Basque political prisoners from France in exchange for an increase in foreign aid, in effect allowing itself to become a penal colony for ETA militants. Very few were sent over in the end, but a wizened and long-bearded man with leathery skin can still be seen hanging around in São Tomé's bars every evening, watching the sun set.

Possibly the only characteristic of São Toméan society more persistent and more predictable than its poverty and its lack of capacity has been the cliquishness and cronyism of its tiny political class: a few dozen Portuguese-educated technocrats, none of whom knows the first thing about petroleum geology or licensing rounds or international-exploration contracts. São Tomé politics has always been a claustrophobic affair—the exclusive preserve of an entrenched (and largely mestiço) elite. "Somos todos primos" goes the unofficial slogan of São Toméan politics—"We are all family here"—a cheerful boast about the country's lack of ethnic hatred that has gradually taken on an ironic significance in the face of endless corruption scandals. Since 1991, when the country gave up Marxism-Leninism for multiparty democracy, electoral politics has been a ferocious, fast-paced series of spats and feuds and shifting coalitions and partisan realignments, most simply formalizing personal or financial disagreements of the country's political leaders. Just since 1991, São Tomé has experienced fourteen changes of government—more than many African countries put together. The current president alone has gone through eight prime ministers since he was first elected in 2001. And in 2003 dissatisfaction with the way the country's future oil wealth was being managed helped provoke a coup that briefly ousted the president before the Nigerians stepped in and had him reinstated—reinforcing suspicions about who was really running the country.

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On one of my last days in São Tomé, I rented a 4x4 and drove to some of the island's more remote villages to see what the population outside the capital felt about the coming of oil wealth. I stopped in Agua Izé, a handful of tidy cobblestone streets flanked by faded stucco houses sitting on a plain overlooking the palm-fringed coastline. The village was once part of a plantation estate, and at the top of the hill stood the old plantation hospital, a magnificent stone edifice with a grand twisting balustraded staircase in front that was being steadily swallowed up by tropical vines and banana trees. The year of its construction—1914—had been chiseled elegantly over the entrance, a reminder of a time when the Portuguese empire believed it was here to stay. Now, a woman and her children, dressed in filthy T-shirts and sandals, sat in the empty window frames looking bored.

In the cobblestone streets below, a toothless old man played a traditional Portuguese fado on his guitar while a group of young men sat on piled-up planks of wood arranged around a fire, watching a pot of water boil. My presence attracted a crowd of angry young men who were more than willing to share their thoughts about the promise of oil in São Tomé. Despite their tattered clothes and beer-infused breath, they were articulate and well-informed about the "dossier petróleo," as the oil issue is called in São Tomé. All were aware that it would be several years before the country actually saw any money from oil exploration, and all expected their elected politicians to squabble over access to the spoils. Few expected any real change to their lives.

"Look around you!" one man shouted, and I paused to take in the grass growing through cracks in the stucco walls and from between the cobblestones. Children and pigs and chickens wandered about, ducking in and out of houses whose doors and windows had been missing for decades and whose roofs had been badly compromised by years of tropical rains. "The schools and hospitals we are using are the same ones the white man left behind. We keep hearing money is coming, money is coming, but it is just coming and going to banks in Switzerland and the United States. Oil can be a blessing or a curse, and if São Tomé turns out to have no oil, we could all end up owing too much money."

A little farther down, at the end of the island's only paved road, is the town of São João dos Angolares. There, a Portuguese family had converted the small colonial plantation house into a tasteful bed-and-breakfast and art gallery. Fresh coffee beans from the estate's trees were being ground by an old man using an antique hand-cranked mill, filling the veranda restaurant with an intoxicating aroma. Local artists' paintings and sculptures were on display. São João was, in short, possibly the most romantic place on earth.

Was it possible—just possible—that the African oil boom didn't have to be a story with an unhappy ending? Would this tiny twin-island nation, with its open democracy and stated commitment to revenue transparency and sound fiscal management, prove the cynics wrong? Even good people tend to go a bit funny in the face of millions of dollars, and there was no compelling evidence that São Tomé's politicians were "good people." In an impoverished and desperate country with weak institutions, powerful neighbors, and a culture of dinner-table politics, there is every likelihood that a spectacular infusion of foreign exchange will act as a destructive and destabilizing force. But, say the optimists, at least São Tomé has the advantage of coming late to the game, and having the examples of Gabon and Nigeria and even the relative newcomer Equatorial Guinea to learn from.

http://www.slate.com/id/2163389/entry/2163397/
 

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comanche

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« Responder #3 em: Fevereiro 24, 2008, 06:54:12 pm »
São Tomé e Príncipe: aviocar fica no arquipélago, desde que governo local se responsabilize - Luis Amado


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São Tomé e Príncipe, 24 Fev (Lusa) - O ministro dos Negócios Estrangeiros português defendeu hoje que o aviocar que a força aérea (FA) mandou retirar de São Tomé pode continuar no arquipélago, desde que a responsabilidade pelo aparelho passe para as autoridades são-tomenses.

Luís Amado, que aterrou hoje ao fim da manhã em São Tomé, proveniente de Luanda, foi recebido no aeroporto da capital pelo seu homólogo são-tomense, Ovídio Pequeno, e junto dele adiantou aos jornalistas a intenção de falar com as autoridades locais no sentido de ajustar a operação do aviocar 212 da Força Aérea na ligação entre as duas ilhas do arquipélago.

"Estamos disponíveis para garantir as condições de logística e manutenção", disse Luís Amado.

"Tem é de haver necessariamente um maior envolvimento de São Tomé na responsabilização pela operação, uma vez que a FA deixa de ter responsabilidade directa", adiantou.

Há duas semanas, Portugal mandou retirar o aviocar da FA que fazia a ligação entre as ilhas do Príncipe e de São Tomé, justificando a decisão com o fim de vida do aparelho e a necessidade de ter a tripulação em Lisboa.

A aeronave já partiu e nenhuma a substituiu.

À chegada a São Tome, Luís Amado disse também que no ultimo ano, por causa da Presidência portuguesa da União Europeia, não teve oportunidade de "manter relações estreitas", como gostaria, "com países amigos e aliados", designadamente da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

"Decidimos começar este ano com um conjunto de visitas aos países de língua portuguesa", afirmou o governante.

Luís Amado visita São Tomé e Príncipe que acaba de iniciar novo ciclo político com um novo governo de coligação, agora chefiado por Patrice Trovoada, líder da Acção Democrática Independente (ADI), anteriormente na oposição.

"Há uma nova fase política que se abre com um novo primeiro-ministro e um novo governo", disse Amado à chegada a São Tome.

"Queremos demonstrar o grande empenhamento que Portugal põe no relacionamento com São Tome e Príncipe", sublinhou, acrescentando a sua intenção de trabalhar com o novo executivo "para que resolva muitos dos problemas com que se confronta e São Tomé se torne o Estado que todos desejamos".

Um novo Programa Indicativo de Cooperação (PIC), no valor de 45 milhões de euros, e válido por quatro anos está pronto para assinar, mas o novo governo são-tomense, pela voz de Ovídio Pequeno à Lusa, já anunciou que não se sente preparado para o subscrever.

"Estamos dispostos a assiná-lo mas compreenderemos se a orientação do governo são-tomense for a de esperar mais algumas semanas para que os novos ministros se possam inteirar dos projectos de cada sector", reagiu Luís Amado ao lado do seu homólogo.

O chefe da diplomacia portuguesa adiantou ainda que um acordo sobre o reconhecimento de cartas de condução, tal como o que acaba de assinar em Angola, poderá ser negociado com São Tomé e Príncipe, bem como com todos os países de língua portuguesa.

 

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comanche

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« Responder #4 em: Fevereiro 25, 2008, 06:38:45 pm »
São Tomé e Príncipe: Galp negoceia com autoridades pesquisa de petróleo e gás natural
Henrique Botequilha, enviado da Agência Lusa
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São Tomé, 25 Fev (Lusa) - Uma delegação da Galp Energia esteve hoje reunida com o Governo e Presidência são-tomenses para "testar a possibilidade de participar em projectos de pesquisa" de petróleo e gás natural, disse à Agência Lusa o presidente da empresa.

"Quisemos conhecer os planos de pesquisa de petróleo e gás natural do Estado de São Tomé em primeira-mão e testar a possibilidade de participar em alguns desses projectos", adiantou à Lusa Manuel Ferreira de Oliveira.

O presidente da Galp e o administrador da mesma empresa Fernando Gomes estiveram hoje de manhã reunidos com o novo ministro são-tomense dos Recursos Naturais e Ambiente, José da Graça Diogo, e também com o Presidente da República, Fradique de Menezes, durante a audiência que o chefe de Estado concedeu ao ministro dos Negócios Estrangeiros português, Luís Amado.

"Viemos para partilhar informação e dar início ao começo de uma relação que esperamos que seja frutífera", disse Ferreira de Oliveira.

O ministro dos Recursos Naturais são-tomense confirmou à Lusa os propósitos da petrolífera portuguesa no país, adiantando que "a Galp está à procura de dados para uma eventual parceria no petróleo e gás natural".

Segundo José da Graça Diogo, essa parceria pode envolver uma estratégia lusófona e ser alargada à brasileira Petrobras e à angolana Sonangol.

"Temos tido contactos com a parte angolana e com a parte brasileira para se criar uma 'joint-venture' entre estas empresas, a Galp e o Estado são-tomense", afirmou o governante, adiantando ainda que as petrolíferas têm conversado umas com as outras sobre este assunto.

"Se o Governo de São Tomé confirma esses contactos, é porque existem", disse, lacónico, Ferreira de Oliveira.

Galp, Sonangol e Petrobras estão também a apoiar o Estado de São Tomé e Príncipe na criação da Petrogas, a futura petrolífera nacional, disse ainda José da Graça Diogo, um dos novos rostos do recém-empossado elenco governativo são-tomense, chefiado por Patrice Trovoada.

O novo responsável pela pasta do Petróleo adiantou à Lusa que vai aguardar uma carta da Galp, onde espera a formalização dos propósitos da empresa portuguesa.

Embora confirmada a existência de petróleo e gás natural na Zona Económica Exclusiva são-tomense, é incerto que as jazidas em águas profundas e ultra-profundas sejam economicamente viáveis.

Ao contrário da área de exploração conjunta com a Nigéria, que já tem blocos delimitados e adjudicados na fase de pesquisa, o processo nas águas são-tomenses está bastante mais atrasado.

"O estudo sísmico está elaborado mas falta ainda delimitar as áreas e lançar o leilão", afirmou o ministro são-tomense, que acha "difícil" ultrapassar estas etapas até ao fim do ano.

Ferreira de Oliveira e Fernando Gomes partiram hoje à tarde com o ministro dos Negócios Estrangeiros para a Guiné Equatorial, onde permanecerão até terça-feira, e acompanharão também Luís Amado numa visita ao Gabão, na terça e quarta-feira. Segundo fonte da delegação ministerial portuguesa, estão previstos encontros dos responsáveis da Galp com as autoridades daqueles países do Golfo da Guiné.

 

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« Responder #5 em: Fevereiro 26, 2008, 05:16:47 pm »
«Queremos aprofundar relações com a Galp»

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O Governo de São Tomé e Príncipe está a corresponder ao interesse da Galp Energia nos recursos do país e manifesta vontade política para negociar com a empresa portuguesa, disse hoje à Agência Lusa o primeiro-ministro são-tomense.

«Estamos interessados em aprofundar relações com a Galp», declarou Patrice Trovoada em entrevista à Lusa.

Para o novo chefe de Governo são-tomense, «a Galp é uma empresa com bastante dinamismo e tem-no demonstrado».

Manuel Ferreira de Oliveira, presidente da Galp, e Fernando Gomes, administrador da empresa, estiveram reunidos na segunda-feira em São Tomé com o Governo local e com o Presidente da República, Fradique de Menezes, para «testar a possibilidade de participar em alguns projectos» de pesquisa de petróleo e gás natural, segundo disse à Lusa o responsável da petrolífera. Os dois gestores integraram a delegação do ministro dos Negócios Estrangeiros português, Luís Amado, que realizou uma visita oficial ao país.

«A vontade política existe, a oportunidade de negócio existe, agora vamos discutir», afirmou à Lusa o primeiro-ministro são-tomense, lembrando que a pesquisa de hidrocarbonetos «é um processo longo» e que ainda não existe nenhuma «descoberta comercial».

Patrice Trovoada é o novo primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe e líder da Acção Democrática Independente (ADI), que, após a demissão do Executivo de Tomé Vera Cruz, em meados de Fevereiro, se juntou à coligação já existente entre o Movimento Democrático Força da Mudança e o Partido da Convergência Democrática.

O novo chefe de Governo pronunciou-se também sobre as conversas mantidas com outros parceiros com vista à pesquisa de crude na Zona Económica Exclusiva são-tomense, envolvendo a angolana Sonangol e a brasileira Petrobras, duas empresas de países de língua portuguesa.

Diário Digital / Lusa

 

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« Responder #6 em: Março 05, 2008, 09:40:36 pm »
Acordo com a Guiné Equatorial exclui exploração conjunta de petróleo

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São Tomé e Príncipe assinou com a Guiné Equatorial um acordo geral de cooperação que abrange várias áreas mas exclui qualquer acordo no domínio da exploração conjunta de petróleo, disse hoje o primeiro ministro são-tomense, Patrice Trovoada.

No regresso a São Tomé de uma visita de três dias à Líbia e ao Gabão, de que não deu pormenores, Patrice Trovoada explicou o acordo assinado há uma semana com a Guiné Equatorial, país com o qual São Tomé e Príncipe mantém laços de cooperação em diversos sectores.

"Com essa vontade de cooperarmos, fomos assinando acordos sectoriais, mas faltava o acordo mãe. E isso é que foi reposto com a assinatura de um acordo geral de cooperação", justificou Patrice Trovoada.

O primeiro-ministro são-tomense referiu ainda que o presidente da Guiné Equatorial abordou a possibilidade dos dois países virem, no futuro, a explorar em conjunto um bloco de petróleo.

"Trata-se apenas de uma possibilidade e nós iremos nas próximas semanas discutir em profundidade com a Guiné Equatorial quais as possibilidades".

Fonte da Agencia Nacional de Petróleo confirmou igualmente à Agencia Lusa não existir qualquer acordo específico sobre petróleo com a vizinha Guiné Equatorial.

"Não existe nenhum acordo específico. O que existe com a Guiné Equatorial é um acordo de delimitação de fronteiras marítimas assinado em 2000, cujo documento está depositado nas Nações Unidas", disse.

No entanto, em declarações anteriores à Televisão pública de São Tomé e Príncipe, o Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema M'Basogo, disse haver um poço "muito rico em petróleo na fronteira marítima entre os dois países", e que as duas partes estão a trabalhar para que seja feita uma exploração conjunta.

Fonte contactada pela Lusa reconhece haver "muita actividade petrolífera na (referida) zona", mas adianta que é prematuro afirmar-se categoricamente que há poços de petróleo.

A afirmação do chefe de Estado da Guiné Equatorial da existência de muito petróleo na fronteira entre os dois países e de um acordo de exploração conjunto de petróleo suscitou expectativas entre os são-tomenses, o que começa a preocupar as autoridades.

"A questão do petróleo foi muito comentada no nosso país, houve muitas expectativas, muitas especulações e de momento nós não queremos mais comentários", disse Patrice Trovoada.

Em entrevista há uma semana à Lusa, o primeiro-ministro são-tomense apontou os países do Golfo da Guiné como uma prioridade nas relações externas do país.

Lusa

 

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« Responder #7 em: Abril 03, 2008, 04:51:52 pm »
Aprovados acordos cooperação com São Tomé e Arábia Saudita



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O Governo português aprovou hoje acordos de cooperação com a República de São Tomé e Príncipe e com o Reino da Arábia Saudita, incluindo em relação a este último país as indústrias do petróleo e da petroquímica.

Segundo o comunicado do Conselho de Ministros, o acordo com São Tomé e Príncipe incide nas áreas do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia, para a realização de «programas específicos de formação, intercâmbio de informação, projectos conjuntos de investigação e introdução e novas tecnologias».

Já o acordo com a Arábia Saudita destina-se a promover a cooperação nos domínios da economia, comércio, investimento, educação, ciência, tecnologia, cultura, informação, turismo, juventude e desporto.

«Entre as diversas áreas de cooperação económica previstas neste acordo incluem-se as indústrias do petróleo e da petroquímica», refere o Governo.

Ainda em relação ao acordo com o regime de Riad, prevê-se que os dois países «encorajem a conclusão de outros acordos em áreas específicas, nomeadamente sobre promoção recíproca e protecção de investimentos e para evitar a dupla tributação».

Diário Digital / Lusa

 

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« Responder #8 em: Abril 23, 2008, 09:53:05 pm »
Petróleo de São Tomé: novo «leque está aberto» à Galp

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O primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe afirmou hoje que até Dezembro o novo concurso de adjudicação de blocos petrolíferos estará pronto a ser lançado, mantendo-se em aberto a participação da Galp.
Patrice Trovoada, que falava à Lusa em entrevista no último dia da sua visita a Lisboa, logo após um encontro com a administração da Galp, afirma que há condições para lançar o concurso de blocos na zona económica exclusiva são-tomense até ao fim do ano, mas admite que o prazo poderá resvalar para o primeiro trimestre do próximo ano, por questões a que as autoridades são-tomenses são alheias.

«Temos de ver o que os outros países estão a fazer, ver quais são as rondas de licenças previstas em Angola, Nigéria, no Golfo da Guiné. Temos de escolher o momento certo. Não tem muito a ver com o nosso nível de preparação», frisou. «Até ao fim do ano estaremos prontos em termos de dados, documentação, e depois temos de escolher em função dos orçamentos das empresas de petróleo e oferta no golfo da Guiné qual é o momento mais oportuno», afirmou Trovoada.

Na próxima semana, a empresa responsável pelos estudos sísmicos na zona económica exclusiva são-tomense estará em São Tomé, e uma vez concluída esta fase será necessário a habitual promoção do concurso nas principais «praças» petrolíferas mundiais. Fora de equação para o novo Executivo - de maioria parlamentar - está a adjudicação directa de blocos, como foi admitido pelo anterior Governo de Tomé Vera Cruz. «A tentativa de mexer na legislação foi abortada. Ainda não estudámos a questão, mas à partida estamos a favor do que a lei recomenda, que são concursos públicos», afirma Trovoada.

Quanto à Agência Nacional de Petróleo, o regulador do sector cuja administração se encontra demissionária há largos meses, Patrice Trovoada afirma que até ao final de Maio a situação será resolvida.«O Governo vai propor algumas candidaturas a apreciar pelo Conselho Nacional de Petróleo, que é presidido pelo Presidente da República. Até ao final do mês de Maio pensamos ter uma adminstração nova a funcionar», afirmou.

Na sua passagem por Lisboa o primeiro-ministro são-tomense voltou a encontrar-se com a administração da Galp Energia, tal como já tinha acontecido em Fevereiro, logo após a sua designação para chefiar o Governo de maioria.Sobre a possibilidade de a Galp participar na nova ronda de blocos de exploração, eventualmente num consórcio «lusófono» com Petrobras e Sonangol - como é defendido pelo presidente são-tomense -, Trovoada afirma que estar tudo em aberto quando a essa e outras «oportunidades de negócio». «Não é só exploração de petróleo. O leque está bastante aberto. Há triangulações, podemos fazer negócio fora de São Tomé e Príncipe. O nosso esforço é para identificar segmentos em que podemos muito concretamente começar a fazer dinheiro», disse Trovoada à Lusa.

A proximidade cultural entre os países lusófonos «facilita o negócio», avisa, mas «o petróleo tem muito mais a ver com o o dinheiro e com o inglês».«A Galp hoje é uma empresa que tem interesse para além da questão sentimental, cultural e histórica. O seu posicionamento é muito interessante, a posição no mercado é interessante, tem mostrado dinamismo e tem tido alguma sorte nas suas parcerias. É um parceiro muito interessante para São Tomé», afirmou.

O objectivo dos contactos em curso, frisa, é «identificar uma oportunidade de negócio real e criar estruturas para aproveitá-la».

Diário Digital / Lusa

 

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« Responder #9 em: Agosto 02, 2008, 02:18:14 pm »
Dentro de oito anos São Tomé terá um porto de águas profundas

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O governo de São Tomé e Príncipe assinou hoje com o consórcio francês Terminal Link um contrato para a construção de um porto em águas profundas, que ficará situado em Fernão Dias, 10 quilómetros a norte da capital.

O ministro das Infra-Estruturas sã-tomense, Benjamim Vera Cruz, e o director-geral da Terminal Link, Farid Salem, rubricaram o contrato que se destina a construção, desenvolvimento e exploração do terminal de contentores, obras avaliadas em 400 milhões de dólares (cerca de 250 milhões de euros), totalmente financiadas por privados.

Na opinião do presidente são-tomense, Fradique de Meneses, a assinatura do contrato constitui "um marco histórico para o desenvolvimento", salientando o "efeito multiplicador do porto na economia" do país, lembrando ainda que o empreendimento vai abrir várias oportunidades de negócio e permitir o crescimento económico.

Visivelmente emocionado, Fradique de Menezes, presente na cerimónia de assinatura do contrato, afirmou que o futuro porto "vai abrir o país de uma vez por todas para o mundo".

"Se nos dizem que colocaram o nosso país no mundo, este porto de contentores é que vai, de facto, colocar o país no mapa do mundo", disse o chefe de Estado são-tomense.

Diversas altas personalidades nacionais e estrangeiras foram convidadas a presenciar a cerimónia, que decorreu no Palácio do Povo.

Com este acordo, a terceira operadora mundial de contentores, que acumula um capital social de 11.000 milhões de dólares (cerca de 6.900 milhões de euros), vai desenvolver os estudos de viabilidade técnica e de impacte ambiental ao longo dos próximos dois a quatro anos.

O consórcio francês vai necessitar ainda de mais quatro anos para a conclusão de toda a obra, cujo financiamento será totalmente privado.

"Temos a determinação e a capacidade de realizar este projecto. Iniciaremos imediatamente o projecto e vamos concluí-lo antes do tempo previsto", prometeu, por seu lado, o director-geral do Terminal Link, Farid T. Salem, que agradeceu a "confiança" das autoridades de São Tomé na empresa.

O porto de águas profundas vai transformar o arquipélago de São Tomé e Príncipe no centro de redistribuição de contentores de grande porte para a sub-região da Africa Central e Ocidental.

O futuro porto de águas profundas de Fernão Dias terá uma superfície de 80 hectares, sendo 40 em terra e outros 40 no mar.

Numa primeira fase, o porto vai empregar cerca de um milhar de pessoas e criar, indirectamente, outros 3.000 postos de trabalho.

A perspectiva é diminuir o custo de venda dos produtos importados em São Tomé e Príncipe.

Outro objectivo é transformar o arquipélago numa placa giratória do golfo da Guiné e ligá-lo também a outras grandes cidades do mundo.

O consórcio Terminal Link integra duas empresas, cujas siglas são CMA e CGM, tendo a sua sede em Marselha (sul de França).

Lusa

 

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« Responder #10 em: Agosto 05, 2008, 02:42:38 pm »
São Tomé «gastou depressa» receita do petróleo

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As receitas petrolíferas de São Tomé e Príncipe foram «muito rapidamente» usadas e as autoridades ficaram, agora, com a tarefa de lidar com fortes as expectativas criadas, afirmou na segunda-feira o presidente de São Tomé e Príncipe, Fradique de Menezes.
«A ideia de que temos muito petróleo tem criado problemas junto da comunidade internacional. [...] E quando nos apresentamos para pedir o perdão da dívida, perguntam porquê, já que nós “temos” muito petróleo», afirmou o presidente são-tomense.

Falando no início do Fórum de Investimento 2008», organizado pela Autoridade de Exploração Conjunta de Petróleo São Tomé - Nigéria, Fradique afirmou que essas expectativas também «continuam a reinar nos cidadãos» do arquipélago.

Os «cento e tal milhões de dólares» de receitas de atribuição de licenças de exploração de blocos, «para um país pequeno, foram muito rapidamente utilizados», admitiu o chefe de Estado.

Participaram do encontro bilateral - o segundo do género desde 2004 - mais de 100 representantes de empresas nigerianas e pouco mais de 30 são-tomenses.

Os dois países do Golfo da Guiné assinaram, em Fevereiro de 2001, um tratado que estabelece formalmente a Zona de Desenvolvimento Conjunto entre São Tomé e Príncipe e a Nigéria, uma área de sobreposição marítima com 34.450 quilómetros quadrados.

Lusa

 

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« Responder #11 em: Agosto 21, 2008, 07:40:51 pm »
Banqueiro terá desviado 37,6 M€ de projecto petrolífero

O banqueiro nigeriano Marc Wabara está sob investigação por suspeita de desvio de 56 milhões de dólares (37,6 milhões de euros) da Zona de Desenvolvimento Conjunto (ZDC) petrolífera Nigéria-São Tomé e Príncipe, noticia hoje a imprensa local.

Segundo o diário nigeriano The Guardian, que cita fonte ligada às investigações, Wabara foi detido nos últimos dias em São Tomé e trazido para a Nigéria , onde foi interrogado na quarta-feira pela Comissão para os Crimes Económicos e Financeiros nigeriana (EFCC, na sigla em inglês).

O porta-voz da EFCC, citado pelo Daily Independent, confirmou que Wabara se encontra "sob custódia, disponibilizando informação útil sobre o que aconteceu aos 56 milhões".

Segundo o The Guardian, elementos da EFCC estiveram recentemente em São Tomé para levantamento de dados sobre as operações financeiras de Wabara.

Os 56 milhões desviados, refere, deveriam ter sido pagos a São Tomé e Príncipe no âmbito da parceria entre os dois países para exploração de petróleo na ZDC.

Contudo, adianta, em vez de ser transferido para uma conta no banco JP Morgan, o dinheiro foi depositado numa conta do próprio Wabara.

O dinheiro terá sido posteriormente usado para criar o Island Bank em São Tomé.

Na Nigéria, Wabara foi presidente do extinto Hallmark Bank, e esteve ligado à campanha do ex-presidente Olusegun Obasanjo, presidindo ao comité de angariação de fundos em 2003, segundo o jornal on-line Sahara Reporters.

A mesma fonte, citando fontes próximas da investigação, adianta que Wabara alega que os 56 milhões desapareceram com a falência do Hallmark Bank.

Refere ainda que parte do dinheiro terá sido aplicado nos mercados de capitais, e a outra parte na compra de uma propriedade junto ao mar em São Tomé e no projecto de construção de um hotel de cinco estrelas na capital do arquipélago.

Também hoje, a imprensa nigeriana dá conta de uma investigação da EFCC sobre a directora-geral da Bolsa do país (NSE), Ndidi Okereke-Onyiuke, sobre a campanha Africa For Obama, de angariação de fundos para o candidato democrata às eleições norte-americanas.

Lusa