Quem é a Lusitania?
Lusitania é a batalha da Pátria, desde os tempos mais remotos até aos nossos dias. A luta contra os romanos e contra os mouros, a defeza do Condado Portucalense, as arrancadas contra Napoleão e contra os Felipes, a Independência, as Cruzadas, as Quinas.
Lusitania é Guimarães, Ourique, Aljubarrota, Alcacer-Kibir, Bussaco, Armentiérs. Lusitania é Viriato, Afonso Henriques, Egas Moniz, Nuno Alvares, o Mestre de Aviz. Vasco da Gama, o Infante de Sagres, Os Lusíadas e as descobertas, o Brasil. Camões e o amôr. Lusitania é a epopéa gigantesca do nosso passado, o espírito, a coragem e o gênio da Raça. Lusitania é Gago Coutinho, Sacadura Cabral, Milhões; é a aventura de um povo que hà 18 séculos luta pela civilização, pela crença e pela glória. Lusitania somos nós, é a nossa fé, o nosso ardor combativo.
Lusitania é Portugal.
AS INVESTIDAS da ignorância não nós devem perturbar. Portugal não é uma nação decadente. Decadentes são as nações que não continuam o seu poder através dos seculos, que se desmoronam e desmoralisam, que se entregam á ociosidade e ao abandono de si mesmas. E Portugal tem trabalhado sem cessar, tem evoluido sempre, tem mantido o seu lugar na História. Nas letras, nas ciências, nas artes, nas indústrias, no comércio, na política, na acção e nas idéas.
Do passado vivem os países estacionários, fracos, que não têm presente que os imponha. E Portugal é uma força actual, sempre nova, constructiva e audaz, latente, formidável; um povo que hoje, como ontem, caminha na vanguarda do progresso e da civilização do Mundo. Portugal não é uma nação morta. Mortas são as nações que não têm energia, que não acompanham as outras na acção transformadora das coisas e da vida, que param de lutar. E Portugal tem todas as primitivas energias da Raça e todas as iniciativas, aspirações e entusiasmos do espírito moderno.
O sentido de Portugal é o sentido do Atlântico - sonho irrevelado de mil aspirações torturadas e insatisfeitas - o sentido do mar, da expansão, da eternidade dos mundos, da aventura e da coragem, dos grandes feitos, da revelação e da conquista. É o sentido da vida e da civilização, da saudade e da glória, do trabalho e da fé, das caravelas e dos aviões.
Andamos, hà oito séculos, a correr átras de um sonho. E esse sonho é a nossa vida, o nosso sentido estético, moral, politico, literário, nacional. A idea da Pátria, sonhada e defendida por Viriato muitos séculos antes da existência de Portugal, veio até nós no canto dos poetas, vibratisada pelas espadas dos nossos guerreiros, espalhada e engrandecida pela aventura dos descobridores.
E a sua grandeza é o sonho da nossa gente, da nossa Raça. Foi ele que levou Vasco da Gama á India e trouxe Pedro Alvares Cabral ao Brasil. Foi ele, foi esse sonho de expansão e triunfo, que levou D. Sebastião á Africa, como simbolo da crença e do heroismo dos Portuguêses, e fez a arrancada do Bussaco e a epopêa de Aljubarrota.
Viva Portugal!
Este texto foi escrito e públicado por um jornalista Luso-Brasileiro residente no Rio de Janeiro em 1921. Um amigo mandou para mim, e aqui está para ser compartilhado com vocês.