Spectral:
Do ponto de vista táctico, eu até entendo a questão.
O calibre 5.56, para falar de uma forma um pouco mais gráfica e politicamente incorrecta, foi feito a pensar numa debilidade das tropas do pacto de Varsóvia, que era a sua logística.
Quando eu estive na tropa, já lá vão uns anos, a principal argumentação em favor do 5.56, é que este calibre, em termos de infantaria, produzia ferimentos nos russos, mas não os matava. Ora, neste caso, considerava-se que, por cada russo ferido, era necessário outro russo para o carregar (ou pelo menos, um soldado do Pacto de Varsóvia ficaria indisponível).
Portanto, o 5.56 tem, por detrás da sua escolha, razões tácticas que se prendem com a guerra fria e com a possibilidade de uma invasão do Pacto de Varsóvia.
Com um grande numero de feridos, o avanço russo, já de si, problemático por razões logísticas, num cenário onde não era garantido o domínio do ar pelo Pacto de Varsóvia, ficaria ainda mais difícil.
Ora, na guerra assimétrica, e ainda por cima, em teatro urbano, a questão logística do tratamento dos feridos, não pode ser encarada da mesma forma.
A Al-qaeda, não tem esse tipo de pruridos, e pessoas que se matam e se suicidam, não se vão preocupar com os problemas de uma cadeia logística de assistência sanitária.
Portanto, para lutar contra a Al-Qaeda, eu também preferia o 7.62, embora isso implique um acréscimo de peso. O 7.62, é mais eficiente a “mandar” um inimigo para o outro mundo, o que deve ser o objectivo neste tipo de combate. Já não há necessidade de complicar a cadeia logística do inimigo, porque ela nem sequer existe, ou se existe, não é afectada pelo problema dos feridos.
É apenas sob este prisma, que o 7.62 faz mais sentido. O 5.56, é o calibre da guerra fria.
É verdade que, a questão 5.56 / 7.62 deveria ser pensada, embora a uniformização com outras forças NATO acabe por impor o 5.56, mais por necessidade de uniformização que por vantagem efectiva.
Mas esta opinião é - naturalmente - baseada numa análise das tácticas e não numa análise técnica.
Cumprimentos